• Nenhum resultado encontrado

UMA ANÁLISE SOBRE A MÃO-DE-OBRA E MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA DA REGIÃO DO OESTE BAIANO ENTRE OS ANOS DE 1970 A 2006.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UMA ANÁLISE SOBRE A MÃO-DE-OBRA E MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA DA REGIÃO DO OESTE BAIANO ENTRE OS ANOS DE 1970 A 2006."

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

1 UMA ANÁLISE SOBRE A MÃO-DE-OBRA E MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA

DA REGIÃO DO OESTE BAIANO ENTRE OS ANOS DE 1970 A 2006.

Daíse de Jesus Ferreira Universidade Estadual de Feira de Santana-UEFS

Daise.ferreira22@gmail.com Ramon dos Santos Dias Universidade Estadual de Feira de Santana-UEFS

Ramon.dias17@hotmail.com Sande Oliveira Santos Universidade Estadual de Feira de Santana-UEFS Sandeoliveira@live.com

Rosângela Leal Santos Universidade Estadual de Feira de Santana-UEFS

Rosangela.leal@gmail.com Resumo

Com as profundas mudanças ocorridas no Oeste Baiano decorrente inserção do cultivo da soja, grãos e algumas frutíferas, e das técnicas de modernização como o uso de insumos, maquinários e irrigação, ocorreu uma alteração no quadro produtivo agrícola que se faz perceber-nos mais diferentes aspectos do quadro rural da Bahia. Este processo se refletirá no Estado da Bahia, principalmente através de dois processos: a abertura das fronteiras agrícolas do Extremo Oeste Baiano para a cultura da soja, e a criação do perímetro irrigado, no Norte do estado, às margens do Rio São Francisco. O presente trabalho pretende fazer uma análise da mão de obra do município de Barreiras, no período de 1970, 1975, 1980, 1985, 1995 e 2006; em meio aos processos que culminaram na modernização agrícola, por meio de dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como também, em pesquisa bibliográfica. Palavras chave: Modernização conservadora. Relação de trabalho. Produção.

Introdução

A agricultura no Brasil é um das mais importantes atividades humanas, seja no seu cunho econômico ou social. Essa atividade remonta às primeiras décadas da colonização, onde a monocultura açucareira determinou a ocupação de redutos canavieiros da Zona da Mata do Nordeste, se estendeu em sua marcha para o oeste, ocupando o interior de São Paulo e do Paraná pela expansão do café e sua recente expansão para o semi-árido para o desenvolvimento da cultura irrigada e do cerrado, para a produção de grãos. Toda ela, desde o início, voltada para o mercado externo. Toda ela, desde o início baseada nas extensas propriedades rurais. Uma agricultura

(2)

2 comercial de exportação, apoiada pelo governo e gerida pelas necessidades do mercado externo, que ao determinar o preço dos produtos agrícolas, determinavam o rendimento dos produtores e dos proprietários.

A modernização da agricultura foi um dos fatores fundamentais, para o desenvolvimento, crescimento e expansão da agricultura como atividade econômica no Brasil, porém essa modernização que começa em meados de 60 e 70 ocorre de maneira heterogenia ao longo do território brasileiro, sendo a região Sul e Sudeste as primeiras a ter um alto crescimento na modernização agrícola. Segundo Baiardi (1992), a modernização agrícola ocorre através dos fatores de mecanização, insumos, modernização das técnicas de cultivos, como também da mão-de-obra, entre outros. O Nordeste brasileiro que teve uma modernização agrícola mais tardia que as regiões Sul e Sudeste, ganhando destaque em duas microrregiões específicas: no Norte da Bahia, mais diretamente na região de Juazeiro, onde a irrigação associado aos projetos do governo federal, se coadunam para gerar um pólo fruticultor do país; e da região do Oeste-Baiano que se destaca na produção de grãos e no seu alto índice de modernização comparada as outras áreas do Nordeste.

