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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA DE PLANTIOS REALIZADOS EM ECOSSISTEMAS PERTURBADOS, NOVA IGUAÇU-RJ

Elaborada por: ERIKA CORTINES

Orientada por:

Prof. Dr.: RICARDO VALCARCEL

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ERIKA CORTINES

RICARDO VALCARCEL

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA DE PLANTIOS REALIZADOS EM ECOSSISTEMAS

PERTURBADOS, NOVA IGUAÇU, RJ.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas do Instituto de Biologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço aos meus pais Anacir Vieira Cortines, Ingrid Joachim Cortines e irmão Vitor Joachim Cortines que são a família que tanto amo e que viabilizou minha permanência na UFRuralRJ, apoiando-me em todas as horas.

Ao Prof. Dr. Ricardo Valcarcel, agradeço pela orientação e valiosas contribuições para minha formação profissional e amor à pesquisa. Obrigado por sua dedicação ao Laboratório de Manejo de Bacias Hidrográficas (LMBH) que se tornou minha segunda casa e onde fiz grandes amigos.

Ao meu principal motivo de vir para a Rural, João Paulo Santos Condack pelo companheirismo, incentivo e bons momentos que passamos juntos. Obrigado pelo seu amor. À toda sua família pelos anos de convivência.

À TODOS os membros do LMBH pelas conversas, mutirões, ralações e confratenizações. À Flávia pela salvação nas horas de aperto.

Aos meus companheiros de casa com quem pude aprender a arte da convivência, agradeço de coração ter conhecido vocês: Larisse Faroni Perez, Guilherme Andrade de Carvalho, Ana Rudge, André Luis de Oliveira Villela e Hélio Ricardo da Silva.

À TODOS meus amigos de Rural, obrigado pelas parcerias nos seminários, matérias emprestadas, churrasquinhos, escaladas no fim de tarde, cortinas de bambú, Xaxados pra lua, congressos, almoços no bandejão, ajudas no campo e todos os momentos felizes que marcaram minha passagem por aqui.

À pedreira Vigné Ltda pela iniciativa que possibilitou a realização deste estudo e a todos seus funcionários que sempre me trataram com atenção e respeito.

Aos professores do Departamento de Botânica pelo auxílio na identificação das plantas. E a todos os professores que contribuíram verdadeiramente para minha formação.

Ao programa de iniciação científica do Decanato de Pesquisa.e Pós-Graduação da UFRRJ.

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"Para ser grande sê inteiro. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago, a lua toda brilha, porque alta vive." Fernando Pessoa

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RESUMO

Ambientes modificados pelo homem têm suas características alteradas: solo, comportamento hidrológico, interações ecológicas, fisionomia da paisagem e estabilidade, gerando perda de biodiversidade e degradação ambiental. A urbanização e o manejo inadequado dos solos aceleram os processos de degradação dos ecossistemas, formando ambientes perturbados, que diferem dos degradados por ainda apresentarem vestígios dos ecossistemas originais. Na tentativa de entender os processos de reversão de degradação a partir de reflorestamentos com diferentes espécies, se estudou o comportamento sazonal (inverno/2004; verão/2005) da regeneração espontânea, como estratégia de monitoramento da otimização dos processos sucessionais, capacidade de resiliência e auto sustentação destes ambientes. O presente estudo realizou-se na serra do Madureira - Mendanha, município de Nova Iguaçu, RJ. Foram avaliados cinco ambientes distintos: a) Mata secundária nativa, representando ambiente, menos perturbado, remanescente da paisagem original; b) Pasto, ambiente mais perturbado com freqüentes incêndios e pastoreio; três reflorestamentos, considerados medidas biológicas (MB) de recuperação com espécies diferentes, sendo: c) MB1 com predomínio de Mimosa caesalpinifolia; d) MB2 com predomínio de Eucalyptus citriodora e e) MB3 com 7 espécies nativas. A regeneração espontânea foi levantada pelo método de pontos e registrou variações sazonais de 1501 indivíduos no verão e 940 no inverno, representantes de 74 espécies, 67 gêneros e 31 famílias botânicas. A Mata apresentou o maior índice de diversidade de Shannon e Wiever, H`= 2,11 com 29 espécies e o Pasto um dos menores H`= 1,78 com 13 espécies. Nas medidas biológicas os índices de diversidade foram H`= 2,06 na MB1 com 22 espécies, H`= 1,8 na MB3 com 30 espécies e H`= 1,57 na MB2 com 21 espécies. A similaridade (Índice de Jaccard) foi maior entre os plantios (35-50%) e não houve similaridade entre a Mata e o Pasto (0%). Entre os plantios e o Pasto a similaridade variou de 21-31% e entre estes e a mata foi de 0-5%.

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ABSTRACT

Environments modified by man has its ambiental characteristics intensely changed: soil, hydrological behavior, ecological interactions, lands physiognomies and stability, causing biodiversity reduction and environment degradation. Urbanization and inadequate soil management accelerates degradation process, leading to disturbed environments which differ from degraded ones because they still have vestige of original ecosystems. On expectation of understanding processes used on reversion of degradation by reforestation with different species, it was studied seasonal behavior of spontaneous regeneration as a strategy to monitorate optimization of sucessional processes, resilience capability and sustainability of these environments. The present work was realized on serra do Madureira-Mendanha, Nova Iguaçu, RJ. Five distinct environments where evaluated: a) Native Secondary Forest representing less disturbed reminiscent of original landscape;b)grassland, disturbed by frequent fire and grazing and 3 reforestation areas considered biological measures (MB) of recuperation with different species: .c) MB1 with predomination of Mimosa caesalpinifolia; d) MB2 with predomination of Eucalyptus citriodora; and e) MB3 with 7 native species. The regeneration was raised by point method and registered seasonal variability of 1,501 individuals on summer and 940 on winter, representing 74 species of 67 genus and 31 families. The secondary forest had the higher diversity indices Shannon e Wiever (H`) 2,11 with 29 species and the grassland one of the lowest 1,78 with 13 species. On biological measures diversity indices were 2,06 on MB1 with 22 species, 1,8 on MB3 with 30 species and 1,57 on MB2 with 21 species. The similarity (Jaccard Indices) was greater on the planted areas between them (35-50%) and no similar species where found between secondary forest and grassland (0%). Between planted areas and grassland similarity varied from 21-31% and between these and forest, from 0-5%.

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SUMÁRIO RESUMO... v ABSTRACT...vi 1 - INTRODUÇÃO ... 1 2- JUSTIFICATIVA ... 3 3 – OBJETIVOS ... 5 3.1- Geral... 5 3.2- Específicos ... 5 4 - METODOLOGIA ... 6 4.1 - Área de estudo ... 6 4.2 - Vegetação ... 7 4.3 - Solos... 7 4.4 - Clima ... 7 4.5 - Antecedentes... 8 4.6 - Amostragem ... 9

4.7 - Caracterização dos reflorestamentos ... 9

4.7.1 - Silvicultural ... 9 4.7.2- Ecológica ... 11 4.8- Regeneração espontânea ... 12 4.9 - Serrapilheira ... 16 4.10 - Musgos e Microtopografia ... 16 5- RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 18

5.1- Caracterização dos Tratamentos... 18

5.2- Caracterização da vegetação ... 23

5.3- Análise da sustentabilidade ... 25

5.3.1- Suficiência Amostral... 25

5.3.2- Regeneração Espontânea ... 27

5.3.3-Sazonalidade das espécies ... 34

5.3.4- Similaridade de espécies (Índice de Jaccard)... 42

5.3.5- Diversidade de espécies (Índice de Shannon H`) ... 44

5.3.6 - Altura e Cobertura de Serrapilheira... 45

5.3.7- Presença de Musgos ... 48 5.3.8-Microtopografia ... 50 6- CONCLUSÕES ... 52 7- RECOMENDAÇÕES... 54 8 - BIBLIOGRAFIAS... 55 9 - ANEXO DE CONCEITOS ... 62

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Índice de Figuras

01: Área de estudo: Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Pedreira Vigné Ltda. ...6

02: Método de pontos...13

03: Nove combinações de formas de encostas, em planta e em perfil. Fonte: PARSON, 1988 apud GUERRA, 2003. ...17

04: Modelo de ecossistema e relação com os fatores abióticos das parcelas amostradas ...21

05: Bacias aéreas no Maciço Madureira-Mendanha, RJ...23

06: Curvas do coletor para as parcelas amostradas. ...26

07: Número de espécies por família,...31

08: Estrutura da vegetação nas parcelas amostradas. ...32

09: Dados climatológicos médios para a estação meteorológica Agroecologia, Seropédica, RJ. Serie Normal 1934- 1967. (Fonte: MATTOS et al, 1998)...37

