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42º Encontro Anual da Anpocs

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Academic year: 2021

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42º Encontro Anual da Anpocs

GT 34 – Urbanidades possíveis nos múltiplos usos da rua

O DIREITO À PLAZA: negociações e disputas entre skatistas, bikers e

patinadores em um espaço público

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INTRODUÇÃO

O presente estudo surge de uma pesquisa1 desenvolvida entre os anos de

2011 e 2016 no espaço urbano de uma praça em João Pessoa, no bairro de Manaíra. A "Plaza" (inaugurado em 04 de Julho de 2008), como é conhecida pelos seus atores, simula uma praça pública. O nome tem o surgimento atrelado ao desenvolvimento da arquitetura de locais voltados para prática do skate. Este é um local privilegiado para se pensar a cidade e o direito a ela, as diferenças, diversidades e conflitos que a formam, além das alteridades e marcas identitárias.

A Plaza combina conflitos sociais e a vontade de integração. Todos que dela se apropriam, buscam um direito à cidade, por meio de um espaço em que se experimenta, se usa e se projeta a urbanidade. Por meio de nossas lentes amadoras, retratamos este espaço urbano, de outsiders e estabelecidos, de heterogeneidades de atores e elementos que compõem a paisagem desta “festa urbana”.

Desde o projeto de construção do referido equipamento até os usos que ali se estabeleceram demonstram a diversidade das maneiras com as quais os diversos atores presentes na cidade estabelecem relações com o ambiente urbano.

A presença de distintos atores no mesmo equipamento, realizando distintas apropriações e atribuindo sentidos múltiplos ao mesmo, faz com que o cotidiano naquele lugar seja composto por ricas e complexas redes de interações sociais, marcadas por sociabilidades e conflitos entre os grupos sociais que ali se fazem presentes. A coleta de dados se deu a partir de observações, e participações, etnográficas, entrevistas, conversas informais e fotografias realizadas durante as incursões em campo. Em síntese, buscou-se compreender de que maneira o direito à cidade é praticado pelos diversos atores presentes naquele equipamento público, a partir de suas redes de interações ali desenvolvidas.

Por meio de uma análise etnográfica, buscou-se compreender as relações que se desenvolvem neste espaço urbano como um lugar de vivências, de

1 Pesquisa desenvolvida no curso de Mestrado em Sociologia que realizei junto ao Programa de

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outsiders e estabelecidos, de heterogeneidades de atores e elementos que compõem a paisagem desta “festa urbana”.

A pesquisa de campo teve como centralidade a observação participante e em vários momentos podemos apontar uma “participação observante” (Wacquant, 2002), tendo em vista que sou praticante do skate e por inúmeras vezes foi utilizado o rolé de skate como técnica para transitar pelo campo e poder observar os bastidores das interações que ali se desenvolviam. Dessa maneira, foi possível participar não apenas como um sujeito que estava de longe observando a vida cotidiana do campo, mas participando (em alguns momentos, ativamente) de várias ações que ocorreram entre os atores presentes.

O fato de eu ser praticante do skate foi algo que teve suas vantagens e desvantagens no decorrer da pesquisa. Por um lado, possibilitou que eu participasse de conversas e diálogos os mais variados possíveis, podendo observar, e também sendo chamado a me posicionar algumas vezes, em outras, sendo visto e cobrado mais como skatista e menos, ou quase nunca, como pesquisador. Por outro lado, várias vezes essa posição dupla de pesquisador e/ou nativo causava certos desconfortos quando parava para refletir sobre meu papel em campo e principalmente quando discordava de alguma atitude ou ponto de vista dos demais interlocutores, sobretudo no que diz respeito aos diversos usos do espaço público em questão. Estas inquietações suscitadas durante a pesquisa de campo serão expostas no decorrer do texto, sem que siga uma cronologia rígida dos acontecimentos.

Outra ferramenta de coleta de dados utilizada foi a realização de entrevistas, com roteiro semi-estruturado. Alguns dos entrevistados são praticantes de esportes no local e além disso organizam e desenvolvem ações como, por exemplo, campeonatos e outros eventos voltados para seus esportes (bmx, skate e patins Inline). Foi observado ao longo da pesquisa que estes atores configuram-se como sujeitos centrais, cada um dentro do seu grupo de prática esportiva, possuindo uma ampla rede de interações com os demais frequentadores do local, indo além das delimitações dos grupos. Isso aponta para elementos que caracterizam formas internas de organização e hierarquia dos grupos.

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USOS DA PLAZA: A CONSTRUÇÃO DO “ESTRANGEIRO”

O padrão geral da vida é importante, mas só pode ser construído por meio da observação dos indivíduos cujas ações configuram esse padrão2.

Tudo ou quase tudo o que se encontra na Plaza é visto, pelos praticantes das atividades esportivas ali desenvolvidas, como obstáculos que possuem finalidades específicas para a realização de manobras. Certa vez no campo ouvi discursos de skatistas que estavam comentando que devido à altura de algumas bordas as pessoas que não praticam esportes ali, pensam que são bancos, no qual podem se sentar e ficarem conversando.

Devido a isso, uma das soluções apontadas pelos skatistas que ouvi em conversas informais, foi a de que seria necessário quebrar as bordas e diminuir sua altura. A solução dos skatistas era, portanto, evitar o uso daquele equipamento pelos demais usuários não praticantes das modalidades esportivas no qual se destina a Plaza. Assim, buscavam “excluir dessa maneira, a

possibilidade de confundir as bordas com bancos” e com isso, evitar que pessoas

fiquem sentadas e atrapalhem o rolé3 de skate.

