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As NOVAS FACES DO SERVIÇO SOCIAL NAS EMPRESAS DO SÉCULO XXI: MUDANÇAS NAS FORMAS DE CONTRTAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E REQUISIÇÕES PROFISSIONAIS.

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Academic year: 2021

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Departamento de Serviço Social

As NOVAS FACES DO SERVIÇO SOCIAL NAS EMPRESAS DO

SÉCULO XXI: MUDANÇAS NAS FORMAS DE CONTRTAÇÃO,

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E REQUISIÇÕES

PROFISSIONAIS.

Aluna: Marcela Dias Affonso

Orientadora: Márcia Regina Botão Gomes

Introdução

Este relatório pretende apresentar resultados parciais do projeto de pesquisa que se propõe analisar as novas faces assumidas pelo Serviço Social nas empresas como expressões dos processos de reestruturação produtiva, que comporta formas de intensificação do trabalho, precarização dos vínculos de contratação e das condições de trabalho com o possível aumento da informalidade e do ocultamento de massas de trabalhadores. Objetivos

O objetivo geral deste projeto consiste em identificar como o trabalho do assistente social vem se processando na particularidade das empresas no início do século XXI diante das medidas de reestruturação produtiva de corte neoliberal em diversos setores. A partir do objetivo principal há o desdobramento de objetivos específicos de natureza teórico-prática: 1) identificar quais tem sido as principais formas de precarização do trabalho nas empresas e o modo como essas precarizações tem afetado as condições de trabalho dos assistentes sociais e suas propostas profissionais. 2) contribuir para o debate profissional sobre os processos de trabalho do Serviço Social em empresa, suas requisições, demandas e desafios profissionais na atualidade.

Metodologia

Optamos por uma pesquisa de natureza qualitativa para a realização de um estudo de caso entendendo que desse modo seria possível obter um estudo mais aprofundado. De fato, essa opção apresentou aspectos positivos e algumas limitações possíveis de serem sanadas na próxima fase deste projeto, aspectos que apresentaremos mais adiante neste relatório.

No primeiro momento da pesquisa realizamos uma aproximação com a temática deste projeto fizemos uma revisão bibliográfica sobre as transformações do trabalho e leituras sobre o serviço social em empresas. No segundo momento um mapeamento para definição do campo empírico, mantendo o investimento nos estudos teóricos e metodológicos. Nesse estágio de preparação elaboramos um roteiro de entrevista com questões semiestruturadas, esse instrumento de coleta de dados foi enviado previamente para as duas profissionais que seriam entrevistadas, juntamente com uma carta de apresentação da orientadora da pesquisa.

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Sobre os aspectos positivos destacamos:

1) Possibilidade de realizar visitas institucionais para a realização das entrevistas pessoalmente;

2) Disponibilidade das profissionais para retorno à instituição em caso de necessidade;

3) Realização de contatos telefônicos após as entrevistas para esclarecimento de dúvidas.

4) Condições de análise mais detalhada por se tratar de apenas uma empresa. Aspectos limitadores:

1) Nesse estágio da pesquisa não foi possível entrevistar assistentes sociais terceirizadas ou prestadoras de serviços por projetos, como gostaríamos inicialmente. Em função da empresa não ter profissionais de Serviço Social com esse vínculo.

Dificuldades encontradas no processo de pesquisa:

