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3.1. Crime de manutenção de conta não declarada no exterior

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Voto s/ item VIII

AP 470 / MG

Boston já se encontravam fora do País, razão pela qual não teria havido

evasão de divisas. Segundo diz, “em nenhum momento demonstrou-se que

esses valores tiveram origem no Brasil e foram objeto de evasão para o exterior, desfalcando o sistema financeiro nacional” (fl. 11 da defesa).

Por fim, alega que, em 9/9/2005, o réu DUDA MENDONÇA, em procedimento autorizado pelo art. 138 do Código Tributário Nacional, denominado “denúncia espontânea de dívida”, declarou os valores recebidos no exterior junto à Delegacia da Receita Federal do Brasil e recolheu aos cofres da Fazenda Nacional o valor de R$ 4.364.815,90 (quatro milhões, trezentos e sessenta e quatro mil, oitocentos e quinze reais e noventa centavos), quitando, assim, o débito tributário decorrente daquelas verbas (fls. 58-63 do apenso 119). Isso comprovaria a origem lícita dos citados valores e a inexistência do crime tributário.

3 – ANÁLISE DE MÉRITO

3.1. Crime de manutenção de conta não declarada no exterior

Inicialmente, passo a examinar se o réu DUDA MENDONÇA cometeu ou não o crime tipificado na segunda parte do parágrafo único do art. 22 da Lei 7.492/1986, in verbis:

“Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente” (grifei).

Nesse ponto, é importante esclarecer para o egrégio Plenário que, no caso do réu DUDA MENDONÇA, o MP não o acusa de promover “a

Supremo Tribunal Federal

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AP 470 / MG

Boston já se encontravam fora do País, razão pela qual não teria havido

evasão de divisas. Segundo diz, “em nenhum momento demonstrou-se que

esses valores tiveram origem no Brasil e foram objeto de evasão para o exterior, desfalcando o sistema financeiro nacional” (fl. 11 da defesa).

Por fim, alega que, em 9/9/2005, o réu DUDA MENDONÇA, em procedimento autorizado pelo art. 138 do Código Tributário Nacional, denominado “denúncia espontânea de dívida”, declarou os valores recebidos no exterior junto à Delegacia da Receita Federal do Brasil e recolheu aos cofres da Fazenda Nacional o valor de R$ 4.364.815,90 (quatro milhões, trezentos e sessenta e quatro mil, oitocentos e quinze reais e noventa centavos), quitando, assim, o débito tributário decorrente daquelas verbas (fls. 58-63 do apenso 119). Isso comprovaria a origem lícita dos citados valores e a inexistência do crime tributário.

3 – ANÁLISE DE MÉRITO

3.1. Crime de manutenção de conta não declarada no exterior

Inicialmente, passo a examinar se o réu DUDA MENDONÇA cometeu ou não o crime tipificado na segunda parte do parágrafo único do art. 22 da Lei 7.492/1986, in verbis:

“Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente” (grifei).

Nesse ponto, é importante esclarecer para o egrégio Plenário que, no caso do réu DUDA MENDONÇA, o MP não o acusa de promover “a

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Voto s/ item VIII

AP 470 / MG

saída de moeda ou divisa para o exterior”, mas, formal e especificamente, da

conduta descrita na segunda parte do dispositivo, qual seja a de manter no exterior “depósitos não declarados à repartição federal competente” (fl. 388, das alegação finais).

A razão pela qual o Ministério Público não o acusou de promover a saída de moeda para fora do País se explica porque as provas colhidas nas investigações demonstram e a denúncia detalha que todos os valores depositados na conta 10012977 titularizada pelo réu DUDA MENDONÇA no Bank of Boston International, de fato já estavam no exterior, conforme revela o Laudo de Exame Financeiro 96/06, do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal encartado às fls. 290-396 do apenso 51.

Com efeito, a própria denúncia reconhece que os valores depositados na conta de DUDA MENDONÇA já se encontravam no exterior, pois, segundo consta

“essas remessas foram viabilizadas pelas empresas Trade Link Bank (16 depósitos), Rural International Bank (6 depósitos), IFE Banco Rural (1 depósito) e Banco Rural Europa (4 depósitos), todas comandadas pelos dirigentes do Banco Rural (José Roberto Salgado, Ayanna Tenório, Vinícius Samarane e Kátia Rabello), que executaram os crimes de evasão de divisas por orientação do núcleo publicitário-financeiro” (fls. 129-132).