Em uma conversa informal com um patinador pude perceber que o discurso é bastante semelhante ao do skatista. Quando perguntado se havia alguns frequentadores do local que o incomodavam, ele respondeu: “o ruim ás vezes é

só a galera que vai passear lá [...]. Atrapalham sim... Alguns... É, tem uma molecada que vai lá aos sábados só pra passear e aquilo lá fica igual praça de

alimentação de shopping e nem colo nos sábados mais lá”. Mais à frente, após

outros questionamentos, volto ao assunto sobre quem “cola” no local e pergunto em tom de provocação: “Lá na Plaza é um local específico para a prática de

esportes ou é uma praça como as outras?”. Ele responde sem muito hesitar: “É

uma praça de esportes radicais, só por ser aberta e não ter grades todo mundo

chega e senta nos obstáculos e quer fazer qualquer coisa, saca?”. Continuo no

2 FOOTE WHYTE, 2005, p. 23

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assunto e interrogo: “O que há lá são bancos ou obstáculos?” a resposta é “Tem

obstáculos, mas tem as bordas que parecem bancos e aí fica aquela velha dúvida: com qual intuito foi feito a Plaza? Foi para a galera andar ou os visitantes sentarem?”. Após ele falar isso lhe pergunto: “Mas foi feito pra galera sentar nos bancos ou foram feitos para servir como obstáculos?”, ele responde: “Aí eu não sei mano. Nós usamos como obstáculos pelo motivo de lá ser uma pista para a prática de esportes. Aquele velho ditado, qual obra governamental que é perfeita? Se foi feito para sentar eu não sei. Na minha opinião, para todo mundo que pratica esportes lá aquilo é um obstáculo”.

Nos diálogos que estabeleci com o skatistas, bmxers e patinadores, é possível verificar a presença de significativa proximidade entre seus discursos sobre a prática dos usos e apropriação da estrutura do local para o esporte. Inspirando-se nas contribuições de Fraya Frehse (2009) sobre os usos da rua, os discursos dos interlocutores apontam para suas relações, condutas e os vínculos que eles fazem e criam com a Plaza, mesmo sendo adeptos de esportes diferentes e que em certas circunstâncias entrem em conflitos sobre a legitimidade de práticas ali desenvolvidas.

De acordo com Frehse (2009) pensar os usos das ruas e nesse caso, os usos da Plaza é pensar os vínculos dos indivíduos com o local, as interações ali presentes e os efeitos desta convivência, atentando-se para as negociações dos sentidos nas interações sociais desse espaço. Assim,

(...) a reflexão acerca da influência que as interações implícitas nos comportamentos e formas de sociabilidade nas ruas exercem sobre tais usos ganha uma nova dimensão semântica: espaço. Os efeitos sociais recíprocos se espacializam na cidade. E definem-se lugares de convivência marcados por distâncias morais variadas (Frehse, 2009, p. 156).

Abordar a Plaza como lugar de convivência marcados por distâncias morais é apreender os conflitos existentes naquele local que se tornam forças simbólicas para se refletir sobre os processos de segregação que se forma ou podem se formar estabelecendo assim, distancias entre os usuários daquele espaço. Essas distâncias não são apenas físicas, mas também morais,

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principalmente se nos atentarmos para os discursos dos interlocutores em relação aos outros indivíduos, “visitantes” que “colam” no local para fazer “qualquer coisa”.

O discurso dos skatistas, patinadores e bmxers apontam para uma delimitação do espaço em que “se inscrevem as marcas que caracterizam as diferentes demandas de pertencimento a uma coletividade” (Leite, 2006, p. 40). Nesse sentido, os sinais de pertença servem para marcar posições e estabelecer hierarquias entre os outros usuários da Plaza, contemplando assim, um universo inteligível para se compreender os usos do lugar por meio das identificações e compartilhamento de interesses assim como os conflitos ali articulados.

Com base nas reflexões acima, neste momento serão abordados os múltiplos usos cotidianos que ocorrem no Plaza, analisando as formas de apropriação do lugar, suas temporalidades e elementos de interações sociais que ali são nutridos.

Temporalidades e os usos cotidianos

Durante a pesquisa de campo busquei observar as diversas temporalidades de usos que ocorrem na Plaza. Sabe-se que há uma diversidade de sujeitos que frequentam o local, estes sujeitos fazem-se presentes em diversos horários do dia. Praticamente, todos os dias da semana há a presença de skatistas, bmxers, patinadores, proprietários dos estabelecimentos comerciais e funcionários, clientes, dentre outros. Entretanto, notamos que alguns os sujeitos frequentam o equipamento muitas vezes em horários distintos, o que nos faz atentar para os diferentes usos da Plaza.

Deste modo, com base em nossas observações, podemos dizer que os usos que ocorrem no Plaza se dividem da seguinte maneira: Os skatistas, bikers e patinadores mais jovens, com idade entre 15 e 25 anos, são encontrados em maior quantidade e assiduidade, predominantemente, entre o horário das 15:00h às 19:00h, todos os dias. Em conversas com alguns destes atores, estes relataram que sua presença neste horário é influenciada por ser o horário em que não há muitas pessoas na Plaza que não sejam praticantes dos referidos esportes, facilitando assim o rolé por toda a área da pista. Também podemos

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fazer uma ligação disto com o fato da maior parte destes atores serem jovens e não trabalharem, devido à isso possuem maior tempo livre.

Os skatistas, bmxers e patinadores com idade adulta (com idade entre 25 e 40 anos) frequentam a Plaza, geralmente, no horário noturno, entre as 19:00h e 23:00h, durante a semana. Nos finais de semana é comum alguns skatistas que

andam4 de longboard5, assim como alguns skatistas praticantes da modalidade

street frequentarem o Plaza por volta das 6:00h às 9:00h. Alguns destes interlocutores relataram que sua presença no Plaza nesse horário se dá devido à falta de tempo livre durante o cotidiano como consequência das responsabilidades da vida adulta (trabalho, família, etc).

Os quiosques (com exceção do chaveiro, que funciona das 8:00h às 20:00h) costumam funcionar das 17:00h às 02:00h: o comércio de bebidas e comidas atrai principalmente, mas não só, trabalhadores do shopping Manaíra e moradores dos bairros vizinhos a Plaza, com parcela significativa advinda do Bairro São José. Nos quiosques também é comum encontrar indivíduos jogando baralho, dominó, assistindo jogos de futebol pela televisão presente em um dos quiosques.

Nos finais de semana é bastante comum ocorrer um maior fluxo de sujeitos na Plaza, principalmente nos períodos da tarde e noite, com a presença de famílias inteiras, o que causa uma maior diversidade de usos e com isso conflitos mais intensos entre os usuários. Vale salientar que não foi sempre assim e que todo dia não é exatamente igual ao que descrevemos, mas este é o padrão dos usos que observamos durante a pesquisa.