Este artigo tem por objetivo fazer uma análise da mão de obra de Barreiras, principal município do Oeste Baiano e que apresentou o crescimento mais significativo na produção de grãos, em particular a soja, no período de 1970, 1975, 1980, 1985, 1995 e 2006; em meio aos processos que culminaram na modernização agrícola. Esta avaliação se baseou nos dados do Censo Agropecuário do Estado da Bahia (1960 a 2006) e na Produção Agrícola Municipal (PAM), ambos disponibilizados pelo IBGE, através do seu Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA), através do qual se realizou uma relação entre o pessoal ocupado, e outros indicadores de área.

O processo de modernização

A modernização no Brasil não se deu forma homogenia em todas as regiões, algumas regiões se desenvolveram mais cedo que outras. A região Sul e Sudeste começou seu processo a partir década de 60 e 70 em decorrência do alto investimento da produção da cafeicultura, abrangendo principalmente os estados de São Paulo e Rio de Janeira, bem como Minas Gerais, a mais importante bacia leiteira do país. No Nordeste o desenvolvimento da agricultura iniciou-se tardiamente com destaque para duas microrregiões específicas: no Norte da Bahia, mais diretamente na região de Juazeiro,

(3)

3 pela ampla utilização da irrigação, com o apoio do governo federal, para o desenvolvimento da produção da fruticultura e da região do Oeste-Baiano com na produção de grãos, ambas com alto índice de modernização quando comparadas as outras áreas do Nordeste.

Climaticamente é no Nordeste que se encontram as maiores temperaturas do Brasil e os menores níveis de precipitação, ocorrendo longos períodos de estiagem, onde a desigualdade na distribuição das chuvas durante o ano faz com que esta seja a região muito contrastante do país. Este aspecto se deve à dinâmica da circulação atmosférica bem específica e característica desta área e daí a necessidade da montagem de uma ampla rede de irrigação um maior uso de técnicas. Bacelar, (2000) e Costa, (2001) afirmam que as mudanças importantes remodelaram a realidade econômica nordestina a partir de meados da década de 1970, originando o que para muitos seria uma frente de expansão, ou pólos dinâmicos, ou até mesmo, manchas ou focos de dinamismo, revelando hoje uma região que apresenta uma heterogeneidade econômica, fruto das novas áreas de modernização intensa.

O progresso técnico é de fundamental importância, sendo, muitas vezes, a única solução para que ocorra um efetivo aumento da produtividade, associada ao aumento da possibilidade de redução de mão-de-obra. Porém a depender da área e o tipo do cultivo, isso acarretará num maior número de desempregados. A região estudada vem ganhando destaque na produção nacional por produzir em seu território quase 100% de soja e outros grãos e uma pequena parcela voltada a fruticultura com diferentes níveis de modernização, sendo utilizados os seguintes critérios para a obtenção dos níveis tecnológicos: a) o produtor que cultiva com nível tecnológico alto é aquele que utiliza intensiva e racionalmente insumos modernos, maquinas e equipamentos, normalmente empregado pouca mão -de- obra, não sendo considerado para todas as culturas com exceção o do cultivo de algumas frutíferas; b) o produtor que cultiva com nível tecnológico médio é aquele que utiliza moderadamente os insumos modernos, as maquinas os equipamentos, normalmente utilizam uma quantidade maior de mão- de- obra se comparado com o nível tecnológico alto; c) o produtor que cultiva com nível tecnológico básico é aquele que praticamente não utiliza insumos modernos, maquinas e equipamentos, normalmente empregando muita mão de obra não sendo consideradas para todas as culturas (SEI 2002).

(4)

4 Característica da área de estudo

A região do Oeste da Bahia (Mapa 01) é considerada a maior do estado baiano, com uma área de 114.873 Km² de extensão territorial, correspondendo a 20,51% de toda área da Bahia (SEI 2000). Outra característica da área diz respeito quanto à localização do bioma cerrado o qual constitui a maior parte deste local, sendo o bioma que mais tem sofrido conseqüências do avanço da modernização da agricultura.

