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Graduada em Ciências Econômicas pela Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, Rio de Janeiro/ Brasil.

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UMA ANÁLISE DA SEGREGAÇÃO DE GÊNERO PARA OS ANOS 2000

Isabela Taitson Vieira1

Resumo: O processo de análise do meio social mostra a presença da segregação de gênero, seja na

educação, mercado de trabalho e remuneração. Com a industrialização e o desenvolvimento da sociedade burguesa, os espaços de trabalho foram separados por sexos. Dado o fato histórico, o presente artigo se propõe a apresentar os avanços e dificuldades ainda enfrentadas pelas mulheres especificamente no mercado de trabalho no decorrer dos anos 2000, analises que estão baseadas nos indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O artigo mostra que o trabalho reprodutivo permanece sob a responsabilidade das mulheres. Os movimentos feministas e posteriormente as políticas para as mulheres contribuíram com a presença delas na educação superior e no mercado de trabalho. Contudo, as mulheres têm se concentrado em áreas específicas de trabalho, sendo estas as que remetem aos cuidados e áreas exercidas tradicionalmente nos lares. A segregação nas carreiras e no mercado de trabalho de certa forma justificam a disparidade salarial entre homens e mulheres. As discriminações sociais de gênero comprovam a necessidade de uma continuidade e, reforço de políticas públicas para as mulheres e a uma mudança na cultura brasileira.

Palavras chaves: Mulheres, segregação, gênero. Introdução

O processo de análise do meio social mostra a presença da segregação de gênero. De acordo com Aspiazu (2014) é fundamental examinar como o problema afeta de forma diferenciada homens e mulheres na mesma sociedade, esta situação é decorrente das desigualdades sociais históricas. Segundo a autora, a atribuição de menor valor é feita ao sexo feminino, pois, foi com a industrialização e o desenvolvimento da sociedade burguesa, que as áreas de trabalho foram atribuídas para homens e mulheres. Esse período configurou a separação dos trabalhos por sexo. Onde as mulheres ficaram responsáveis pelos trabalhos domésticos e de cuidados e, os homens com o trabalho remunerado.

O questionamento a esses espaços que segregavam as mulheres a efetuar apenas os trabalhos reprodutivos iniciam-se por volta da década de 1960, nos países europeus e nos Estados Unidos da América. O fato ocorreu a partir dos grandes manifestos que lutavam pela igualdade de direitos e ações entre os sexos. Foi através dos movimentos feministas que as mulheres de certa forma

1 Graduada em Ciências Econômicas pela Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, Rio de Janeiro/

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conseguiram avançar em áreas como, a educação, o mercado de trabalho e obtiveram uma melhora na remuneração. Esses avanços ocorreram de forma gradativa.

O movimento feminista além de contribuir com a inserção das mulheres nos espaços sociais as beneficiou na legislação, em planos voltados para a questão delas nas relações sociais e com a conciliação do mercado de trabalho e a vida materna. Mesmo com os planos de ação para as mulheres, que buscam pela melhora da colocação social e combate da desigualdade de gênero, a cultura de dever da mulher com os compromissos do lar permanecem a vigorar mundo afora. Esse pensamento não é apenas expressado por homens, mas muitas mulheres reconhecem o trabalho reprodutivo como sua obrigação. Este fato é comprovado quando se analisa os dados dos indicadores sociais do IBGE com a média de horas gastas com o trabalho produtivo e reprodutivo, onde fica nítido que as mulheres possuem uma carga horária superior a dos homens. A vida reprodutiva da mulher marca tanto suas escolhas por determinado curso de ensino superior, como as ocupações que desempenham no mercado de trabalho.

Nessa perspectiva o artigo se propõe a apresentar o crescimento da participação das mulheres na educação e mercado de trabalho. Para isso, são analisados gráficos e tabelas da base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Observa-se uma proporção superior da qualificação de ensino das mulheres, este dado positivo se reflete no mercado de trabalho, porém, essas informações mostram também que elas permanecem a receber salários inferiores ao dos homens. Sendo possível verificar, que mesmo com dados favoráveis de crescimento a educação, elas continuam em uma posição inferior a dos homens no de mercado de trabalho.