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Índice de Equações

01- Densidade Relativa ... 13

02-Vigor Absoluto... 14

03- Vigor Relativo... 14

04- Média de Toque ... 14

05- Freqüência Ou Cobertura Absoluta... 14

06- Freqüência Ou Cobertura Relativa... 15

07- Freqüência Ou Cobertura da Área ... 15

08- Valor de Importância ... 15

09- Índice de Cobertura... 15

10- Índices de Diversidade ... 16

11- Similaridade ... 16

Índice de tabelas 01- Parâmetros físicos das áreas de amostragem em Nova Iguaçu, RJ... 19

02- Caracterização silvicultural das medidas biológicas avaliadas na Pedreira Vigné Ltda. ... 11

03- Ocorrência sazonal das espécies nas parcelas amostradas... 28

04- Porcentagem de regeneração à partir de espécies plantadas e vindas de outras fontes de propágulos. ... 33

05- Parâmetros fitossociológicos para os cinco espécies mais relevantes, na estação seca. ... 41

06- Parâmetros fitossociológicos para os cinco espécies mais relevantes, na estação chuvosa... 41

07- Índice de similaridade ... 42

08- Diversidade florística da Regeneração espontânea em ... 44

09- Altura e cobertura da serrapilheira nas parcelas amostradas. ... 46

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1 - INTRODUÇÃO

O processo de ocupação desordenado dos ecossistemas sem tomar em conta as suas características e fragilidade dos ambientes físicos e bióticos, traz uma série de conseqüências ambientais para a sociedade, tanto de forma imediata com após vários anos, podendo constituir passivo ambiental a ser tributado pelo ambiente as gerações subseqüentes.

A supressão da vegetação pelos nossos colonizadores se constitui na primeira atividade de geração de riqueza e é considerada o início do uso dos recursos, pois tradições européias compreendem uso como exploração, geração de renda: leite, carne e alimento. Em uma situação onde a abundância de recursos imperava no passado, as florestas, solos e água não tinham o mesmo significado que se têm hoje.

A exploração dos maciços florestais, os cultivos agrícolas extensivos, as formações de pastagens e o crescimento urbano fragmentaram as florestas, muitas vezes isolando-as dos seus núcleos, reduzindo suas funções e descaracterizando seus papéis para a sociedade, além de reduzir sua resiliência de forma paulatina e gradual. Isso tem provocado alterações nos solos e suas funções nos ecossistemas: infiltração e as demais variáveis do balanço hídrico das microbacias hidrográficas (MARTINS, 2001).

As modificações parciais dos biomas, resultando na substituição de ambientes naturais por antropizados, trazem conseqüências para o meio ambiente, reduzindo biodiversidade dos ecossistemas, afetando fluxo gênico e extinguindo espécies da fauna e flora (FUHRER, 2000; MARTINS, 2001 e KAGEYAMA e GANDARA, 2003).

A Mata Atlântica é considerada uma área “hotspot”, dada sua fragilidade e riscos de desaparecimento de espécies (MYERS et al., 2000). Os endemismos constituem evidências desta vulnerabilidade, tornando-se necessárias mudanças

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de paradigmas de desenvolvimento, exigindo-se conhecimentos específicos para determinação de capacidade de suporte dos ecossistemas. Para que isso ocorra, é fundamental entender os processos ecológicos (ver Anexo de Conceitos) envolvidos na estruturação funcional dos ecossistemas (KAGEYAMA e GANDARA, 2003).

Os ecossistemas perturbados (ver Anexo de Conceitos) são aqueles que sofreram modificações antrópicas, porém resguardam capacidade de resiliência, podendo reagir espontaneamente a distúrbios exógenos (PINHEIRO, 2004). Os ecossistemas degradados (ver Anexo de Conceitos) assimilam os impactos advindos das intervenções antrópicas, transformando-se em ambientes distintos, carecendo de apoio externo para regressar ao estágio original. Eles perdem seus mecanismos naturais de equilíbrio homeostático (MINTER, 1990; NEPSTAD et al., 1998; MARTINS, 2001; SER, 2002), afetando subsistemas e suas funções, como bancos de sementes e de plântulas do solo, matéria orgânica, disponibilidade de nutrientes, capacidade de infiltração da água no solo e interações fauna-flora, tornando-se lentos nas respostas às perturbações. A intervenção humana torna-se necessária para a reversão da tendência de degradação (FLORENTINE et al., 2003).

A recuperação de áreas perturbadas utiliza como estratégia às modificações dos fatores ambientais capazes de dotar os ecossistemas de funções e estrutura similares aos ecossistemas naturais, onde a natureza atua na construção destes ambientes de forma lenta e gradual com aprimoramentos sucessivos ajustados evolutivamente.

As estratégias de recuperação levam em conta a dinâmica natural do ambiente e seus processos regulatórios intrínsecos e extrínsecos, resultados de um balanço dinâmico entre sub-sistemas e seus mecanismos de auto-regulação, canalizando e controlando as forças desestabilizadoras às quais o ecossistema está exposto (VALCARCEL e SILVA, 1997; FUHRER, 2000; RICKLEFS, 2003).

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Os processos de fragmentação da serra do Madureira – Mendanha foram marcados historicamente pelos usos agrícolas intensos com monoculturas do café, cana-de-açúcar e citricultura, que foi por muitos anos a principal fonte de renda da região (IBGE, 2002). Atualmente as bases da serra apresentam mineração de brita e pastagens manejadas pelo fogo (SPOLIDORO, 1998), propiciando a depauperação lenta e gradual dos ecossistemas, associada aos exíguos atributos ambientais e pequenos fragmentos florestais remanescentes e isolados, problemas de falta de conscientização da sociedade tornam a missão de recuperar estes ecossistemas uma tarefa que demanda conhecimento cientifico e informações tecnológicas. Fatos estes agravados pela escassez de recursos.

O conhecimento das variáveis ambientais que intercedem na construção dos ecossistemas deve ser o primeiro passo para reversão da tendência de degradação, de tal modo que se possa realizar de forma profícua a restauração ambiental dos contrafortes da serra. A iniciativa privada entende que pode contribuir apoiando pesquisas científicas, elucidando os processos envolvidos na degradação e recuperação destes ecossistemas e otimizando as técnicas de reflorestamento.

2- JUSTIFICATIVA

A região Metropolitana do Rio de Janeiro abrange 16 municípios, sendo a mais populosa do Estado. O município de Nova Iguaçu ocupa 11,1% da superfície, abrigando 792.208 pessoas em 297.862 domicílios (TCR, 2004).

A serra do Madureira-Mendanha capta e distribui águas pluviais no município. Ela tem grande importância para a qualidade de vida da população, pois água que não infiltra inunda a baixada afetando comércio e populações carentes. A serra abriga três unidades de conservação: Área de Proteção Ambiental do Gericinó, Parque Municipal de Nova Iguaçu e Parque Botânico de Nova Iguaçu (SPOLIDORO, 1998; TCR, 2004), sendo fonte de turismo e lazer.

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A preservação dos remanescentes florestais e a restauração de ambientes antropizados podem prevenir enchentes, proteger os solos, a biodiversidade, os processos ecológicos reguladores de equilíbrio ambiental e a produção de água, elementos estes que garantem amenização térmica e qualidade de vida.

O Município de Nova Iguaçu tem 1,7% de áreas prioritárias para a implantação de corredores ecológicos e melhoria do IQM - Verde II. O reflorestamento pode ajudar na reversão dos problemas, mas não necessariamente representam o equacionamento ambiental da situação, pois estes ecossistemas não se sustentam em função dos baixos níveis de atributos ambientais. Experiências no passado atestam esta assertiva: reflorestamentos das encostas realizados em parceria com o Banco Mundial e Caixa Econômica Federal na década de 80 não surtiram efeitos esperados (SPOLIDORO, 1998).

Aproveitando os plantios realizados pela Pedreira Vigné Ltda como parte dos trabalhos do Programa de Controle Ambiental, avaliou-se a sustentabilidade de ambientes fisicamente similares, fato este que pode permitir o aprimoramento dos conhecimentos sobre os funcionamentos dos ecossistemas da encostas Norte da serra do Madureira-Mendanha.

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3 – OBJETIVOS 3.1- Geral

Avaliar a sustentabilidade ambiental de reflorestamentos mistos, com espécies pioneiras e/ou nativas, em ambientes com exíguos atributos ambientais na vertente Norte da serra do Madureira - Mendanha.

3.2- Específicos

• Identificar áreas reflorestadas com atributos ambientais similares;

• Caracterizar ecossistemas perturbados com níveis diferenciados de resiliência;

• Caracterizar os reflorestamentos implantados como medidas de recuperação de ecossistemas perturbados, onde se utilizou espécies com distintas funções ecológicas;

• Determinar e comparar os níveis de auto-sustentabilidade dos ambientes com e sem reflorestamentos.

