ANÁLISE DE COMPATIBILIDADE MEDICAMENTOSA À LACTAÇÃO: DESCONHECIMENTO DA TERAPÊUTICA E ABANDONO DA AMAMENTAÇÃO

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Revista Interdisciplinar de Ciências Médicas - Anais - Teresina-PI CNPJ:14.378.615/0001-60

Registro: ISSN 2594-522X

ANÁLISE DE COMPATIBILIDADE MEDICAMENTOSA À LACTAÇÃO: DESCONHECIMENTO DA TERAPÊUTICA E ABANDONO DA AMAMENTAÇÃO

MENESES, C. E. S. 1; BARROS, Á. G. T. S.1; MOREIRA, F. A. S. 1; MOURA, M. C. L. 1; ARAÚJO, V. L. L1; CAVALCANTE, G. L.2

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Centro Universitário Santo Agostinho, Teresina, Piauí;

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Mestranda em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Piauí, Teresina, Piauí;

RESUMO

Introdução: O aleitamento materno é indispensável para o desenvolvimento do

lactente, pois apresenta vantagens nutricionais, imunológicas e psicoativas. O uso de medicamento pela nutriz é um dos fatores que levam ao desmame precoce, acarretando em prejuízos para a criança. O presente trabalho objetiva-se analisar a compatibilidade da utilização de medicamentos com a lactação e a relação dessa prática com o desmame precoce. Metodologia: O estudo caracteriza-se como revisão bibliográfica integrativa de caráter descritivo, qualitativo e retrospectivo. Os artigos foram selecionados a partir de buscas nas bases de dados indexadas: SciELO, PubMed, MEDLINE e LILACS, utilizando os descritores: amamentação, e medicamento, sem restrição de língua. Foram encontrados 25 artigos, sendo 12 destes selecionados através da aplicação dos critérios de inclusão, que consistem em artigos completos, que abordassem assuntos relacionados com o objetivo proposto, evidenciando os riscos do uso de medicamentos durante a lactação, publicado no período de 2002 a 2018, os artigos que não obedeciam estes critérios foram excluídos do estudo. Resultados e discussão: Dentre os medicamentos utilizados pela nutriz, a maioria dos analisados neste estudo são compatíveis com a amamentação, e não demostravam risco para a criança; evidenciou-se antineoplásicos, radiofármacos, drogas de abuso apresentavam-se incompatíveis com a amamentação, ansiolíticos, antidepressivos, antipsicóticos e outros possuem efeitos desconhecidos nos lactentes, mas que requerem cuidados maternos, uma vez que alguns destes podem apresentar riscos ao bebê. Destacou-se que os seguintes medicamentos podem ser excretados no leite materno e apresentar risco à criança amamentada: clonazepam, que pode causar apnéia, cianose e hipotonia; maprotilina, no qual se observou sedação no lactente, sobretudo se uso prolongado do fármaco; fenilbutazona, podendo acumular-se e causar discrasia sanguínea; ciprofloxacino, relatado um caso de colite pseudomembranosa em um lactente cuja mãe utilizou por seis dias; entre outros. Mediante a pesquisa bibliográfica, a falta de informação clara, segura e confiável em relação aos efeitos dos medicamentos mostraram-se como maior fator que leva ao abandono da amamentação por parte das mães. Conclusões: Mediante o exposto, conclui-se que o desmame precoce,

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pode ser ocasionado por conseqüência da carência de informações sobre a segurança para uso na lactação de grande parte dos fármacos, por isso faz-se necessário maior investimento em pesquisas com o intuito de permitir ao profissional propiciar um tratamento adequado à nutriz, além de contribuir para a manutenção do aleitamento materno.

Palavras-chaves: Desmame precoce; Aleitamento materno; Lactente.