Esclareço, por oportuno, que, a meu ver, o fato de o réu não ter praticado a conduta descrita na primeira parte do dispositivo, uma vez que não ficou provado que promoveu a saída de moeda do País, isso não o exime automaticamente da responsabilidade jurídico-penal com relação ao ilícito, tipificado na segunda parte deste, qual seja, não declarar depósitos mantidos no exterior às autoridades competentes, conforme corretamente consignou a exordial acusatória.

Supremo Tribunal Federal

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saída de moeda ou divisa para o exterior”, mas, formal e especificamente, da

conduta descrita na segunda parte do dispositivo, qual seja a de manter no exterior “depósitos não declarados à repartição federal competente” (fl. 388, das alegação finais).

A razão pela qual o Ministério Público não o acusou de promover a saída de moeda para fora do País se explica porque as provas colhidas nas investigações demonstram e a denúncia detalha que todos os valores depositados na conta 10012977 titularizada pelo réu DUDA MENDONÇA no Bank of Boston International, de fato já estavam no exterior, conforme revela o Laudo de Exame Financeiro 96/06, do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal encartado às fls. 290-396 do apenso 51.

Com efeito, a própria denúncia reconhece que os valores depositados na conta de DUDA MENDONÇA já se encontravam no exterior, pois, segundo consta

“essas remessas foram viabilizadas pelas empresas Trade Link Bank (16 depósitos), Rural International Bank (6 depósitos), IFE Banco Rural (1 depósito) e Banco Rural Europa (4 depósitos), todas comandadas pelos dirigentes do Banco Rural (José Roberto Salgado, Ayanna Tenório, Vinícius Samarane e Kátia Rabello), que executaram os crimes de evasão de divisas por orientação do núcleo publicitário-financeiro” (fls. 129-132).

Esclareço, por oportuno, que, a meu ver, o fato de o réu não ter praticado a conduta descrita na primeira parte do dispositivo, uma vez que não ficou provado que promoveu a saída de moeda do País, isso não o exime automaticamente da responsabilidade jurídico-penal com relação ao ilícito, tipificado na segunda parte deste, qual seja, não declarar depósitos mantidos no exterior às autoridades competentes, conforme corretamente consignou a exordial acusatória.

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Voto s/ item VIII

AP 470 / MG

Ressalto, por relevante, que o fato de o réu DUDA MENDONÇA ter aberto uma empresa offshore denominada Dusseldorf Company nas Bahamas, e, portanto, em um paraíso fiscal, constitui apenas um indício da prática de ilícitos tributários ou fiscais, que atentam contra a rigidez da política cambial brasileira e, consequentemente, contra o Sistema Financeiro Nacional.

É que, embora as empresas offshores ou shell corporations possam ser utilizadas para fins lícitos, o fato é que essas estruturas corporativas asseguram o anonimato de seus proprietários e possibilitam, portanto, a prática de ilícitos.

Passo a examinar, portanto, se o réu praticou ou não o delito que lhe foi imputado.

Inicialmente, é incontroverso que o réu recebeu, no exterior, pagamento por serviços prestados, oriundo de contrato de publicidade pactuado com o PT na campanha presidencial de 2002.

É importante frisar, nesse passo, que o Ministério Público não discute o montante do crédito recebido. É que, embora a quantia impressione pelo valor considerável, o fato é que o crédito foi licitamente constituído por meio de contrato de natureza privada, tendo sido os serviços correspondentes efetivamente prestados.

O que se discute aqui, nesse tópico da acusação, especificamente quando ao réu, é que o dinheiro recebido no exterior não teria sido declarado à autoridade federal competente, circunstância que faria incidir, sobre a sua conduta, a segunda parte do parágrafo único do art. 22 da Lei 7.492/1986.

Ao examinar os argumentos da defesa verifico que, de fato, em 9/9/2005, o réu DUDA MENDONÇA, em procedimento autorizado pelo

Supremo Tribunal Federal

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Ressalto, por relevante, que o fato de o réu DUDA MENDONÇA ter aberto uma empresa offshore denominada Dusseldorf Company nas Bahamas, e, portanto, em um paraíso fiscal, constitui apenas um indício da prática de ilícitos tributários ou fiscais, que atentam contra a rigidez da política cambial brasileira e, consequentemente, contra o Sistema Financeiro Nacional.