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4 - METODOLOGIA

4.1 - Área de estudo

A serra do Madureira-Mendanha localiza-se na região Metropolitana do Rio de Janeiro (Figura 01), estando situada entre os paralelos 22o45´- 22o51´ S e 43o26´- 43o36’ W.

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4.2 - Vegetação

A região pertence ao domínio da Mata Atlântica, estando a área de estudo em um enclave de Floresta Estacional Semidecidual, onde aproximadamente 50% das árvores perdem folhas na época seca (inverno com 4 a 6 meses). O ponto mais alto da serra é o Pico do Gericinó (964 m), onde predomina vegetação do tipo Floresta Estacional Semidecidual Montana. As cinco áreas estudadas encontram-se na Floresta Estacional Semidecidual Sub-montana, com níveis distintos de alterações. A Mata é considerada sistemas secundários (IBGE, 1992) com alterações indiretas e as 4 demais áreas com alterações diretas e indiretas. Há acessos, agricultura de subsistência, fruticultura e pecuária extensiva com manejo de queimadas, descaracterizando a vegetação original.

A Mata não sofre as mesmas ações de forma direta há vários anos, pelo menos desde o início do século XX conforme registros fotográficos. Associado a estes fatos há a menor intensidade de intervenção no passado, devido aos acessos dificultosos a as distancias, que contribuíram para que elas resguardassem resiliência diferenciada, embora se encontram amontoados de pedras nos topos dos morros, prática comum feita pelos escravos para viabilizar a preparação do terreno com mecanização de tração animal.

4.3 - Solos

Na região predominam Neossolos, ou solos Litólicos com afloramentos rochosos (PALMIERI, 1980), sendo este um dos principais problemas da serra do Madureira-Mendanha, dada a agressividade do capim colonião mesmo nestas condições e os riscos de incêndios (VALCARCEL, 1995).

4.4 - Clima

O clima segundo a classificação de Koppen varia de Tropical de Altitude (Cwa) nas cristas da Serra a Tropical (Aw) nas áreas baixas, ambos caracterizados por verão chuvoso e inverno seco. A média anual de temperatura

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é de 17a 22o C (Cwa) e 22 a 24oC (Aw). A precipitação média anual é de 1.212 mm (MATTOS et al., 1998).

4.5 - Antecedentes

Os primeiros habitantes da região foram os índios Jacutinga que ocupavam a baixada. Em meados do século XVI chegaram os primeiros colonos europeus em busca de terras férteis para a agricultura. O desmatamento da serra do Madureira-Mendanha teve razões históricas e econômicas, estando a destruição da mata nativa ligada aos ciclos econômicos (IEF, 1992).

As lavouras de cana-de-açúcar, arroz, milho, mandioca e feijão, foram as principais fontes de renda da região, onde a rentabilidade conjugava alta produtividade e facilidade de escoamento por via fluvial ou terrestre.(TCR, 2004).

Os laranjais foram implantados no início do século XIX aproveitando os terrenos secos, onde anteriormente havia cana-de-açúcar. A facilidade de escoamento da produção e as grandes extensões dos plantios tornaram a citricultura no ano 1891 um dos principais elementos das pautas de exportações do País, sendo seu período áureo na década de trinta (1930-1939), quando Nova Iguaçu foi chamada de “Cidade Perfume”, pois as laranjeiras em floração exalavam cheiro agradável que contagiava a ferrovia. As exportações foram interrompidas com a primeira guerra mundial e os laranjais entraram em decrepitude, cedendo lugar às atividades Industriais e de pastagens (TCR, 2004).

Hoje predominam a mineração na base da serra e a pecuária extensiva na parte superior. A pecuária ocupa a vertente norte e é caracterizada por pequenos rebanhos, criados de forma extensiva em terrenos alheios, sem investimentos ou agregação de tecnologia (SPOLIDORO, 1998). Foram registradas 9.760 unidades animais distribuídas entre os rebanhos de gado bovino, caprino, ovino e eqüino (IBGE, 2003). A principal técnica de “renovação” das pastagens é a queimada dos capinzais, prejudicando lenta e gradualmente a vegetação nativa remanescente e

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os ecossistemas, fato este que confere quadro inercial de tendência de degradação.

As formações florestais ocupam 33% do município, as vegetações secundárias (capoeiras e capoeirões) 7%, as áreas agrícolas 3%, os campos e pastagens 10%, as áreas urbanas 31% e as áreas degradadas 5% (TCR, 2004).

4.6 - Amostragem

Foram localizadas áreas com fatores abióticos similares em base cartográfica (FUNDREM, Escala 1:10.000) com Mata, Pastos e Reflorestamentos.

Para avaliar a similaridade dos fatores abióticos utilizou-se os seguintes parâmetros: a) exposição solar; b) orientação; c) ângulo de incidência de ventos; d) comprimento de rampa; e) altitude; f) profundidade de solo; g) área de captação à montante; g) declividade; h) proximidade de acesso motorizado; i) proximidade de fontes de propágulos; e j) natureza da perturbação (tamanho, duração, intensidade e freqüência). Esses fatores podem regular funções dos ecossistemas e determinar processos ecológicos e hidrológicos (BAZZAZ e PICKETT, 1980; FURHER, 2000). Eles foram determinados segundo metodologia descrita na literatura (GREGORY e WALLING, 1985; SPOLIDORO, 1998).

4.7 - Caracterização dos reflorestamentos 4.7.1 - Silvicultural

A Pedreira Vigné Ltda iniciou os reflorestamentos considerados Tratamentos (Medida Biológica de recuperação de áreas degradadas) (Tabela 01) nas áreas sem previsão de exploração mineral em 1996, assim como a construção do aceiro de 6 metros (Anexo fotográfico - Fotos 01 e 02)

Os plantios são equiano, efetuados pela mesma equipe, com mudas de mesma procedência, com os mesmos tratos culturais, ou seja, covas de 0,40 x 0,40 x 0,40, com dois litros de esterco bovino/cova.

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O papel funcional das espécies ficou determinado pela presença e concentração do Eucalyptus citriodora, Mimosa caesalpinifolia utilizadas como pioneiras em quantidades distintas nos três tratamentos. Foram priorizadas espécies nativas para acelerar os processos sucessionais na encosta. A espécie

Senna sp. não subsistiu e foi suprimida.

Atualmente a cobertura das três áreas é total, embora não seja densa e facilite a entrada do Panicum maximum, espécie heliófila de alta capacidade colonizadora.

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Tabela 01: Caracterização silvicultural das medidas biológicas avaliadas na

Pedreira Vigné Ltda.

Espécies Plantadas MB1 MB2 MB3

Mimosa caesalpiniifolia Benth. 08 01 03

Eucalyptus citriodora Hook. 01 09 02

Schinus terebinthifolius Raddi. - - 02

Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. 01 - 05

Caesalpinia férrea Mart. - - 02

Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. - - 01

Psidium guajava L. 01 01 01

Senna sp. - - 03*

Machaerium rhorii (Vell.) Stellfeld. - - 01

Área (m2) 130 135 140 Riqueza Nº indivíduos 4,0 25 3,0 30 9,0 28 Densidade (ind/ha) 1.923 2.222 2.000 Nota: * 100% de mortalidade. 4.7.2- Ecológica

A mesma densidade, idade, tratos culturais e formas de plantios, associados aos parâmetros físicos similares entre áreas, permitem abstrair teoricamente que os fatores externos destes ecossistemas são similares, e que alguma diversidade que se possa encontrar se deve a fatores internos, ou seja, dependentes das espécies utilizadas, similar como em outros estudos (KAGEYAMA e CASTRO, 1989; PARROTA et al., 1997; SOUZA et al., 2003). O estudo das funções das espécies é um importante instrumento de manejo de ecossistemas tropicais, dado a biodiversidade disponível para otimizar técnicas de recuperação de ecossistemas perturbados.

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A combinação das composições de espécies, comportamentos fisiológicos e aspectos fenológicos, pode influenciar na filtragem da energia, lavagem dos exudatos das folhas, formação de substancias químicas e freqüência de animais dispersores de sementes.

A utilização de Psidium guajava, Schinus terebinthifolius, Inga sp (Anexo fotográfico - Foto 03) oferecem alimento e atraem fauna dispersora, podendo acelerar o processo sucessional. Elas devem ser levadas em consideração quando a meta é recuperação funcional do ecossistema (WUNDERLE Jr, 1997, REIS e KAGEYAMA, 2003).

4.8- Regeneração espontânea

O levantamento da regeneração espontânea foi realizado pelo método de pontos (MANTOVANI e MARTINS, 1990). Este método é recomendável para ambientes onde predominam espécies de porte herbáceo, arbustivo e trepadeiras (CASTELLANI & STUBBLEBINE, 1993), causando baixo impacto na vegetação e sendo de fácil aplicação.

