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AS TRAJETÓRIAS DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO PARA O LETRAMENTO DIGITAL

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AS TRAJETÓRIAS DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

PARA O LETRAMENTO DIGITAL

THE TRAJECTORIES OF INFORMATION AND COMMUNICATION TECHNOLOGIES FOR DIGITAL LITERACY Paulo Roberto Colusso e Lucas Colusso

Grupo Temático 1. Ensino e aprendizagem por meio de/para o uso de TDIC

Subgrupo 1.1 Aprender por meio das diferentes tecnologias – da educação básica à pós-graduação

Resumo:

Avanços tecnológicos tradicionalmente influenciaram a história da educação, do ensino e aprendizagem. Um desafio perene reside na necessidade de construir o letramento digital tanto entre profissionais da educação quanto entre estudantes. Considerando que as TICs cada vez mais mediam o ensino e a aprendizagem, o desafio do letramento digital demanda atenção especial. Neste artigo, trazemos discussões relevantes para o debate sobre a influência da tecnologia na educação, ensino e aprendizagem. Apresentamos uma revisão bibliográfica articulando conexões entre avanços tecnológicos e os desafios atuais da educação, principalmente no contexto escolar. Como resultado, demonstramos a inseparabilidade entre as TICs e a área da Educação. Determinados avanços tecnológicos permeiam a práxis do educador e do estudante, o que deve ser amplamente estudado. Por final, oferecemos uma discussão sobre acesso e capacitação. Especificamente, discutimos formação docente, espaços educacionais, políticas públicas de acesso à tecnologia, e projetos político-pedagógicos. Estes tópicos precisam ser repensados para contemplar a integração de novas TICs e letramento digital.

Palavras-chave: tecnologias de informação e comunicação; educação; letramento digital; ensino e aprendizagem.

Abstract:

Technological advances have traditionally influenced the history of education, of teaching and learning. A perennial challenge lies in the need to build digital literacy among both education professionals and students. Considering that ICTs increasingly mediate teaching and learning, the challenge of digital literacy demands special attention. In this paper, we bring relevant discussions to the debate about the influence of technology in education, teaching and learning. We present a literature review articulating connections between technological advances and the current challenges of education, especially in the school context. As a result, we demonstrate the inseparability between ICTs and Education. Certain technological advances permeate the praxis of the educator and the student, which should be widely studied. Finally, we offer a discussion on access and training. Specifically, we discuss instructor training, educational spaces, public policies on access to technology, and political-pedagogical projects. These topics need to be rethought to contemplate the integration of new ICTs and digital literacy. Keywords: information and communication technologies; education; digital literacy;

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1. Introdução

Na atualidade, vivemos em uma sociedade tecnológica, com possibilidades de informação e comunicação diversas e acessíveis. Estas possibilidades integram pessoas em diferentes grupos sociais e interesses, gerando conhecimentos e promovendo mudanças importantes nas formas de utilizar as tecnologias no ensino e aprendizagem.

O ensino a distância nos demonstra, pelas metodologias utilizadas, a procura por diversificar os meios que permitam ao aluno construir seu conhecimento, em uma forma consolidada de aprender. As pesquisas existentes não deixam dúvidas sobre a importância do processo de ensinar e aprender a distância. A facilidade dos recursos didáticos digitais nos ambientes virtuais, com variedade de textos, imagens, movimentos, sons e interação dão ao professor e ao aluno possibilidades de interação diversas, individualizadas e flexíveis.

O letramento digital amplia as condições práticas de leitura e escrita na tela não conectada offline e a internet envolve práticas online, permitindo aos alunos e professores a utilização da tecnologia de forma intuitiva, através de textos digitais, multimídias, objetos interativos, jogos e muitas destas formas agregadas e com possibilidades não somente de acessos como também de serem interativas. Como o letramento digital pode incorporar, de forma inclusiva, o conhecimento da academia aos meios tecnológicos atuais?

Os livros são fundamentais no universo da educação por suas possibilitadas interativas, mas com o acesso a conteúdo facilitado pela tecnologia apresentadas pelos livros digitais ou e-books, podemos dizer que há uma série de caminhos fornecendo trilhas de informação e conhecimento, que devem ser considerar em projetos e pesquisas.

