VALOR NUTRICIONAL DE FRUTAS
NATIVAS DE MOÇAMBIQUE
Telma Leví Magaia
Amália Uamusse
Kerstin Skog
§ Árvores e arbustos de fruteiras nativas encontram-se amplamente distribuídos por todo o País.
§ As frutas crescem e amadurecem num período muito curto do ano, resultando num subaproveitamento devido a fraca capacidade de processamento e conservação do excedente.
§ A deficiência de nutrientes é um dos problemas de saúde
que afecta varias pessoas nos Países da África
subsahariana, mulheres e crianças são os grupos mais
vulneráveis.
§ Existe um interesse crescente na promoção do consumo,
processamento e comercialização de frutas nativas e seus
derivados processados.
§ Em Moçambique, informação científica sobre o valor
nutricional e formas de processamento é ainda escassa.
OBJECTIVOS
i) Determinar parâmetros nutricionais de cinco frutas:
§
Adansonia digitata
(malambe),
§
Landolphia
kirkii
(n´vungwa),
§
Salacia
kraussii
(m´pshisha
),
§
Sclerocarya birrea
(n´canhi),
§
Vangueria infausta
(m´pfilwa).
ii) Comparar os resultados com a ingestão dietética
recomendada para mulheres grávidas e crianças
Adansonia digitata
• Nome comum:
Malambe
• Família: Bombaceae
• Tempo de colheita: Abril a Junho • Fruta: oval cilíndrica (12 cm ou mais de comprimento)
• Contém muitas sementes
• Polpa rica em fibras dietéticas, Ca, K, Mg e contém 307kcal/100g de energia • Amêmdoa rica em proteína, gordura minerais essênciais e 420kcal/100g de energia
• Nome comum: N’vungwa • Família: Apocynaceae
• Tempo de colheita: Dezembro a Fevereiro
• Fruta: 4 - 9 cm diâmetro • Contém muitas sementes • Polpa rica K
Salacia Kraussii
• Nome comum: M’pshisha • Família: Celastraceae
• Tempo de colheita: Novembro a Fevereiro
• Fruta: 3-6 cm diâmetro • Contém 1 a 3 sementes
Sclerocarya birrea
• Nome comum: N´canhu • Família: Anacardeaceae
• Tempo de colheita: Janeiro - Marco • Fruta: 0.5 to 3.5 cm diâmetro
• Contém 1 semente com duas amêndoas
• Polpa rica em Ca, K, Mg e P
• Âmêndoa rica em gordura, proteína, minerais essências e 643 kcal de
• Nome comum: M’pfilwa • Família: Rubiaceae
• Tempo colheita: Janeiro a Maio • Fruta: 2 - 4 cm diâmetro
• Contém 2 a 5 sementes • A polpa rica em K e Se
Vangueria infausta
METODOLOGIA
• Colheita de amostras realizada em 3 Províncias, em 2008, 2009 e 2013
• Realizadas entrevistas sobre as diferentes formas de consumo e processamento local
• Preparação de amostras para análise laboratorial: Lavagem, despolpamento,
Análises Químicas
Parametro Metodo /Equipmento
Cinzas Mufla, 24h a 550°C
Materia seca Estufa a Vacuo, 24h at 70°C e Estufa, 18h at 105°C
Fibra dietética e seus monómeros
Metodo enzymatico gravimetrico e Cromatografia gasosa
Gordura Extractor de Soxhlet extraction
Acidos gordos Cromatografia gasosa
Minerais Espectrometria de emissão atômica por plasma acoplado
indutivamente
Ácidos Orgânicos Cromatografia por troca ionica
Acido fitico Cromatografia ionica de alta eficiencia
pH pHgametro
Proteína Analise Elementar Flash
Sólidos solúveis Refractometro Digital
RESULTADOS
a Medias de determinações triplicadas de duas amostras de dois anos
Polpa Materia seca Gordura Proteina Cinzas
(g/100 g) (g/100 g dm) A. digitata 89.5 0.6 2.3 6.5 L. kirkii 25.8 0.7 2.1 3.2 S. kraussii 16.9 1.1 2.2 3.5 S. birrea 16.8 0.9 1.4 3.0 V. infausta 33.7 0.6 2.6 6.6
Amendoa Materia seca Gordura Proteina Cinzas
(g/100 g) (g/100 g dm)
A.digitata 92.7 37.5 37.7 6.5
Gorduras e ácidos gordos em amêndoas de