O procedimento consistiu em apoiar verticalmente uma vara graduada a cada metro seguindo orientação do escoamento da água, registrando-se: a) espécie; b) número de vezes que a espécie toca na vara; e c) altura da planta (Figura 02).

(22)

Figura 02: Método de pontos.

A amostragem foi representativa do número de espécies dos ecossistemas, onde a suficiência amostral foi determinada pela curva do coletor (GUEDES - BRUNI et al., 2002).

Os levantamentos foram feitos em Agosto de 2004 (inverno) e Fevereiro de 2005 (verão) determinando os seguintes parâmetros fitossociológicos:

DENSIDADE RELATIVA (DR): Relação entre o número de indivíduos tocados e totais amostrados, uma vez que não se utiliza área neste método.

Equação 1 DENSIDADE RELATIVA

(01)

Onde:

n = número de indivíduos da espécie considerada. N =número total de indivíduos amostrados.

VIGOR ABSOLUTO (VA): Expressa o êxito que uma espécie tem na comunidade. Para a metodologia de pontos, usa-se o número de toques da espécie na vara para o cálculo deste parâmetro que equivale à dominância em outros métodos .

N

n

DR

=

100

.

(23)

Equação 2 VIGOR ABSOLUTO

NTP NT

VA=100. (02)

Onde:

NT = número de toques da espécie considerada. NTP = número total de pontos.

VIGOR RELATIVO (VR): Corresponde à proporção do vigor absoluto de cada espécie em relação às demais.

Equação 3 VIGOR RELATIVO

= VA VA VR 100. ou NTT NT VR=100. (03) Onde:

VA = vigor absoluto da espécie considerada.

∑ VA = somatório dos vigores absolutos de todas as espécies . NTT = número total de toques.

MÉDIA DE TOQUE (MT): Estimativa da relação entre o número de vezes que a vara toca a espécie com o número de pontos onde a espécie ocorre, determinando o número médio de estratos de folhagem que cobre o solo.

Equação 4 MÉDIA DE TOQUE

NP NT

MT = (04)

Onde:

NT= número de toques da espécie considerada. NP= número de pontos com a espécie considerada.

FREQÜÊNCIA OU COBERTURA ABSOLUTA (FA) : É a porcentagem do número de pontos onde ocorre a espécie em relação ao número total de pontos (MATTEUCCI e COLMA, 1982 apud SILVA, 1991).

Equação 5 FREQÜÊNCIA OU COBERTURA ABSOLUTA

NTP NP

FA=100. (05)

Onde :

NP= número de pontos/sp NTP= número total de pontos.

(24)

FREQÜÊNCIA OU COBERTURA RELATIVA (FR): É a comparação das freqüências absolutas de cada espécie em relação às demais.

Equação 6 FREQÜÊNCIA OU COBERTURA RELATIVA

= FA FA FR 100. (06) Onde:

FA = freqüência absoluta da espécie considerada.

∑FA= somatório das freqüências absolutas de todas as espécies

FREQÜÊNCIA OU COBERTURA DA ÁREA (CR): É a freqüência relativa dos pontos com ocorrência de espécies.

Equação 7 FREQÜÊNCIA OU COBERTURA DA ÁREA

(

)

= FA FA No CR 100 . (07) Onde:

No = porcentagem de pontos sem toques.

VALOR DE IMPORTÂNCIA (VI): É calculado pela soma dos valores relativos de freqüência, densidade e vigor.

Equação 8 ÍNDICE DE VALOR DE IMPORTÂNCIA

VR DR FR VI = + + (08) Onde: FR = freqüência relativa DR = densidade relativa

VR = vigor absoluto da espécie considerada.

ÍNDICE DE COBERTURA (IC): Soma da freqüência absoluta com vigor absoluto da espécie, que pode ser correlacionado com a biomassa de uma espécie.

Equação 9 ÍNDICE DE COBERTURA

VA FA

IC = + (09)

Onde:

FA = freqüência absoluta da espécie considerada. VA = vigor absoluto da espécie considerada.

(25)

ÍNDICES DE DIVERSIDADE de SHANNON (H’): usado na determinação da riqueza de espécies por área (RICKLEFS, 2003).

Equação 10 ÍNDICES DE DIVERSIDADE E SIMILARIDADE             − =

N Ni N Ni H´ log (10) Onde:

H´= índice de diversidade de Shannon ni = Número de indivíduos de cada espécie N = Número total de indivíduos

SIMILARIDADE (C): mede a similaridade das espécies entre parcelas amostrais distintas. Equação 11 SIMILARIDADE c b a c C − + = (11) Onde:

c = Número de espécies comuns entre duas parcelas. a = Número de espécies de uma parcela.

b = Número de espécies da outra parcela.

4.9 - Serrapilheira

O recobrimento do solo por serrapilheira foi avaliado pelo método de áreas móveis (NEVES, 2005), onde se utilizou parcela de um metro quadrado ao redor de cada ponto do levantamento fitossociológico estimando-se a cobertura (%). A altura da serrapilheira (cm) foi medida usando a mesma vara graduada do levantamento da composição florística e no centro da parcela móvel.

4.10 - Musgos e Microtopografia

Em cada ponto amostrado no levantamento da regeneração foi atestada a presença ou ausência de musgos, sendo sua ocorrência representada pela porcentagem de pontos onde eles estavam presentes (SILVA, 1996). Nos mesmos pontos, a microtopografia foi levantada em função da combinação de

(26)

formas que quando vistas em planta e em perfil podem gerar nove diferentes combinações topográficas (Figura 03).

Figura 03: Nove combinações de formas de encostas, em

(27)

5- RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1- Caracterização dos Tratamentos

As condições ambientais geradas pelos fatores abióticos determinam o comportamento hidrológico das encostas. Como prerrogativa básica para avaliar a eficiência das medidas biológicas estabeleceu-se a busca da similaridade ambiental entre as parcelas para igualar os efeitos do meio e poder individualizar os efeitos sinérgicos adquiridos pelas plantas utilizadas nos reflorestamentos, que pode ter influenciado na construção do ecossistema e, com isso garantir a sua sustentabilidade.

Os parâmetros abióticos (Tabela 02): declividade, comprimento da rampa, altitude, profundidade de solo, captação de água à montante, proximidade a acessos, orientação, direção e velocidade dos ventos apresentaram variações que foram analisadas de forma individual e dentro de um modelo de funcionamento do ecossistema (Figura 04).

As cinco parcelas com área média de 120m2 apresentam mesmo comprimento de rampa, variável que interfere na infiltração da água e magnitude do escoamento superficial em uma encosta.

A exposição da encosta à incidência de radiação é uma variável que interfere na interceptação dos ventos, das chuvas e dos parâmetros influenciadores na evaporação/transpiração, afetando a desidratação das parcelas de forma homogênea. A orientação similar das vertentes faz com que as áreas amostradas estejam sobre as mesmas influências da radiação solar, homogeneizando as chances de dessecamento dos solos e determinando as condições microclimáticas locais.

Esse fato é agravado pela alta declividade, variável de comportamento similar nos tratamentos e pela exígua profundidade dos solos (0,20< p <0,80m), que determina o volume de água armazenada.

(28)

A distância média das fontes de propágulos às parcelas foi de 639 m, podendo ser considerada similar entre as parcelas, fator este que garante mesma oferta de sementes e mecanismos dispersores naturais.

Considerando a similaridade dos parâmetros abióticos analisados, é de se esperar que o comportamento das variáveis que interferem no funcionamento dos ecossistemas sejam também similares, nos permitindo inferir sobre identidades comportamentais entre os tratamentos.

Embora esta abstração teórica não seja totalmente verdadeira, a estratégia foi considerada oportuna, pois o que se pretende é caracterizar funcionalmente os ecossistemas construídos e avaliar melhores estratégias de recuperação de ecossistemas perturbados.

Tabela 02: Parâmetros físicos das áreas de amostragem em Nova Iguaçu, RJ.

Unid MB1 MB2 MB3 MATA PASTO

Declividade % 30,61ac 44,34a 38,99a 18,50b 24,48bc Comprimento da rampa m 13,40a 10,57a 11,89a 11,46a 9,39a Altitude sobre nível mar m 90 95 95 330 85 Profundidade do solo cm 20 - 80 20 - 80 20 - 80 20 - 80 20 - 80

Orientação angulo NE NE NE NO NE

Direção dos ventos: inverno/ verão angulo SO NE SO NE SO NE SO NE SO NE Distancia fonte de propágulos m 634 634 634 0 655 Proximidade dos acessos m 0 0 0 257 153

Nota: Unid.= Unidade; MB1 = Medida Biológica 1; MB2 = Medida Biológica 2 e MB 3= Medida Biológica 3. Os Números seguidos da mesma letra na mesma linha indicam similaridade pelo teste de Tukey (α 0,05).