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ABSTRACT

Introduction: breastfeeding is indispensable for the development of the infant,

because it presents advantages nutritional, immunological and psychoactive substances. The use of medication by nursing mothers is one of the factors that lead to early weaning, resulting in harm to the child. The present study aims to analyze the compatibility of the use of medicines with the lactation and the relation of this practice with the early weaning. Methodology: The study is characterized as integrative literature review of descriptive, qualitative and retrospective. Articles were selected from searches in the databases of indexed: SciELO, PubMed, MEDLINE and LILACS, using the following descriptors: breastfeeding, and medicine, with no restriction on language. 25 articles were found, being 12 of these selected through the application of the criteria of inclusion, which consist in complete articles that address issues related to the proposed objective, highlighting the risks of the use of medications during lactation, published in the period from 2002 to 2018, the articles that did not meet these criteria were excluded from the study. Results and

Discussion: Among the drugs used by nursing mothers, the majority of the analyzed

in this study are compatible with breastfeeding, and demonstrated no risk for the child; it was evidenced antineoplastic agents, radiopharmaceuticals, drugs of abuse were incompatible with breastfeeding, anxiolytics, antidepressants, antipsychotics and others have unknown effects in infants, but that require maternal care, since some of these may present risks to the baby. It was stressed that the following medications may be excreted in breast milk and pose a risk to the breastfed child: clonazepam, which may cause apnea, cyanosis and hypotonia, maprotiline, in which sedation has been observed in infants, especially if prolonged use of the drug; phenylbutazone, and may accumulate and cause blood dyscrasia; ciprofloxacin, reported a case of pseudomembranous colitis in an infant whose mother used for six days; among others. Through bibliographic research, the lack of clear information, secure and reliable in relation to the effects of medicinal products proved to be a major factor that leads to the abandonment of breastfeeding by the mothers.

Conclusions: Through the above, it is concluded that the early weaning, can be

caused as a consequence of the lack of information on the safety for use during lactation of a large part of the drugs, therefore it is necessary to invest more in research with the aim of permitting the seller to provide a suitable treatment to breastfeeding, besides contributing to the maintenance of breastfeeding.

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Keywords: Early weaning; Breastfeeding; Infant. INTRODUÇÃO

O aleitamento materno é o mais apropriado para o lactente, devido a suas vantagens nutricionais, imunológicas e psicoafetivas. (LAMOUNIER, et al. 2002). A importância da amamentação natural tem sido abordada, principalmente sob o ponto de vista nutricional, imunológico e psicossocial, sendo estes de maior importância, portanto, é um assunto de interesse multiprofissional. (ANTUNES, et al. 2008). A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno até pelo menos dois anos, devendo ser praticado de forma exclusiva até o sexto mês de vida. (CHAVES; LAMOUNIER E CÉSAR, 2007). E correlacionado a isto diversos estudos comprovam que, dentre os fatores responsáveis para que haja o abandono precoce da amamentação, encontram-se os problemas relacionados aos riscos de exposição dos lactentes a medicações maternas, o que é uma prática frequente (CHAVES e LAMOUNIER, 2004). Atualmente, a medicalização durante o aleitamento materno tem sido freqüente, sendo alvo de críticas, posto que na avaliação do risco-benefício devem ser levados em consideração aspectos que incluem os benefícios da amamentação, o impacto dos sintomas e da doença sobre a saúde materna, bem como as conseqüências para o recém-nascido (CHAVES et al., 2017). Diversas razões podem levar a nutriz a utilizar medicamentos sob várias formas. A presença e a concentração do medicamento no leite humano dependem principalmente de três fatores. São eles: os ligados à mãe (metabolismo da droga, forma de prescrição, interação com outros medicamentos); os ligados à droga em si (características bioquímicas, vida média, biodisponibilidade, forma de prescrição, excreção, etc); e aqueles ligados ao recém-nascido (imaturidade de alguns sistemas dificultando a metabolização e excreção da droga (LAMOUNIER et al., 2002). Se necessário prescrever medicamentos durante a amamentação, é imprescindível o conhecimento de tais fatores, pois determinam a segurança para uso nesse período (CHAVES; LAMOUNIER; CÉSAR, 2007). Para isso, informações e referências na literatura sobre drogas e leite materno estão disponíveis, porém muitos profissionais de saúde, talvez por desinformação ou até desinteresse, preferem interromper a amamentação em vez de se esforçarem para compatibilizá-la com a terapêutica materna (CHAVES e LAMOUNIER, 2004). Tendo em vista o exposto, fazem-se necessárias atualizações constantes sobre o uso de medicamentos durante a amamentação, visando racionalizar esse uso e principalmente manter o aleitamento materno. Dessa forma, a presente pesquisa objetiva-se analisar a compatibilidade da utilização de medicamentos com a lactação e a relação dessa prática com o desmame precoce.

