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INFORME SETORIAL - Set/ AO1/GESET3 ELETRÔNICA DE CONSUMO. Paulo Roberto de Sousa Melo Ana Paula Fontenelle Gorini

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Academic year: 2021

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Paulo Roberto de Sousa Melo Ana Paula Fontenelle Gorini

O setor de Eletrônica de Consumo abrange principalmente os segmentos de vídeo - englobando televisores, video cassetes, câmaras de video, video discos - e audio - incluindo rádios, auto-rádios, sistemas compactos e integrados, toca discos a laser, entre os principais produtos. Outros produtos classificados no setor são fornos de microondas, instrumentos musicais eletrônicos, calculadoras, etc.

Esse informe tem como principal objetivo a atualização, principalmente em seus aspectos conjunturais, do artigo Panorama do Setor de Bens de Consumo

Eletrônico (Revista Setorial do BNDES, no 3, Março/1996), tendo como foco os segmentos de video e audio.

Panorama Nacional

A produção de televisores concentrada na Zona Franca de Manaus atingiu escalas consideráveis no Brasil, com produção de 6,4 milhões de televisores em 1995, basicamente de aparelhos coloridos. Destes, o Brasil já é o terceiro maior mercado mundial, com 6,1 milhões de unidades comercializadas em 1995, atrás somente dos EUA, com 25 milhões de unidades, e do Japão, com 10 milhões de unidades vendidas no mesmo ano.

Em contraste com as baixas taxas de crescimento apresentadas nos mercados já saturados, da ordem de 3% ao ano, no Brasil a taxa média de crescimento das vendas de TVs entre 1990 e 1995 foi da ordem de 20% ao ano. Se considerarmos o período entre 1992 e 1995, a taxa se eleva para 38% ao ano, uma vez que, até 1992, as vendas de TVs mantiveram-se estabilizadas em torno de 2 milhões de unidades/ ano. Em 1996 o crescimento do setor vem também superando as previsões efetuadas ao final de 1995/início de 1996, conforme descrito a seguir. A Tabela 1 apresenta a evolução das vendas unitárias dos principais produtos do setor, atualizadas até julho de 1996. No segmento de video, cabe destacar o excelente desempenho dos televisores, que apresentaram crescimento de 58% até julho/1996 em relação ao mesmo período do ano anterior. Supondo que fossem mantidas as médias mensais anteriores - hipótese conservadora frente à tradicional sazonalidade do setor - o volume total de televisores a serem comercializados em 1996 pode ser estimado em mais de 9 milhões de unidades.

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TABELA 1

VENDAS UNITÁRIAS DOS PRINCIPAIS PRODUTOS DO SETOR

PRODUTOS 1994 1995 1995 1996

(até jul/95) (até jul/96)

TELEVISORES EM CORES 4.988.000 6.066.000 3.044.550 4.800.716

SYSTEMS 2.690.000 3.800.000 2.023.345 2.082.089

VÍDEO CASSETES 1.234.000 1.924.000 946.344 1.488.847

RÁDIO GRAVADORES 1.055.000 870.000 469.637 346.463

COMPACT DISK PLAYERS 459.000 845.000 408.812 541.655

FORNOS DE MICROONDAS 558.000 790.000 409.013 690.318

RÁDIOS RELÓGIOS 1.044.000 740.000 337.493 353.994

Fonte: Eletros

Segundo as últimas estatísticas do IBGE (PNAD/1995), 31,6 milhões de domicílios brasileiros possuem pelo menos um televisor, o que constitui uma taxa de penetração de 81% em relação ao total de domicílios. Em mercados já saturados, como os EUA e Japão, essa taxa atinge hoje 97%.

Os gráficos 1 e 2 apresentam uma estimativa da participação das principais empresas no mercado brasileiro de televisores e videocassetes no primeiro semestre de 1996, podendo-se destacar que: (i) a Sharp recuperou três pontos de market share em relação a 1995 no segmento de televisores, voltando a ocupar a terceira colocação no ranking, juntamente com a Itautec-Philco. Todavia, manteve a mesma participação no segmento de videocassetes, não recuperando a liderança perdida em 1995 para a Philips, quando esta última passou a liderar os dois segmentos; (ii) a Samsung, que inaugurou sua fábrica em Manaus em dezembro/1995 com planos de produzir 450 mil aparelhos de TV e video em 1996, só detém cerca de 3% de market share nos dois segmentos considerados, o que significam 160 mil aparelhos comercializados.