Neste artigo, partindo de uma breve apresentação a respeito de avanços tecnológicos que marcaram a história das tecnologias de informação e de comunicação, assim como a da educação, buscamos trazer algumas discussões importantes para o debate sobre tecnologia e educação, ensino e aprendizagem utilizando tecnologias digitais e possibilidades de aprendizagens por meio de diferentes tecnologias. Com as tecnologias e educação na contemporaneidade traçamos relações e desafios a enfrentar. Destacamos também a necessidade de desenvolver a competência do letramento digital, tanto por parte dos profissionais da educação quanto por parte dos estudantes, da educação básica à pós-graduação, de maneira a potencializar o ensino e a aprendizagem através do uso de tecnologias digitais de informação e comunicação em todos os níveis educacionais. Essa é uma competência fundamental para o desenvolvimento de práticas educacionais digitais, que possibilitem a navegação intuitiva entre os mais diversos formatos, e a utilização potencializada de distintos materiais e tecnologias digitais.

2. Um breve histórico de avanços tecnológicos

A história do computador é um exemplo claro do que estamos a explicitar, pois é espetacular o seu andor até o formato que contamos hoje. Desde as fitas perfuradas que recebiam as programações de homens e mulheres com as matemáticas e instruções em sua forma mais rudimentar de representar textos e resoluções, até o primeiro loop de Ada Lovelace (ISAACSON, 2014, p. 103), que revolucionou a programação e deu início à era das tecnologias que produziram aparelhos para uso pessoal. A liberdade que a tecnologia

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computacional proporcionou, individualizando as pessoas, se deu através de colaborações de muitos profissionais, contribuindo para uma revolução de informação e de conhecimento e rompendo estruturas de expressão e liberdade individual.

As ideias criativas vêm de repente e combinadas com experiências anteriores, como disse Einstein, corroborado por Ausubel e seus subsunçores. Não significa dizer que neste conjunto de experiências não existam ideias de outrem, mas na forma como a empregamos existe sim a criação pela capacidade de atingir determinados objetivos.

O conhecimento é significativo por definição. É o produto significativo de um processo psicológico cognitivo (“saber”) que envolve a interação entre idéias “logicamente” (culturalmente) significativas, ideias anteriores (“ancoradas”) relevantes da estrutura cognitiva particular do aprendiz (ou estrutura dos conhecimentos deste) e o “mecanismo” mental do mesmo para aprender de forma significativa ou para adquirir e reter conhecimentos (AUSUBEL, 2003, folha de rosto).

Charles Reich, professor de Yale nos anos 1970, dizia que a máquina contribuiria para mudanças sociais, uma vez que fosse personalizada: “poderia ser utilizada para fins humanos, se tornando força criativa, renovando e recriando a própria vida”. Nesta época, aparecem gurus tecnológicos como Wiener, Fuler e McLuan com mantras como “Turn on, boot up, jack in” (Ligar, Inicializar, Conectar-se) (ISAACSON, 2014, p. 282).

Em uma conferência na Universidade de Illinois, anos 1970, Alan Kay vaticinou que em uma década telas gráficas com janelas, ícones, hipertexto e cursor controlado por mouse seriam incorporados aos computadores. Este projeto de computador teve inspiração no século XVI no tipógrafo Aldo Manúcio, que descobriu que os livros deveriam ter o tamanho que coubesse nos alforjes para serem levados a qualquer lugar - foi um passo importante para reconhecer o tamanho que o computador pessoal deveria ter para hoje o levarmos no bolso (ISAACSON, 2014, p. 304).

No início dos anos 1970, o correio eletrônico passou a integrar redes de pesquisadores, inventado por Ray Tomlinson, passando o endereçamento nomeusuário@nomedoservidor a alcançar em poucos anos incrível popularidade e sucesso até nossos dias. Estas trocas de informações através de e-mails resultam na criação de comunidades virtuais, facilitando o que se tornou um desejo dos usuários de internet, e tornando-se um grande sucesso com a criação de redes sociais off-line e agora online.

Isaac Asimov disse, em 1979, que “este era o início da Era da Informação” (ISAACSON, 2014, p. 407). O anúncio foi feito em uma propaganda dos serviços telefônicos do Washington Post, que fornecia informações de tempo, bolsa de valores, horóscopos e notícias.

A Apple, em janeiro de 1983, lança uma revolução nos computadores pessoais um Macintosh (tipo de maçã apreciado por Jef Raskin1), com diferentes fontes, documentos,

1 Jef Raskin é um especialista americano em interação humano-computador. Tornou-se bastante conhecido por

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gráficos, desenhos, planilha eletrônica, aperfeiçoando e implementando a interface gráfica de usuário num pulo de interação homem-máquina.