FERNANDES,Raony Chaves

A região do Oeste baiano até a primeira metade do século XX consistia em uma área de reserva, parcialmente ocupado e com baixo nível de atividade econômica. A partir da década de 70, a região foi marcada por um novo ciclo de desenvolvimento, com intenso e rápido processo de transformação além de vigoroso movimento populacional intra-regional e inter-intra-regional (SANTOS, 2000) ciclo este ocasionado pela implantação do capital na agricultura, desenvolvendo uma importante fronteira agrícola voltada para a escoação de grãos destinados a exportação.

Embora o Nordeste seja uma região climatologicamente seca e quente, tem-se no Oeste Baiano uma elevada produção da soja e frutas tropicais, sendo que quase 100% da soja se concentrado no município de Barreiras. Uma das vantagens ou atrativo é a proximidade do Rio São Francisco, facilitando o uso de técnicas de irrigação, fazendo com que se produza o ano todo, sendo que esta cultura necessita de água disponível no

(5)

5 solo durante todo seu ciclo produtivo para que ela se desenvolva bem. Outro fator é o relevo de planalto com topos aplainados o qual propicia a mecanização da agricultura. Por fim, sua localização privilegiada, fazendo fronteira com Minas Gerais, Piauí, Tocantins e Pernambuco, além da sua fácil integração com Brasília.

A agricultura no Oeste Baiano é do tipo comercial, mesmo com a presença de movimentos de expansão da pecuária extensiva, que não chega a descaracterizar a predominância do crescimento da agricultura intensiva que imprime a cada dia na área da sua fisionomia própria volta para a monocultura em primeiro momento. Verifica-se as condições que propicia o surgimento de frente, como a existência de infra-estrutura de transporte, preços de terras atraentes e terra fértil ou passível de modificações através das tecnologias disponíveis o Centro Oeste Baiano passa a repetir a trajetória de outras regiões como o sul do centro oeste, Paraná, e parte Norte do centro Oeste guardando, entretanto suas particularidades.

A microrregião de Barreiras é considerada a mais dinâmica do Oeste Baiano, fazendo parte dela os municípios de Barreiras (Mapa 02), Luís Eduardo Magalhães, Formosa do Rio Preto, Riachão das Neves, São Desidério, Baianópolis e Catolândia. Essas mudanças que ocorreram na microrregião são reflexas da produção de um meio em que Santos (2004), denominou de “meio técnico- científico- informacional” e faz com que o território tenha novas funcionalidades, ou melhor, novas territorialidades, tornando-se mais atrativo para pessoas que estão em busca de melhores condições de vida. Barreiras têm sua agricultura voltada para a fruticultura e a produção de grãos em particular a soja.

(6)

6 Mapa 02- Localização do Município de Barreiras (BA)

Autor: DIAS, Ramon dos Santos (2012)

A inserção da cultura da soja nos cerrados baianos, nos final dos anos 70 e início de 1980 vem reafirmar o processo de mudança na região e lhes defini novos contornos, a cultura da soja é a principal forma de penetração da produção agrícola moderna nos cerrados baianos o crescimento da área plantada e da produção em volume de soja tem sido vertiginoso.

Outros eventos que contribuíram para o desenvolvimento da produção de grãos para a região foram às pesquisas desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), principalmente pelo desenvolvimento técnico – científico da região, tornando-se um instrumento que possibilitou uma manipulação mais eficiente dos recursos naturais no Cerrado do Oeste Baiano. Filho (1989), define três fatores que foram de fundamental importância para a inserção do Oeste da Bahia na economia do país:

(7)

7 A criação de 14 municípios no Além São Francisco entre eles (Cocos, Coribe, Riachão das Neves, Formosa do Rio Preto, Canapolis, Tabocas do Brejo Velho, Baianopolis, São Desidério e Cristopolis) todos pertencentes à região dos cerrados; criação de Brasília inaugurada em 1960 que denotou o processo de valorização das terras do Oeste da Bahia; e a instalação na cidade de Barreiras, o 4° Batalhão de Engenharia e Construção (4°BEC) em 1969, que se dedica a implantação das BRs 242(Brasília-Ibotirama) e 135 (Brasília-Piauí) que possibilitaram a integração tanto a nível regional quanto nacional. (FILHO, 1989 p.28).