Logo, a temporalidade da Plaza é bem diversificado, assim como os indivíduos que nela transitam e/ou frequentam. O ritmo nem sempre é compassado, mas sim fluido. Se durante a semana uns ou outros sujeitos compartilham o mesmo espaço, são nos fins de semana que o fervilhar de diversos grupos identitários experimentam a Plaza, apropriando-se dela, com hábitos de lazer, esportivos, comerciais, etc., por meio do aqui e do agora, ou seja, do momento presente de cada um. Assim,

4 O mesmo que rolé, praticar.

5 Modalidade de skate, diferente da modalidade street, esta última, como já foi dito, é o foco dessa

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O tempo social – feito da coexistência de relações sociais com temporalidades diversas -, além de suas relações com o passado e o presente, é também constituído, segundo Lefebvre, de possibilidades. A realidade está carregada do possível e nela não estamos diantes de blocos de tempos justapostos (Pallamin, 2000, p. 42).

Todas essas formas de experimentar o social se inscrevem num lugar, a Plaza, por meio de um tempo fluido, dinâmico, simultâneo, de desejos, de competição, de conflitos diluídos em pertenças identitárias naquele espaço vivido. Dessa maneira, podemos dizer que as “formas de sociabilidade implicam relações com o espaço, pois ali e pela mediação dali ocorrem” (Frehse, 2009, p.154).

Skate Plaza Manaíra ou Plaza Manaíra – A guerra da produção dos lugares

O arquiteto que desenha, o urbanista que compõe o plano-massa, veem, de cima e de longe, seus “objetos”, imóveis e vizinhanças. Os que concebem e desenham movem-se num espaço de papel, de escritas. Após essa redução quase total do cotidiano, retornam a escala do “vivido”6.

Buscamos demonstrar, brevemente, como se deu a construção da Plaza, contextualizando historicamente a sua gênese. Os discursos institucionalizados e oficiais sobre o projeto tinha, sobretudo, o objetivo de atender a demandas de uma parte da sociedade que solicitavam um espaço próprio para os praticantes de skate, alegando que estes danificavam os equipamentos públicos, ao passo que esta demanda também favoreceu o próprio grupo alvo desta marginalização. Assim, pretendia-se concentrar em um só local, os praticantes deste esporte, promovendo de certa forma, segregação e exclusão sociocultural. No entanto, podemos verificar que nem sempre (ou quase nunca), os indivíduos seguem à

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risca os usos que são oficialmente estipulados para certos equipamentos públicos urbanos.

Assim, o nosso olhar sociológico tenta contemplar as múltiplas formas de apropriação do uso do lugar, observando os sentidos e significados que cada grupo esportivo faz da Plaza. Por meio dessas apropriações se revela a construção social através do uso do lugar, em que são formadas determinada guerra de produção de lugares, expressão que metaforicamente, nos ajudam a entender melhor os conflitos simbólicos entre os grupos.

A princípio, como forma de ilustrar como se dar essa “guerra” sobre os usos da Plaza, podemos observar a seguinte figura abaixo (ver figura 1), que consiste em um mapeamento simbólico à respeito das demarcações de fronteiras estabelecidas e constituídas cotidianamente por meio das interações, conflitos e negociações entre skatistas, bmxers e patinadores.

Figura 1 – Uso padrão e delimitação de fronteiras

Fonte: Imagem retirada do perfil do Facebook “Cabra da Peste”. Identificação e montagem elaborada pelo autor

Para chegar a esta leitura dos lugares ali constituídos e constituintes, foi preciso observar minuciosamente durante um período significativo de tempo e aos poucos compreender em quais espaços dentro da pista cada esporte se concentra. Dessa maneira, encontramos elementos que apontam para a

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constituição de lugares distintos na Plaza. A categoria lugar que utilizamos tem como base o pensamento de Proença Leite (2009) que diz entender “por lugares as demarcações físicas e simbólicas no espaço, cujos usos os qualificam e lhes atribuem sentidos de pertencimento, orientando ações sociais e sendo por estas delimitadas reflexivamente” (p. 198).

Como podemos observar, a divisão territorial da Plaza entre skatistas, bmxers e patinadores não se dá de maneira igualitária. Os skatistas ocupam a maior área da pista, seguido pelos bikers e por fim, ocupando o menor espaço, os patinadores. Diante de nossas investigações, podemos indicar que esta divisão desigual se dá com base no poder simbólico que cada grupo possui. Isso está diretamente relacionado ao tamanho do grupo, a assiduidade na Plaza, o poder de coesão e mobilização interno, que são objetivados nas interações, conflitos e negociações que se dão no cotidiano do lugar.

Os conflitos, físicos e/ou simbólicos, que ocorrem no cotidiano da Plaza podem ser compreendidos como uma “guerra dos lugares”, como aponta Antônio Augusto Arantes (1994). Pois, a “experiência social contemporânea” (Arantes, 1994, p.191) propicia formas de apropriações das ruas e das praças que transformam estes espaços em “lugares” a partir da atribuição de significado/sentido para o indivíduo que faz uso deles.

Arantes (1994) apresenta como exemplo empírico de sua perspectiva do conflito nos espaços públicos contemporâneos um estudo sobre a Praça da Sé localizada no centro da cidade de São Paulo. Neste espaço ele aponta “vários lugares e espaços efêmeros, além de zonas de contato”. Na referida praça

Ganham visibilidade algumas das principais tensões e conflitos sociais. Aí se expõe publicamente a falta de direitos de cidadania da grande maioria da população da cidade, que se identifica na incidência de assaltos, no comércio e ostensivo consumo de drogas, na construção de moradias “invisíveis”, no sub-emprego, na mendicância e na oferta de uma vida melhor através das loterias, porções milagrosas e das pregações religiosas (ARANTES, 1994, p. 192).

Na Praça da Sé, assim como ocorre na Plaza Manaíra, os “conflitos e tensões se expressam em lugares que não estão um ao lado do outro, eles se superpõem, ou seja, não estão dentro de uma única categoria e sim formando

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zonas simbólicas de transição” (Arantes, 1994, Apud Goes, 2015, p. 83). Isso possibilita que nestes espaços, transformados em lugares, venham a surgir paredes invisíveis, mas existentes (ARANTES, 1994, p. 196). Dessa maneira,

Mais do que territórios bem delimitados, esses ‘contextos’ ou ‘ambientes’ podem ser entendidos como zonas de contato, onde se entrecruzam moralidades contraditórias [...]. Aproximam-se mundos que são parte de um mesmo modo mas que, assim mesmo, encontram-se irremediavelmente apartados” (ARANTES, 1994, p. 192).