Outro campo fértil até os dias de hoje são as interações humano-computador em que Larry Page (um dos fundadores da empresa Google), influenciado por seu professor Judith Olson (interfaces fáceis e intuitivas), pesquisou, desenvolvendo ideias inovadoras para a época. O pesquisador fez com que alunos da Universidade de Stanford tivessem foco em empreendedorismo tecnológico, vindo a ser um de seus principais incentivadores. Sergey Brin e Larry Page, com o desenvolvimento de motores de busca, acabaram por criar um lema do Google "de tornar a informação do mundo universalmente acessível e útil a todos" (ISAACSON, 2014, p. 468), o qual perdura até os dias atuais.

As pesquisas das interações humano-computador visando o usuário acabaram por dar inteira atenção à cognição humana, o design de interfaces. Como a linguagem computacional poderia passar de simples sistema colaborativo e com cada vez mais links, para um sistema com páginas, que realmente representassem importância na medida em que o número de links e sua qualidade apontassem para ela, a matemática foi uma ferramenta essencial para ajudar nestas classificações.

Ao nos darmos conta da criatividade humana no desenvolvimento e avanço tecnológico das ciências, engenharia e educação, devemos levar em consideração que esta evolução é parceira da contribuição do desenvolvimento humano. Quando falamos de interação homem-máquina, estamos centrando nas necessidades que temos de resolver problemas complexos que auxiliam o belo, o criativo e a cultura, respeitando as humanidades. Estas associações são fundamentais e não devem ser esquecidas.

São inúmeras as transformações que as tecnologias trazem para a configuração da sociedade atual, propiciando a evolução cada vez maior das tecnologias e uma grande diversidade de usos, de abordagens e de inter-relações. Ainda na década de 1990, Lévy afirmava:

Uma coisa é certa: vivemos hoje em uma destas épocas limítrofes na qual toda a antiga ordem das representações e dos saberes oscila para dar lugar a imaginários, modos de conhecimento e estilos de regulação social ainda pouco estabilizados. Vivemos um destes raros momentos em que, a partir de uma nova configuração técnica, quer dizer, de uma nova relação com o cosmos, um novo estilo de humanidade é inventado (LÉVY, 1993, p. 17).

Da década de 1990 até hoje, muitas transformações já ocorreram, particularmente no que se refere às tecnologias. No entanto, a citação de Lévy ainda se mantém atual, assim como a busca por repensar a organização educacional e as formas de ensino e de aprendizagem, de maneira a atender as demandas contemporâneas dos sujeitos e suas especificidades, para, dessa forma, possibilitar o desenvolvimento de competências críticas e reflexivas para atuação e transformação nos contextos socioculturais em que estão inseridos.

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3. Tecnologia e educação na contemporaneidade: relações e desafios

A utilização dos dispositivos tecnológicos na educação é um desafio a ser debatido e aprimorado, pois, assim como podem ajudar em inúmeras tarefas que o aluno pode efetuar com instrumentos da escola, também podem dispersá-lo nas possibilidades de uso de redes sociais, por exemplo.

Dentre os recursos digitais, os objetos de aprendizagem são fundamentais, na medida em que compõem conhecimentos específicos para recursos e materiais didáticos necessários a determinados conteúdos, utilizando textos, imagens, sons interativos e jogos com a finalidade de complementar e auxiliar a assimilação e a aprendizagem. Estes recursos educacionais abertos são disponibilizados na rede em repositórios, podendo ser utilizados na íntegra ou editados dependendo de suas permissões para a composição de outros conhecimentos.

A aprendizagem em dispositivos móveis se apresenta com possibilidades de alcance e individualização, proporcionando acesso à informação e conhecimento, em qualquer lugar e tempo. Também oferece solução de continuidade da educação, por exemplo, por meio de comunicação entre escola, alunos e famílias durante tempos de crise, como durante a atual pandemia de Covid-19.

Os dispositivos móveis se apresentam em uma gama infinita de possibilidades de conexão, telefones celulares, consoles de videogames, leitores de livros digitais, tablets,

notebooks. Há mais de 5 bilhões de assinantes de telefonia móvel no mundo (GSMA). No

Brasil, há mais de 230 milhões de assinantes de telefonia móvel (ANATEL). A aprendizagem formal e informal é potencializada por estas tecnologias com ampla taxa de penetração, com a criação de redes sociais e com o auxílio a dificuldades e possíveis deficiências dos estudantes.

É um potencial de aprendizagem que deve ser levado em consideração, porém deve-se atentar para a construção de políticas que ofereçam soluções de acesso, possibilidades de posse de equipamentos pelos atores do processo e a capacitação ao uso das tecnologias disponíveis, não somente aos professores, como também aos alunos. E, ainda, considerando os distintos públicos da área educacional, ou seja, professores e alunos da educação básica, do ensino médio, da educação superior e da pós-graduação.

