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Urbanização Litorânea: Considerações sobre a vilegiatura marítima na localidade do Icaraí Caucaia Ceará.

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Urbanização Litorânea: Considerações sobre a vilegiatura marítima na localidade do Icaraí – Caucaia – Ceará.

Bruno Rodrigues da Silveira Universidade Federal do Ceará brunosilveira1985@yahoo.com.br

Eustógio Wanderley Correia Dantas Universidade Federal do Ceará

edantas@ufc.br

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o processo de urbanização dos municípios brasileiros torna-se intenso e complexo. As metrópoles brasileiras ditam o processo de instalação das indústrias, do comércio e dos serviços em geral, influenciando os municípios circunvizinhos.

No litoral metropolitano de Fortaleza ocorre um processo intenso de ocupação através das residências de veraneio, chamada de vilegiatura marítima. Tal processo dinamizou os espaços litorâneos, tornando a capital de Fortaleza um polo de recepção de turistas e vilegiaturistas que encontram no litoral cearense um espaço de civilização e ordenação da vida.

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No entanto, a totalidade do litoral cearense não corresponde a um espaço homogêneo de amenidades e belezas naturais para os turistas e vilegiaturistas. Existem áreas que sofrem ou sofreram com o processo de desvalorização litorânea,

através da implantação de portos e do crescimento urbano na cidade como a praia de Iracema, (AQUINO, 2003) através da indústria e da demanda por habitação, com consequente favelização, citando a praia do Pirambu e da Barra do Ceará (AMORA, 1978 e DANTAS 2002). Recentemente nota-se uma imagem negativa da orla marítima do Icaraí, em Caucaia, pela ocupação desordenada e pelo avanço do mar.

As praias do município de Caucaia (na Região Metropolitana de Fortaleza – RMF) sofrem forte influência da cidade de Fortaleza; o processo de urbanização gera um fluxo crescente que liga os moradores da Capital àquela localidade, tornando a praia um local visado e ocupado pelos veranistas. Tal processo, especificamente na praia do Icaraí, tornou a área densamente povoada, gerando degradação ambiental na orla marítima, perda de amenidades do local e crescente violência na localidade. Essa desordem urbana gera problemas sociais que se refletem na constituição do espaço urbano das cidades. Segundo Ribeiro, “Ontem a crise sanitária era a consequência dessa desordem. Hoje é a violência” (2004, p. 17). A criminalização é um fator de desvalorização das áreas; nas cidades contemporâneas, os muros altos, os arames e as câmeras de segurança são aspectos visíveis nas cidades.

O objetivo do trabalho é analisar as transformações ocorridas na praia do Icaraí, na Região Metropolitana de Fortaleza, enfocando a urbanização e a metropolização na forma de habitação do espaço litorâneo. Através de uma análise bibliográfica do assunto, de pesquisas em jornais que datam da década de 80, e utilizando a análise dos três últimos censos do IBGE no que se refere à habitação de uso ocasional, descobrimos fatos relevantes dessa

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passagem da vilegiatura marítima popular (segundas residências) para a coabitação (uso misto de primeiras e segundas residências). A pesquisa se encontra no estágio inicial, necessitando de dados referentes aos moradores desses condomínios de veraneio.

2. VALORIZAÇÃO DOS ESPAÇOS LITORÂNEOS

O mar na época clássica, antes da Renascença, é visto como recipiente abissal, local de mistérios e horrores do qual a sociedade evitava a aproximação. Os textos bíblicos trazem o mar como local da imperfeição de Deus e como instrumento de punição. No livro “Território do Vazio” do francês Alan Corbin é ressaltado: “O gênese impõe a visão do Grande Abismo, lugar de mistérios insondáveis, massa líquida sem pontos de referência, imagem do infinito, do incompreensível, sobre a qual, na aurora da criação, flutuava o espírito de Deus” (Corbin, 1989, p. 11).