Antes de iniciarmos o relato da pesquisa realizada, cabe apontar algumas dificuldades encontradas no processo de aproximação com o campo empírico. De posse das anotações e estudo dos teórico e metodológicos, o início da pesquisa se deu em uma empresa de grande porte-Multinacional, nosso primeiro contato foi através de e-mail e telefone, o primeiro contato foi positivo, a assistente social se interessou pelo assunto, quando tentamos nos comunicar pela segunda vez já não obtivemos o mesmo êxito da primeira vez, não conseguimos mais falar com a assistente social, fizemos várias tentativas, mais a comunicação via telefone foi inviável. Conseguimos o contato de uma outra Assistente Social que fazia parte da mesma empresa, sendo que terceirizada, tivemos êxito, chegamos a marcar para que pudéssemos conversar sobre a pesquisa, ficou tudo combinado, sendo que no dia a pessoa desmarcou informando que tinha dificuldades de se encontrar por estar com problemas em sua residência, e a mesma nos informou que não fazia mais parte desta empresa. Foi um momento frustrante, pois não tivemos a oportunidade apresentar nossa pesquisa. A empresa que pretendíamos realizar a pesquisa é uma empresa que atua em vários países e muito conhecida e tem um número grande de Assistentes Sociais. Depois fizemos uma nova tentativa em outra empresa privada que também não obtivemos êxito.

Síntese descritiva da pesquisa empírica à empresa “A”:

A definição da empresa pesquisada se deu pela sua relevância no cenário nacional, por sua natureza Estatal e pela acessibilidade às profissionais. Para manter o compromisso ético e o sigilo da pesquisa neste relatório chamaremos a empresa de “A” e as assistentes sociais chamaremos de “Mariana” e “Helena” (nomes fictícios).

A pesquisa foi realizada em uma empresa Estatal que atua em vários estados do Brasil sendo eles: Rio, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Salvador, Recife, Fortaleza, Teresina, Porto Velho, Belém e Manaus. A sede do Rio de Janeiro tem

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o quadro de funcionários composto por trabalhadores com contrato direto e trabalhadores terceirizados. Hoje a empresa tem 371 empregados: 168 mulheres e 203 homens contratados diretos. O número de terceirizados não foi informado.

No organograma institucional da empresa “A”, o Serviço social se encontra vinculado à Gerência de Recursos Humanos, com atuação no Centro de Saúde Ocupacional, integrando uma equipe multidisciplinar composta pelos seguintes profissionais: 02 assistentes sociais, 01 estagiária de Serviço Social, 01 enfermeira do trabalho, 01 médico do trabalho, 03 engenheiros de segurança do trabalho (sendo um deles coordenador de segurança), 01 técnica de segurança do trabalho, 01 dentista, 01 administradora, 02 técnicos administrativos, 1 estagiário técnico administrativo, 1 estagiário técnico de segurança do trabalho e 01 jovem aprendiz. A seguir apresentaremos brevemente algumas reflexões como base em nossas pesquisas bibliográficas e empíricas.

Vínculo empregatício e condições de trabalho das assistentes sociais e da equipe com quem trabalham:

Modos de contratação das assistentes sociais: As assistentes sociais foram selecionadas por meio de concurso público e possuem um certo grau estabilidade no trabalho, embora o regime de contratação seja CLT.

Salário direto: Mariana, profissional com 15 anos de contratada recebe um salário de R$ 10.400,00 (aproximadamente) e Helena com 8 anos de serviço recebe R$ 8.300,00 (aproximadamente).

Salário indireto: seguro saúde e odontológico, auxílio alimentação, seguro de vida, participação nos lucros, seguro de vida; seguro pós vida (fica para o dependente), seguro educação para filhos até 24 anos, auxilio creche e creche própria na sede do Rio de Janeiro, restaurante dentro da empresa, auxilio funeral e convênios com associações de empregados.

Espaço físico: Possuem sala para atendimento individual e materiais necessários para o exercício do trabalho. Salas individuais, computadores, impressoras, internet e telefone. Recursos financeiros: Não há um orçamento previamente definido para o Serviço Social, quando necessitam planejar alguma campanha ou ação de saúde, solicitam ao Departamento de Recursos Humanos que disponibilizado uma verba restrita, a alternativa utilizada tem sido recorrer a recursos de instituições públicas para as referidas atividades. Principais Requisições Profissionais: As principais requisições e demandas apresentadas ao Serviço Social na empresa são acompanhamentos a empregados e ou familiares por questões de afastamento de saúde, que em sua maioria é saúde mental (psiquiátrico) atendimentos por situações relacionadas às relações de trabalho.