Logo, o presente artigo se propõe a esclarecer o fato da permanência da segregação de gênero no mercado de trabalho, a qual pode ser justificada pelos fatores históricos e culturais que ainda são uma barreira enfrentada pelas mulheres no meio social. Além desta introdução, a primeira seção aborda a ampliação do acesso das mulheres à educação. A segunda seção apresenta a participação das mulheres no mercado de trabalho segregado. A terceira seção mostra a segregação salarial de gênero na autonomia econômica da mulher e por fim são abordadas as considerações finais.

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1. A ampliação do acesso das mulheres à educação

A educação da mulher no meio social mais especificamente no século XIX não era relevante, pois, a única responsabilidade delas eram às atividades domésticas e para isso não se necessitava saber ler ou escrever, mas sim desempenhar um bom papel de mães, esposas e cuidadoras do lar.

É importante lembrar que quando as mulheres casavam a decisão de estudar e trabalhar estavam legalmente em poder de seu cônjuge. O que de certa forma as excluía de acessar o sistema de ensino e, assim se alfabetizarem, seguirem seus estudos e construírem uma carreira profissional. Logo, esses fatores históricos agravaram e limitaram a situação educacional das mulheres, a qual se estendeu por anos, visto que muitas delas só se viam como mãe e donas de casa. Essa realidade de baixa escolaridade ainda é verificada entre as mulheres de grupos de idade mais avançadas, de baixa renda e negras. Este fato pode ser verificado na base de dados do IBGE, a qual aponta que a proporção de mulheres com 25 anos ou mais sem nível de instrução e ensino fundamental completo é de 47,8%, sendo ainda um percentual bastante expressivo (IBGE, Estatística de gênero 2010).

Atualmente é possível verificar uma melhora das mulheres ao acesso à educação, o que mostra uma mudança do posicionamento delas com relação ao futuro, como também a criação de planos de ação de amparo às mulheres. Atribui-se a isso os grandes movimentos feministas que lutaram, dentre outras mudanças, pelos direitos de acesso ao ensino e ao mercado de trabalho.

Segundo Rosemberg (2001) quando os dados atuais são analisados, as mulheres passam à frente dos homens nos estudos, inclusive formam-se mais mulheres em nível superior que os homens. Porém, o gradativo avanço das mulheres no nível educacional, não é o mesmo que se reflete no mercado de trabalho, se comparado ao dos homens. Dado que, eles se inserem com maior facilidade no mercado de trabalho e ainda contam com horas livres a mais que as mulheres, pois, são elas as consideradas responsáveis pelas tarefas de casa e dos cuidados. Com isso, muitas executam a dupla jornada de trabalho, este fato as impossibilita de estenderem horas no trabalho produtivo e de aumentar seu nível de qualificação. Contam ainda com a preferência que o mercado dá aos homens.

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Assim sendo, fica nítido de acordo com o gráfico 1, que as mulheres estiveram por muitas décadas com um nível básico inferior ao dos homens. Analisa-se que a proporção dos que não sabem ler nem escrever, só obteve um encontro percentual de homens e mulheres no ano de 1980. Logo, pode-se verificar um reflexo positivo dos movimentos feministas iniciados no final dos anos

de 1960, na melhor posição das mulheres entre os que não sabiam ler nem escrever. Gráfico 1

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1872/2010. In Soares et al. (2014).