A teologia natural vai expor um novo olhar à concepção do mar e de suas práticas: A teologia natural afirma, com efeito, uma transição. Tal relato remete-nos à concepção que o louvor à criação divina apresenta e inclui o mar como coisa perfeita. O texto relata: “A beleza da natureza atesta o poder e a bondade do criador” (p. 34). Woodward expõe que a catástrofe do dilúvio foi necessária à nossa felicidade. A física-teologia (mesma teologia natural, sendo que divulgada na Inglaterra) incorpora nos seus cânticos letras de louvor à natureza, ao sol, ao mar, aos seres vivos, entre outras criações. Dessa maneira, a teologia natural vai proporcionar uma nova visão do contexto da natureza, pois se Deus é um ser perfeito, toda a sua criação é perfeita; logo, o mar torna-se fruto da perfeição divina e local de louvor a Deus.

Na Europa, os espaços litorâneos tornaram-se valorizados para a vilegiatura marítima no século XVII. Na Inglaterra, as casas de campo se propagaram rápido, os britânicos eram gulosos nesse tipo de construção e na preservação da privacidade. A pequena nobreza britânica dos séculos XVII a XIX e os privilegiados do continente acompanhavam-se das práticas da vilegiatura da Renascença Italiana. Além disso, o modelo era a casa de prazer dos patrícios romanos do século I.

No Brasil, a valorização dos espaços litorâneos se dá no final do século XIX e início do século XX através da implementação das práticas marítimas modernas (DANTAS 2002).

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Primeiramente com os banhos de mar, em seguida pela vilegiatura marítima, e recentemente através do turismo litorâneo.

A vilegiatura marítima no Brasil despontou primeiramente no Rio de Janeiro em 1904, com a construção da via litorânea; em Fortaleza nos anos 30, com a implementação da praia de Iracema para o tratamento de doenças respiratórias, e no Recife nos anos 50, com a construção de segundas residências no litoral de Pernambuco.

Após essa introdução na literatura sobre o mar, podemos iniciar com a área de estudo, relacionando a urbanização e a localidade praiana de veraneio Icaraí. A forma como se deu essa ocupação na orla marítima do Icaraí gerou diversos problemas sociais e ambientais. Os condomínios e as residências de vilegiatura marítima no Icaraí foram repassados como um sonho possível a qualquer pessoa; entretanto, o sonho um dia acaba.

3. A LOCALIDADE NO CONTEXTO DA

URBANIZAÇÃO-METROPOLIZAÇÃO

O aumento populacional nas cidades é um fenômeno recente e dinâmico. A explosão demográfica que o Brasil teve nas últimas décadas gerou grandes impactos na estrutura urbana das cidades e dos distritos urbanos e rurais no território nacional. Segundo o censo do IBGE, em 1960 a população urbana do Brasil era de 45% e em 1990 era de 75%; atualmente ultrapassa os 90%. Essa urbanização rápida e intensa se reflete no modo de vida das pessoas e reestrutura novas funções nas cidades. Áreas rurais transformam-se rapidamente em áreas urbanas e novas regiões metropolitanas são criadas rapidamente no Brasil, demonstrando o acelerado crescimento populacional das cidades.

No centro-sul do País ocorreu uma intensa ocupação dos espaços litorâneos de São Paulo. Seabra dedicou-se ao tema analisando as residências no litoral de Santos. No início do século XX, a economia cafeeira impactava nas construções de residências de veraneio de Santos. Afirma a autora: “É por essa época (1914) que Santos se constitui no recanto de veraneio dos fazendeiros e comerciantes de café.” (SEABRA, 1979, p. 15). Dessa forma, a urbanização das cidades reorganiza novos arranjos espaciais e modifica os fluxos nas diversas regiões espaciais.

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3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ÁREA

Figura 01 – Mapa de localização do litoral do município de Caucaia. Fonte: Laboratório de Planejamento Urbano e Regional – LAPUR. Elaborado por Araújo. E. F.