O acesso dos trabalhadores ao Serviço Social: O acesso dos funcionários ao Serviço Social é através de demanda espontânea, encaminhamentos formais e não formais, e por solicitação do próprio serviço social.

Modos de contratação da equipe multidisciplinar: O tipo de contrato da equipe multidisciplinar, em princípio não era uma questão de nossa pesquisa, contudo a ênfase nesse aspecto foi destacada pelas entrevistadas por ser uma questão que interfere

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diretamente no desenvolvimento do trabalho delas, principalmente no caso do médico do trabalho que é um profissional com vínculo terceirizado o que tem causado rotatividade. Processos de trabalho das assistentes sociais:

Os instrumentos e técnicas utilizadas pelo Serviço Social: entrevista, relatórios, notas técnicas, parecer social, atendimento individual ou em grupo dependendo da análise e pertinência da situação.

Estratégias para desenvolver uma boa comunicação com os funcionários: Elaboração de projetos de prevenção: esquetes teatrais, exposição fotográfica, painéis e cartazes com conteúdo informativo, lúdico e artístico.

Formas de registro do trabalho: A empresa está em processo de implantação de um sistema de informática para registro de informações, mas o Serviço Social ainda não está inserido no referido Sistema. Apesar disso, as profissionais possuem arquivos para o registro e acompanhamento dos atendimentos a empregados, familiares, terceirizados, estagiários e jovens aprendizes. Criaram planilhas de acompanhamento dos afastamentos por questões saúde/doença, bem como de outras atividades nas quais estão envolvidas. Requisições institucionais: As atividades realizadas na empresa são relacionadas à saúde ocupacional, consideradas pelas assistentes sociais rotineiras, por exemplo: acompanhamento a empregados em situações de exames periódicos, admissionais e demissionais para orientação de seus direitos, acompanhamento de funcionários afastados pelo INSS, coordenação do Programa Jovem Aprendiz em todas as Unidades da Empresa, atendimento a demandas espontâneas ou requisitadas pela chefia imediata do trabalhador. Ex.: O caso de um trabalhador com problemas de saúde mental que não adere ao tratamento. O Serviço Social articulou-se com a equipe de saúde mental do município onde o trabalhador aceita minimamente o tratamento e buscou orientação especializada que resultou numa pactuação com o usuário para a tentativa de adesão mais efetiva. Trata-se de um caso complexo, com pouca efetividade no resultado decorrente de total impossibilidade da família do usuário e das limitações do próprio, porém de suma importância.

O Serviço Social participa da implantação e coordenação do Programa de Aprendizagem em todas as Unidades Regionais, Projeto de Atualização e complementação de escolaridade para os empregados etc.

Já esteve envolvido coordenando alguns Projetos/Programas como: Programa de Preparação para Aposentadoria, que faz parte do acordo coletivo, mas atualmente esse projeto passou a ser de responsabilidade de outra área. Em função de um processo de reestruturação interna.

Dificuldades no exercício do trabalho:

As assistentes sociais queixaram-se de terem como chefias pessoas oriundas de indicação política, muitas vezes sem conhecimento algum sobre o trabalho do Serviço Social. No estágio atual encontram-se com grandes dificuldades para aprovação de projetos, mesmos para os que não dependem de recursos financeiros extra. Relataram também que muitas vezes não conseguem nem apresentar as suas propostas, o que tem sido muito frustrante. Com isso, as profissionais têm suas funções esvaziadas, o reconhecimento de suas competências torna-se baixo tanto do ponto de vista da instituição, quanto do ponto de

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vista das próprias assistentes sociais, causando um extremo desconforto no espaço laboral. Além da desvalorização relatada pelas assistentes sociais com relação ao posicionamento das chefias, houve também um processo de reestruturação interna que modificou o organograma da gerência onde as mesmas se encontram lotadas, essa mudança instalou um clima de competitividade entre as áreas com atitudes, segundo as entrevistadas, desleais (uma das entrevistadas relatou ter sido vítima de apropriação de trabalho intelectual) por outra profissional da sua gerência.