Atualmente a melhora gradativa das mulheres ao acesso à educação se propaga para todos os níveis de escolaridade. A maior conquista delas ocorre no nível de qualificação superior, em que possui uma taxa de frequência de ensino para a população de 18 à 24 anos de 21,7%, em contrapartida os homens possuem uma proporção de 15,4% (IBGE, Síntese de indicadores sociais 2016). Logo, fica evidente que, neste setor as mulheres possuem uma proporção de participação mais elevada que a dos homens. Porém, mesmo as mulheres sendo mais presentes neste nesse setor, elas estão concentradas em áreas de cuidados e educação. Isso significa que as mulheres estão direcionas as áreas que remetem as atividades do lar, como também as que possuem menor "prestígio social" e menor remuneração Essa realidade configura uma segregação de gênero para determinadas áreas. Já os Homens, mesmo com uma menor parcela proporcional nos cursos de nível superior concentram-se em áreas de exatas e tecnologia. Sendo estas as principais responsáveis pelo crescimento econômico de um país e, que melhor remuneram. Os homens contam ainda com o melhor aceite no mercado, por não terem que conciliar a dupla jornada de trabalho.

Com as informações referentes à educação de homens e mulheres é notório o avanço que elas deram no nível de qualificação e capacitação superior. Porém, essa melhora se mostra segregada a determinadas áreas, o que gera uma dificuldade das mulheres se inserirem no mercado

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de trabalho, conseguir destaque no meio social e melhor salário. Esses fatores são uma barreira para as mulheres permanecerem em seu crescimento e empoderamento feminino. Dado que são situações que geram desequilíbrio entre os gêneros, com isso verifica-se que o avanço das mulheres na educação é seguido por condições que geram segregações. Sendo necessária a atuação do Estado e uma mudança nos valores sociais.

2. A participação das mulheres no mercado de trabalho segregado

O estudo de mercado de trabalho com perspectiva de gênero mostram áreas restritas de seguimento majoritário para homens e mulheres. A existência desta realidade é explicada pela cultura que separa o trabalho por sexo, que estabelece que homens devam executar os trabalhos assalariados e mulheres dediquem-se as atividades do lar. Como também das escolhas que as mulheres fazem aos cursos profissionalizantes (técnico, superior) que trazem referencias das tarefas do lar e de cuidados.

Como mencionado no presente artigo, o acesso à educação e, ao mercado de trabalho das mulheres foi uma conquista tardia, a qual vigorou com maior força nos anos de 1970 com os manifestos feministas. Além disso, a promulgação de leis de amparo às mulheres no mercado de trabalho, como também o acontecimento dos marcos internacionais e nacionais (ex: Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis, Criação do Plano Nacional de Políticas Públicas Para as Mulheres) beneficiaram e incentivam as mulheres no espaço social. A participação delas no mercado de trabalho também se deve ao desenvolvimento dos métodos contraceptivos, pois, assegurou as mulheres o controle sobre seu corpo e fertilidade. Este fator as beneficia a se inserirem em maior proporção no mercado de trabalho, pois, conseguem disponibilizar horas a mais com o trabalho produtivo, diferente do que ocorreria caso tivessem filho. Através da tabela 1 essa coloração fica mais clara, dado que mostra, que quanto maior a quantidade de filhos menor a participação das mulheres no mercado de trabalho. Logo, devido às obrigações com os cuidados da casa e dos filhos, uma parte das mulheres não se encontra ativa no mercado de trabalho.

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No caso das mulheres com filhos, o amparo do Estado e da família é essencial para que ela possua sua independência financeira e contribua ativamente para a economia do país. Logo, a tabela 2 deixa claro que quando a mulher possui um amparo (no caso analisado as creches), elas conseguem uma maior representatividade no trabalho reprodutivo. A análise feita a partir das tabelas esclarece que os cuidados com os filhos ainda são de responsabilidade majoritária das mulheres, pois, é observado que a representação da mulher no mercado de trabalho está também atrelada a ter ou não filhos.

Tabela 1

Nível de ocupação das mulheres com 16 anos ou mais de idade pelo número de filhos vivos (%) Brasil – 2010

Nenhum filho Um filho vivo Dois filhos vivos Três filhos vivos ou

mais

52,0 55,9 53,4 39,1

Fonte: IBGE, Estatística de gênero 2010. Elaboração Própria.