Contrapondo aos parâmetros considerados similares, a declividade apresentou valores médios em dois grupos distintos: a) 37,9% – agrupado nas MB1, MB2 e MB3 e b) 21,5% - Pasto e Mata. Os tratamentos do Pasto e Mata não diferiram entre si e tiveram as menores médias de declividade, sendo

(29)

esperada uma condição similar de comportamento hidrológico, não fosse pela diferença considerável do tipo de cobertura vegetal de cada parcela.

A declividade, comprimento de rampa e cobertura vegetal influenciam a capacidade de infiltração e administração de água no solo. Este fato afeta o teor de umidade no solo, o escoamento superficial, fluxo sub-superficial e fluxo básico (LIMA, 1986).

A altitude foi o parâmetro mais destoante entre as parcelas, estando a mata 235 m acima das demais, podendo significar 1,4°C de redução de temperatura, fator que regula umidade relativa do ar e microclima, podendo influenciar na formação de propriedades favoráveis à regeneração espontânea de espécies arbóreas. Geralmente a redução de temperatura se dá numa proporção de 0,6ºC a cada 100 metros de desnível de cota (VIANELLO e ALVES, 2002). Esta variação influencia as condições microclimáticas locais onde as temperaturas mais baixas facilitam os processos de condensação do vapor d'água modificando as condições de umidade local.

Em estudos de interceptação vertical das bacias aéreas em Nova Friburgo, RJ, BARBOZA (2004) encontrou precipitação interna maior que externa fora da floresta em Nova Friburgo, valor este proveniente da condensação do vapor d'água após interceptação pela vegetação. Este fator pode ser importante na determinação dos teores de umidade do ambiente e caracterização do microclima local.

Os afloramentos rochosos (Anexo fotográfico, Foto 04) possuem capacidade mínima de reter a água e gerar infiltração, aumentando a propensão ao déficit hídrico do solo, pois a evaporação e transpiração são fontes de perda de água dos ecossistemas.

(30)

Figura 04: Modelo de ecossistema e relação com os fatores abióticos das

(31)

A incidência dos ventos úmidos é um fator importante na determinação das condições locais de umidade e na determinação da diversidade local. As correntes de ar carregado de umidade na região litorânea adentram o continente e perdem umidade conforme encontram anteparos como morros e serras (chuvas orográficas), chegando secas ao interior do continente (BARBOZA, 2004). As serras próximas ao mar interceptam umidade quanto mais frontal for a exposição a direção SW (ângulo das chuvas mais freqüentes). A orientação das encostas de ângulo Nordeste recebem os ventos SO (inverno) e NE (verão) com formas distintas de efeitos orográfico, reduzindo volume precipitado nos ecossistemas. Como as chuvas anuais são mal distribuídas temporalmente e totalizam 1.212 mm, predominam poucos eventos de alta intensidade, desequilibrando ainda mais os frágeis ecossistemas.

Esse fator aliado à intensa incidência diária de raios solares gera temperaturas maiores no solo e ar, como observado no maciço da Tijuca, RJ (OLIVEIRA et al., 1995). Segundo os autores esta fator gera condições microclimáticas diferenciadas, influenciando na diversidade de espécies nas encostas úmidas e propensão a fogo nas encostas Norte (MIRANDA e OLIVEIRA, 1983; OLIVEIRA et al., 1995; SPOLIDORO, 1998).

Para a área de estudo, os ventos úmidos vindos do mar (baía de Sepetiba) desviam por dois corredores formados pelo maciço da Pedra Branca e pela serra de Paracambi (Figura 05), incidindo uma pequena parte na vertente Sul (barlavento) da serra e chegando desprovidos de umidade nas encostas Norte (sotavento), podendo até causar dessecamento do solo por transferência de umidade do solo pouco profundo e das plantas para o ar seco.

(32)

Figura 05: Bacias aéreas no Maciço Madureira-Mendanha, RJ.

A proximidade das estradas facilita o acesso e aumenta as chances de perturbações antrópicas. A Mata apresenta isolamento dos acessos motorizados, apesar de ser acessível por trilha, enquanto as medidas biológicas e o Pasto encontram-se próximos às estradas tornando as perturbações mais freqüentes.

Os fatores citados influenciam a oferta de condições à regeneração, motivo pelo qual levantou-se parcelas com atributos físicos similares, para que os efeitos na regeneração fossem atribuídos às diferenças na composição das espécies dos reflorestamentos. Como as medidas biológicas têm diferentes composições de espécies, tentou-se inferir o papel das espécies no aumento da oferta de atributos ambientais, devido a alguns aspectos: a) atração da fauna dispersora; b) facilitação dos processos sucessionais; e c) manutenção dos ecossistemas.

5.2- Caracterização da vegetação

As florestas originais foram modificadas assim como os seus solos até próximo a exaustão, onde as monoculturas, os usos e os motivos econômicos foram os principais objetivos. As variáveis econômicas também conformaram os mecanismos de retro-alimentação para sustar o processo de degradação destes ecossistemas, pois não se tornou viável continuar explorando. As terras abandonadas foram transformadas em pastagens, que pegam fogo regularmente.

(33)

O tratamento utilizado como referência (Mata) é heterogeneamente estratificado, com espécies arbóreas nativas, lianas e epífitas dominando a estrutura da paisagem (Anexo fotográfico - Fotos 05, 06 e 07). Os processos sucessionais ocorrem de forma sustentável. Os incêndios quando chegam nestas áreas, apresentam menor intensidade, pois tiveram que atravessar pasto empobrecido, não encontram capim e apresentam mecanismos próprios de retenção de água. Eles apenas chamuscam as bordas e não destroem os fragmentos.

As pastagens (Anexo fotográfico - Fotos 08 e 09) são ecossistemas menos diversos, com predomínio de capim colonião, altamente susceptível aos incêndios, que queimam toda biomassa, seleciona a regeneração, que mal consegue competir com o capim e assim permanecem em empobrecimento paulatino, pois há perda no verão pela erosão e no inverno pela volatilização dos elementos químicos dos ecossistemas. Por este motivo estes ecossistemas são menos resilientes e permanecem com tendência de degradação. A tendência inercial de degradação independe dos usos do solo e só deverá ser revertida naturalmente quando os processos erosivos promoverem a retirada do solo e a superfície da rocha aflorar.

Os ecossistemas com máxima e mínima resiliência evidenciam ambientes com intensidades distintas de perturbações, onde o papel das medidas biológicas de recuperação dos ecossistemas pode ser valorado. Espécies rústicas combinadas promovem funções distintas aos ecossistemas? O monitoramento da sustentabilidade ambiental foi avaliado para tentar identificar respostas a esta indagação.

(34)

5.3- Análise da sustentabilidade 5.3.1- Suficiência Amostral

A curva do coletor (Figura 06) relaciona número de pontos e novas espécies levantadas. O ponto de inflexão evidencia o momento em que a área (número de pontos x 1m2) de amostragem é mínima necessária para representar a riqueza da comunidade. O ajuste aos modelos de regressão sinalizam tendências, que definem diversidade de comunidades (GUEDES-BRUNI, 1998).

Esta curva permite dimensionar o mínimo esforço de amostragem para se ter representatividade do ecossistema constituído pelas espécies regenerantes, que estão ingressando nos ecossistemas em função da oferta de propriedades emergentes emanadas pelos tratamentos de recuperação, definidos como medidas biológicas.

A riqueza de espécies depende dos efeitos provenientes das interações dos componentes bióticos, ou seja, dos efeitos que as espécies plantadas possam propiciar para oferecer propriedades emergentes e otimizar as funções dos ecossistemas.

O Pasto apresentou menor esforço amostral para selecionar uma parcela representativa deste ecossistema, evidenciando que com uma área mínima de 65 m2 é representatividade da composição florística desse ecossistema. Na MB2 o esforço de amostragem mínimo foi de 90 m2. Na Mata não houve ajuste, evidenciando que o esforço de amostragem foi pequeno. Nas medidas biológicas MB1 e MB3 a inflexão foi alcançada com 110 e 115 pontos.

(35)

Figura 06: Curvas do coletor para as parcelas amostradas. Pasto R2 = 0,9344 R2 = 0,9019 0 5 10 15 20 25 30 1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101 Núm . de pontos N ú m. de epécies

espécie Log. (espécie) Linear (espécie)

MB2 R2 = 0,9296 R2 = 0,937 0 5 10 15 20 25 30 1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101 111 121 131 Núm . de pontos N ú m. de espécies

espécie Linear (espécie) Log. (espécie)

M B1 R2 = 0,9746 R2 = 0,8796 0 5 10 15 20 25 30 1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101 111 121 Núm . de pontos núm. de espécies

espécie Linear (espécie) Log. (espécie)

MB3 R2 = 0,9622 R2 = 0,8089 0 5 10 15 20 25 30 1 15 29 43 57 71 85 99 113 127 141 Núm . de pontos m. d e esp écies

espécie Linear (espécie) Log. (espécie)

Mata R2 = 0,7961 R2 = 0,9749 0 5 10 15 20 25 30 1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 Núm . de pontos N ú m. de espécies

espécie Log. (espécie) Linear (espécie)

(36)

5.3.2- Regeneração Espontânea

A dinâmica da vegetação e sua distribuição na paisagem estão relacionadas ao estágio sucessional e seu padrão de ocorrência condiciona a surgimento de espécies ou famílias botânicas (IBGE,1992).