É que, embora as empresas offshores ou shell corporations possam ser utilizadas para fins lícitos, o fato é que essas estruturas corporativas asseguram o anonimato de seus proprietários e possibilitam, portanto, a prática de ilícitos.

Passo a examinar, portanto, se o réu praticou ou não o delito que lhe foi imputado.

Inicialmente, é incontroverso que o réu recebeu, no exterior, pagamento por serviços prestados, oriundo de contrato de publicidade pactuado com o PT na campanha presidencial de 2002.

É importante frisar, nesse passo, que o Ministério Público não discute o montante do crédito recebido. É que, embora a quantia impressione pelo valor considerável, o fato é que o crédito foi licitamente constituído por meio de contrato de natureza privada, tendo sido os serviços correspondentes efetivamente prestados.

O que se discute aqui, nesse tópico da acusação, especificamente quando ao réu, é que o dinheiro recebido no exterior não teria sido declarado à autoridade federal competente, circunstância que faria incidir, sobre a sua conduta, a segunda parte do parágrafo único do art. 22 da Lei 7.492/1986.

Ao examinar os argumentos da defesa verifico que, de fato, em 9/9/2005, o réu DUDA MENDONÇA, em procedimento autorizado pelo

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Voto s/ item VIII

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art. 138 do Código Tributário Nacional chamado de “denúncia espontânea

de dívida”, declarou os valores recebidos no exterior junto à Delegacia da

Receita Federal do Brasil, e recolheu, aos cofres da Fazenda Nacional, o valor de R$ 4.364.815,90 (quatro milhões, trezentos e sessenta e quatro mil, oitocentos e quinze reais e noventa centavos), quitando, destarte, o débito tributário decorrente dos pagamentos auferidos no exterior (fls. 58-63 do apenso 119).

Registro, contudo, que, embora tais valores tenham sido declarados, posteriormente, à Receita Federal, com o recolhimento integral dos tributos, essa providência não elide eventual prática do crime de manter depósito não declarado no exterior, podendo afastar eventual responsabilização por crimes tributários. É que os bens jurídicos tutelados, num e noutro caso, são distintos.

A tutela penal exercida pelo art. 22 da Lei 7.492/1986 tem em mira evitar a saída clandestina de valores para o exterior, com o intuito de obter vantagens diversas em outros países, tais como isenção fiscal ou a percepção de juros em percentuais acima daqueles oferecidos pelo sistema financeiro nacional. Tutela-se, em síntese, a política monetária e cambial do País.

O tipo penal de evasão de divisas ou, no caso concreto, o de manter depósito não declarado no exterior não tem por fim proteger a política fiscal, uma vez que os crimes contra a ordem tributária já se encontram expressamente previstos na Lei 8.137/1990. Do mesmo modo aquele diploma legal não visa a punição daquele que remete dinheiro para o exterior com a intenção de ocultar a sua eventual origem criminosa ou para promover o branqueamento de capitais, pois disso passou a cuidar a Lei 9.613/1998.

Daí porque a conduta de quem remete dinheiro de maneira ilegal para fora do País, ou lá mantém depósitos não declarados às autoridades

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art. 138 do Código Tributário Nacional chamado de “denúncia espontânea

de dívida”, declarou os valores recebidos no exterior junto à Delegacia da

Receita Federal do Brasil, e recolheu, aos cofres da Fazenda Nacional, o valor de R$ 4.364.815,90 (quatro milhões, trezentos e sessenta e quatro mil, oitocentos e quinze reais e noventa centavos), quitando, destarte, o débito tributário decorrente dos pagamentos auferidos no exterior (fls. 58-63 do apenso 119).

Registro, contudo, que, embora tais valores tenham sido declarados, posteriormente, à Receita Federal, com o recolhimento integral dos tributos, essa providência não elide eventual prática do crime de manter depósito não declarado no exterior, podendo afastar eventual responsabilização por crimes tributários. É que os bens jurídicos tutelados, num e noutro caso, são distintos.