3.1 Benefícios de uso das tecnologias na educação

O autor analisou livros, artigos e pesquisas na área e os resultados e benefícios de uso das tecnologias na educação. O processo de ensino-aprendizagem com o uso as tecnologias permite oferecer ao aluno e ao professor interação não só em acesso aos materiais didáticos; também permite que se utilizem mídias síncronas e assíncronas, podendo ter interação em tempo real. Cabe organizar o conteúdo a explorar, seja em projetos, pesquisas ou estudos pelos sujeitos, sejam alunos ou professores, tanto em ambientes virtuais como em redes sociais, blogs e videoconferência.

Os recursos pedagógicos nestes elementos didáticos, projetos ou pesquisas devem levar em consideração a análise, o planejamento, as variadas ferramentas e a diversidade de equipamentos para uma utilização adequada conforme os objetivos a serem alcançados. As

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interfaces interativas para a produção e utilização de textos, imagens e multimídia permitem facilitar o aprendizado, trazendo motivação, assimilação e interesse ao processo.

Os computadores e a ampla possibilidade de aplicativos aliados aos dispositivos móveis aumentam a utilização de textos, imagens, sons, vídeos e jogos, requerendo algumas observações no tocante à produção e utilização de mensagens, videoconferências, textos e sons. As postagens destas mídias devem observar o tamanho de tela, o tamanho de fonte, as cores e possibilidades de retorno e interação do receptor em função tanto de seu dispositivo, velocidade de internet, uso de dados para baixar e postar, considerando a obtenção do objetivo proposto. As possibilidades de interação em vídeos e imagens, como por meio das funções pausar, ampliar e editar permitem infinitas construções. Estas possibilidades, integradas à portabilidade conectada à rede de internet móvel, e a velocidade de tráfego de dados aumentadas no mundo contemporâneo, fazem um diferencial na utilização das informações e no conhecimento competitivo atual.

A utilização das tecnologias educacionais em todas as modalidades de ensino promove uma hibridização do processo de ensino-aprendizagem. As possibilidades da rede mundial de internet em portar informação e conhecimento, bem como em flexibilizar local e horário de acesso, tornam a utilização de recursos tecnológicos no ensino um processo sem retorno, e aumentam a necessidade de apropriação do letramento digital em todos os níveis. De acordo com Aquino (2003), o letramento digital relaciona-se ao desenvolvimento de competências de leitura em diferentes mídias:

O letramento digital significa o domínio de técnicas e habilidades para acessar, interagir, processar e desenvolver multiplicidade de competências na leitura das mais variadas mídias. Um indivíduo possuidor de letramento digital necessita de habilidade para construir sentidos a partir de textos que mesclam palavras que se conectam a outros textos, por meio de hipertextos, links e hiperlinks; elementos pictóricos e sonoros numa mesma superfície (textos multimodais). Ele precisa também ter capacidade para localizar, filtrar e avaliar criticamente informação disponibilizada eletronicamente e ter familiaridade com as normas que regem a comunicação com outras pessoas através dos sistemas computacionais (AQUINO, 2003, p. 1-2).

Em outras palavras, o letramento digital está ligado a habilidades com tecnologias digitais de informação e comunicação, de maneira a compreender os códigos, os formatos, o uso de imagens, de links, de hipertextos, a explorar os diversos recursos e possibilidades digitais, a dominar operações do universo tecnológico e suas linguagens específicas, apropriando-se das tecnologias de forma ativa e crítica.

A importância das tecnologias digitais de informação e comunicação é inegável no campo da educação, assim como é essencial o letramento digital para sua utilização em potencial. No entanto, deparamo-nos também com a realidade brasileira de ampla desigualdade econômica, o que implica dificuldade de acesso tanto em relação aos dispositivos móveis, quanto em relação à rede de internet ou à rede de telefonia móvel, sendo que vastas regiões do país ainda não possuem acesso a esses recursos tecnológicos.

Além disso, outro desafio que se apresenta, tornando-se ainda mais evidente no atual contexto de pandemia por conta da Covid-19, diz respeito à necessidade de ampla

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capacitação para o uso de tecnologias digitais em ambiente educacional. O momento atual suscita reflexões acerca da prática docente, evidenciando a necessidade de atualização e de domínio de novas habilidades, ressaltando-se aqui as competências relacionadas às tecnologias digitais de informação e comunicação.

Figura 1. Gráfico de acessos ao Moodle Presencial UFSM (2014-2020).

Fonte: NTE/UFSM.