O núcleo de população de Caucaia era uma aldeia de índios chamada Caucaia, quando em 1759 foi elevada a vila com o nome de Vila Nova de Soure, criando-se o município. Segundo o historiador Raimundo Girão, pela carta régia de 22 de Outubro de 1735 os Jesuítas ficaram encarregados da direção de seis aldeias de índios que existiam no Ceará e foram depois reduzidas a quatro (op. cit. p. 67). O escritor Antônio Bezerra se refere ao local como “A antiga Caucaia dos índios” (BEZERRA, 1963, p. 427), demonstrando a forte influência do elemento indígena no município de Caucaia.

Icaraí, segundo Teodoro Sampaio (O Tupi na Geografia Nacional, p. 129) advém de acará y = rio dos acarás (peixes) ou carás (GIRÃO, 1983, p. 69). O litoral de Caucaia era habitado por uma zona de pescadores formados por índios, especialmente os Potiguaras, da família Tupi. Com o processo de crescimento dos núcleos urbanos, os antigos habitantes foram sendo expulsos do litoral e adentrando para o interior; no Ceará encontra-se alguns desses grupos.

A localidade praiana de Caucaia cresce e se torna urbanizada a partir do momento que a capital de Fortaleza se desenvolve como metrópole regional. Fortaleza passou a ter um grande crescimento econômico e populacional, principalmente a partir da eleição do

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governador Tasso Jereissatti, em 1986, na qual o interesse da burguesia industrial passa a sobrepor-se à oligarquia agrária. A Tabela 01 demonstra a evolução populacional da cidade de Fortaleza, de 1890 até 2001. Essa explosão demográfica da cidade influenciou na ocupação dos municípios vizinhos, principalmente o litoral de Caucaia na Região Metropolitana de Fortaleza – RMF.

Tabela 01 – Crescimento populacional de Fortaleza de 1890 - 2001.

Anos População Anos População

1890 40.902 1960 514.813

1900 48.369 1980 1.308.919

1930 ND 1991 1.768.637

1940 180.185 1996 1.965.513

1950 270.169 2001 2.141.402

Fonte: IBGE (ND: Não disponível). Organizado pelo autor.

No Ceará, o processo de construção das segundas residências no litoral se dá através da aproximação das elites de Fortaleza com o mar. Afirma Dantas que: “Amantes de praias naturais, à procura da paz e da tranquilidade perdidas em Fortaleza, os veranistas constroem após os anos 1970 residências secundárias nas zonas de praias dos municípios cearenses” (2002, p. 77). Essa aproximação com as praias próximas do município de Fortaleza ocorreu com o surgimento de uma elite fortalezense, funcionários públicos federais e empresários que, após a instalação de empresas e instituições como o Banco do Nordeste, a Universidade Federal do Ceará, a SUDENE e o DNOCS, passam a construir suas segundas residências no litoral de Caucaia e Aquiraz, para desfrutarem do lazer de praias tranquilas. Dantas afirma:

Os amantes de praia, não satisfeitos com o estado das zonas de praia fortalezenses – poluídas ou ocupadas por atores indesejáveis –, podem, após a chegada do carro, utilizar as vias de circulação para se deslocar às praias distantes de Fortaleza. Aproveitando-se da frágil infraestrutura desenvolvida para garantir o transporte de produtos provenientes das comunidades litorâneas, o veraneio ocupa, inicialmente, as praias vizinhas de Fortaleza, notadamente a do Icaraí e de Cumbuco, em Caucaia, e a praia do Iguape, em Aquiraz (DANTAS, 2002, p. 78).

É na década de 70 e 80 que se encontra uma intensa ocupação dos vilegiaturistas de Fortaleza à procura de tranquilidade e lazer, construindo suas casas de veraneio. A ocupação

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do litoral de Caucaia se deu inicialmente a partir da praia do Icaraí no início da década de 1970, quando o então governador do Estado, César Cals de Oliveira Filho, e o coronel Humberto Bezerra realizaram o projeto de construção de uma estrada ligando a sede de Caucaia à praia do Icaraí (Teles, 2005) (Figura 02). Francisco Martins de Moraes, empresário do setor imobiliário e proveniente do Rio de Janeiro, dá início aos investimentos na praia do Icaraí. Nessa década, as terras do Icaraí tornam-se alvo de supervalorização, decorrente da procura de espaços para investimentos turísticos e de lazer. Esse empresário inicia, então, processo de reurbanização, elaborando um estudo da ocupação dessa porção territorial, a fim de desenhar um novo zoneamento. Segundo Teles, a valorização da faixa de praia do Icaraí inicia-se na década de 60, sendo composta de 195 casas isoladas. A implantação de infraestrutura iniciou o processo de valorização da área (2005. p. 152).