Tabela 2

Nível de ocupação de 16 anos ou mais de idade, com filhos de 0 a 3 anos de idade, por frequência de filhos a creche, segundo situação de domicílio - Brasil – 2010

Domicílio Nenhum filho

frequenta creche Algum filho frequenta creche Todos os filhos frequentam creche Total 41,2 40,3 65,4 Urbana 41,9 41,3 66,9 Rural 38,2 35,4 47,3

Fonte: IBGE, Estatística de gênero 2010. Elaboração Própria.

Outro fator que agrava a realidade da não participação da mulher no mercado de trabalho é com relação à média de horas semanais gastas com os afazeres domésticos das pessoas de 16 anos ou mais, em que as mulheres despendem 10,5 horas a mais que os homens. Essa média em jornada total por semana representa para as mulheres 4,6 horas a mais de trabalho comparada aos homens (IBGE, Síntese de Indicadores Sociais 2016). Esta analise permite a conclusão, de que as mulheres desempenham mais horas de trabalho por conta da dupla jornada, o que as sobrecarrega e muitas das vezes as tiram do mercado de trabalho.

Outro fator que deve ser analisado é com relação ao comportamento das mulheres na sua colocação do mercado de trabalho. Onde, atualmente se concentram em áreas segregadas, estas

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remetem as tarefas realizadas no lar. Dada à situação é possível verificar que mesmo quando as mulheres são submetidas às escolhas profissionais, elas direcionam-se as áreas mais compatíveis com os trabalhos realizados no lar. A observação pode ser verificada na tabela 4, que mostra a maior concentração de mulheres em áreas de cuidados e educação. Sejam elas de pouco ou nenhum grau de qualificação, até o maior grau de instrução. Essas áreas de maior concentração feminina são também as que geram menor renda, logo elas se encontram segregadas tanto nas atividades do mercado de trabalho, como na classificação de grupos mais pobres.

Tabela 4

Percentual de pessoas de 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, por sexo, segundo os grandes grupos, os subgrupos principais, os subgrupos e os

grupos de base de ocupação no trabalho principal - Brasil – 2010 Grandes grupos, subgrupos principais, subgrupos e grupos de base de ocupação no trabalho principal 2010

Total Homens Mulheres

Engenheiros civis 166683 83,6 16,4 Engenheiros mecânicos 58302 93,7 6,3 Profissionais da saúde 1193141 36,7 63,3 Médicos 318934 59,0 41,0 Dentistas e nutricionistas 55071 9,7 90,3 Profissionais do ensino 3421911 22,1 77,9 Filósofos, historia e especialistas em ciência política 2539 44,4 55,6 Trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados 14379354 45,6 54,4 Cozinheiros 1020760 20,6 79,4 Vendedores 7597912 45,4 54,6 Operadores de instalações e máquinas e 6989495 76,3 23,7

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montadores Trabalhadores domésticos e outros trabalhadores de limpeza de interior de edifícios 6843030 14,0 86,0

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010. Elaboração própria.

3. A segregação salarial de gênero na autonomia econômica da mulher

Dando continuidade à exposição dos dados explicativos sobre mercado de trabalho, esta seção se destaca para a relação de desigualdade salarial que existe entre homens e mulheres. Onde as mulheres recebem menores salários em relação aos homens, deste fato surge à desigualdade salarial de gênero. Segundo Cruz (1993), existem alguns fatores que explicam a persistência dessa disparidade que segrega a mulher a receber uma remuneração inferior a dos homens.