Considerando a forma de como se deu a demanda para a construção deste equipamento e quais conflitos e negociações estiveram presentes desde a concepção do projeto arquitetônico até o momento em que ocorreu esta pesquisa, com apropriações e interações conflituosas, podemos compreender como se ergueram tais “paredes invisíveis” e como o espaço da Plaza é fragmentado a partir da constituição dos diversos lugares, objetivados nas distintas formas de apropriações que podemos observar em seu cotidiano. Vale salientar que “as ruas das cidades (assim como as praças) que são lugares de passagem [e de destino] legalmente irrestritos e públicos permitem visualizar os conflitos e os momentos de lembranças, frutos das múltiplas sociabilidades estabelecidas lá” (GOES, 2015, p. 84). Segundo Arantes (1999),

Os habitantes da cidade deslocam-se e situam-se no espaço urbano. Nesse espaço comum, cotidianamente trilhado, vão sendo construídas coletivamente as fronteiras simbólicas que separam, aproximam, nivelam, hierarquizam ou, em uma palavra, ordenam as categorias e os grupos sociais em suas mútuas relações. Por esse processo, ruas, praças e monumentos transformam-se em suportes físicos de significações compartilhadas (p. 191).

A cidade em si “é um espaço de conflitos e para que os processos identitários possam emergir é preciso que haja conflito, disputas que configuram relações de poder” (GOES, 2015, p. 86). Dito isto, podemos indicar que “como a praça comporta um grande fluxo de pessoas, as fronteiras são constantemente atravessadas, é [nas fronteiras] onde pode-se visualizar os conflitos” (GOES, 2015, p.83).

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Diante da constatação de que há diversas apropriações na Plaza e que isso gera, inevitavelmente, conflitos, negociações e constituição de fronteiras, delimitando lugares, é possível refletir: quais estratégias podem ser identificadas e percebidas dentro destas configurações de poder, capazes de tornar os conflitos no/pelo lugar menos intenso?

Partindo deste questionamento, as análises a seguir surgem de descrições etnográficas e dados do diário de campo, no qual pude observar um acontecimento que demonstrou como os sujeitos se articulam em busca do seu direito de uso pela Plaza. Nosso olhar se atenta para os detalhes, para as situações que visto “de fora e de longe” (MAGNANI, 2002) pode parecer inexpressivos, mas que de perto e de dentro (ibid.) nos mostram as dinâmicas de apropriação do espaço em que entram em cena as questões de conflito e poder perpassado por discursos que intensificam as distâncias morais, físicas e espaciais daqueles que frequentam a Plaza.

Controlando o uso da Plaza: algumas notas etnográficas

Foi no início do mês de julho do ano de 2014 que se realizou uma reunião dos skatistas com o objetivo de discutir a respeito da presença de outros jovens na Plaza durante os sábados à noite. A pauta era: a intensificação dos rolezinhos7

na Plaza e os inúmeros desentendimentos que aconteciam entre os skatistas e os outros jovens que se apropriavam de seus obstáculos. O assunto dos rolezinhos já fazia parte das conversas e reclamações entre os skatistas há alguns meses. Em várias conversas e observações com os skatistas foi possível perceber que esta questão era apontada como um dos problemas por eles enfrentado por eles, pois alegavam que estes rolezinhos distanciavam a finalidade específica para a qual a Plaza foi criada.

7 Termo utilizado para caracterizar as formas de circulação de jovens da periferia na cidade, como

forma de entretenimento e lazer (CALDEIRA, 2014). No contexto desta pesquisa, os rolezinhos abarcavam a extensão do Shopping Manaíra e a Plaza. Podemos pensar que por se tratar de um equipamento urbano voltado especificamente para as culturas juvenis, é fácil entender a presença de diversos jovens na Plaza.

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Os skatistas diziam que se sentiam “muito incomodados” com a tamanha presença de jovens (não praticantes de modalidades esportivas) nas noites de sábados na Plaza e que precisariam debater entre eles essa questão, para assim, saber quais atitudes poderiam tomar para mudar aquela situação, vista como desvio de uso da Plaza, ou seja, atribuída de um significado de descontrole do uso do lugar. Eles diziam que eram os “maiores prejudicados com aquilo”, pois estariam impossibilitados de praticar seu esporte.

Soube que ocorreria a reunião a partir de conversas na Plaza com skatistas e também por meio de uma página de evento criada no Facebook (rede social acessada por meio da internet) com o título “Skate Plaza João Pessoa é minha casa” (figura 2). Recebi o convite de Bob8, o criador da página, um skatista de 42

anos e que pratica skate há 27 anos e que sempre frequenta a Plaza. Assim, por meio da entrada nessa plataforma virtual, pude acompanhei alguns diálogos e ações ali desenvolvidas e confirmar minha presença naquela reunião.

Figura 2 – Convocatória para Reunião de organização da Skate Plaza Manaíra

Fonte: perfil do evento no Facebook

Disponível em https://www.facebook.com/events/247493468778943/

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A página do evento continha a informação de que se tratava de uma reunião para buscar dialogar sobre os usos e apropriações que ocorriam na Plaza, com o objetivo de buscar estratégias que pudessem solucionar os problemas identificados. Segue as informações presentes na página:

Viabilizar a utilização organizada da Skate Plaza Manaíra, prever normas, regras, horários. Preservação e manutenção do local, atender as necessidades dos praticantes de esportes radicais. Proibir o uso de drogas lícitas e ilícitas dentro do espaço físico da pista. Criação de escolinhas com horários pre-determinados. Criação de uma comissão de administração. Realização de eventos culturais. Criar formas de tornar o local um ambiente familiar, isso mesmo, skate é família.

A reunião estava marcada para ocorrer no dia 15 de Julho às 19:30 horas e o local escolhido para a realização da reunião não foi a Plaza. O local estabelecido foi a Fundação Espaço Cultural da Paraíba (FUNESC), popularmente conhecida como Espaço Cultural9. É importante salientar que este

foi um dos principais locais, picos, utilizados pelos skatistas para a prática do seu esporte durante boa parte da história do skate de João Pessoa, principalmente durante os anos 1980 e 1990. Foi neste mesmo espaço onde houve o saudoso

half-pipe, construído em 1989 e demolido exatamente uma década após10.

Este também foi um local de significativa relevância para a cultura juvenil da cidade de João Pessoa entre o período de 1980 e a primeira metade da década de 2010. Neste local, ocorriam diversas atividades ligadas à apresentações de grupos de rock da cidade e também de outros Estados, em que nos finais de semana era muito comum parte da juventude da cidade e da região metropolitana

9 O Espaço Cultural é um Centro de Convenções da cidade de João Pessoa que conta com salas

de Teatro, Cinema, planetário etc. É onde são realizados os principais grandes eventos ligados a arte e cultura organizados pelo governo do Estado.