A tutela penal exercida pelo art. 22 da Lei 7.492/1986 tem em mira evitar a saída clandestina de valores para o exterior, com o intuito de obter vantagens diversas em outros países, tais como isenção fiscal ou a percepção de juros em percentuais acima daqueles oferecidos pelo sistema financeiro nacional. Tutela-se, em síntese, a política monetária e cambial do País.

O tipo penal de evasão de divisas ou, no caso concreto, o de manter depósito não declarado no exterior não tem por fim proteger a política fiscal, uma vez que os crimes contra a ordem tributária já se encontram expressamente previstos na Lei 8.137/1990. Do mesmo modo aquele diploma legal não visa a punição daquele que remete dinheiro para o exterior com a intenção de ocultar a sua eventual origem criminosa ou para promover o branqueamento de capitais, pois disso passou a cuidar a Lei 9.613/1998.

Daí porque a conduta de quem remete dinheiro de maneira ilegal para fora do País, ou lá mantém depósitos não declarados às autoridades

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Voto s/ item VIII

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brasileiras, pode ensejar a responsabilização penal por distintos crimes, evasão de divisas, ocultação de depósito, por delitos contra a ordem tributária, ou por todos esses, dependendo da análise do elemento subjetivo que direcionou a conduta do agente e o bem jurídico lesado.

Por essas razões, o Banco Central do Brasil edita normas que disciplinam a chamada “Declaração de Capitais de Brasileiros no Exterior”, fixando a forma, limites e condições de declaração de bens e valores detidos no exterior por pessoas físicas ou jurídicas.

No período referido na denúncia, vigoraram as circulares 3.225/2004, referente à data-base de 31 de dezembro de 2003, e 3.278/2005, referente à data-base de 31 de dezembro de 2004, as quais previam que os detentores de ativos, cujos valores somados, em 31 de dezembro de 2003 (Circular no 3.225/04) ou 31 de dezembro de 2004 (Circular no 3.278/05), totalizassem montante inferior a US$ 100.000,00 (cem mil dólares dos Estados Unidos), ou seu equivalente em outras moedas, estavam dispensados de prestar a declaração de que trata aquelas circulares.

Em outras palavras, de acordo com as circulares do Banco Central 3.225/2004 e 3.278/2005, aplicáveis à espécie, estavam obrigados a declarar os depósitos aqueles que tivessem, nas respectivas datas-bases (31/12/2003 e 31/12/2004), ativos totais no montante igual ou superior a US$ 100.000,00 (cem mil dólares), ou seu equivalente em outras moedas.

Era o que se continha também no item 2.2 da Carta-Circular 3.123/2004, que divulgava o Manual do Declarante de Capitais Brasileiros no Exterior, relativo ao exercício 2003, cuja redação era a seguinte:

“2.2 Obrigatoriedade de se fazer a declaração

Pessoas físicas ou jurídicas residentes, domiciliadas ou com sede no País, assim conceituadas na legislação tributária, detentoras de valores de qualquer natureza, de ativos em moeda, de bens e direitos mantidos fora do território nacional, cujos valores somados totalizem

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brasileiras, pode ensejar a responsabilização penal por distintos crimes, evasão de divisas, ocultação de depósito, por delitos contra a ordem tributária, ou por todos esses, dependendo da análise do elemento subjetivo que direcionou a conduta do agente e o bem jurídico lesado.

Por essas razões, o Banco Central do Brasil edita normas que disciplinam a chamada “Declaração de Capitais de Brasileiros no Exterior”, fixando a forma, limites e condições de declaração de bens e valores detidos no exterior por pessoas físicas ou jurídicas.

No período referido na denúncia, vigoraram as circulares 3.225/2004, referente à data-base de 31 de dezembro de 2003, e 3.278/2005, referente à data-base de 31 de dezembro de 2004, as quais previam que os detentores de ativos, cujos valores somados, em 31 de dezembro de 2003 (Circular no 3.225/04) ou 31 de dezembro de 2004 (Circular no 3.278/05), totalizassem montante inferior a US$ 100.000,00 (cem mil dólares dos Estados Unidos), ou seu equivalente em outras moedas, estavam dispensados de prestar a declaração de que trata aquelas circulares.

