ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DE GEOTECNOLOGIAS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE GEOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO, DE 2008 HÁ 2015.
RIBEIRO, Carla Michelon (UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon) kahmichelon@hotmail.com BEDIM, Milena Pellissari (UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon) m.p.b_milena@hotmail.com HAYAKAWA, Ericson Hideki (UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon) Ericsongeo@gmail.com Resumo: A ciência geográfica possui uma série de novas tecnologias denominadas geotecnologias como ferramenta para análise das dinâmicas do espaço. Traduz-se pelo emprego de geoprocessamento, dados de sensoriamento remoto (SR), ferramentas de sistemas de informação geográfica (SIG), entre outros aplicativos disseminados a partir de 1970. Considerando que o livro didático é um dos materiais mais utilizados pelos professores em sala de aula, as geotecnologias apresentadas como tecnologias recentes, é fundamental que haja a verificação dos livros didáticos e apresentação coerente e as definições de geotecnologias, no qual pode ser feito o reconhecimento de seus avanços e suas defasagens. Desta forma é necessário contextualizar e analisar estes conteúdos que estão presentes nos livros didáticos de geografia, fornecidos pelo Programa Nacional do Livro Didático PNLD. Portanto a pesquisa de iniciação cientifica que vem sendo realizada desde Agosto de 2014, está sendo pautada nos livros didáticos efetivados e não efetivados pelos colégios estaduais do município de Marechal Cândido Rondon, assim como artigos e obras referentes ao livro didático, ensino de geografia e geotecnologias, diretrizes curriculares de geografia do estado do Paraná, parâmetros curriculares nacionais entre outros. No qual se permite analisar os conteúdos de cada livro de 2008 até 2015, realizar comparação, regressão e evolução dos conteúdos. Os resultados até o presente momento foi a aquisição dos livros didáticos, e a analise de três livros didáticos da mesma editora de 2008 até 2015.
Palavras-chave: Ensino; Geotecnologias; Livro-didático; Geografia.
Introdução
Na atualidade a ciência geográfica conta com uma série de novas tecnologias que podem ser traduzidas principalmente no emprego das geotecnologias como ferramenta para análise das dinâmicas do espaço. Traduz-se pelo emprego de elementos como geoprocessamento, dados de sensoriamento remoto, ferramentas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), dentre outros aplicativos que começaram a ser disseminados a partir da década de 1970, consolidando-se nas décadas de 1980 e 1990 (Câmara et al., 1996). Estas ferramentas dinamizaram a forma de se pensar o espaço geográfico, e cada vez mais ganha adeptos, tanto no ambiente escolar como acadêmico, bem como no mercado de trabalho.
Considerando que o livro didático é um dos materiais mais utilizados pelo professor, e que as geotecnologias ainda são consideradas como tecnologia recente, é fundamental verificar se os livros didáticos apresentam corretamente as variadas definições e conceituações que permeiam as geotecnologias.
Desta forma se torna necessário contextualizar e analisar os conteúdos de geotecnologias presentes nos livros didáticos da disciplina de geografia no médio de três Escolas Estaduais de Marechal Cândido Rondon do ano de 2008 até 2015. Este projeto vem sendo realizado desde Agosto de 2014, possuindo alguns resultados provenientes da análise dos livros didáticos.
Materiais e Métodos
Este projeto vem sendo pautado principalmente na utilização de: livros didáticos do 1º ano do ensino médio da disciplina de geografia. Questionário para analise do material didático, assim como trabalhos, projetos, livros, artigos, diretrizes curriculares nacionais do ensino médio, diretrizes curriculares da educação básica de geografia do estado do Paraná e os parâmetros curriculares nacionais, referentes ao assunto abordado, para elaboração do referencial bibliográfico.
A contextualização das geotecnologias (imagens orbitais, GPS, dentre outros) nos livros didáticos de geografia utilizados nos Colégios estaduais de Marechal Cândido Rondon se deu inicialmente com a seleção de três colégios para o estudo (estes foram selecionados após verificar suas notas das turmas dos 9º anos referentes ao ano letivo de 2013 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), os colégios selecionados devem ser o com nota média, maior nota e menor, dentre todos da rede estadual do município de Marechal C. Rondon). Após esta etapa, procede-se com a verificação dos livros didáticos utilizados, sempre confrontando o conteúdo presente com as definições e conceituações acerca do tema. Foram selecionados vários livros didáticos do 1º ano do ensino médio, trabalhados e também os que não foram efetivados pelos colégios no período de 2008 até 2015, de diferentes editoras, anos (atualizados e mais antigos) e séries, para que sejam observados, e identificados os conteúdos referentes às geotecnologias, com ênfase no sensoriamento remoto.