10 “O Half-Pipe existiu até o ano de 1999, quando por determinação do então presidente do Espaço

Cultural foi decidido demolir o equipamento, segundo ele, com a argumentação de que iriam ser construídas salas de cinema naquele espaço, o que não se concretizou. Muitos skatistas também contam que o que levou a demolição do Half-Pipe foi o fato de muitos jovens, usarem drogas naquele local, fazendo com que desta maneira aquele ambiente passasse a ser mal visto pelos demais frequentadores do Espaço Cultural. Sobre a destruição o skatista A nos diz “O half foi de

89 (1989) a 99(1999). Que foi bem dizer a baixa do skate né. [...]E por causa de, alguns governos que não foram responsáveis com o skate, mandaram destruir”. No ato da demolição houveram

várias manifestações por parte dos skatistas e simpatizantes do esporte para que não ocorresse tal fato, como nos relata o filme [documentário Skate Cidade]. Mas, não ocorreu êxito por parte dos skatistas, o half acabou sendo demolido e as salas de cinema que seriam construídas no local do half não foram feitas”. (SILVA, 2010)

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frequentarem este local para se sociabilizarem, assistirem a shows, reencontrar amigos, enfim, para fortalecerem e ampliarem suas redes e laços sociais e afetivos.

Apesar da reunião ter como pauta a questão dos diversos usos que ocorrem na Plaza, notei que não havia nenhum praticante da modalidade de bike e nem do patins. Perguntei a Paulo se eles não haviam sido convidados, tendo em vista que o assunto que seria ali debatido seria sobre a Plaza e estes outros atores também fazem parte daquele cenário. Ele me respondeu que havia enviado o convite pelo Facebook e que havia comentado pessoalmente com alguns deles, mas disse que a ausência dos outros não era um problema, pois assim como os skatistas estavam se reunindo, eles também poderiam se organizar a fazer suas reuniões independentes. Com isso, já fiquei pensando sobre a divisão, as estratégias e os conflitos entre os grupos que praticam esporte naquele local.

A reunião surgiu como uma forte estratégia para a manutenção das identidades dos skatistas e a sua relação de pertencimento com a Plaza. Pensei que talvez a falta de um convite feito aos outros grupos, também fosse uma forma de manter a coletividade em prol de um objetivo que não deveria ser frustrado. A presença de outros sujeitos não – skatistas – poderia ser uma ameaça aos investimentos (afetivos, racionais, econômicos, materiais, etc.) do grupo que ali se reunia.

Por volta das 20:00 horas teve início a reunião. Paulo iniciou as falas informando que todos ali presentes sabiam que a Plaza estava com muitos problemas, pois, além da falta de manutenção por parte do poder público, estava um local em que não havia mais segurança e também no momento 0 que mais estava incomodando os skatistas era a presença de muitos jovens que não praticam nenhum esporte naquele local e que principalmente nas noites de sábado estava impossível de andarem de skate.

Todos os presentes concordaram com a fala de Bob e apoiaram, reforçando o argumento, dizendo “ali tá foda demais, não tem condição. A pessoa

vai pra andar de skate e chega lá é um tumulto da porra de pirralho em todos os lugares”. Outro disse: “A solução é meter o skate pra cima deles, não tô nem aí. Ali é uma pista de skate, não vamos perder a pista não”. Já outro reclamou

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exaltado: “A gente já perdeu ali, é foda demais. A pista é nossa e a gente tá

perdendo, como vamos deixar isso acontecer hein? A gente tem que fazer alguma coisa”.

Depois de algumas falas seguirem a mesma orientação das já citadas, Bob pergunta: “então o que acham que devem fazer? Por que, em minha opinião, tem

que cercar a pista e proibir a entrada de quem não seja praticante de esportes lá”. Ele retira da bolsa um documento que falava respeito da regulamentação de

normas e funcionamento do complexo Parque Cidade-Escola da Juventude Città Di Maróstica11, existente na cidade de São Bernardo do Campo (SP). Assim, a

medida que Paulo vai explicando sobre o regulamento, peço para olhar o documento e vejo que tem como finalidade a normatização de condutas e práticas desenvolvidas dentro do parque, no qual todos os usuários se submeteriam. Em síntese o conteúdo diz que:

Para garantir a segurança dos usuários, foi elaborado um regulamento específico para algumas modalidades. O regulamento12, que deve ser seguido à risca pelos usuários dos

equipamentos esportivos, prevê apenas o uso OBRIGATÓRIO de CAPACETE. Mas é recomendado o uso de cotoveleiras, luvas, caneleiras e joelheiras, de acordo com as características particulares de cada equipamento esportivo e modalidade.

11 A pista de skate de São Bernardo do Campo foi inaugurada em 1982, sendo a primeira pista de

skate pública do Estado de São Paulo. O local ficou conhecido por ter revelado ao mundo o hexacampeão mundial de skate vertical Sandro Dias (conhecido como Mineirinho). O local passou por pequenas reformas ao longo dos anos, Porém, em 2007 foi realizada uma grande reforma e teve a inauguração do Parque Cidade-Escola da Juventude Città Di Maróstica. O Parque foi reformado e ampliado em 2007 e a partir disso passou a possuir uma área de 21 mil metros quadrados, divididos em 6 (seis) modalidades esportivas radicais, a saber: Skate (nas categorias street e vertical); Patins Inline (nas categorias vertical e street); Bike – bmx e Free Ride (nas categorias vertical, street e dirtjump); Rapel; Escalada e Tirolesa. Além de ser um local direcionado para a prática de esportes radicais, também contempla o público interessado em caminhadas e corridas, pois há uma pista no entorno. O skate aparece como a principal atração do parque contando com uma pista de 5,5 mil metros quadrados, apontada por revistas e sites especializados como sendo a maior pista de skate da América Latina. Fontes:

http://www.saobernardo.sp.gov.br/citta-di-marostica; http://www.bronxstreet.com.br/as-melhores-pistas-de-skate-do-brasil/; http://www.metodista.br/rronline/noticias/esportes/2010/09/parque-da-juventude-atrai-adolescentes-de-toda-regiao-metropolitana.