Os avanços alcançados nos rendimento resultaram da organização do espaço agrário em termos de variedades de cultivos geneticamente adequados às condições do Cerrado, da dependência de insumos, especialmente no que se refere a fertilizantes e agrotóxicos, além de máquinas e implementos modernos fornecidos principalmente pela cidade de Barreiras aos municípios produtores como o de Luís Eduardo Magalhães. O despertar da região para o meio técnico-científico informacional pode ser percebido pelo intenso crescimento de uma das culturas sinônimo do agronegócio, a soja.

Segundo BAIARDI (2004)

O processo de desenvolvimento do Oeste baiano teve como determinantes principais a disponibilidade de recursos naturais, solos planos de cerrado, com precipitação regular e temperaturas amenas; a intervenção governamental, na forma de políticas de implantação de infra-estrutura, de irrigação, fundiárias e creditícias; os fluxos de capitais privados que complementaram o aporte de capital estatal e a presença de atores sociais diferenciados em relação aos agentes econômicos tradicionais do mundo rural baiano, provenientes de ambientes nos quais a dotação de capital social é mais elevada. (BAIARDI, 2004 p. 956).

A modernização no Brasil se deu forma conservadora que tem como característica fundamental, ser parcial, no sentido que não atinge todas as fases do ciclo produtivo, com destaque para a colheita de culturas perenes e semi-perenes (café, laranja, banana, cana de açúcar e algodão) o que requer um maior contingente de mão de obra. Esta modernização conservadora vigente no Oeste Baiano tem como principais característica: intervenção maciça do estado; o ritmo e a forma das transformações; o surgimento de um conjunto de mudanças e inovações sintetizadas pelo sistema de crédito; vinculação do conjunto de inovações referente à regulação estadual da economia rural; administração dos lucros privados, uma maior integração técnica agricultura industrial; restrição da modernização a alguns estabelecimentos; a população dos microrestabelecimentos relaciona com as forças empresariais por meio do mercado de trabalho.

Barreiras, município brasileiro do Estado da Bahia, situado na região Nordeste do Brasil, com população estimada pelo IBGE em 2010 de aproximadamente 137.427 habitantes, é o município mais populoso do Oeste Baiano e destaca-se na produção de

(8)

8 grãos. Possui os solos profundos diversificados com boa constituição física e facilmente mecanizáveis ocorrendo desde os latossolos aos cambissolos adaptados as mais variadas opções de cultura agrícola. Barreira, uma das cidades mais importantes do Oeste Baiano, possui outra grande singularidade, que é sua localização estratégica em relação às capitais dos Estados como Brasília, Palmas, Goiânia e Salvador, bem como em relação aos principais portos, sobretudo o de Salvador e de Recife, fazendo da região um local privilegiado principalmente com relação a escoamento dos produtos. Sales (2007) afirma que:

(....) A soja chegou timidamente nos Cerrados do Oeste Baiano e, pouco a pouco, foi suplantando outros cultivos tradicionais, sobretudo as lavouras de subsistência e a pecuária. Essas transformações foram promovidas principalmente pelos produtores experientes da região sul do país que migraram para a região, trazendo consigo a experiência desse novo arranjo econômica. O baixo preço das terras facilitou os investimentos e incentivos na região principalmente no município de Barreiras, no qual essa modernização agrícola chegou primeiro.( SALES, 2007, pg 07).

Por meio deste trabalho foi possível analisar as transformações ocorridas no campo com enfoque nas mudanças pela qual sofreu as relações de trabalho devido à modernização da agricultura no município de Barreiras - BA. Utilizando-se de dados extraídos do censo nos anos 1970, 1975, 1980, 1985, 1995 e 2006, disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as quais levaram em consideração as variáveis: pessoal ocupado onde se tem mão-de-obra permanente, temporária, familiares, parceiros e área plantada com os dados coletados foram gerados tabelas e gráficos para assim melhorar a interpretação dos dados do município de Barreiras.

