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o TRATAMENTO DA ORALIDADE EM TEXTOS ESCOLARES: 0 PARADIDATICO FICCIONAL NO ENSINO DE LfNGUA NA ESCOLA DE 1 0 GRAU

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o

TRATAMENTO DA ORALIDADE EM TEXTOS ESCOLARES: 0 PARADIDATICO FICCIONAL NO ENSINO DE LfNGUA NA ESCOLA DE 10

GRAU

Hudinilson URBANO (Universidade de Silo Paulo) Ana Rosa Ferreira DIAS (Universidade de Silo Paulo) Marli Quadros LEITE (Universidade de Silo Paulo)

ABSTRACT: The aim of his paper is to discuss some aspects of the jictionals paradidactics texts, especialy to observe the linguistic variation (dialet and register) and problems of textual formulation present at this kind of text.

o

grupo foi constitufdo muito recentemente, movido por suas preocupa~oes com o "conflito" ou "conflu@ncia" da LFILE na escola de 10grau. Para tanto, numa primeira abordagem, resolvemos refletir e pedir reflexoes e sugestOes sobre esse tipo de material, que

e

amplamente utilizado na escola.

Nesse sentido. deparando-nos com esses livros, formulamos algumas perguntas que gostarfamos de compartilhar com os participantes do GT.

a) Em que0paradidatico ficcional ajuda, ou atrapalha, no ensino de 10grau? b) Como 0 aluno os observa ou os questiona em rela~ilo

a

linguagem que eles

produzem?

c) Como 0professor resolve ou deveria resolver os posslveis questionamentos?

I - 0 ensino de lfngua na escola. 2 - Tipos de livros paradidaticos.

3 - Finalidade desses livros para a escola. 4 - 0 paradidatico e a linguagem.

(2)

Cremos que hoje em dia ja

e

bem pacffica a compreensiio do fato de que a crian~a chega a escola com 0dialeto de sua comunidade e uma pratica lingiifstica na

modalidade coloquial e de que essa pnitica intensa da linguagem oral, no nfvel que for, deve ser respeitada pelo professor e pela escola.

Num primeiro momento, as atividades de classe devem ser urn amplo exercfcio da linguagem, a linguagem enquanto a~iio. S6 num segundo momenta e que a pr6pria linguagem deve tomar-se 0objeto do trabalho do professor de lfngua.

o

objeto ultimo da escola e evidentemente levar os alunos a adquirir 0 domfnio

da lfngua escrita e que esse domfnio satisfa~a os criterios exigidos pela modalidade culta.

o

ensino dessa modalidade niio deve, porem, pretender substituir a linguagem oral da cultura primliria, e normalmente caseira, da crian~a. Todavia, deve-se constituir em mais uma op~iio de linguagem e enriquecer as possibilidades comunicativas do aluno.

Fixemo-nos, no nosso caso, no prop6sito da escola que, de modo gradual mas persistente e constante, deve levar 0 seu aluno ao domfnio da escrita e escrita nos moldes cultos, dentro, portanto, dos padroes gramaticais.

Sabemos que, pela pr6pria fun~iio da escrita na sociedade, acentuam-se nela as exigencias relativas a linguagem padriio e colocam-se em pratica mecanismos e recursos de expressiio mais selecionados e mais complexos.

Dentro dessa perspectiva

e

que pretendemos colocar sob reflexiio 0 valor e a

utiliza~iio dos livros paradidaticos na escola de 10grau.

Os livros paradidaticos costumam ser classificados em "informativos" e "ficcionais" .

o

objeto de estudo deste GT siio os paradidaticos ficcionais.

Sabemos que 0 tipo de paradidatico que mais circula na escola siio livros de

hist6rias emocionantes, de aventuras ou dramas vivenciais, cheios de a~iio, em que os personagens siio normalmente jovens adolescentes. Freqiientemente, em turma ou niio, se envolvem com grupos adverslirios, representados por viloes, geralmente adultos, e os vencem. Ou participam de hist6rias que narram conflitos existenciais por eles vividos. (YASUDA et alii, 1997, p. 177).

Niio vamos entrar no merito das crfticas que siio feitas muitas vezes a maioria deles, sob os aspectos relacionados aos temas e a maneira como esses temas siio tratados pelos autores.