12 Regulamento disponível em:

https://leismunicipais.com.br/a/sp/s/sao-bernardo-do- campo/decreto/2007/1610/16096/decreto-n-16096-2007-regulamenta-a-lei-municipal-n-5698-de- 28-de-junho-de-2007-que-dispoe-sobre-a-criacao-e-denominacao-do-parque-cidade-escola-da-juventude-citta-di-marostica-e-da-outras-providencias. Acesso em:

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O documento também tratava de questões relativas à faixa etária dos usuários permitidos para terem acesso ao parque. Segundo as normas, o acesso aos equipamentos de práticas esportivas é livre para jovens a partir dos 18 anos, sendo obrigatória a apresentação de documento de identificação com foto. Para os usuários com idade entre 12 e 18 anos terem acesso a tais equipamentos é necessário possuírem autorização dos pais ou responsáveis13. Outro ponto

crucial que estava contido no regulamento do parque de São Bernardo do Campo é o estabelecimento de horários para usar a pista de skate street, onde cada modalidade (skate, bike e patins) possui horários específicos que determinam quais esportes podem ser praticados naquele intervalo de tempo14. Isso foi visto

por Bob como algo que serviria para amenizar os conflitos entre os diversos esportes praticados na pista e poderia ser algo implementado na Plaza.

A idéia apresentada por Bob foi de que utilizássemos o documento como modelo para que se pudesse construir um regulamento que buscasse normatizar os usos da Skate Plaza Manaíra. Ele conclui seus argumentos informando aos presentes que é preciso fazer umas normas para a Plaza, pois só assim, de acordo com ele “a gente vai poder andar em paz ali”. Além de todo o desconforto causado pelos rolezinhos, foi discutido também a possibilidade de retirada dos quiosques (precisamente os que oferecem serviços de consumo de bebidas alcoólicas e alimentos), pois segundo eles, os quiosques seriam os responsáveis por atrair pessoas que não praticam as modalidades esportivas lá desenvolvidas, pois “a área da pista estava sendo invadida”.

A finalização da reunião entre os skatistas se deu por meio de um consenso coletivo, no qual todos apoiavam a ideia de Paulo em se estabelecer uma regulamento que normatizasse os usos da Plaza, com a finalidade de permitir apenas aqueles que praticavam o skate street.

13 Pode-se visualizar o Termo no anexo B Fonte:

http://www.saobernardo.sp.gov.br/documents/10181/397483/Termo-Anexo16096-2007.pdf/2b54f39e-983d-43c7-bf52-83d774e51db6

14 Pode-se observar tabela com a divisão dos horários de utilização da pista de skate no anexo C.

Fonte:

http://www.saobernardo.sp.gov.br/documents/10181/397483/impresso_tabela+baterias+e+horari os.jpg/65cf03ed-d9fc-4b9e-aaf0-a637c82a07f3?t=1426216556723

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Após entrarem em acordo, todos disseram que o mais indicado era a partir de então, criar um comitê gestor responsável pela administração da Plaza. Nesse momento pergunto como será a participação dos praticantes de outras modalidades como o bike do patins nesse comitê, mas Paulo brevemente apenas disse que seria preciso debater esta questão.

As descrições aqui relatadas servem para nos atentar aos discursos proferidos sobre as apropriações da Plaza, apenas sob a perspectiva e experiência de apenas um grupo, os skatistas. Por fazerem parte da gênese do projeto da Plaza - realizando algumas interdições, como opiniões sobre a estrutura física da pista e o posicionamento enfático para a construção de um projeto Plaza – este grupo, historicamente, com base na tradição da história do lugar, atribui os usos da Plaza de forma restritiva, concentrada e até radical, em que qualquer prática que fuja da finalidade “andar de skate” é vista como ameaça, como perigo, conforme as contribuições de Mary Douglas (s/d).

Até o decorrer desta pesquisa, constatou-se que a regulamentação não foi implementada conforme os desejos dos skatistas. A Plaza continua tendo a sua vivacidade, com normas e condutas próprias, não institucionalizadas, mas sim, presentes na própria experimentação social deste lugar. Chama atenção o fato de como um grupo de skatistas, visto por parte da sociedade como degradadores do equipamento público, de desviantes da ordem, assumirem um posicionamento até conservador diante dos usos da Plaza, em relação à presença de outros indivíduos.

Os usos particulares ligados aos processos históricos e sociais do lugar são importantes serem enfatizado aqui, pois nos ajudam a “compreender [...] o que sustenta e mantém a hierarquia dos grandes e pequenos, das estratégias e táticas, das redes e lugares” (Lefebvre, 2000, p.105). Os skatistas constroem seus próprios contextos de usabilidade do lugar, por meio da criação de normas, regras, proibições e permissões. São estratégias de manutenções de poder diante de uma “teia flexível de tensões (ELIAS, 2000).

Inspirando-se na obra de Elias (2000), “Os Estabelecidos e os Outsiders: Sociologia das Relações de Poder a partir de uma Pequena Comunidade”, podemos refletir sobre estas estratégias, com base nos relatos acima, no qual o grupo dos skatistas ao se sentirem e se afirmarem como estabelecidos (por meio

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das intervenções, discursos, expertises), excluem os outros usuários da Plaza, por meio de um controle social que procura normatizar quem usa ou não usa o lugar. Aquilo que for desviante da pratica do skate é suspeito de transgredir a Plaza, local para prática do skate, e logicamente, dos skatistas.

Os estrangeiros na/da Plaza: skatistas, patinadores e bmxers

Os relatos sobre a implementação de um controle de uso da Plaza, nos faz questionar sobre como cada grupo mantem suas negociações dentro dessa teia de tensões e de interdependências entre eles que os vinculam ao lugar vivenciado e compartilhado.

As diferenças de como os skatistas classificam os outros que não compartilham de suas práticas esportivas na Plaza é a construção do outro como uma ameaça à ordem daquele lugar. Uma das propostas dos skatistas é a implementação de cercas e grades ao redor da estrutura da Plaza.

Entretanto, este mesmo discurso de cercar a área é proferido por parte de patinadores e bmxers quando remetem a presença dos frequentadores da Plaza que não praticam nenhuma atividade no local, e por isso são vistos como, estrangeiros, “coisa fora de lugar, portanto simbolicamente suja e perigosa” (Arantes, 1994, p.192).