Mariana e Helena consideram ser necessário fazer uma melhor divulgação sobre o Serviço Social dentro da Estrutura do Departamento de Recursos Humanos para que suas chefias, pares e trabalhadores possam compreender melhor o trabalho delas. Atualmente consideram os trabalhos realizados pontuais e burocráticos.

Uma breve reflexão teórico-prática para uma análise futura

Para compreender o Serviço Social é necessário considerar os processos sociais em curso. Por esse motivo iniciamos as nossas reflexões a partir de leituras que tratam das transformações do trabalho a partir da década de 1970 nos países de capitalismo central e de 1990 no Brasil. Para esta primeira aproximação nós apoiamos principalmente nos seguintes autores: Mota (2009), Antunes (1995), Antunes e Druck (2013), Druck (2009), Linhart (2013), Alves (2013) e Netto (1996, 2012).

Além desses autores, buscamos nos aproximar de parte da literatura específica sobre o Serviço Social em empresas, tais como: César e Amaral (2009), Botão-Gomes (2015), com o intuito de identificar como as transformações societárias mais amplas incidem no cotidiano profissional dos assistentes sociais.

De acordo com Netto (1996) um conjunto de transformações societárias ocorreu devido à crise do capital desencadeada a partir da década de 1970, nos países de capitalismo central. Tal crise apresentou reflexos em outros países, incluindo o Brasil que vem sofrendo alterações mais significativas a partir de 1990. Nesse período ocorreram processos de reestruturação produtiva com privatizações de empresas, terceirizações, retrocessos de direitos sociais decorrentes de reformas na previdência social, processos de fusão entre empresas, demissões de trabalhadores, reordenamento do papel do Estado, entre outras.

Desde então, a sociedade vem experimentando grandes transformações no mundo do trabalho, ocorreram mudanças nas formas de produção dentro do modo de produção capitalista ocasionando alterações nos processos produtivos e também nas vidas dos trabalhadores empregados e desempregados. Destaca-se a transição do modo de produção fordista-keynesiano para o modelo de “acumulação flexível” com a gestão de predomínio toyotista. O toyotismo penetra, mescla-se ou mesmo substitui o padrão fordista dominante, em várias partes do capitalismo globalizado, posto como ideologia orgânica do novo complexo de reestruturação produtiva que surge com a mundialização do capital. As mudanças na gestão do trabalho afetam o conjunto de trabalhadores de vários modos, seja objetivamente ou subjetivamente. Sob o aspecto subjetivo o nexo essencial do toyotismo é a “captura” da subjetividade, traço significativo das ideologias gerenciais dos últimos trinta anos. A disputa pela a subjetividade ocorre no interior de um processo de

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disseminação de valores-fetiches, expectativas e utopias de mercado que perpassam não apenas o espaço da produção, mas também o espaço da reprodução social. (Alves, 2013) A utilização dos métodos de trabalho toyotista levou para dentro das fábricas a automação, a robótica e a terceirização, resumindo ao mínimo a interferência da mão de obra do homem, essas são as novas formas de produção. Em razão desse modo de organização da tecnologia avançada, gerou-se um grande aumento da produtividade e uma grande redução do trabalho vivo. Contudo, o trabalho vivo não pode ser dispensado, sendo ainda um elemento essencial nos processos de trabalho.

