UNIVERSIDADE DE
SANTA CATARINA
NIGS / NUR
RESUMO EXECUTIVO PROSARE, ANO 2007
1. Instituição
Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS)
Núcleo de Estudo de Modos de Subjetivação e Movimentos Contemporâneos (NUR) Laboratório de Antropologia Social.
Campus Universitário.Trindade. Caixa Postal 476. Florianópolis, Santa Catarina. CEP: 88040-900. http://www.nigs.ufsc.br/
2. Representantes
Miriam Pillar Grossi (miriamgrossi@gmail.com)
Doutora em Antropologia Social e Cultural pela Université de Paris V (1988). Pós-Doutorado junto ao Laboratoire d'Anthropologie Sociale/Collège de France (1996/1998). Professora do Depto de Antropologia e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC desde 1989 e Pesquisadora IC do CNPq. Editora da Revista Estudos Feministas (1999/2002); Presidente da Associação Brasileira de Antropologia (2004/2006); representante da área de Antropologia na CAPES (2001/2004); membro da Comissão de Pós-Graduação da ANPOCS (2006/2008); membro do conselho editorial de Nouvelles Questions Féministes, Cadernos Pagu, Etnografica, Mandragora, Revista Campos; consultora da CAPES, CNPq, FAPESP, FINEP, SPM, FAPESC; bolsista sênior do concurso de bolsas da Mairie de Paris (2004). Tem inúmeras publicações sobre gênero, sexualidade, violências contra mulheres e grupos minoritários, ensino e homoparentalidade.
Maria Amélia Schmidt Dickie (mariadickie@yahoo.com)
Doutora em Ciências Sociais (Antropologia Social) pela USP (1996). Professora do Departamento de Antropologia da UFSC desde 1978 e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social desde 1997. Integrante do conselho editorial do Journal of Contemporary Religion e da Revista de Antropologia Ilha (Florianópolis). Suas publicações são sobre os temas do milenarismo, do ensino religioso e mulheres e religiões.
3. Missão institucional
Desde 1991 o Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS) vem desenvolvendo pesquisas relacionadas aos Estudos de Gênero e de Metodologia de Pesquisa. Os projetos de pesquisa nele desenvolvidos têm sido apoiados por diferentes
agências financiadoras (CNPq, CAPES, Développement et Paix, Fundação Carlos Chagas/Ford, Fundação MacArthur, Fundação Ford, Funextensão/UFSC) e concursos de Dotações para Pesquisa (Mulher e Gênero da Fundação Carlos Chagas/ Fundação Ford, Apoio a Teses Ford/ANPOCS, Metodologia de Pesquisa em Sexualidade IMS/UERJ/FORD). Vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS), à linha de gênero do Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas (DICH) e ao Curso de Graduação em Ciências Sociais da UFSC. Nestes 15 anos de existência nele foram elaboradas 8 teses de doutorado (PPGAS e DICH/UFSC), 13 dissertações de mestrado (PPGAS/UFSC) e 20 Trabalhos de Conclusão de Curso em Ciências Sociais (CSO/UFSC). Além dos trabalhos produzidos por sua equipe, o NIGS dispõe de um importante acervo de teses e dissertações sobre gênero e violência que pode ser consultado, com hora marcada, por pesquisador@s devidamente recomendad@s por suas instituições. O NIGS mantém diversas parcerias com equipes de investigação de outras universidades brasileiras e européias, Organizações Não-Governamentais e movimentos sociais, realizando regularmente eventos acadêmicos, jornadas de estudos e oficinas em torno das temáticas de gênero, homofobia, direitos reprodutivos, direitos sexuais e violência contra a mulher.