De acordo com Cruz (1993), a segregação passa a afetar diretamente a diferença salarial entre homens e mulheres. Este fato ocorre quando a alocação da força de trabalho masculina e feminina é sobremaneira diferenciada, porém, com idênticos atributos produtivos. A segregação pode criar um mercado de trabalho favorável para o sexo masculino, tanto no que diz respeito a melhores cargos como em ocupações de maior qualificação, o que gera um impacto favorável no salário dos homens. Consequentemente, as mulheres, quando possuem os mesmos atributos produtivos para estes cargos, são "obrigadas" a ocupar as vagas que lhes são ofertadas. Nesse sentido, esses cargos passam a ter uma oferta de mulheres maior, o que provoca menores salários, do que se observaria com a ausência da segregação. Cruz (1993) observa com isso, dois fatores para essa diferença salarial: a primeira, sendo a existência da segregação e a segunda quando há desigualdade de oportunidade de emprego em relação às ocupações disponíveis no mercado de trabalho entre homens e mulheres.

Outro destaque feito pela autora é de existir uma grande oferta de mão-de-obra feminina em relação a sua demanda, ou seja, as oportunidades de emprego para as mulheres no mercado de trabalho são menores. Por outro lado, a segregação ocupacional pode propiciar a ocorrência de desigualdades de oportunidades de emprego, o que pode gerar um tipo de prática de discriminação

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sexual no mercado de trabalho. É dessa prática que a segregação ocupacional pode gerar uma diferença salarial entre homens e mulheres igualmente produtivos.

Segundo Cruz (1993) há situações, em que a segregação ocupacional se baseia em “atributos não produtivos” (características que nascem com o indivíduo). Nesse caso, ocorre uma “preferência” por determinado sexo do trabalhador, uma vez que não diz respeito a sua qualificação, mas sim uma característica da pessoa compatível para o cargo. A segregação ocupacional também pode ser desfavorável à oferta de trabalho feminino disponível. Para esta situação o mercado de trabalho segregado atua como um gerador de desigualdade entre homens e mulheres, consequentemente isso resultará em uma desigualdade de oportunidade de emprego e discriminação contra as mulheres nesse espaço produtivo.

Atualmente, as mulheres se encontram segregadas em áreas específicas do mercado de trabalho. Áreas estas que remetem aos trabalhos realizados no lar, dada a situação é possível verificar que mesmo quando as mulheres são submetidas a escolhas profissionais, elas direcionam-se as áreas mais compatíveis com os cuidados e os afazeres domésticos. Fato este já mencionado e verificado na tabela 4, onde independentemente de seu nível de qualificação, existe uma maior concentração de mulheres em áreas de cuidados e educação.

Tendo em vista às situações de segregação, as mulheres acabam sendo conduzidas a uma desigualdade de emprego, ou seja, ocorre uma limitação delas aos vários espaços de trabalho. Assim, mesmo quando as mulheres têm acesso às ocupações predominantemente masculinas (exatas e tecnologia), elas sofrem com salários mais baixos, dado que os empregadores sabem que as oportunidades de emprego para as mulheres nessas áreas são de difícil acesso, considera-se ainda que elas ocupam profissões tradicionalmente femininas. Logo, a segregação no mercado de trabalho para as mulheres acabam por afetar os salários, que costumam estar abaixo ao dos homens, a situação ocorre em todos os cargos que elas ocupam.

Atualmente, a realidade que as mulheres brasileiras têm enfrentado no mercado de trabalho, é de uma remuneração que equivale a 76% (IBGE, Síntese de Indicadores Sociais 2016) do salário recebido pelos homens. Essa proporção não muda muito quando se analisa apenas para os trabalhos

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formais (77%). Piora quando se verifica a razão entre o rendimento médio de mulheres por homens no trabalho informal com 69%.

Logo, fica claro que o pensamento de Cruz (1993) é pertinente para a explicação da realidade vivida pelas mulheres, pois, conforme os fatores apresentados e os dados analisados é possível verificar uma segregação de gênero que discrimina à mulher a receber menores salários que os homens. Ressalta-se também que quando se compara homens e mulheres no mesmo nível de qualificação e mesmas horas trabalhadas, não há uma justificativa que sustente o discurso para que as mulheres tenham salários menores ao dos homens. Pois, a situação de disparidade salarial não possui um fundamento, para o que ocorre no mercado de trabalho. Este fato pode ser gerado por uma persistência da cultura que prefere homens a mulheres, e por considerar o fator histórico de que as mulheres tiveram acesso tardio ao mercado de trabalho, esta colocação traz referência da separação dos trabalhos por sexo.