Como aponta Zygmunt Bauman (2009), “O estrangeiro é por definição alguém cuja ação é guiada por intenções que, no máximo, se pode tentar adivinhar, mas que ninguém jamais conhecerá com certeza” (p. 37). Uma das maneiras apresentadas por skatistas, bmxers e patinadores para tentar controlar os usos da Plaza, como já dito, era a colocação de cercas ao redor da pista, dessa maneira evitando a presença dos sujeitos vistos como “outros”.

Esta linha de pensamento sobre a normatização dos espaços urbanos e a segregação dos diversos atores sociais em lugares distintos e separados é uma perspectiva de ordenação dos usos da cidade que tem se tornado hegemônico na contemporaneidade. De acordo com Bauman (2009) “a nova estética da segurança decide a forma de cada tipo de construção, impondo uma lógica fundada na vigilância e na distância” (p.38-9).

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O discurso expresso por skatistas, bmxers e patinadores indica que estes atores reverberam esta perspectiva de ordenação e normatização do Plaza partindo da lógica da segregação e impondo um isolamento em relação aos demais atores citadinos. Segundo o patinador entrevistado, uma solução apontada para possibilitar um uso “saudável” da Plaza é a criação de regras que indiquem quais usos podem ou não ocorrer no local. Nesse sentido, o entrevistado aponta que é a favor de

Uma organização onde haveria o uso de documento de identificação no bolso, ter capacete que é pra evitar acidente, dano cerebral porque os esportes são de contato, todos os três. Quando alguém bate de patins ou no cara de skate. O cara de skate bate principalmente no cara de bike, pode haver qualquer tipo de lesão, é muito choque. Aqui também deveria ter a guarita da polícia ali, é apenas de enfeite. Já vi muitos assaltos, arrastões aqui na minha frente e onde a gente foi a trás da polícia e a polícia disse que não podia fazer nada. Monitoramento eletrônico poderia solucionar muita coisa aqui também, mas não há. E acredito que também se houvesse uma organização de cercar a pista, botar uma guarita de entrada e apenas uma saída, e organizar horários diferentes pra os esportes assim como eu vejo lá em São Bernardo do Campo, seria algo mais organizado. (João15,

entrevista realizada em 30/01/2016).

Este discurso sobre a necessidade de limitar os usuários indesejados no Plaza foi algo presente a todo momento durante a pesquisa, o que modificou no decorrer do tempo de pesquisa e dependendo de quem emitia o discurso foi apenas a construção de quem seria o “Outro”, o invasor, o outsider.

Porém, Bauman (2009) aponta que a crença no argumento de que a colocação de cerca e monitoramento, por meio de vigilância eletrônica ou presencial, não é algo que garantiria um “oásis de tranquilidade e segurança” (p.40). Ao contrário disso, Bauman diz que esta perspectiva segregacionista frente a diversidade de atores presentes nos ambientes urbanos tem ligação direta com a “mixofobia (medo de misturar-se)” (p. 43).

Como buscas simples de contornar as tensões típicas das interações entre a diversidade no ambiente urbano, os sujeitos procuram formas de vida particular em espaços físicos bem delimitado e defendido, a exemplo dos condomínios

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fechados. Dessa forma, “A mixofobia se manifesta como um impulso em direção a ilhas de identidade e de semelhança espalhadas no grande mar de variedade e da diferença” (BAUMAN, 2009, p. 44).

Assim, o discurso proferido por parte da grande mídia sobre a quase incapacidade de se viver em segurança nas cidades, a insegurança constante dos espaços públicos e a “necessidade”, construída, de se buscar viver em “ilhas de segurança” – a exemplo dos condomínios fechados –, neste momento “atingiram o coração da cidade” (BAUMAN, 2009. P. 61), ou seja, os espaços públicos urbanos. Dessa forma, “a arquitetura do medo e da intimidação espalha-se pelos espaços públicos das cidades, transformando-a sem cessar – embora furtivamente – em áreas extremamente vigiadas, dia e noite” (BAUMAN, 2009, p. 63).

Os sujeitos vistos como estrangeiros, outsiders, na Plaza sempre foram alvos de discursos que buscavam limitar sua presença naquele local, procurando mantê-los distantes, barrando, ou limitando, seu acesso a tal equipamento. Como aponta Bauman (2009) “a companhia de estrangeiros é sempre inquietante [...] O estrangeiro representa um risco” (p.68-69).

Esta idéia do risco é uma possível chave analítica para compreendermos as dinâmicas de relações entre os atores presentes na Plaza. Os diversos grupos pesquisados elaboram discursos e práticas que apontam para jogos de poder que se objetivam nas disputas cotidianas sobre as possíveis apropriações que podem ocorrer na Plaza.

Como aponta Michel de Certeau (1994), o espaço é definido “como um ‘lugar praticado’. Praticar um espaço...é, num lugar, ‘ser outro’, e ‘passar ao outro’. É movimento em direção à diferenciação” (p.38-9).

Deste modo, por meio de táticas diversas, os atores presentes na Plaza empreendem práticas que, de certa maneira, realizam transgressões nas estratégias em meio às quais elas transcorrem, sem causar a ruptura completa com as estratégias, impostas de cima para baixo. Com isso, a inventividade e criatividade próprias das táticas contribuem para fazer do Plaza um espaço, lugar praticado (FREHSE, 2009, P.163).

Enquanto o discurso dos skatistas na Plaza tem como centralidade a idéia de que eles são de fato e de direito os legítimos estabelecidos naquele local, como

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sintetizado na fala de um dos atores quando disse que “na Plaza o skate é quem comanda”, os demais sujeitos ali presentes buscam, por meio de práticas e táticas variadas, “conquistar seu espaço e exercer seu direito de cidadania”, como foi dito por um bmxer durante um diálogo informal.

As estratégias e discursos dos skatistas que buscavam limitar o acesso ao Plaza não é algo que era recebido de maneira passiva pelos demais atores. O seguinte relato de um bmxer tem a capacidade de condensar, por meio do discurso, a perspectiva do grupo de praticantes de bmx frente às tentativas de proibição, ou limitação, de sua apropriação na Plaza:

(...) O local já é conhecido como Skate Plaza, e além de oferecer uma grande área para a prática dos esportes “extremos” agrega também praça de alimentação, banheiro público e calçadão para caminhada. O interessante sobre esse espaço é a movimentação de boatos que corre. Como disse, tal é destinado a prática de esportes “extremos”, porém está rolando uma grande manifestação de segregação daqueles que andam de skate e patins, os quais, querem de toda forma coibir a prática do Bmx Street no local.