Em 1975, foi edificado um segundo conjunto de casas de veraneio (conjunto Brasília) situado a leste do comercial pão de mel, na parte central da primeira área ocupada da praia de Icaraí, conhecido como Icaraí velho, como é chamado pela população. Esse fato atraiu a construção de inúmeros condomínios que expressam a rápida e intensa metropolização de Fortaleza.

Na década seguinte, o fluxo do Icaraí – velho – transferiu-se para uma área mais adiante, próxima às barracas, na linha de praia, quase dentro do mar. Alguns condomínios equipados com piscinas, campos de futebol e churrasqueiras foram construídos para sustentar o lazer dos vilegiaturistas. A década de 80 foi o período da supervalorização da praia do Icaraí (Figura 03) e a época da construção dos condomínios na orla marítima em massa.

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Logo depois, o setor imobiliário continua a construção dos condomínios em massa para a ocupação das classes de menor poder aquisitivo de Fortaleza. Durante os anos seguintes, os municípios das regiões metropolitanas, principalmente o município de Caucaia, crescem consideravelmente, tanto no número de residências permanentes como no de residências secundárias.

Os municípios de Caucaia e Aquiraz se destacam no crescimento da vilegiatura marítima no Ceará; os locais litorâneos são propícios à construção de segundas residências. Afirma-se que a vilegiatura, além de ser um fenômeno litorâneo, é também um fenômeno metropolitano (PEREIRA, 2006). A Tabela 02 mostra o crescimento das residências fixas, secundárias e da população dos municípios da RMF, dando destaque ao município de Caucaia, que aumentou o número de segundas residências e da população absoluta. Esse fato permite afirmar que a RMF cresce como um todo; áreas de vilegiatura e de lazer sentem os impactos da população e a necessidade de habitação.

Tabela 02 – Municípios da RMF (crescimento populacional, número de residências de uso ocasional e número de residências de uso permanente, nos censos de 1980, 1991 e 2000)

Censo de 1980 Censo de 1991 Censo de 2000

M unicípios da RM F Residências de uso ocasional Residências de uso permanente População Residências de uso ocasional Residências de uso permanente População Residências de uso ocasional Residências de uso permanente População Aquiraz 1128 8792 45807 2657 9823 46305 4536 14127 60574 Cascavel 176 9191 47718 1018 9951 47487 1643 13782 57089 Caucaia 1192 17335 94117 3877 35405 165099 6540 59990 250246 Chororinho - - - 100 3313 15492 144 4483 18711 Eusébio - - - 695 4184 20410 1043 7283 31505 Fortaleza 1476 256710 1308919 4112 387597 1768637 7942 527340 2138234 Guaiúba - - - 123 3603 17562 144 4472 19883 Horizonte - - - 282 3901 18283 390 8066 33789 Itaitinga - - - 66 2552 22826 243 6772 29216 M aracanaú - - - 344 31179 157151 474 41442 174599 M aranguape 403 17207 91222 380 14312 71705 765 19843 87770

Figura 02 – Anúncio do jornal sobre a venda de lotes

na praia do Icaraí. Fonte: jornal O povo de 1986 Figura 03 – Anúncio do jornal sobre a venda de lotes na praia do Icaraí. Fonte: jornal O povo de 1986.