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4. Considerações finais

Os fatos apresentados neste estudo mostram que os movimentos feministas e posteriormente planos de desenvolvimento de políticas e discussões para as mulheres são de extrema importância, para a continuidade de uma melhora da colocação social da mulher. Os dados do IBGE deixam claro que as conquistas alcançadas por elas foram tardias e acompanhada por um progresso gradativo na melhora da educação e mercado de trabalho. Observou-se um padrão de seguimento das mulheres na educação e no mercado de trabalho para áreas segregadas, ou seja, que trazem a referência das atividades desenvolvidas no lar e aos cuidados. Esta sendo uma das justificativas para os menores salários recebidos pelas mulheres em comparação aos homens. Com tudo, o trabalho mostrou que não há uma justificativa pertinente para que essa desigualdade salarial permaneça a acontecer. Por fim, os fatores expostos os dados estatísticos do IBGE, mostram a persistência da desigualdade ainda presente na sociedade, fica evidente a necessidade de uma mudança cultural da sociedade, assim como a maior presença do Estado nas ações de produção da igualdade de gênero, para assim garantir o avanço da liberdade social e o empoderamento da mulher.

Referências Bibliográficas

ASPIAZU, Eliana Laura. Conciliación entre trabajo y responsabilidades familiares: uma revisión teórica com enfoque de gênero. Revista Investigium Ire: Colombia, Septiembre 30 de 2014.

CRUZ, Eleonora Santos. Diferêncial de salário entre homens e mulheres com nível superior: Brasil 1981-90. 13 de novembro de 1993. 100 f. Dissertação de mestrado em demografia – Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte. 1993.

SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES DE GÊNERO. Estatística de gênero: uma análise dos resultados do censo demográfico 2010. IBGE: Rio de Janeiro, 2014.

ROSEMBERG, Fúlvia. Educação formal, mulher e gênero no Brasil contemporâneo: Estudos Feministas. 515 - 529 p. 2º semestre, 2001.

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SÍNTESE DE INDICADORES SOCIAIS. Uma análise das condições de vida da população brasileira: trabalho. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE: Rio de Janeiro, 2015. SÍNTESE DE INDICADORES SOCIAIS. Uma análise das condições de vida da população brasileira: trabalho. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE: Rio de Janeiro, 2016. SOARES, Cristiane. O desenvolvimento social e o empoderamento econômico das mulheres no Brasil: uma análise a partir de índices sintéticos: novas perspectivas de gênero no século XXI. Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer. outubro 2013.

SOARES, Cristiane et al. O trabalho das mulheres brasileiras: uma abordagem a partir dos censos demográficos de 1872 a 2010. Trabalho apresentado no XIX Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em São Pedro/SP - Brasil, de 24 a 28 de novembro de 2014.

An analysis of gender segregation for the 2000s

Abstract: The process of analyzing the social environment shows the presence of gender

segregation, be it in education, labor market and remuneration. With the industrialization and development of bourgeois society, the spaces of work were separated by sexes. Given the historical fact, this article proposes to present the advances and difficulties still faced by women during the years 2000, based on the indicators of the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). The results indicate that reproductive work remains largely performed by women. Feminist movements and later policies for women have contributed to their presence in higher education and the labor market. However, women have been focusing on specific areas of work. They turn to occupations that refer to care and education, that is, areas traditionally exercised in homes. Segregation in careers and the labor market to some extent justify the wage gap between men and women. Gender-based social discrimination demonstrates the need for continuity and reinforcement of public policies for women and a change in Brazilian culture.

Referências

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