Esse conjunto de mudanças vem desencadeando uma série de consequências que Antunes (1998) chamou de objetivas e subjetivas. Sobre os aspectos objetivos o autor destaca o que mais se evidencia, na crise de acumulação do capital, que é a redução dos níveis de produtividade do capital, dado a acentuada tendência decrescente da taxa de lucro; esgotamento do padrão de acumulação taylorista/fordista de produção; hipertrofia dos capitais financeiros, que ganhavam relativa autonomia frente aos capitais produtivos; maior concentração de capitais, devido às fusões entre as empresas monopolistas e oligopolistas; crise do Welfare State ou do Estado de Bem-Estar Social, que gerou crise fiscal do Estado capitalista, com a consequente retração dos gastos públicos e sua transferência para o capital privado; processo acentuado de privatizações e à flexibilização do processo produtivo, dos mercados e da força de trabalho Antunes (1998).

A crise afeta tanto os aspectos materiais quanto a subjetividade da classe que vive do

trabalho. Nos aspectos subjetivos, atingiu a consciência de classe, expressando-se nos

organismos representativos, como sindicatos, entre outros. Principalmente, no que diz respeito à crise de identidade coletiva, devido ao crescente desemprego, à flexibilização e à terceirização dos serviços. Aponta o enfraquecimento do poder de ação dos sindicatos e de outras formas de organização e de resistência. O que gera o envolvimento do trabalhador com os objetivos das empresas como se fossem seus. Com isso, tem sido realizada “(...) uma verdadeira reforma intelectual e moral, visando à construção de outra cultura do trabalho e de uma nova racionalidade política e ética compatível com a sociabilidade requerida pelo atual projeto do capital”. (MOTA,2009).

Outra consequência desses processos é a heterogeneização da classe que vive do trabalho, afetando os trabalhadores em vários aspectos. No caso dos trabalhadores contratados de forma terceirizada e para a prestação de serviços informais há uma diminuição drástica dos direitos, além da constante insegurança. Se pensarmos o trabalhador com vínculo de trabalho considerado estável (e não terceirizado), também há perdas no sentido de ampliação de suas responsabilidades, tarefas e insegurança. Pois, apesar de ter um vínculo de trabalho, a sua condição de empregado é constantemente ameaçada. Em síntese, as diferentes formas de contratação dos trabalhadores têm apresentado perdas seja de natureza material, seja subjetiva, afetando a identidade de classe, tornando o trabalho coletivo aparentemente individualizado. Esse paradoxo, pautado na individualização Linhart (2013) destaca como um fator gerador de angústia, depressão e um sentimento de incapacidade.

Desse modo, tem sido propagado conjunto de valores próprios desse estágio do capitalismo, que interfere no modo de ser da classe trabalhadora e nas suas formas de

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organização e de resistências, ocorrendo um estímulo à busca por metas intangíveis, essa estratégia tem sido um dos elementos cruciais para o aumento da produtividade e também para a manutenção da dominação Alves (2013). Nesse sentido, o neoliberalismo, como ideário econômico e políticos, é expresso nos princípios da economia de mercado e na regulação estatal mínima. É uma ideologia disseminada na sociedade, da qual afirma que somente através da economia de mercado que a realidade poderia mudar, reforça essa lógica individualizadora (MOTA 2009). Esses aspectos incidem duplamente no trabalho dos assistentes sociais nos diversos espaços sócio ocupacionais e no caso das empresas não tem sido diferente.

Os aspectos apontados brevemente geram o que Alves (2013) chamou de “precarização da vida” e Linhart (2013) de “precariedade subjetiva”. Na realidade do trabalho assistente social não é diferente, os profissionais se deparam com um duplo desafio: 1) atender os trabalhadores que sofrem essas perdas; 2) a condição de ser trabalhador assalariado que também sofre esses dilemas. Algumas empresas têm optado pelo trabalho terceirizado com atendimento à distância, por telefone e muito pontual Botão-Gomes (2015).

Nesta pesquisa identificamos, conforme a literatura específica aborda, que o trabalho do assistente social, como integrante da classe que vive do trabalho, nas empresas têm sofrido os mesmos dilemas dos demais trabalhadores de modo direto ou indireto. As assistentes sociais da empresa “A” não são terceirizadas, mas integram uma equipe com trabalhadores com vínculos indiretos, o que ocasiona uma fragmentação da equipe e também o seu enfraquecimento diante das negociações institucionais.