Em outras palavras, de acordo com as circulares do Banco Central 3.225/2004 e 3.278/2005, aplicáveis à espécie, estavam obrigados a declarar os depósitos aqueles que tivessem, nas respectivas datas-bases (31/12/2003 e 31/12/2004), ativos totais no montante igual ou superior a US$ 100.000,00 (cem mil dólares), ou seu equivalente em outras moedas.

Era o que se continha também no item 2.2 da Carta-Circular 3.123/2004, que divulgava o Manual do Declarante de Capitais Brasileiros no Exterior, relativo ao exercício 2003, cuja redação era a seguinte:

“2.2 Obrigatoriedade de se fazer a declaração

Pessoas físicas ou jurídicas residentes, domiciliadas ou com sede no País, assim conceituadas na legislação tributária, detentoras de valores de qualquer natureza, de ativos em moeda, de bens e direitos mantidos fora do território nacional, cujos valores somados totalizem

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Voto s/ item VIII

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montante igual ou superior ao equivalente a US$ 100.000,00 (cem mil dólares dos Estados Unidos), em 31 de dezembro de 2003”.

Esse texto foi repetido no item 2.2 da Carta Circular 3.172/2005, relativo ao exercício 2004.

Assim, conforme se depreende do Laudo de Exame Financeiro 96/06, do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, o saldo da conta, em 31 de dezembro de 2003, data-base fixada na Circular 3.225/04 do BACEN era de US$ 573,19 (quinhentos e setenta e três dólares e dezenove centavos de dólar), o que dispensava o réu de prestar a referida declaração ao Banco Central do Brasil (fls. 349 do apenso 51, volume 3).

Do mesmo modo, em relação à data-base seguinte, 31 de dezembro de 2004, prevista na Circular 3.278/05 do BACEN, nos termos do supracitado Laudo 96/06-INC, a última movimentação da conta foi em 2 de janeiro de 2004, restando um saldo de apenas US$ 175,10 (cento e setenta e cinco dólares e dez centavos de dólar - fls. 324 do apenso 51, volume 3).

O Ministro JOAQUIM BARBOSA, Relator desta ação penal, em voto que fez distribuir aos pares, ao examinar a acusação pelo crime de manutenção de depósitos não declarados no exterior, concluiu o seguinte:

“Sobre o tema, José Paulo Baltazar Junior especifica que,

‘de acordo com a regulamentação administrativa, a obrigatoriedade é de declaração da posição em 31 de dezembro do ano de referência. Assim, se houve depósitos durante o ano, mas na data referida o saldo é zero, não há crime’ (Crimes federais. 7. Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, p. 479 – sem destaques no original).

Desse forma, como os valores mantidos no exterior por DUDA e ZILMAR eram, em 31.12.2003 e em 31.12.2004 (depois de 2.1.2004 não houve mais movimentação na conta titularizada pela

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montante igual ou superior ao equivalente a US$ 100.000,00 (cem mil dólares dos Estados Unidos), em 31 de dezembro de 2003”.

Esse texto foi repetido no item 2.2 da Carta Circular 3.172/2005, relativo ao exercício 2004.

Assim, conforme se depreende do Laudo de Exame Financeiro 96/06, do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, o saldo da conta, em 31 de dezembro de 2003, data-base fixada na Circular 3.225/04 do BACEN era de US$ 573,19 (quinhentos e setenta e três dólares e dezenove centavos de dólar), o que dispensava o réu de prestar a referida declaração ao Banco Central do Brasil (fls. 349 do apenso 51, volume 3).

Do mesmo modo, em relação à data-base seguinte, 31 de dezembro de 2004, prevista na Circular 3.278/05 do BACEN, nos termos do supracitado Laudo 96/06-INC, a última movimentação da conta foi em 2 de janeiro de 2004, restando um saldo de apenas US$ 175,10 (cento e setenta e cinco dólares e dez centavos de dólar - fls. 324 do apenso 51, volume 3).

O Ministro JOAQUIM BARBOSA, Relator desta ação penal, em voto que fez distribuir aos pares, ao examinar a acusação pelo crime de manutenção de depósitos não declarados no exterior, concluiu o seguinte:

“Sobre o tema, José Paulo Baltazar Junior especifica que,

‘de acordo com a regulamentação administrativa, a obrigatoriedade é de declaração da posição em 31 de dezembro do ano de referência. Assim, se houve depósitos durante o ano, mas na data referida o saldo é zero, não há crime’ (Crimes federais. 7. Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, p. 479 – sem destaques no original).