O Núcleo de Estudo de Modos de Subjetivação e Movimentos Contemporâneos
(NUR) foi fundado em 2000 com o nome de Núcleo de Antropologia das Religiões,
tendo mudado de nome em 2006 devido a ampliação dos interesses e projetos dos participantes. A linha Antropologia das Religiões já desenvolveu pesquisas de graduação e mestrado sobre gênero e religião, desenvolve atualmente quatro pesquisas de doutorado (em fase de redação de tese) e realiza pesquisa sobre Ensino Religioso. Tal pesquisa já teve concluída sua primeira etapa, com a defesa de uma dissertação de mestrado e vários artigos publicados em periódicos e apresentados em congressos.
4. Projeto
Titulo: Ensino Religioso e Gênero em Santa Catarina
O projeto se insere no quadro geral das questões que dizem respeito à forma como é praticado o Ensino Religioso em escolas públicas no Brasil. A pesquisa visa estudar como está sendo implantado o Ensino Religioso (ER) nas escolas públicas de Santa Catarina. Tendo como focos de análise a forma como os temas relativos a gênero, sexualidade e reprodução estão sendo abordadas nesta disciplina e a adequação ou não do ER ao modelo proposto pelo Estado.
5. Metodologia utilizada
A pesquisa está sendo desenvolvida por metodologia qualitativa e quantitativa. Compreende a realização da análise das grades curriculares dos cursos de Ciências da
Religião, em diversas universidades em Santa Catarina, bem como entrevistas semi-estruturadas com professor@s e questionários com alun@s de Ensino Religioso, do ensino fundamental, em escolas públicas de diversas regiões do estado.
A pesquisa nos Cursos de Graduação (ou Magister) em Ciências da Religião tem como objetivo analisar as grades curriculares dos programas de ensino e a bibliografia utilizada, em especial no que se refere a gênero, sexualidade e reprodução.
A pesquisa nas escolas, por sua vez, será realizada em várias cidades de Santa Catarina, dando preferência àquelas em que existem ou existiram Cursos Magister e de Ciências da Religião. Na primeira etapa da pesquisa (segundo semestre de 2007) a pesquisa de campo foi realizada em escolas públicas de Criciúma, Chapecó e Grande Florianópolis. Na segunda etapa da pesquisa (primeiro semestre de 2008) a pesquisa será realizada em escolas públicas de Blumenau, Itajaí e Joinville. A pesquisa está sendo realizada através de entrevistas semi-estruturadas com professor@s de Ensino Religioso e com uma amostra, de alun@s das 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries. Também estão sendo realizadas observações de aulas de Ensino Religioso nas escolas selecionadas.
6. Principais atividades
- Realização de seminários de formação das equipes de pesquisador@s do NIGS e do NUR com especialistas dos temas abordados no projeto.
- Visitas a Cursos de Ciências da Religião em diversas universidades no Estado de Santa Catarina com a finalidade de conhecer e analisar suas grades curriculares e entrevistar coordenador@s.
- Entrevistas com ex-coordenador@s de Cursos Magister que não estão mais em funcionamento e com coordenador@s dos cursos de Ciências da Religião.
- Levantamento dos currículos e análise das grades curriculares destes cursos.
- Participação em congressos de Ensino Religioso a nível regional e nacional para ter acesso ao “estado da arte” tal como vista pel@s integrantes do campo de pesquisa. - Entrevistas com responsáveis pelo ER na Secretaria de Educação e em diferentes municípios.
- Entrevistas com responsáveis das Gerências de Educação da Secretaria Estadual com a finalidade de conhecer suas perspectivas sobre o objeto desta pesquisa.
- Questionários com estudantes das 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries do ensino fundamental. - Entrevistas com professor@s de Ensino Religioso.
7. Resultados principais
- O público-alvo da pesquisa é o seguinte:
a) estudantes de ensino fundamental (5ª a 8ª séries) de doze escolas de seis cidades de Santa Catarina, num total aproximado de 1500 estudantes.
b) professor@s de Ensino Religioso das doze escolas das seis regiões abrangidas pelo projeto, num total aproximado de 30 professor@s diretamente envolvidas nas disciplinas nas escolas estudadas.
c) gestor@s de políticas de educação (das secretarias de educação e direção das escolas) nas seis cidades do projeto, num total aproximado de 50 gestor@s. d) Cinco coordenador@s e ex-coordenador@s de cursos de magister e de
ciências da religião.