Grá fico 1

Pa rticipa çã o no m e rca do de te le visore s (a cum ula do 1º se m /1996*) Philips 18% Itautec Philco 14% Sharp do Bras il 14% CCE 13% Evadin 8% Samsung 3% Gradiente 2% Sanyo 5% Semp-Tos hiba 15% Sony 4% Panasonic 4% G rá fico 2

P a rticipa çã o no m e rca do de vide oca sse te s (a cum ula do a té 1º se m /1996*) Philips 18% Semp-Tos hiba 14% Sharp do Bras il 16% CCE 10% Itautec Philc o 14% Sams ung 3% Gradiente 5% Ev adin 8% Sony 5% Sany o 4% Panas onic 3%

* Elaboração própria, a partir de informações das empresas do setor.

No que tange ao segmento de audio, os dados da Tabela 1 - abrangendo o período entre 1994 e julho/1996 - apresentam um forte declíno das vendas unitárias de portáteis e relativa estabilização das vendas de sistemas de som a

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partir de 1996. Nos portáteis, mantém-se o quadro de falta de competitividade da indústria brasileira frente aos produtos asiáticos, particularmente os da China. Observa-se a disseminação dos compact disc players, isoladamente ou compondo sistemas de som, conforme mostram suas elevadas taxas de crescimento, notadamente quando isolados. A preocupação em ofertar a linha completa de eletrônicos levou a Itautec-Philco a relançar uma família de produtos de audio em 1996, os quais tiveram sua produção suspensa em 1993; da mesma forma, a Gradiente, tradicional produtora de produtos de audio de 1ª linha, intensifica o lançamento de novas famílias de televisores e aparelhos de video-cassete.

De um modo geral, o bom desempenho do setor de eletrônica de consumo pode ser explicado pelos efeitos associados à estabilização da economia brasileira, como o aumento da renda real, especialmente nas classes C e D, ao fortalecimento do crédito direto ao consumidor e ao forte declínio dos preços dos produtos: o Gráfico 3, a seguir, mostra uma queda em torno de 40% dos preços médios do televisor e do videocassete, entre 1990 e junho/1996, na amostra considerada.

Gráfico 3 - Evolução dos Preços Industriais Médios. Amostra: Evadin, Philco-Itautec, Sharp

1990-1996 * 250 300 350 400 450 500 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996

* D ado s até junho /1996 . E m 1995 e 1996, a E vadin não participa da m édia. E labo ração pró pria.

Em US$

TVC VCR

A queda de preços do setor deveu-se em grande parte à reestruturação da indústria. Nesse aspecto, destacam-se, além das mudanças nas regras para incentivos à indústria em Manaus - com a introdução do Processo Produtivo Básico em substituição ao índice de nacionalização -, os investimentos em qualidade e produtividade das empresas já estabelecidas; a concorrência com os produtos importados, os quais se beneficiaram da redução das alíquotas de importação dos produtos finais; e a entrada de novas empresas no setor.

As empresas do pólo eletroeletrônico implantadas em Manaus já investiram cerca de US$ 3,6 bilhões, o que representa mais de 60% do investimento total -

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acumulado até junho/1996 - aprovado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Em contraste, os investimentos de novas empresas do setor na Zona Franca estão em torno de US$ 150 milhões, cabendo destacar as coreanas Samsung e LG Electronics (esta última com US$ 30 milhões) e a Cineral (US$ 7 milhões). A LG, fabricante dos produtos Goldstar, pretende produzir televisores, videocassetes e fornos de microondas; a Samsung, que já iniciou a fabricação de televisores, videocassetes e fornos, vem anunciando já há algum tempo possíveis investimentos na produção local de cinescópios.

O faturamento do setor eletroeletrônico em Manaus foi de US$ 7,5 bilhões em 1995, significando um incremento de 41% em relação ao ano anterior1. Paralelamente, a importação de insumos aumentou 51%, atingindo US$ 2,2 bilhões e a mão-de-obra empregada cresceu 14%, totalizando 26.000 empregos diretos somente no setor de produtos finais de eletrônica de consumo. Até julho/1996, o faturamento do setor já tinha alcançado US$ 4,4 bilhões, sendo responsável por importações de insumos de US$ 1,2 bilhões.

Como ponto negativo, persiste a quase inexistência de exportações a partir da Zona franca: em contraste com o elevado valor das importações, as exportações de produtos eletrônicos atingiram o máximo de US$ 30 milhões em 1994, e pouco mais de US$ 20 milhões em 1995.