Resultados parciais:

Na empresa pesquisada foram revelados aspectos objetivos e subjetivos nos processos de reorganização do trabalho. Se para as assistentes sociais não podemos afirmar que haja uma precarização do vínculo de trabalho, podemos notar uma forte tendência à precarização subjetiva decorrente do clima competitivo e de desvalorização perversa das assistentes sociais e consequentemente dos trabalhadores por elas atendidos identificamos. Essa realidade tem ocasionado nas assistentes sociais entrevistadas uma postura de desmotivação e tristeza das profissionais. Parecem estar sozinhas na instituição e sem possibilidade de solução para o problema que enfrentam. Esse sentimento de “isolamento” e impotência diante das dificuldades caracteriza o que Linhart (2013) considera ser “precarização subjetiva” no trabalho protegido, podendo gerar risco de adoecimento físico e mental das profissionais.

Em síntese, o Serviço Social nas empresas mantém atividades consideradas tradicionais que legitimam a profissão desde o seu início (atendimentos sociais aos funcionários e familiares), mantém funções pedagógicas com relação à saúde dos trabalhadores e também sobre os seus direitos. Contudo, os recursos técnico-operativos possíveis eticamente de darem visibilidade ao trabalho institucional tais como: programas e projetos que envolvem conjunto dos funcionários, tem sido bloqueado tanto pela possível “falta de conhecimento” das gerências, como pela competitividade desleal instaurada no ambiente do trabalho, que no lugar de qualificar as funções profissionais, cria um ambiente competitivo.

Desse modo, podemos afirmar que a fragmentação e heterogeneidade da equipe ocorre pela competitividade instalada nos processos de reorganização das tarefas e funções da empresa, como também pelas formas de contratação da equipe multiprofissional, que as assistentes sociais integram, pois alguns de seus pares sendo contratados indiretos, não

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conseguem estabelecer um fortalecimento interno suficiente para mudar a conjuntura institucional.

Nesse caso, a desvalorização do trabalho das profissionais e o sentimento de impotência diante desse cenário adverso tornam-se ingredientes enfraquecedores do potencial de resistência individual e coletiva.

Apesar disso, Mariana e Helena têm buscado uma forma concreta de enfrentar esses desafios se aproximando do Conselho Regional de Serviço Social-CRESS, fazendo parte da comissão temática de Serviço Social em empresa para uma troca coletiva. O que tem sido positivo na avaliação das mesmas.

Pesquisar o espaço sócio-ocupacional das empresas durante o período de graduação tem sido estimulante, por isso gostaríamos de registrar a declaração da pesquisadora de iniciação científica.

“Realizar a pesquisa é como abrir um presente, você pode imaginar, mas nunca saberá o que está dentro...”

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Referências

ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez-Unicamp, 1995.

______. Riqueza e miséria do trabalho no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2013.

ALVES. Giovanni. A disputa pelo intangível: Estratégias gerenciais do capital na era da globalização. In ANTUNES, Ricardo. Org. Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil III. São Paulo: Boitempo, 2013.

DRUCK, G. A precarização do trabalho no Brasil. In: ANTUNES, R. (Org.). Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil II. São Paulo: Boitempo, 2013.

LINHART, Daniele. Modernização e precarização da vida no trabalho. In ANTUNES, Ricardo. Org. Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil III. São Paulo: Boitempo, 2013. MOTA, A. E.; AMARAL A. S. Reestruturação do capital, fragmentação do trabalho e Serviço Social. In: MOTA, A. E. (Org.). A nova fábrica de consensos. Ensaios sobre a reestruturação empresarial, o trabalho e as demandas ao Serviço Social, São Paulo: Cortez, 1998.

NETTO, José Paulo. Transformações societárias e Serviço Social. Serviço Social e Sociedade, nº50 – ANO XVII- abril 1996.

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