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Pacajus 144 8853 47056 189 6797 31800 317 10436 43830 Pacatuba 208 7986 42076 414 12527 37322 289 12125 51812 Pindoretama - - - 142 2609 11462 272 3544 14948 S.G do Amarante 256 4682 24701 1197 6183 29286 1822 8397 35534

Fonte: IBGE. Organizado pelo autor.

No final da década de 90 para os dias atuais, a faixa de praia do Icaraí passou por transformações espaciais devido ao grande crescimento urbano na localidade e ao aumento do fluxo de pessoas frequentando a praia. A faixa de praia torna-se lócus de uma população de renda baixa, ocasionando a repulsa da elite para áreas mais distantes. A Tabela 03 demonstra o fluxo de passageiros que utilizam as linhas de ônibus que trafegam pelo litoral do Icaraí. O interessante na Tabela é notar que, além do fluxo metropolitano da praia, tem-se um fluxo intrametropolitano na linha Icaraí – Cumbuco – Caucaia. Nessa perspectiva, a localidade do Icaraí se conecta intensamente com a sede do município, tirando um pouco a ideia de um fluxo somente para Fortaleza.

Nessa situação, a área que era exclusivamente para a vilegiatura marítima passa a crescer em infraestrutura e população. Atualmente, nota-se que os condomínios passam a abrigar muitos moradores de Caucaia e de Fortaleza, pois a localização da área facilita o fluxo tanto para a sede de Caucaia como para o centro de Fortaleza pela CE – 085 e 090. A localidade sofre também pela falta de planejamento do governo; o aumento dos assaltos e a destruição dos imóveis pelo avanço do mar são notórios na localidade. A mídia tirou o foco de uma área turística que era o Icaraí para uma área de grandes problemas sociais e ambientais. O jornal o povo do dia 09 de Outubro de 2007, na página 11, apresentou que 30 é o número de barracas derrubadas pelo mar nos últimos anos, 100 é o número de empregos diretos sendo extinto na localidade pela perda do turismo, e 300 é o número de empregos indiretos sendo extinto na localidade praiana do Icaraí.

Tabela 03 – Número de passageiros das linhas de ônibus que trafegam pelo litoral de Caucaia, mês de Outubro dos anos de 2005 - 2009

Nº de passageiros das linhas de ônibus do litoral de Caucaia referente ao m ês de Outubro dos anos 2005 a 2009.

Linha 2005 2006 2007 2008 2009

Icaraí via Barra do Ceará 71.339 77.149 73.221 66.440 77.145 Cumbuco via Mister Hull 13.498 14.718 11.201 17.647 23.618 Icaraí – Cumbuco - Caucaia 139.577 137.207 128.375 132.644 147.833

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Fonte: Empresa de ônibus Vitória. Organizado pelo autor.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo traz uma reflexão sobre a vilegiatura marítima e como ela pode se transformar perante a dinâmica das metrópoles. A prática de construção de áreas de lazer deve ser orientada para a valoração dos espaços públicos e da sociedade que o habita. No exemplo da área do Icaraí, tentamos resgatar o aspecto histórico de construção da área analisando as transformações advindas da metrópole de Fortaleza. Nota-se o aumento do fluxo de pessoas para os municípios vizinhos, afetando nos espaços litorâneos e na dinâmica ambiental. A área em estudo, antes da década de 40, era essencialmente lugar da pesca de comunidades tradicionais de origem indígena; muitas pessoas não resistiram ou incorporaram-se à dinâmica de valorização do litoral advinda de Fortaleza. O Icaraí passa a ser o lócus da vilegiatura marítima e dos condomínios verticais nos anos 70 e 80. No final da década de 90, a construção da ponte sobre o rio Ceará facilitou o acesso das pessoas da zona oeste de Fortaleza para a praia. Os eventos de destruição da praia pelo avanço do mar com o estado de abandono na localidade e a crescente violência do núcleo urbano trouxeram ao Icaraí uma imagem negativa para o turismo e o veraneio. A pesquisa terá como próxima etapa constatar a mudança de função dos condomínios de segundas residências para residências fixas e evidenciar a desvalorização da área pelo mercado imobiliário.

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