Desse forma, como os valores mantidos no exterior por DUDA e ZILMAR eram, em 31.12.2003 e em 31.12.2004 (depois de 2.1.2004 não houve mais movimentação na conta titularizada pela

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Dusseldorf, conforme fls. 349 do vol. 3 do apenso 51) inferiores a US$ 100.00,00, não há como se exigir de ambos a declaração dos depósitos existentes na conta titularizada pela Dusseldorf Company Ltd. junto ao Bank Boston International nos anos de 2003 e 2004.

(...)

Assim, como os réus DUDA MENDONÇA e ZILMAR FERNANDES, no caso, não estavam obrigados a prestar a declaração à ‘repartição federal competente’, não se caracterizou o crime descrito na segunda parte do parágrafo único do art. 22 da Lei 7.492/1986, razão por que se impõe a absolvição de ambos por esse delito, com fundamento no art. 386, III (não constituir o fato infração penal), do Código de Processo Penal)” (fls. 21-22, voto do Ministro-Relator Joaquim Barbosa, item VIII – grifos no original).

Portanto, no extrato de movimentação da conta de investimento 10012977 da Dusseldorf Company Ltd. titularizada pelo réu DUDA MENDONÇA (fls. 341-349 do apenso 51, volume 3), de fato, em 31/12/2003, e 2/1/2004, constava o saldo mencionado pela defesa, o que torna dispensável a sua declaração ao BACEN, e afasta, por consequência, o delito que lhe foi imputado.

Isso posto, ABSOLVO o acusado JOSÉ EDUARDO CAVALCANTI DE MENDONÇA do crime de manutenção de depósito não declarado no exterior, previsto no art. 22, parágrafo único, segunda parte, da Lei 7.492/1986, nos termos do art. 386, VII, do Código de Processo Penal.

3.2. Lavagem de dinheiro

Passo a examinar, agora, se a conduta praticada pelo mesmo réu e descrita pelo MP na denúncia se subsume ou não no crime de lavagem de dinheiro, tipificado no art. 1º, V, VI e VII, da Lei 9.613/1998, in verbis:

“Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,

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Dusseldorf, conforme fls. 349 do vol. 3 do apenso 51) inferiores a US$ 100.00,00, não há como se exigir de ambos a declaração dos depósitos existentes na conta titularizada pela Dusseldorf Company Ltd. junto ao Bank Boston International nos anos de 2003 e 2004.

(...)

Assim, como os réus DUDA MENDONÇA e ZILMAR FERNANDES, no caso, não estavam obrigados a prestar a declaração à ‘repartição federal competente’, não se caracterizou o crime descrito na segunda parte do parágrafo único do art. 22 da Lei 7.492/1986, razão por que se impõe a absolvição de ambos por esse delito, com fundamento no art. 386, III (não constituir o fato infração penal), do Código de Processo Penal)” (fls. 21-22, voto do Ministro-Relator Joaquim Barbosa, item VIII – grifos no original).

Portanto, no extrato de movimentação da conta de investimento 10012977 da Dusseldorf Company Ltd. titularizada pelo réu DUDA MENDONÇA (fls. 341-349 do apenso 51, volume 3), de fato, em 31/12/2003, e 2/1/2004, constava o saldo mencionado pela defesa, o que torna dispensável a sua declaração ao BACEN, e afasta, por consequência, o delito que lhe foi imputado.

Isso posto, ABSOLVO o acusado JOSÉ EDUARDO CAVALCANTI DE MENDONÇA do crime de manutenção de depósito não declarado no exterior, previsto no art. 22, parágrafo único, segunda parte, da Lei 7.492/1986, nos termos do art. 386, VII, do Código de Processo Penal.

3.2. Lavagem de dinheiro

Passo a examinar, agora, se a conduta praticada pelo mesmo réu e descrita pelo MP na denúncia se subsume ou não no crime de lavagem de dinheiro, tipificado no art. 1º, V, VI e VII, da Lei 9.613/1998, in verbis:

“Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,

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