A. digitata
e
S. birrea
/ Comparação com Azeite de Oliva
Palmitic acid Stearic acid Oleic acid Linoleic acid Linolenic acid 0 10 20 30 40 50 60 70 80 g/100 g fat A. digitata S. birrea Oilve oil
Recomendação dietética e consumo de ácidos gordos essenciais
Porcão: 40 g de amêndoasRDI: Food and Nutrition Board, 2002
A. digitata S. birrea
Ácidos gordos essenciais Grupos Contribuição Estimada (% of RDI)
Omega-6
(Acido Linoleico) Crianças 4 a 13 anos Mulheres grávidas 100 -120 92 23 -27 21 Omega-3
Aminoácidos essenciais em amêndoas /
Comparação com Ingestão Recomendada da OMS para crianças
dos 3-10 anos
Ácidos orgânicos na polpa
5 10 15 20 25 30 g/kg wet weight Citric acid Malic acid Succinic acid Tartaric acid 6 7 8 9 10 11 12 13 14 min 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 mV ch1 2 3 4 1 5 6Ácido cítrico (1), ácido tartárico (2), ácido málico (3), e ácido succínico (4) (Os picos 5 e 6 não foram dentificados)
Fibra Dietética
Polpa Fibra Dietética
Solúvel Fibra Dietética Insolúvel (g/100 g dm) A. digitata 14.5 63.0 L. kirkii 4.4 4.5 S. kraussii 4.1 7.5 S. birrea 7.7 10.5 V. infausta 45.7 25.3
Amêndoas Fibra Dietética
Solúvel Fibra Dietética Insolúvel (g/100 g dm)
Minerais em Polpa e Amêndoas
ND: não detectado Polpa Ca K Fe Mg P S Zn Se (mg/100 g dm) A. digitata 308 2362 2.0 129 40 41 0.5 ND L. kirkii 28 1840 4.0 51 55 20 1.4 - S. kraussii 127 2056 9.0 207 153 191 0.6 - S. birrea 201 2753 3.0 138 178 90 0.7 ND V. infausta 90 1249 3.0 65 18 92 0.6 2.0 Amêndoas Ca K Fe Mg P S Zn Se (mg/100 g dm) A. digitata 293 1416 6.0 626 129 263 5.7 - S. birrea 81 622 4.0 396 719 269 4.5 - RDI 4 to 8 years 1000 - 10 130 500 - 5 - RDI em mg/dia; Food Nutrition Board, 2002Conclusões
Amêndoas de A. digitata e S. birrea possuem os teores mais elevados de proteínas, 30 a 40%. Pelo seu teor de aminoacidos , as amêndoas representam uma fonte
acessível de proteínas .
Gordura e Ácidos Gordos
Proteínas e Aminoácidos
Amêndoas de A. Digitata contem aproximadamente 40% de gordura e de S. birrea 60%.
Os ácidos gordos essenciais constituem cerca de 70 and 80% dos ácidos gordos totais nas amêndoas.
Amêndoas de A. digitata são ricas em acido linoleico e linolenico e as amêndoas de Os resultados deste estudo oferecem informações valiosas sobre o valor nutricional das cinco frutas seleccionadas
Conclusões
A polpa de A. digitata possui o teor mais elevado de fibra dietética solúvel, cerca de 60%, enquanto V. infuasta de fibra dietética insolúvel, cerca de 40%.
Fibra dietetica
Minerais
A polpa de A. digitata contem mais de 300 mg calcium/100 g dm. S. kraussii contém um elevado teor de Ferro 9 mg/100 g dm.
Amêndoas de A. digitata e S. birrea são ricas em minerais .
Em geral, os resultados indicam que o teor de nutrientes das frutas pode ajudar a suprir as necessidades nutricionais de crianças e mulheres grávidas.
O estudo pretende contribuir para a promoção da utilização da fruta nativa, seu
processamento e preparação de produtos de longo tempo de prateleira, assim como incentivar iniciativas para selecção e domesticação de fruteiras nativas.
Referências
Telma Magaia, Amália Uamusse, Ingegerd Sjoholm and Kerstin Skog.
Proximate Analysis of Five Wild Fruits of Mozambique,
The Scientific world
Journal
, 10.1155/2013/601435 (2013).Telma Magaia, Amália Uamusse, Ingegerd Sjoholm and Kerstin Skog. Dietary fiber, organic acids and minerals in selected wild edible fruits of
Mozambique,