Esses já criaram uma lenda urbana na qual divulgam que está proibida o transitar de bike no local, pura mentira. Alegam esses que o BMX street, por ser um esporte mais viril, onde as pedaleiras supostamente quebram as bordas, seria prejudicial a prática dos outros esportes, que diante o nível extremamente baixo, quando comparado as outras capitais (no caso do Skate), ficaria inviável para “os meninos” evoluírem. Como é de pensar, esse comportamento é pura hipocrisia, tanto dos skatistas, e principalmente dos que praticam o Inline (patins), que anos atrás eram segregados do finado half do Espaço Cultural. Pois é, estaremos lá (...), infernizando o local, galgando nosso espaço, democratizando nosso meio e praticando nossa cidadania. Caso alguém lhe chamar atenção por frequentar o local, peça a proibição escrita na lei, pois essa segregação só pode ser válida caso seja prescrita em algum artigo de lei federal, estadual ou municipal. Como não é o caso, pegue suas pedaleiras e escorregue borda a baixo! 16

16 Fonte: http://bmxsuoresacanagem.blogspot.com.br/2008_07_01_archive.html Acesso em

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O conflito como algo positivo

O conflito é uma das mais vividas interações exercidas pelos indivíduos. Os pensamento simmeliano sobre o conflito como categoria analítica tentam compreendê-la como uma forma de sociação destinado a resolver os dualismos divergentes entre os indivíduos ao passo que também é uma maneira destes indivíduos conseguirem um tipo de unidade. Ou seja, o próprio conflito é que resolve as tensões dos contrastes. Mas como isso é possível? Soaria arbitrário dizer que os conflitos resolvem as divergências e que até é algo positivo. Nas concepções de Simmel (1983), os conflitos indicam que sobrevivências sociais estão procurando-se manter dentro das tensões existentes em relações de poder entre os indivíduos. Assim, a falta de conflitos implica em fim de sociações, causando a indiferença, algo bastante negativo para Simmel.

Nesse sentido, Simmel nos dá uma ferramenta, ou melhor, uma chave de leitura importante para se pensar e refletir sobre os processos sociais encontrados nos dados etnográficos da pesquisa sobre a Plaza. Simmel nos brinda com a possibilidade de se compreender a natureza dos conflitos naquele lugar fazendo repensar a vivência dos três principais grupos esportivos, atentando-se para seus cotidianos, formas de sociabilidades e conformações sociais diante de teias de tensões, no qual nosso olhar recai sobre os emaranhados do cotidiano marcados por dualismos, divergências e paradoxos.

Podemos conceber a teoria do conflito social de Simmel como uma nova forma de se pensar sobre o indivíduo moderno, sobre como este individuo ocupa e se utiliza dos espaços da cidade, sensibilizando-se com eles ao mesmo tempo que tentam disputá-los, emergindo fronteiras simbólicas mediadas pelo afrontamento, subversão e normatização do lugar, nem sempre organizados e racionalizados de forma consciente pelos indivíduos. Determinadas práticas culturais podem ou não ser arriscadas, serem tidas como desvios ou naturais, particularmente quando pressupõem desestabelecer a ordem social, os valores, os costumes e as fronteiras simbólicas de um ou outro grupo social. Assim, conflitos e unidade são pares de contrários, partes de uma mesma origem, pois

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o indivíduo não alcança a unidade de sua personalidade exclusivamente através de uma harmonização exaustiva segundo normas lógicas, objetivas, religiosas ou éticas – dos conteúdos de sua personalidade. A contradição e o conflito, ao contrário, não só procedem esta unidade como operam em cada momento de sua existência. É claro que provavelmente não existe unidade social onde correntes convergentes e divergentes não estão inseparavelmente entrelaçadas. Um grupo absolutamente centrípeto e harmonioso, uma “união” pura (Vereiningung) não só é empiricamente irreal, como não poderia mostrar um processo de vida real (SIMMEL, 1983, p. 123-124).

As contradições observadas empiricamente sobre os usos da Plaza demonstram que, assim como Simmel afirma, não há grupos absolutamente harmoniosos compartilhando aquele lugar. Se de uma primeira vista, é possível observar uma vivicidade e multiplicidade de estilos, condutas, gerações que se concentram em determinados locais e temporalidades da Plaza, por outro lado, estas multiplicidades se complexificam nas configurações de poder que se estabelecem por meio das relações de interação social. As forças atrativas e repulsivas estão a todo o momento presentes, sejam nos discursos, nas condutas, nos valores, no corpo causando uma efervescência de relações de harmonias e discordâncias, de competições e amigabilidade, de inclusões e exclusões.

Na perspectiva dos praticantes de skate, as relações conflitivas perpassam a história do grupo que se atrela à origem da Plaza. Os jogos e estratégias de poder, por meio de discursos que legitimam os usos daquele lugar, determinando o que os outros poderiam ou não fazer ali é uma forma de se manter num certo grau de poder perante os outros grupos, sustentada pelos processos históricos de formação da Plaza, trazendo uma unidade social que garanta a sobrevivência do grupo skatistas na disputa pelo uso do lugar.

No contexto atual desta pesquisa, o conflito é tido como fator socializante capaz de trazer vivicidade e sentido aos grupos que ali frequentam a Plaza. Dessa forma,

quando o conflito é simplesmente um meio, determinado por um propósito superior, não há motivo para não restringi-lo ou mesmo evitá-lo, desde que possa ser substituído por outras medias que tenham a mesma promessa de sucesso. Mas quando o conflito é determinado exclusivamente por sentimentos subjetivos, quando as energias interiores só podem ser satisfeitas através da luta, é

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impossível substituí-la por outros meios; o conflito tem em si mesmo seu propósito e conteúdo e por essa razão libera-se completamente da mistura com outras formas de relação (SIMMEL, 1983, p. 134).

Diante da pluralidade existente na e da Plaza com seus diversos grupos presentes e com diferentes terminologias para se referir a ela, os conflitos construídos correspondem a socialização daquele lugar e as ações recíprocas existentes entre os grupos sociais, em que as subjetividades são exaltadas, colocadas em prática por meio de negociações em torno das relações de poder. Logo o conflito serve para demarcar territórios simbólicos, afastar ou unir grupos, estabelecer hierarquias, formar unidades sociais e manter as identidades coletivas diante das tensões cambiantes e flexíveis da Plaza.

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