Após a classificação do material didático vem sendo realizada a analise dos livros selecionados essa analise implica em: observação do conteúdo, identificação do
livro (título, editora, ano, autor, série, etc.), utilização de conceitos, conteúdo (explicação), atividades (individuais e/ou em grupo).
A partir da analise dos livros selecionados, e com todos os dados adquiridos, será feito um quadro comparativo, onde devem constar os livros selecionados e todos os recursos (argumentos), realizados na analise, para que possa comparar os livros didáticos, sua evolução, pois o material não será somente de autor, editoras e séries diferentes, mas também de anos diferenciados, o que poderá ser identificado certa evolução ou regressão no que diz respeito ao conteúdo de geotecnologias, explicito nos livros didáticos da rede básica de educação, com preferência o ensino médio. Também será aplicado um questionário para verificar o conhecimento dos professores e alunos acerca do tema, conforme Terra (2010). Uma ampla pesquisa bibliográfica sobre o tema será desenvolvida a fim de contextualizar os diferentes estudos sobre a temática abordada.
Resultados e Discussão
Até o presente momento foram selecionados os três colégios de acordo com o critérios estabelecidos nos métodos: Com a maior nota do IDEB 2013 está O Colégio Estadual Paulo Freire, com nota média Colégio Estadual Antonio Maximiliano Ceretta e com menor IDEB o Colégio Estadual Eron Dominguês.
Após a seleção dos colégios foi realizada a aquisição de pelo menos 12 livros didáticos efetivados e não efetivados pelos colégios, desde o ano de 2008 até o presente ano de 2015. Destes foram analisados 3 livros da mesma editora:
Livro A: Geografia Ensino Médio (volume único) Editora: Scipione
2009, 2010 e 2011.
Livro apresentado apenas para a escolha, porém não utilizados pelos professores dos colégios selecionados.
João Carlos Moreira; Estáquio de Sene.
Capítulo 04 Tecnologias modernas aplicadas à cartografia
1- Charge na página 47 de autoria de Fernando Gonsales na qual está equivocada, o cartunista cita: “Segundo o satélite, os doces estão escondidos no hemisfério sul, latitude 6, longitude 37”. A partir dos dados é apresenta somente a latitude no hemisfério Sul, não havendo informações sobre a longitude se é localizada
no leste ou oeste.
2- Sensoriamento Remoto (SR): Nesta obra se tem a seguinte definição de SR: “sensoriamento remoto é o conjunto de técnicas de captação e registro de imagens a distância por meio de diferentes sensores, como equipamentos fotográficos, scanners de satélites e radares”. A definição de sensoriamento remoto não é única.
A definição que o livro apresenta associa o sensoriamento remoto a captação e registro de imagens. Esta é uma das formas, pois se podem obter dados que não sejam imagens, como os obtidos a partir de espectroradiometros. Estes equipamentos geram informações na forma gráfica ou em dados tabulares. Dessa forma, a definição nesta obra é equivocada. A definição também poderia inserir que a captação ou registro de informações pelo sensor resulta da interação entre a radiação eletromagnética e as propriedades físicas química do alvo.
O capítulo também apresenta o trecho: “mas o sensoriamento remoto só se desenvolveu a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com a utilização de aviões”. Este trecho, pode ser discutido. Segundo Jensen (2009), o termo sensorimanto remoto remonta a um artigo não publicado do começo dos anos de 1960, feito pelo grupo do Office of Naval Research (ONR). Evelyn L. Pruitt era a autora do artigo. Dessa forma, associar o desenvovlimento do SR a utilização do avião, se não errada, pode ser equivocada. Realmente observa-se um avanço significativo na utilização da fotografia como obtenção de informações. Contudo, referia-se ao foto-reconhecimento que foi altamente disseminado no período de guerra. Por cronologia, o que pode ser destacado é a fotogrametria, utilizado pioneiramente em um trabalho publicado em 1867.
