Grupo de Trabalho Transversal de Direitos Autorais
Reunião final de elaboração de Subsídios para o Plano Nacional de Cultura. Brasília, 10 de outubro de 2006.
Participantes presentes: Câmaras Setoriais:
Teatro: Oséas Borba Neto Dança: Marta César
Música/ECAD: Glória Braga Artes Visuais: Luis GustavoVidal Circo: Ana Lamenha
Livro: Gabriel Lacerda Ministério da Cultura:
Coordenação Geral de Direito Autoral: Marcos Souza e Francis FUNARTE: Victor Ortiz, Ana de Hollanda e Mayra Loey
Etapas da Reunião
1. Abertura:
Apresentações, informes e releitura da primeira reunião, esclarecimento de dúvidas.
2. Compartilhamento dos diagnósticos setoriais.
Apresentação das sugestões da Câmara Setorial de Dança.
3. Observações da gerência de direito autoral.
O Grupo de Trabalho identificou como desafio central no tema de Direitos
Autorais, a promoção do equilíbrio na distribuição de resultados econômicos entre investidores e criadores.
Em seguida, com base nas propostas desenvolvidas na primeira reunião e nas demais apresentadas pelas câmaras setoriais, o Grupo de Trabalho definiu uma sequêncida de problemas, que deverão servir como subsídio para o diagnóstico, bem como propostas de diretrizes ao Plano Nacional de Cultura.
Algumas propostas foram consideradas específicas para o campo das Artes Visuais, e encontram-se anexadas ao final do documento.
Problemas Diretrizes
Estado não possui atribuições para atuar como mediador no campo dos direitos autorais. Presença precária do Estado no sistema de direitos autorais.
Criação de instância administrativa especializada para atuar na resolução de conflitos no campo dos direitos autorais, como referência externa, sem defender interesses específicos.1
Déficit de servidores na área de direitos autorais. Ampliar o corpo de servidores especializados em direitos autorais no Governo Federal.
Interlocução dos artistas com o poder público sobre temas de direitos autorais está aquém da demanda.
Artistas e criadores desconhecem a proteção legal de seus direitos autorais.
Otimizar o funcionamento dos escritórios regionais do Ministério da Cultura e dos escritórios estaduais de registro para que possam prestar esclarecimentos e informações aos artistas e público em geral.
Ações: divulgação da lei 9.610/98.
Inexistência de órgãos de gestão coletiva dos Direitos Autorais, em algumas áreas, prejudicam os artistas.
Vulnerabilidade dos circos face a todos os
Apoiar, inclusive através da promoção de estudos, a criação de associações gestoras dos direitos autorais nas áreas artísticas que ainda não contam com esta estrutura, com objetivos de:
• Gerir os direitos dos artistas.
1
Não houve consenso na câmara setorial de música sobre este ponto. Alguns representantes afirmam não haver garantias de que os componentes desta instância sejam imparciais. Para eles, corre-se o risco de esta instância ser controlada por interesses particulares. Segundo esta perspectiva, a administração do setor é meramente privada e deve ser feita sem qualquer intervenção do Estado.
requisitos legais que são obrigados a cumprir os
impede de viabilizar os custos de produção. • Defender os direitos autorais. • Informar sobre o funcionamento do sistema de direitos autorais, nacional e
internacionalmente.
• Criar equilíbrio com os órgãos arrecadadores das outras áreas (ECAD e SBAT) no caso de utilização de músicas e textos fora de domínio público que impactam os orçamentos dos produtores culturais independentes.
Ausência de fixação da prescrição na Lei 9.610/98. Necessidade da fixação da prescrição do direito de ação em 10 anos, em face dos reflexos danosos que uma ação ilícita pode provocar em uma obra.
Falta de tratamento específico na legislação no campo das artes visuais.
Estudar a revisão da Lei 9.610/98, no que se refere aos direitos autorais das artes visuais (orientações para a revisão em anexo).
ANEXO: orientações para revisão da lei 9.610/98 no que tange ao tema dos direitos autorais no campo das Artes Visuais.
Problemas Diretrizes
Falta de especificação se o direito de saisine2 é
albergado pelo “Direito de seqüência” do artigo 383
da Lei 9610/98.
Emenda para que no artigo 38 da Lei 9610/98 a percentagem recaia inclusive sobre as obras póstumas para que os familiares possam auferir o direito de saisine.
Necessidade que o direito de seqüência abranja não só o valor da diferença do aumento do preço da obra, mas o valor integral da obra para que sejam evitadas distorções sobre desvalorização da moeda e preservar a criação em seu aspecto moral.
Emenda para que a percentagem de 5% estipulada no “direito de seqüência” albergado pelo artigo 38 da Lei 9610/98 recaia sobre o preço total da obra e não só sobre o aumento.
Necessidade de alteração do artigo 77 da Lei Novo artigo: Quando da venda da Obra de Arte
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Princípio de origem francesa pelo qual os bens do de cujus se transmitem, imediatamente, aos herdeiros.
3
Art. 38. O autor tem o direito, irrenunciável e inalienável, de perceber, no mínimo, cinco por cento sobre o aumento do preço eventualmente verificável em cada revenda de obra de arte ou manuscrito, sendo originais, que houver alienado.
9610/98 quando aborda o direito de exposição da obra de arte adquirida. Redação: Art. 77. Salvo convenção em contrário, o autor de obra de arte plástica, ao alienar o objeto em que ela se
materializa, transmite o direito de expô-la, mas não transmite ao adquirente o direito de reproduzi-la.
Plástica não se transmite o direito de expô-la publicamente, somente particularmente, ao menos que haja convenção em contrário.
Falta de previsão legislativa do quantum a ser arbitrado a título de danos materiais nos mesmos moldes do parágrafo único do artigo 103 da Lei 9610/98
Fixação de danos materiais para imagens entre 40 e 100 salários mínimos, dependendo da utilização ilícita, sem prejuízo aos danos morais do Autor.
Falta de previsão de como ficam os contratos de cessão de direitos firmados por um autor falecido.
Necessidade de previsão que a cessão de direitos autorais retorne aos familiares do Autor de artes visuais falecido caso não haja previsão específica contratual quando da realização do contrato.
Dificuldade de comprovar plágio de obras de artes visuais.
Sugestão de critérios mais nítidos para
caracterização do plágio, dando maior relevo à existência de registro prévio.
Saída indiscriminada de obras de arte do país sem critérios (Proteção do Mercado Cultural Nacional).
Criação da figura do “tombamento da obra de arte”, de forma a preservar divisas e o turismo cultural, dando a preferência de aquisição à União.
1) Regulamentar o § 2º, inciso VII do artigo 244
da Lei 9610/98.
O parágrafo realmente conflita com o 1º, pois deixam obscuro quem deve tratar do assunto. 2) Necessidade de classificação das imagem de obras que não estejam mais protegidas pela Lei de Direitos Autorais para livre utilização pela população.
Criação de um selo de domínio público para as obras que não estejam mais protegidas pela Lei de direito Autoral, com a devida inscrição e catalogação das mesmas num catalogo de tombamento nacional de registro gratuito específico para obras de artes visuais. (Já Existe no www.dominiopublico.gov.br) Auxiliar e disponibilizar através de um banco de dados oficial a utilização de imagens de obras de arte em domínio público para utilização em diversos fins, em especial na educação e difusão das artes visuais e sua história. (Ex: Mona Lisa, gravações de
clássicos).
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