Muitos livros pertencem a cole~oes, inclusive as vezes encomendadas, as quais "para serem amplamente consumidos pelos alunos, trazem os estere6tipos repetidos a exaustiio: fluidez e rapidez cenica, e superficialidade na maneira de tratar 0 assunto, a

vit6ria do Bern contra 0 Mal, a linguagem trivial e coloquial". (FERREIRA, 1995, p.

(3)

Nao conseguimos colher uma informa~ao formal e segura sobre os objetivos integrais desses paradidaticos. Nem mesmo SOBRE os livros integrantes da Serie Vaga Lume, da Atica, que sabemos serem obras produzidas sob encomenda, encontramos

defini~oes e recomenda~oes claras. .

De observa~oes recolhidas aqui e ali, pode-se, por exemplo, dizer que:

1. ofere cern aoS jovens leitores do 1° grau textos brasileiros de boa qualidade que proporcionam e estimulam a capacidade crftica, a fim de atenderem

as

diferentes areas de interesse; (Serie Dialogos)

2. Numa pesquisa feita com alunos de S&e 6&series sobre por que ou para que leem, a pesquisadora colheu depoimentos dos alunos que ela classificou da seguinte forma:

a) para ampliar conhecimentos. E explica: nao importa 0 que leem, importa 0valor positivo da leitura para eles, a pr6pria autoridade que

a leitura exerce sobre eles. b) por prazer;

c) para viver uma fantasia; d) por paixao;

e) por obriga~ao; t) para socializar-se;

g) por magica, descoberta ou heran~a genetica; h) nao gostam de ler.

3. Na Proposta Curricular para 0 Ensino de Lfngua Portuguesa, 1" grau,

insinua-se que possam ser objeto de prazer hldico e estetico (p.30)

4. Na contracapa de urn livro da citada Serie Vaga Lume se diz, quando muito e a tftulo de propaganda da Serle: "Para despertar e criar 0 gosto pela

leitura, Hist6rias emocionantes, cheias de a~ao, uma linguagem simples e direta".

Como se observa, 0ensino da linguagem jamais aparece como preocup~ao clara

para justificar 0uso desses livros na escola. Nem mesmo nas propostas ou orienta~oes dos "Suplementos de Trabalho" que os acompanham, observamos tal preocup~ao. Em geral, poem em discussao itens como I - Personagens. II Tempo e espa~o, III -Narrativa, - IV - Enredo, V - Mensagem. Quando MUlTO lembram esporadicamente as "tecnicas para representa~ao do dialogo escrito", por exemplo.

No mais, como vimos, tocam na questao da linguagem como sendo mais urn atrativo, aparentemente pouco didatico, ou sofrem crfticas veladas ou nao nesse sentido. Na verdade, M referencias como:

(4)

147 - siio produzidos em linguagem simples e direta (Contracapa da Serie Vaga Lume);

- espelham 0nfvel de conhecimento de linguagem jovem (YASUDA et ealli, 1997, p.173);

- trazem estere6tipos, como a linguagem trivial e coloquial (FERREIRA, 1995,

- salvo melhor jufzo, quer nos parecer que neste novo conto, ha certa inadequa~iio entre a natureza elaborada da linguagem e a natureza infantil da materia ... (COELHO, 1983, p.91)

- em linguagem narrativa agil, atualizada, inclusive com a oralidade caracterfstica de certa faixa social inculta que hoje alias se expande indiferentemente por todas as classes sociais ... (Id., p.169)

- com a mesma linguagem oralizante/culta, sugestiva, agil e descontrafda que vem utilizando desde 0infcio de sua produ~iio (Id., p169)

- trata-se de hist6rias narradas numa linguagem estereotipada que tenta reproduzir a maneira de falar e viver do jovem. Ha casos que essa tentativa e tiio for~ada. pelo uso de gfrias localizadas no tempo e no espa~o e facilmente descartaveis, sobretudo pela rotatividade de expressoes veiculadas pelos meios de comunica~iio da massa.

o

que permeia os poucos comentanos e referencias sobre a linguagem desses livros e que siio produzidos normalmente numa linguagem jovem, simples, direta, oralizante, sugestiva, trivial; enfim trata-se de livros produzidos num tom de narrativa coloquial, e gra~as a isso consumidos.