No trecho “em 1972, os Estados Unidos lançaram o primeiro satélite de observação da Terra, da série Landsat (Land Satellites)”. Esta informação pode ser resultado da adoção do termo LAndsat a todos os satélites da série. Contudo, o primeiro e segundo satélites lançados eram denominados anteriormente de ERTS (Earth Resources Technology SAtellite). A partir do ERTS 2, adota-se o termo LAndsat para todos os satélites.
3- Sistema de Posicionamento Global (GPS): os autores remetem apenas ao sistema GPS. Apresentam apenas as informações que mais simples referentes ao tema. Dado o nível de ensino, é suficiente, mas pode implicar na falsa ou equivocada assimilação do conteúdo. Há por exemplo, diferentes formas de obtenção de
posicionamento, e no livro menciona-se apenas o uso de receptor de navegação manual ou em veículos.
4- Sistema de Informação Geográfica (SIG): Por definição, o SIG é ‘Sistemas computacionais feitos para armazenar e processar a informação geográfica. São ferramentas que melhoram a eficiência e efetividade do tratamento da informação de aspectos e eventos geográficos (Longley et al., 2013).
O autor apresenta vários exemplos de aplicações do SIG. Contudo, no trecho “os SIGs são o resultado da utilização conjunta de mapas digitais, crescentemente elaborados com o auxílio do GPS, e de banco de dados informatizados”, pode-se ter equívocos. O SIG neste caso não é resultado, mas pode ser utilizado considerando mapas digitais, e demais dados.
Livro B: Geografia Geral e do Brasil, espaço geográfico e globalização (volume 1) Editora: Scipione
Ano:2010
2012, 2013 e 2014.
Livro utilizados como material de auxilio na educação de jovens e adultos do Colégio Paulo Freire, e no 1º ano do ensino regular do Colégio Maximiliano Ceretta.
João Carlos Moreira; Estáquio de Sene.
Capítulo 04 Tecnologias modernas utilizadas pela cartografia
1- Como no livro anterior elabora pelos mesmo autores e publicado pela mesma editora, permanece o mesmo erro em relação a charge, no qual a latitude apenas é apresentada no homisfério sul e a longitude não obtem informações se está presente no leste ou oeste.
2- Sensoriamento Remoto (SR): a definição de SR é alterada, e torna-se mais completa. Tem-se ‘sensoriamento remoto é o conjunto de técnicas de captação e registro de informações a distancia por meio de diferentes tipos de sensores. As informações são obtidas por meio da radiação eletromagnética, gerada por fontes naturais (como o Sol e a Terra) ou artificiais (como o radar). A definição foi melhorada em relação ao livro de 2008, contudo na redação, poderia constar que as informações são oriundas da interação entre a radiação eletromagnética e as propriedades físico químico dos alvos ou fenômenos.
sensoriamento remoto só se desenvolveu a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com a utilização de aviões”. Também descreve que houve um grande avanço na aerofotogrametria, o que é correto.
Nesta obra ainda permanece as referências apenas aos satélites da série Landsat, não mencionando o ERTS. Demais exemplos de satélites como o CBERS, SPOT, ERS, são mencionados nas obras. A cada obra, o detalhamento dos satélites é maior.
Considerações Finais
O trabalho ainda está em desenvolvimento, mas os resultados prévios indicam que os livros didáticos possuem equívocos em definições de conceitos referentes as geotecnologias. Alguns equívocos persistem nas obras futuras. Embora sejam essenciais para o desenvolvimento das atividades de ensino e de apoio aos estudos pelos alunos, os professores de geografia devem estar atentos aos conteudos referentes as geotecnologias. Faz-se necessário a presença de outras obras ou recursos didáticos que supram ou corrijam os eventuais equívocos, garantindo que o conhecimento transmitido seja correto. Contudo, esta não é uma tarefa fácil, uma vez que há também uma deficiência na formação dos docentes, especialmente aqueles que obtiveram graduação em geografia nas décadas de 1980 e 1990. Esta situação geralmente é associada a ausência de disciplinas específicas de geotecnologias quando os professores estavam em formação acadêmica.
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