Tabela 01 – Pessoal ocupado do Município de Barreiras (BA) Pessoal ocupado

Ano Homens Mulheres Total Permanente Temporário Familiar Parceiro Outros

1970 3607 2432 6039 134 751 4952 2 0 1975 4377 3052 7929 80 908 6432 7 2 1980 5569 3888 9457 335 693 8094 21 24 1985 7087 3566 10653 798 1711 7127 25 207 1995 3220 1610 4818 - - 4158 - - 2006 5748 2026 7774 - - 7198 - -

(9)

9 Gráfico 01 – Distribuição percentual do pessoal ocupado (Homens e

Mulheres) do município de Barreiras (1970 á 2006)

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário (1970 á 2006)

Através da análise da Tabela 01 pode se notar que, no período entre 1970 á 2006 houve um aumento de mão-de-obra (temporário permanente e familiar), fato o qual pode-se ligar ao crescimento da área plantada. Entretanto, em 1975, houve um decréscimo no pessoal ocupado, como representado no gráfico 01, devido ao fato da área plantada ter sido reduzida com relação aos demais anos. Pode-se notar também que, diferentes das áreas modernizadas nas Regiões Sul e Sudeste, Barreiras não apresentou um decréscimo na utilização de pessoal ocupado, mesmo com a elevada taxa de mecanização, devido possivelmente, a permanência da agricultura familiar.

Ainda analisando-se a Tabela 01, conjuntamente com o gráfico contido no Gráfico 01, pode-se notar que, no período entre 1970 á 2006 houve um aumento de mão-de-obra (temporário permanente e familiar), fato o qual se associa ao crescimento da área plantada. Entretanto, em 1975, houve um decréscimo no pessoal ocupado, devido á ocorrência de que a área plantada ser menor com relação aos demais anos. Pode-se notar também que diferentes das áreas modernizadas, Barreiras não teve um decréscimo na utilização de pessoal como é observado na região Sul e Sudeste, devido ao seu alto grau de mecanização.

(10)

10 Tabela 02 – Área Plantada de Número de Estabelecimentos do Município de

Barreiras (BA, 1970 á 2006

Ano Área plantada

(ha)

Número de estabelecimentos

Área (ha) Contingente populacional 1970 18275 1457 70467 20864 1975 82287 1386 109181 - 1980 --- 1580 299538 41462 1985 217544 2030 507128 - 2006 231442 - - 131335

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário (1970 á 2006); Censo Demográfico (1970 á 2006)

A partir dos dados presentes na Tabela 02, que relaciona a área plantada com número de estabelecimentos, ao se comparar à população total do município, é possível inferir que existe uma baixa relação entre a área total dos estabelecimentos e o número de hectares ocupados por plantações na primeira metade da década de 70, indicando assim a exigência de grandes áreas desocupadas. Isso se deve à posição periférica do município e sua baixa produtividade, onde o processo de modernização ou ainda não havia começado ou era incipiente o suficiente para não ser detectado por este método de coleta de dados. Observa-se, entretanto que, já no Censo Agropecuário de 1975, ocorreu um a grande mudança neste quadro, onde se observa que o número de áreas plantada mais que quadruplicou quando comprado ao período anterior, também sendo se refletindo no aumento da área total dos estabelecimentos. Observa-se também um aumento da população, ao qual, dobrou para o mesmo período. Isso indica uma intensa migração para esta área, fenômeno este que tendeu a continuar nos anos seguintes, juntamente com o aumento da produção e do aumento da área de total dos estabelecimentos. Porém, destaca-se que o aumenta do número de estabelecimentos não acompanhado a mesma taxa de crescimento, indicando o processo de permanência de concentração fundiária, mesmo com o estabelecimento da agroindústria e da empresa rural.