Mas 0que se entende por linguagem ou narrativa coloquial?

De uma forma ligeira, entendemos que se trata de relatos como se feitos oral e diretamente a uma audiencia, que no caso siio os leitores, como se ouvintes fossem. Trata-se, pois, de urn estilo coloquial de narrar onde a pr6pria linguagem guarda caracterfsticas desse estilo. Hli que ser uma linguagem distensa, espontanea, sem elabora~iio aparente, de facil e rapida decodifica~iio, Por outro lado, em princfpio, despreocupada com os canones e rigores gramaticais, em beneficio da fluidez e ritmos orais. Hii que ser uma narrativa que freqiientemente se aproxima da naturalidade do "contador de hist6rias", 0qual a todo momenta intervem na trama, dando-lhe urn cunho

real e familiar.

Todavia, ao observarmos a linguagem desses livros, e necessario distinguir, de urn lado, a linguagem narrativa, ou a linguagem do narrador, e do outro, a linguagem das personagens; distin~iio basica para a compreensiio e solu~iio para os questionamentos a serem feitos no presente grupo qe trabalho.

A distin~iio envolve ainda a questiio do foco narrativo de 18ou 38pessoa, porque a voz narradora em 18ou 38pessoas e a fala direta ou niio das personagens merecem alinhamentos lingiifsticos por parte do autor e devem evidentemente merecer tratamentos analfticos espec{ficos dos pesquisadores.

(5)

o

GT, durante a sessilo,contou com a participa~ilotanto de professores (de todos

os graus de ensino), quanto de pesquisadores

1

que levantaram pontos relevantes

relativos

a

utiliza~ilodesse tipo de literatura.

Em primeiro lugar, discutiram-se os problemas lingilfsticos tais como, por

exemplo, os de a seqUencia t6pico-temporal, repeti~ilo de itens lexicais, abuso de

diminutivos, concordancia nominal e verbal, coloca~ilo pronominal e a mistura

indiscriminada de nfveis de linguagem. Alem desses, verificaram-se problemas de

coerencia textual.

Em segundo lugar, os participantes elegeram como problema aliado ao

lingUfstico

0

tratamento inadequado (ou ausencia de tratamento) que, em geral,

0

professor dispensa

a

questilo lingiifsticadesse tipo de texto.

I.

Entre estes estavam as professoras Andrea da Silva Pereira, Vera Magalhiles, Regina

Eckert, Ana Claudia Ferrari, Lucila N. Grangel, Clarfcia Akemi Egreti, Marlene

Assun~ilo de Nobrega, Mariza Fatima Fischer e Clelia Jubran que nos fizeram a

gentileza de deixar sugestoes por escrito

RESUMO:

0 objetivo deste texto

e

discutir alguns aspectos dos textos paradiddticos ficcionais, especialmente para verificar a variafilo lingiUstica (dialeto e registro) e

problemas de formulafilo textual presentes nesse tipo de texto.

COELHO, Nelly Novaes. (1983)

Diciondrio cr(tico da literatura injantiVjuvenil brasileira:

1882-1982. SiloPaulo: Quiron (atualmente na 4.ed. atual. ate 1990)

____ .(1993) Literatura infantil: teoria-andlise-diddtica.

6. ed. Silo Paulo: Atica.

FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. (1995) Lendo hist6rias de leitura. In:

Leitura:

(6)

149 FULG~NCIO, Lucia & LIBERATO, Yara. (1996) A leitura na escola. Sao Paulo:

Contexto.

LAJOLO, Marisa. (1986) 0 texto nao e pretexto. In: ZILBERMAN, R. (org.) et al.

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r

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YASUDA, Ana Maria B. G. & TEIXEIRA, Maria Jose C. (1997) A circula~ao do paradidatico no cotidiano escolar. In: BRAND.AO, H. & MICHELETTI, G. (coord.)

Aprender a ensinar com textos. Sao Paulo: Cortez.

Obras usadas para exemplifica~iio:

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MALORY, Thomas. (1963) Os cavaleiros do rei Arthur. Trad. Alberto Denis. Sao Paulo : Brasil.

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Referências

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