Estudos botânicos são importantes para caracterizar as espécies de cada ambiente e suas substituições ao longo dos processos de fragmentação e sucessão natural, facilitando o entendimento da dinâmica de paisagens fragmentadas e colaborando com o desenvolvimento de técnicas viáveis de recuperação e seleção de espécies apropriadas ao reflorestamento e recuperação funcional da vegetação implantada.

No levantamento sazonal da regeneração espontânea foram amostrados 1.501 indivíduos no verão e 940 no inverno, sendo estes representantes de 74 espécies, 67 gêneros e 39 famílias (Tabela 03).

(37)

Tabela 03: Ocorrência sazonal das espécies nas parcelas amostradas em

Nova Iguaçu, RJ.

FAMÍLIAS/ESPÉCIES MB1 MB2 MB3 PASTO MATA

ACANTHACEAE

Chamaeranthenum venasum M.B.Foster e Lor.B.Sm. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X

ANACARDIACEAE

Astronium graveolens Jacq. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X

ARALIACEAE

Philodendrum sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X

ASCLEPIADACEAE

Oxipetalum sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X

ASTERACEAE

Chaptalia interregima (Vell) Burkart - X X -

Emilia sonchifolia (L.) Dc. - - X - -

Eupatorium maximilianii Schrad. X - -

Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. - ∗ ∗ ∗ ∗ - - Pterocaulon sp. ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ X X ∗ ∗ ∗ ∗ X -

Tridax procumbens L. - X - -

BIGNONIACEAE

Arrabidea leucopogon (Schltdl.) Sandwith ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X - -

Arrabidea sp. ∗ ∗ ∗ ∗ X X - -

Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. - X - - Tabebuia chrysotricha (Mart.) Standl. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X

BOMBACACEAE

Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Rob. ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ X - -

BROMELIACEAE

Bromelia antiacantha Bertol. - - - X

Crypthantus sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X

CACTACEAE

Sp70 X

CAESALPINACEAE

Piptadeia gonoacantha (mart.) Macrb. - ∗ ∗ ∗ ∗ X - - Senna obtusifolia (L.) H.S.IrwineBarneby - - X -

CLETHRACEAE

Clethra brasiliensis Cham.& Schltdl. X X X - -

COMBRETACEAE

Terminalia catappa L. X - - -

COMELLINACEAE

Commelina diffusa Burm.f. ∗ ∗ ∗ ∗ X - X - -

CUCURBITACEAE

Momordica charantia L. - - - X

DIOSCORIACEAE

Dioscoria sp. - - - X

(38)

ERYTROXYLACEAE

Eritroxylum pulchrum A. St. Hil. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X

EUPHORBIACEAE Alchornea sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X Croton sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X Jatropha gossypifolia L. - X X - - Sp66 - - - X FABACEAE

Aschinomene viscosa Nocca X

Clitoria sp - - ∗ ∗ ∗ ∗ X -

Desmodium tortuosum (Sw.) Dc. - - ∗ ∗ ∗ ∗ X -

Galactia sp. X X ∗ ∗ ∗ ∗ X -

Macherium rohrii Raddi. ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X - -

Vigna sp1 ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X X -

Vigna sp2 X X X ∗ ∗ ∗ ∗ X -

FLACOURTIACEAE

Casearia sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X

GRAMINEAE

Panicum maximum Jacq. ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X

LABIATEAE

Hyptis suavolens (L.) Poit. ∗ ∗ ∗ ∗ X - -

MALVACEAE

Sida soinosa L. ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ X -

Sida sp. X - - -

Sidastrum micranthum ( St. Hil.) - ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X - -

Waltheria indica L. - X ∗ ∗ ∗ ∗ X -

Wissaluda amplissima (Kuntze)R.E.Fr. − ∗ ∗ ∗ ∗ - -

MIMOSACEAE

Caliandra sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X

Inga fagifolia Willd. ∗ ∗ ∗ ∗ X - X - -

Leucaena leucocephala (Lam.) de wit ∗ ∗ ∗ ∗ X X ∗ ∗ ∗ ∗ X - -

Acacia sp. ∗ ∗ ∗ ∗ X - ∗ ∗ ∗ ∗ X

Mimosa caesalpinifolia Benth. ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X - -

MYRTACEAE

Eucaliptus citriodora Hook. - ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ - - Eugenia cuprea (O.Berg.)Willd. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X

Eugenia fumicifolia Dc. - - ∗∗∗∗ X

Eugenia jambolana Lam. - - X -

Eugenia uniflora L. ∗ ∗ ∗ ∗ X - - -

Eugenia sp X

Pisidium guajava L. ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X -

RUBIACEAE

Alseis floribunda Schott. ∗ ∗ ∗ ∗ X - - - Spermacoce verticilata L. X ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ X X -

Chomelina sp. - X - -

(39)

RUTACEAE

Sp10 ∗ ∗ ∗ ∗ X - ∗ ∗ ∗ ∗ X - X

Sp60 - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X

SAPINDACEAE

Felicium decipiens X ∗ ∗ ∗ ∗ X

Serjania caracasana (Jacq.) Willd. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X

SOLANACEAE

Solanum palinacanthum Dunal - X ∗ ∗ ∗ ∗ X -

VERBENACEAE Lantana camara L. - ∗ ∗ ∗ ∗ X X - - ORCHIDACEAE Stenocladis maculata - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X PASSIFLORACEAE Passiflora sp. X X - X

NÃO IDENTIFICADAS (NI)

Sp2 ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X - - Sp5 ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X - - Sp31 - X - - Sp45 - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X Sp55 - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X Sp56 - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X Sp68 - - - X Sp69 X ∗ − ∗ − ∗ −

∗ − Espécies amostradas no inverno/2004. X− Espécies amostradas no verão/2005.

As famílias de maior ocorrência nos estágios iniciais de sucessão são Gramineae, Solanaceae, Asteraceae, Melastomataceae, sendo posteriormente substituídas por espécies das áreas circundantes (IBGE, 1992). Considerando-se as cinco parcelas amostradas, as famílias com maior número de espécies em ordem decrescente foram, Fabaceae, Myrtaceae, Asteraceae, Malvaceae, Mimosaceae, Bignoniaceae e Euphorbiaceae (Figura 07).

(40)

Figura 07: Número de espécies por família,

Nova Iguaçu, RJ.

Algumas dessas famílias ocorrentes foram classificadas por LEITÃO-FILHO (1993) como sendo famílias de estágio intermediário de sucessão (Myrtaceae, Euphorbiaceae, Rubiaceae). Do total de 39 famílias, 23 tiveram apenas uma ou duas espécies como representantes. Oito famílias não foram identificadas por ausência de material reprodutivo ou por se tratarem de plântulas que são de difícil identificação no campo.

Além dos dados taxonômicos, a estrutura da vegetação nos fornece dados sobre os mecanismos de colonização das áreas estudadas. A estrutura da vegetação de cada parcela pode ser observada na figura 08.

3 4 4 5 5 6 7 7

Fabaceae Myrtaceae Asteraceae Malvaceae Mimosaceae Bignoniaceae Euphorbiaceae Rubiaceae Bromeliaceae Caesalpinaceae Rutaceae Sapindaceae Acanthaceae Anacardiaceae Araliaceae Asclepiadaceae Bombacaceae Cactaceae Clethraceae Combretaceae Comellinaceae Cucurbitaceae Dioscoriaceae Erytroxylaceae Flacourtiaceae Poaceae Labiateae Solanaceae Verbenaceae Orchidaceae Passifloraceae

2

(41)

Figura 08: Estrutura da vegetação nas parcelas

amostradas.

A Mata obteve o maior número de espécies arbóreas (12), (Tabebuia

crysotricha, Astronium Graveolens, Eritroxylum pulchrum, Croton sp, Eugenia cuprea, Eugenia fumicifolia, Casearia sp., Alchornea sp., Sp10, Sp55, Sp60 e

Sp69) sendo a maioria espécies secundárias iniciais e tardias.

Nos tratamentos MB1, MB2 e MB3, as arbóreas encontradas representam em sua maioria regeneração das espécies plantadas (Anexo fotográfico, Fotos 10, 11 e 12), mas houve cinco espécies arbóreas provenientes de espécies não plantadas (Tabela 04) (Sp10, Sp27, Sp31, Eugenia sp, Felicium decipiens, Inga

fagifolia) (Anexo fotográfico - Fotos 13, 14 e 15).