Considerações finais

Por meio deste trabalho foi possível analisar as transformações ocorridas no campo com enfoque nas mudanças pela qual sofreu as relações de trabalho devido à modernização

(11)

11 da agricultura no município de Barreiras - BA. Utilizando-se de dados extraídos dos censos agropecuários e demográficos, para os anos 1970, 1975, 1980, 1985, 1995 e 2006, disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considerando as variáveis: pessoal ocupado onde se tem mão-de-obra permanente, temporária, familiares, parceiros e área plantada com os dados coletados foram gerados tabelas e gráficos para assim melhorar a interpretação dos dados do município de Barreiras.

A modernização não se deu de maneira homogênea. Sendo assim, cada área apresenta um diferente grau de modernização a exemplo o cultivo de grãos como soja e milho exigem um maior número de insumos e maquinário durante todo o processo produtivo, e um menor número de pessoal ocupado, enquanto que o cultivo de leguminosas e frutas exige um baixo grau de modernização e maior emprego de mão - de- obra.

O clima do Nordeste não e muito propicio para o desenvolvimento de determinadas culturas a mecanização do campo trouxe uma nova possibilidade produtiva. Por meio dos dados analisados nota-se que a modernização embora tenha trazido mudanças na dinâmica espacial agrária e nas relações de trabalho em Barreiras ela trás traços conservadores, sendo a irrigação a principal causa dessa dinâmica vivida pelas cidades nordestinas em especial a região do Oeste Baiano.

Barreiras se encontram em um local estratégico, faz parte de uma fronteira agrícola e por fazer parte desta o município atrai inúmeras pessoas em busca de trabalho ou em busca de áreas que possam ser cultivadas. Embora os meios de produção agrícola tenham diversificado os efeitos desta não trouxe benefícios para a população local que dependia das pequenas propriedades para a sua subsistência e de suas famílias, pois estes não tendo como competir com os grandes latifundiários são obrigados a vender sua força de trabalho para complementar à renda familiar.

Referências

BACELAR, Tânia. Ensaios sobre o desenvolvimento brasileiro: heranças e urgências. Rio de Janeiro: Revan: Fase, 2000;

BAIARDI, Amilcar. A moderna agricultura do nordeste. Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBA, 1992.

(12)

12 BAIARDI, Amilcar. O desenvolvimento rural e a consolidação da moderna agricultura Familiar de colonos a neoformers. Bahia análises e dados, Salvador 2004.

COSTA, Liduina Farias Almeida. Revisitando a Questão do Nordeste: representações de uma região-problema. Revista do Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas e Sociedade – UECE. Ano 1, n. 1(Jan-Jun). Fortaleza: UECE, 2001; FERNANDES, Raony Chaves. Oeste Baiano: Da agricultura Familiar a agroindústria. Disponível em: >http://www.bahiaflaneur.net/blog2/wp-content/uploads/2010/08/agroindustrie.pdf> acesso em 22/05/12.

FILHO, M.Santos. Processo de urbanização no Oeste Baiano. Série de estudos urbanos. Recife ed. SUDENE-PDE-URB 1989.

IBGE. Censo Agropecuário 1970 á 2006.

ROFFMAN, Campo. Aspectos Biológicos e manejo integrado de stemechus subsignatus na cultura da soja, Londrina- EMBRAPA 1999. Disponível em: >http://www.cnpso.embrapa.br/memoriatecnica/circtec/circTec22.pdf> acessado 22/05/12.

SALES, Luis Gustavo de Lima. Território em formação: os impactos do agronegócio

no Oeste Baiano Nordeste Bahia. Disponível em:

>http://www.nilsonfraga.com.br/SALES Luis Gustavo de Lima. Pdf> acessa em 22/ 05/12.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnicas e tempo razão e emoção. São Paulo EDUSP 2004.

SEI- Superintendência de estudos econômicos e sociais da Bahia. Mudanças sóciodemográficas recentes: Região Oeste. Salvador, SEI 2000.

SEI- Superintendência de estudos econômicos e sociais da Bahia. Mão - de obra agrícola na Bahia. Salvador, SEI 2000.

Referências

Documentos relacionados