METODOLOGIA

O estudo caracteriza-se como revisão bibliográfica integrativa de caráter descritivo, qualitativo e retrospectivo. Os artigos selecionados para esta revisão foram identificados por meio de busca bibliográfica nos bancos de dados eletrônicos SciELO, PubMed, MEDLINE e LILACS, utilizando os descritores: amamentação, e

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medicamento, sem restrição de língua. Foram encontrados 25 artigos, sendo 12 destes selecionados através da aplicação dos critérios de inclusão, que consistem em artigos completos, que abordassem assuntos relacionados com o objetivo proposto, evidenciando os riscos do uso de medicamentos durante a lactação, publicado no período de 2002 a 2018. Os artigos que não registraram informações peculiares e pontuais relacionadas ao tema foram excluídas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre os medicamentos utilizados pela nutriz, a maioria dos analisados neste estudo é compatível com a amamentação, e não demonstravam risco para a

criança; evidenciou-se antineoplásicos, radiofármacos, drogas de abuso

apresentavam-se incompatíveis com a amamentação, ansiolíticos, antidepressivos, antipsicóticos e outros possuem efeitos desconhecidos nos lactentes, mas que requerem cuidados maternos, uma vez que alguns destes podem apresentar riscos ao bebê.

Tabela 01. Medicamentos que podem ser excretados no leite materno e complicações no lactente

Fonte: Dados de pesquisa, 2018.

Destacou-se que os seguintes medicamentos (Tabela 01) podem ser excretados no leite materno e apresentar risco à criança amamentada: o medicamento clonazepam é um anticonvulsivante e seu uso durante a amamentação deve ser criterioso, pois há relatos de apnéia, cianose e hipotonia em crianças; maprotilina, antidepressivo e estabilizador de humor, pode causar sedação no lactente, sobretudo se uso prolongado do fármaco; os antiinflamatórios não-esteroides: fenilbutazona ao ser excretado no leite materno pode acumular-se e causar discrasia sanguínea, já a indometacina, foi relatado um caso de caso de convulsão no lactente e o naproxeno, há relato de um caso de sangramento prolongado, hemorragias e anemia aguda em um recém-nascido de sete dias; o antimicrobiano ciprofloxacino pode ser excretado em quantidades elevadas e observou-se em estudo, um caso de colite pseudomembranosa em um lactente cuja mãe utilizou por seis dias. Além disso, a pesquisa bibliográfica mostrou que a falta de informação clara, segura e confiável em relação aos efeitos dos medicamentos caracterizam-se como o maior fator que leva ao abandono da amamentação por parte das mães.

Medicamento Complicações

Clonazepam Apnéia, cianose e hipotonia

Maprotilina Sedação

Fenilbutazona Discrasia sanguínea

Ciprofloxacino Colite pseudomembranosa

Indometacina Convulsão

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Registro: ISSN 2594-522X CONCLUSÕES

Mediante o exposto, conclui-se que o desmame precoce, pode ser ocasionado por conseqüência da carência de informações sobre a segurança para uso na lactação de grande parte dos fármacos, por isso faz-se necessário maior investimento em pesquisas com o intuito de permitir ao profissional propiciar um tratamento adequado à nutriz, além de contribuir para a manutenção do aleitamento materno, e a necessidade de encarar o uso de medicamentos na lactação como uma preocupação devido à conhecida relação entre o uso de fármacos e o desmame.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAVES A. F. L et al. Consumo de medicamentos durante a amamentação e avaliação do risco ao lactente. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste. Fortaleza, v.18, n.3, p.390-5, 2017.

CHAVES, R. G e LAMOUNIER, J. A. Uso de medicamentos durante a lactação.

Jornal de Pediatria. Minas Gerais, Vol. 80, n.5, 2004.

CHAVES, R.; LAMONIER, J; CÉSAR, C. Medicamentos e amamentação: atualização e revisão aplicada à clínica materno-infantil. Rev. Paul. Pediatr., São Paulo, v. 25, p. 276-288, 2007.

CHAVES, R. et al. Uso de galactagogos na prática clínica para o manejo do aleitamento materno.Rev. Med. MG, [S.l.], v. 18, p. S146-S153, 2008.

LAMOUNIER, J.A et al. O uso de medicamentos em puérpuras interfere nas recomendações quanto ao aleitamento materno?. Jornal de Pediatria. Minas Gerais, Vol. 77, n.1, 2002.