Os principais resultados esperados são:
a) Elaboração de diagnóstico sobre a formação de professor@s em Ensino Religioso em Santa Catarina.
b) Mapeamento da forma como o Ensino Religioso é ensinado em escolas publicas de seis regiões de Estado de Santa Catarina.
c) Levantamento das representações de estudantes de ensino fundamental sobre o Ensino Religioso ministrado nas escolas públicas de Santa Catarina.
d) Levantamento de representações de professor@s de Ensino Religioso sobre questões relativas a gênero, família e sexualidade.
8. Problemas encontrados
Problemas metodológicos encontrados na pesquisa:
a) Dificuldade de encontrar @s professor@s em sala de aula e nas escolas, devido a fragmentação e pouca carga horária do ensino religioso no currículo das mesmas.
b) Greves, paralisações, jogos escolares e outras atividades marcadas no período escolar.
c) Absenteísmo de professor@s.
d) Heterogeneidade de formação d@s professor@s de Ensino Religioso. e) Falta de preparação de professor@s na área de gênero e sexualidade. Principais problemas apontados pel@s professor@s investigad@s:
a) @s professor@s de Ensino Religioso afirmam que sofrem “preconceitos” e sentem-se inferiorizad@s no conjunto do corpo docente escolar, visto que a formação em Ciências da Religião não é entendida como uma ciência pel@s colegas.
b) Falta de formação continuada para @s professor@s de Ensino Religioso. c) Falta de formação na área de gênero e sexualidade para professor@s das
escolas públicas.
d) Desvalorização do trabalho docente com pouca remuneração, falta de concursos para o quadro e plano de carreira.
9. Soluções adotadas, lições aprendidas e descobertas inesperadas
a) Encontro com professor@s fora da escola (cafés, restaurantes, reuniões de planejamento regional ou estadual, encontros acadêmicos).
b) Contatos pessoais com diferentes ator@s sociais (professor@s, diretor@s, gerentes, assistentes técnico-pedagógicos).
c) Elaboração de diferentes roteiros de entrevista, adaptados aos vários perfis de professor@s encontrados.
d) Alteração de cronograma de realização da pesquisa de forma a adaptação as agendas d@s entrevistad@s.
e) Organização e treinamento de equipe ampliada de pesquisador@s para aplicação de questionário para estudantes do ensino fundamental.
f) Observação das escolas e de outras situações envolvendo professor@s e alun@s.
g) Acompanhamento de reuniões de implantação de ensino religioso em várias regiões do estado.
h) Apoio a demanda das Gerências Regionais de Educação (GEREDs) e direção de escolas para a formação na área de gênero e sexualidade.
Lições aprendidas e descobertas inesperadas no desenvolvimento do projeto na sua primeira etapa:
a) No âmbito das GEREDs de Criciúma e Grande Florianópolis, @ profissional responsável pelo ER é também aquel@ responsável pela implementação de políticas públicas vinculadas as temáticas de violências, drogradição e sexualidades, atividades que estão sob responsabilidade do NEPRE (Núcleo de Educação e Prevenção).
b) Apesar do Decreto No 3.882/05 que regulamenta o ER no estado de Santa Catarina afirmar a matrícula como facultativa, a observação nas escolas demonstra o ER como única opção para o dado horário escolar, fazendo com que tod@s assistam “obrigatoriamente” a esta disciplina.
c) A maior parte d@s professor@s que ensinam a disciplina de Ensino Religioso são vinculadas a Igrejas e engajados em trabalhos voluntários em diferentes instituições religiosas.
d) Em determinadas regiões há forte influência da hierarquia da Igreja Católica na direção do Ensino Religioso.