O Pasto apresentou apenas duas espécies arbóreas em regeneração sendo a

Eugenia jambolana um rebroto de uma arvore cortada e a Pisidium guajava

(Anexo fotográfico - Foto 16) regeneração do banco de sementes formado por uma antiga goiabeira que também foi cortada, evidenciando perturbações antrópicas que vão contra os processos regenerativos, aumentando a tendência de degradação destes ambientes.

0 2 4 6 8 10 12 14 MB 1 MB2 MB3 MATA PAST O N° de espécies Arbórea Herbácea Trepadeira s Arbustivo/A rbórea Graminea

(42)

Tabela 04: Porcentagem de regeneração a partir de espécies plantadas e de não plantadas. Regeneração de Arbóreas (%): MB1 MB2 MB3 MATA PASTO Universo amostral n = 8 n = 7 n = 9 n = 12 n = 2 PLANTADAS 75 85,7 55 0 50 ESPONTÂNEAS 25 14,3 45 100 50

As arbustivo/arbóreas foram representadas por apenas três indivíduos nas cinco parcelas amostradas, sendo Caliandra sp. na Mata, Alseis floribunda na MB1 e Senna obtusifolia no Pasto.

As trepadeiras e lianas foram abundantes em todas as parcelas. A morfoespécie Sp5 foi a espécie de trepadeira dominante estando presente nas três medidas biológicas. Acacia sp. foi a única espécie comum entre à Mata e a dois plantios (MB2 e MB3).

As herbáceas foram muito abundantes e predominaram nos ambientes mais perturbados (pasto e plantios). As herbáceas da área de plantio, representam espécies bastante comuns em ambientes perturbados (Chaptalia integerrima,

Eupatorium maximilianii, Emilia sonchifolia, Porophillum ruderale, Pterocaulon sp., Sida spinosa, Spermacoce verticilata, Sida sp., Sidastrum micranthum, Vigna sp., Wissaluda amplíssima). Na mata, foram representadas por oito espécies, todas

exclusivas deste ambiente como bromélias, orquídeas e filodendros (Crypthantus

sp, Bromelia antiacantha, Stenocladis maculata, Phylodendrum sp, Chamaeranthenum venasum, cactaceae NI, Sp68) ( Anexo fotográfico - Fotos

17-20) mostrando ambiente heterogêneo e próximo do equilíbrio natural dos ecossistemas de Mata Atlântica (GUEDES-BRUNI et al., 2002; IBGE, 1992).

Plantas ruderais se desenvolvem em áreas de cultivo, junto às plantas cultivadas (SER, 2002). Estas foram representadas no pasto por espécies como

(43)

fotográfico - Foto 21), representando os primeiros estágios sucessionais onde a ocorrência de espécies rústicas capazes de suportar condições adversas de perturbação é freqüente (IBGE, 1992).

A gramínea Panicum maximum mostrou-se abundante tanto na pastagem quanto nos tratamentos de plantio amostrados (Anexo fotográfico - Fotos 22-27). A presença desta espécie demonstra que as árvores do reflorestamento ainda não proporcionam sombreamento capaz de inibir o capim.

Em São Paulo, SOUZA et al. (2003) encontraram maior densidade de capim colonião em área reflorestada nos meses de inverno, pois as características deciduais das espécies utilizadas proporcionaram maior entrada de luz e, conseqüentemente, ambientes propícios as gramíneas. O mesmo não foi observado para Nova Iguaçu, onde o capim colonião teve maior densidade nos meses de verão, provavelmente devido às condições de baixa umidade do inverno, que suprimem até mesmo espécies agressivas como o capim.

Nas fronteiras entre os campos e as florestas, as mudanças agudas na temperatura e umidade da superfície, intensidade de luz e freqüência de incêndios resultam em substituições de espécies (RICKLEFS, 2001). Espécies de gramíneas invasoras são altamente competidoras por nutrientes e substrato com as espécies nativas e demais espécies regenerantes, reduzindo o teor de umidade das camadas superficiais do solo e fornecendo grande quantidade de biomassa seca durante o inverno, facilitando a propagação do fogo e dificultando o crescimento de plântulas de espécies lenhosas, prejudicando o estabelecimento da vegetação arbórea (VALCARCEL,1997; NEPSTAD et al., 1998; CORTINES et

al., 2004).

5.3.3-Sazonalidade das espécies

Quanto ao número de espécies encontradas nos cinco tratamentos, houve uma diferença potencial no verão quando comparadas ao inverno, sendo 70 delas

(44)

sobreposição de espécies entre as duas estações. Do total de 74 espécies, 24 foram amostradas exclusivamente no verão e duasexclusivamente no inverno.

A ocorrência de mais espécies no verão deveu-se principalmente às condições climáticas da estação chuvosa (Figura 09), onde a capacidade de retenção de água pelo sistema fica aumentada e há uma elevação da temperatura. Com isso, aumentam-se as taxas de evapotranspiração e pluviosidade (MATTOS et al, 1998), fazendo com que a umidade relativa do ar e do solo fiquem maior, favorecendo a germinação e estabelecimento das plântulas.

A ocorrência de estação muito seca no inverno (chegando a apresentar índices pluviométricos de 28 mm/mês) caracteriza o ambiente das formações vegetais de Floresta Estacional Semidecidual, onde se tem de quatro a seis meses de seca durante o ano, acarretando no comportamento de caducifolia (perda de folhas) em parte da vegetação como mecanismo de economia de água (Foto 01).

Foto 01: Cobertura de copa na MB1 no verão e inverno respectivamente.

Como conseqüência há mudança na dinâmica de entrada de luz nos estratos inferiores e no solo, propiciando ou inibindo a ocorrência e germinação de

(45)

espécies. Espécies pioneiras geralmente necessitam de quantidade considerável de luz para germinarem. Já as espécies secundárias e climácicas não se desenvolvem bem em condições de alta luminosidade, necessitando de condições sombreadas para seu estabelecimento (SILVA, 1996).

Os critérios usados para classificar espécies em grupos ecológicos pode variar desde a tolerância à luz (DENSLOW, 1980; WHITMORE, 1983; SWAINE e WHITMORE, 1988; VIANA, 1989) até aspetos ecofisiológicos diversos (BAZZAZ e PICKETT, 1980). Alguns autores buscam na relação causal na demografia das comunidades a substituição de espécies, dinâmica da regeneração e processos de sucessão (MARTINEZ-RAMOS et al.,1989).

A baixa umidade do solo nos meses de inverno, representada pelo déficit hídrico, causa condições fisiológicas de estresse nas plantas levando-as muitas vezes ao ponto de murcha permanente, onde elas não recuperam mais a umidade que é toda perdida para o solo ou para plantas mais rústicas e resistentes às condições de seca prolongada (LARCHER, 1977).

No caso das sementes e plântulas, a água é fator ainda mais limitante à germinação e estabelecimento das espécies, que são frágeis e tendem a ser mais prejudicadas e sucumbirem nas condições de falta de umidade.

Outro fator considerável na variação sazonal da regeneração é a presença de espécies anuais que aparecem somente quando as condições ambientais tornam-se favoráveis. Nos meses frios e secos, devido a mecanismos de dormência, onde a planta baixa seu metabolismo para garantir sobrevivência, geralmente utilizam suas reservas de bulbos ou tubérculos, permitindo a supressão da parte aérea nessas épocas de falta de chuva, reaparecendo no final da primavera e início do verão (DELEVORYAS, 1978; LARCHER, 1977).

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Figura 09: Dados climatológicos médios para a estação

meteorológica Agroecologia, Seropédica, RJ. Serie

Te m pe ratura do ar

0

10

20

30

40

Jan

Mar

Mai

Jul

Set

Nov

oC

T média

T max

T min

D e fic iê n c ia e E x c e s s o h íd r ic o s 0 5 1 0 1 5 2 0 J a n M a r M a i J u l S e t N o v mm D E F E X C P r e c i p i t a ç ã o 0 5 0 1 0 0 1 5 0 2 0 0 2 5 0 J a n M a r M a i J u l S e t N o v P P T mm U m i d a d e R e l a t i v a 6 0 6 5 7 0 7 5 8 0 J a n M a r M a i J u l S e t N o v U R % %

(47)

A área que mais respondeu a esse efeito da sazonalidade foi a MB3, onde foram amostradas 13 espécies a mais no verão do que no inverno. Na MB1 e MB2 foram amostradas 6 e 11 espécies a mais no verão, respectivamente. Quanto à parcela da Mata, observou-se 6 espécies. O Pasto apresentou menor efeito da sazonalidade, com apenas 4 espécies (Figura 10).