A produção na Zona Franca de Manaus conta com os seguintes incentivos fiscais, condicionados à comprovação do Processo Produtivo Básico: isenção do IPI e redução de 88% do imposto sobre importações, ou seja, redução da alíquota de 15% para 1,8%. Além disso, por estarem instaladas na área da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), as empresas da Zona Franca contam com isenção do imposto de renda durante 10 anos por projeto aprovado. Contam ainda com a redução do ICMS, de acordo com a legislação estadual.

Panorama Internacional e Novos Produtos

A estagnação da demanda nos principais mercados - EUA, Japão e Europa - vem forçando a busca de inovações tecnológicas/ novos produtos pela indústria. Hoje, tem-se como certo que a TV de alta definição (HDTV), assim como as novas câmeras de video, não foram/serão as novas fronteiras de expansão da indústria. Aposta-se, no momento, principalmente no videodisco digital (DVD). É controversa, ainda, a consolidação do televisor com acesso à Internet, também conhecido como network computer.

O lançamento comercial do DVD - com mercado estimado entre US$ 12 bilhões e US$ 20 bilhões em 5 anos - está sendo adiado por várias razões, entre as quais, destacam-se: (i) os fabricantes não chegaram a um acordo com a indústria de entretenimento na questão dos direitos autorais, abrangendo o licenciamento e

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medidas de proteção contra pirataria e (ii) a definição do padrão a ser utilizado pelos principais produtores ainda não foi devidamente equacionada. A Sony e a Philips, associadas, já patentearam seu próprio produto, em confronto com os demais fabricantes, em especial, as japonesas Matsushita e Toshiba, que lideravam as negociações em torno da especificação tecnológica comum do DVD. O televisor com acesso à Internet, cuja comercialização encontra-se ainda restrita a alguns mercados, foi desenvolvido por algumas empresas, entre as quais, a Sony, a Thomson, a finlandesa Nokia e a Philips. O objetivo central dos fabricantes é de que o televisor seja a principal plataforma - e também a mais simples, em contraste com o microcomputador - para o entretenimento familiar, reunindo programas vindos de meios distintos como a Internet, videodiscos e da TV via cabo ou satélite.

Apoio BNDES/ Articulação Institucional

A tabela 2 atualiza o montante de investimentos do BNDES e da Finame no Complexo Eletrônico até julho de 1996.

Tabela 2

LIBERAÇÕES DO BNDES E DA FINAME AO COMPLEXO ELETRÔNICO

1990-1996 U S$ m ilhões SEGMENTO 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 (*) TOTAL Eletrônica de C onsum o 1,0 0,3 14,3 8,2 7,0 13,3 20,7 64,8 C om ponentes Eletrônicos 1,6 - - - - 5,6 - 7,2 Inform ática 19,9 13,7 11,4 2,4 2,7 - - 50,1 Telecom unicações - - 0,4 9,3 4,8 18,3 5,8 38,6

Autom ação Industrial - - - -

O utros - - - - TOTAL/BNDES 22,5 14,0 26,1 19,9 14,5 37,2 26,5 160,7 Eletrônica de C onsum o 5,1 6,5 1,1 3,5 7,8 14,3 10,7 49,0 C om ponentes Eletrônicos 1,5 1,1 0,9 2,4 1,3 17,6 7,5 32,3 Inform ática 6,3 2,8 1,6 0,7 6,8 2,0 6,1 26,3 Telecom unicações 3,7 3,2 1,7 0,5 3,7 4,3 6,2 23,3

Autom ação Industrial - - - - 4,5 -

O utros 0,5 0,3 0,3 0,6 1,4 - - 3,1

TOTAL/FINAME 17,1 13,9 5,6 7,7 21,0 38,2 35,0 134,0

TOTAL (BNDES E FINAME) 39,6 27,9 31,7 27,6 35,5 75,4 61,5 299,2

Fonte: R elatórios do Sistem a de C ontrole de Investim entos (Sistem a 57).

(*) 1996 refere-se ao total de liberações previstas no ano, com valores realizados até setem bro/1996

Em termos de articulação institucional, persistem alguns desafios a serem superados, com o apoio do BNDES. O principal deles consiste no adensamento do valor agregado interno, desde que preservada a competitividade da indústria. Tal adensamento, obviamente, deverá ocorrer na direção da produção de alguns componentes e partes e peças, hoje importadas, a qual já teria justificada sua internalização, em decorrência das expressivas escalas da demanda interna e da possibilidade de colocação externa. Outro passo importante seria a abertura de mercados de exportações de produtos finais, hoje praticamente pontuais e reduzidos à América do Sul.

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Referências

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