Atualmente, com as bruscas mudanças no contexto escolar, com a suspensão de atividades presenciais nas escolas e universidades de todo o país, muitos professores buscaram alternativas tecnológicas para suas aulas e para a manutenção do vínculo com os alunos, gravando videoaulas, fazendo videochamas, mandando áudios com explicações, enviado tarefas e conteúdos via redes sociais, criando turmas em plataformas como o Google Classroom, utilizando ambientes virtuais de aprendizagem, como o Moodle da Universidade Federal de Santa Maria. Na Figura 1, acima, é possível visualizar o salto quantitativo no ano de 2020, quando comparado aos anos anteriores, tanto em quantidade de acessos de usuários distintos como em quantidade de logins de um mesmo usuário.

Na Figura 2, a seguir, identifica-se que, além do maior número de acessos, tanto de professores quanto de alunos, houve mais ações de postagens no ambiente virtual de ensino e aprendizagem, como fóruns, atividades, mensagens e outras.

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Figura 2. Gráfico de postagens no Moodle Presencial UFSM (2014-2020).

Fonte: NTE/UFSM.

Nos primeiros meses das suspensões das aulas presenciais, houve um aumento de 34% de usuários no ambiente virtual Moodle da Universidade Federal de Santa Maria, um aumento de 53% de duração média de sessões e um número de usuários com acréscimo de 100%, passando de 6.000 para 12.000 usuários em mesmo instante.

Por meio dos dados explorados neste estudo, pode-se avaliar quais sistemas operacionais os usuários utilizaram para acesso ao Moodle da UFSM (conferir Figura 3). Além disso, conforme demonstrado na Figura 4, apresentada na sequência, pode-se observar quais as categorias de dispositivos utilizados pelos usuários para acessar o Moodle/UFSM, no período de março a maio de 2020.

Estas informações são de extrema importância para ajudar na formulação de estratégias de planejamento, de escolha e de uso das tecnologias digitais de informação e comunicação, com o intuito de possibilitar a ampliação da aprendizagem por meio de tecnologias educacionais.

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Figura 3. Sistemas operacionais utilizados para acesso ao Moodle UFSM (março a maio de 2020).

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Figura 4. Categorias de dispositivos utilizados para acesso ao Moodle UFSM (março a maio de 2020).

Fonte: NTE/UFSM.

Com a mudança de contexto, professores, alunos e escolas tiveram que repensar suas práticas em sala de aula, buscando reinventar as formas de ensino e aprendizagem para um momento totalmente inesperado. No entanto, muitas dessas buscas recaem, ademais da dificuldade de acesso a dispositivos e à rede de internet, no problema da falta de capacitação tecnológica para os profissionais e para os estudantes. A capacitação é primordial para a compreensão das potencialidades da tecnologia como ferramenta de ensino e de aprendizagem, formas de utilização em sala de aula, recursos e objetos de aprendizagem, repositórios virtuais, possibilidades de interação e de construção de relações entre conteúdos e entre disciplinas, dentre outros.

4. Considerações finais

Para que os benefícios possam ser potencializados e para que os desafios possam ser enfrentados, entendemos ser necessário promover mudanças amplas no contexto educacional, particularmente, no âmbito público, implicando repensarmos aspectos fundamentais para a configuração educacional. Essas transformações perpassariam o processo de formação dos profissionais, ou seja, os cursos de licenciatura, buscando a formação e a capacitação continuada de professores para atuação na educação com tecnologias digitais de maneira integrada, colaborativa e reflexiva.

Também seriam necessárias mudanças materiais, como a estrutura e os espaços físicos das escolas, contemplando, por exemplo, laboratórios de informática, salas recreativas, espaços de interação, salas de jogos, etc. Mudanças nos projetos político-pedagógicos das escolas e políticas educacionais também seriam essenciais, buscando atender às demandas educacionais atuais e visando uma aprendizagem colaborativa, crítica,

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conectada, interativa, participativa e inclusiva, integrada com as potencialidades das tecnologias digitais de informação e comunicação.

De acordo com Moran (2006, p. 36), a educação escolar precisa “compreender e incorporar mais as novas linguagens, desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. É importante educar para usos democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias, que facilitem a evolução dos indivíduos”. Em outras palavras, a educação e o uso das tecnologias devem estar relacionados com o contexto social em que se inserem seus indivíduos, buscando conhecimentos, reflexões e práticas para o atendimento de demandas articuladas aos sujeitos e à sociedade. Nesse sentido, formação docente, espaços educacionais, políticas públicas, acesso à tecnologia, conteúdos escolares, práticas, processos e projetos político-pedagógicos precisariam ser repensados de forma a contemplarem a integração com as tecnologias digitais, em consonância com as necessidades da sociedade contemporânea.

5. Referências bibliográficas

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