Esses dados corroboram a fragilidade dos Pastos e evidenciam que já existem diferenças entre a oferta de propriedades emergentes advindas pelas medidas biológicas.

Figura 10: Total de espécies amostradas nas duas

estações, em Nova Iguaçu, RJ.

Do total de 24 espécies amostradas exclusivamente no verão, dez eram herbáceas anuais, oito novas plântulas regeneradas e quatro foram espécies que já estavam presentes no sistema, mas que devido à metodologia de amostragem, ficaram excluídas do levantamento de inverno.

Os parâmetros fitossociológicos permitem acompanhar a evolução dos processos sucessionais e identificar quais espécies entram, saem e permanecem de forma dominada e dominante na composição florística dos ecossistemas.

0 5 10 15 20 25 30 N°de espécies MB 1 MB 2 MB 3 MA TA PA STO

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As medidas biológicas obtiveram as mesmas espécies predominantes entre as cinco mais freqüentes (Tabelas 05 e 06) para o levantamento de inverno e verão com pequenas substituições no verão, sendo Panicum maximum a espécie de maior freqüência, seguida pela Sp5, que é uma trepadeira bastante dominante e mostrou-se altamente agressiva no campo, estrangulando espécies arbóreas e levando alguns indivíduos à morte (Anexo fotográfico - Fotos 28 e 29).

As duas espécies arbóreas mais representativas das medidas biológicas são regeneração de espécies pioneiras rústicas, de rápido crescimento (Mimosa

caesalpiniifolia e Leucaena leucocephala) plantado na área por suportarem bem

as condições de seca prolongada. No verão houve uma substituição da espécie

Sida spinosa pela Vigna sp. que só apareceu nesta estação para os três

tratamentos de plantio. Para a MB2 o Eucalyptus citriodora apareceu como a terceira espécie mais freqüente nos meses de verão.

A Mata foi o tratamento que apresentou maior estratificação da vegetação regenerante, sendo representada por espécies arbóreas, arbustiva, bromélias, trepadeiras e lianas.

Na área de pastagem, as espécies de maior valor de importância foram

Panicum maximum e Solanum palinacanthum que possuem sementes que

suportam as queimadas conseguindo germinar novamente nas épocas chuvosas (Anexo fotográfico, Fotos 30, 31 e 32), tornando-se as espécies mais freqüentes para as duas estações. As outras três espécies dominantes são trepadeiras, sendo que a Aeschinomene viscosa é temporária e só aparece nos meses de verão.

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Tabela 05: Parâmetros fitossociológicos para os cinco espécies mais relevantes, na estação seca. Inverno 2004 DR VR MT FR CR VI IC MB1 Panicum maximum 20,98 25,27 1,70 34,18 16,00 80,43 57,94 Sp5 18,18 15,35 2,55 13,92 6,52 47,49 30,95 Mimosa caesalpinifolia 13,29 17,58 4,00 10,13 4,74 40,99 31,75 Leucaena leucocephala 9,78 9,34 2,43 8,86 4,15 27,99 19,05 Sida spinosa 4,90 5,49 1,00 1,27 0,59 11,65 8,73 MB2 Panicum maximum 59,15 56,03 1,88 59,16 27,47 182,55 85,82 Sp5 13,45 19,05 1,22 20,72 12,76 53,22 36,96 Mimosa caesalpinifoilia 5,85 11,59 2,00 7,21 4,44 23,94 17,39 Leucaena leucocephala 4,09 6,12 1,29 6,31 3,88 16,52 11,59 Sida spinosa 4,09 6,12 1,29 6,31 3,88 16,52 11,59 MB3 Panicum maximum 25,73 33,33 1,14 38,74 23,86 97,81 66,67 Sp5 13,45 19,05 1,22 20,72 12,76 53,22 36,96 Mimosa caesalpinifolia 5,85 10,88 2,00 7,21 4,44 23,94 17,39 Leucaena leucocephala 4,09 6,12 1,29 5,07 3,88 16,52 11,59 Sida spinosa 4,09 6,12 1,29 5,07 3,88 16,52 11,59 MATA Alchornea sp. 48,916 59,014 4,402 37,339 35,845 145,269 470 Caliandra sp. 9,59 7,550 1,69 12,44 11,94 29,59 78 Cryptanthus sp. 9,59 5,547 2,11 7,296 7,00 22,44 53 Acacia sp 8,05 7,396 2,08 9,871 9,47 25,31 71 Oxypetalum sp 3,71 3,082 1,66 5,150 4,94 11,94 32 Serjania caracasana 3,71 2,465 1,33 5,15 4,94 11,33 28 PASTO Panicum maximum 63,36 76,47 4,15 55,11 54,56 194,94 500 Solanum palinacanthum 17,67 10,62 1,60 19,88 19,68 48,18 91 Galactia sp 8,62 5,88 1,55 11,36 11,25 25,86 51 Vigna sp 3,87 1,89 1,11 5,11 5,06 10,89 19 Clitoria sp 1,72 1,32 1,75 2,27 2,25 5,32 11

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Tabela 06:Parâmetros fitossociológicos para os cinco espécies mais relevantes, na estação chuvosa. Verão 2005 DR VR MT FR CR IVI IC MB1 Panicum maximum 42,73 55,63 2,68 42,73 36,35 141,08 264,12 Sp 5 15,91 11,26 1,46 15,91 13,54 43,08 65,64 Mimosa caesalpinifolia 10,91 10,15 1,92 10,91 9,28 31,97 53,43 Leucaena leucocephala 6,36 4,42 1,43 6,36 5,41 17,14 25,95 Vigna sp 4,09 1,99 1,00 4,09 3,48 10,17 13,74 MB2 Panicum maximum 59,01 78,89 4,38 54,90 53,84 192,81 561,9 Sp5 18,73 9,40 1,38 20,79 20,38 48,91 94,0 Eucaliptus sp. 3,53 2,45 1,90 3,92 3,85 9,90 21,6 Mimosa caesalpinifolia 1,41 1,16 2,25 1,57 1,54 4,14 9,7 Leucaena leucocephala 1,41 0,90 1,75 1,57 1,54 3,88 8,2 MB3 Panicum maximum 51,77 65,27 2,92 48,05 45,01 165,09 339,4 Sp5 18,65 12,36 1,55 17,19 16,10 48,20 78,9 Leucaena leucocephala 5,47 3,64 1,25 6,25 5,85 15,35 25,4 Vigna sp1 4,50 2,55 9,86 5,47 5,12 12,52 19,7 Mimosa caesalpinifolia 3,86 3,27 1,50 4,69 4,39 11,82 21,1 MATA Alchornea sp 46,90 54,57 2,98 35,87 35,89 137,38 390 Cryptanthus sp. 8,24 6,72 1,71 7,69 7,69 22,66 57 Caliandra 6,18 6,16 1,37 8,79 8,79 21,14 57 Sp54 4,63 1,495 1,14 2,56 2,56 8,69 15 Oxypetalum sp. 3,35 2,99 1,33 4,39 4,39 10,73 28 Serjania caracasana 3,35 2,61 1,07 4,76 4,76 10,72 27 PASTO Panicum maximum 38,13 58,36 3,17 37,63 37,63 134,12 412,84 Solanum palinacanthum 27,42 20,48 1,62 25,78 25,78 73,69 177,98 Galactia sp. 8,36 4,78 1,08 9,06 9,06 22,20 49,54 Aeschinomene viscosa 8,36 4,61 1,08 8,71 8,71 21,68 47,71 Vigna sp1 6,69 4,44 1,30 6,97 6,97 18,09 42,20

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5.3.4- Similaridade de espécies (Índice de Jaccard)

O Índice de similaridade entre parcelas com níveis de perturbações diferenciados permite inferir sobre oferta de atributos ambientais capazes de promover surgimento de espécies nos ambientes, assim como evidencia os níveis de resiliência dos ecossistemas.

O índice demonstrou alta similaridade (30-50%) entre os três reflorestamentos, media similaridade (20-30%) entre os plantios e o Pasto, e baixa similaridade (0-20%) entre a Mata e o Pasto e entre a Mata e os plantios (Tabela 07).

Tabela 07: Índice de similaridade

de Jaccard (Cj). Parcelas Similaridade % MB1- MB3 50 MB2- MB3 44 MB1- MB2 35 MB2- PASTO 31 MB3- PASTO 23 MB1- PASTO 21 MB3- MATA 05 MB1- MATA 04 MB2- MATA 0 MATA- PASTO 0

A ocorrência comum de 11, 15 e 16 espécies entre as áreas de plantio (MB1 e MB2; MB1 e MB3; MB2 e MB3, respectivamente) deve-se pela proximidade entre as parcelas, facilitando a troca de material reprodutivo e a chance de serem influenciadas pelos mesmos agentes dispersores. A influência similar dos fatores abióticos e tipos de perturbações nestas áreas de plantio levam a uma

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