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O USO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS E IMAGENS DE SATÉLITE COMO RECURSO DIDÁTICO EM SALA DE AULA Kelenn Sobé Centenaro 1

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O USO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS E IMAGENS DE SATÉLITE COMO RECURSO DIDÁTICO EM SALA DE AULA

Kelenn Sobé Centenaro1

Resumo: Este estudo objetiva propor a utilização de fotografias aéreas e imagens de satélite de distintas datas, no ensino de geografia da educação básica, como recurso didático que contribua com a aprendizagem do aluno ao analisar, questionar, relacionar e interpretar os elementos observados nestas imagens e suas transformações ao longo do tempo. Ainda, utilizar este recurso como aporte de estudo dos conceitos geográficos que englobam paisagem, lugar, espaço, território, propiciando a reflexão e a construção do conhecimento pelo próprio aluno. Esta proposta pretende mostrar que as fotografias e imagens como representações de paisagens, podem servir como recurso e subsídio para a compreensão do espaço geográfico, tornando as aulas dinâmicas e distintas do que o aluno já está acostumado a ter.

Palavras Chave: Fotografias Aéreas, Imagens de Satélite, Ensino de Geografia.

INTRODUÇÃO

Este estudo tem por objetivo propor o uso de fotografias aéreas e imagens de satélite na educação básica, como recurso didático no processo do ensino e aprendizagem em geografia.

As fotografias aéreas e imagens de satélite possuem uma infinidade de elementos as quais permitem analisá-las geograficamente. São atualmente acessíveis por estarem disponíveis na internet (exemplo do Google Earth Pro) e diferenciam-se dos recursos didáticos com os quais os alunos já estão acostumados a utilizar, como as imagens dos livros didáticos.

A proposta a ser apresentada neste trabalho, é que as imagens de satélite e fotografias aéreas no seu modo impresso, palpáveis aos alunos, sejam transformadas em recurso didático metodológico, disponibilizados em sequência temporal de imagens, ou seja, imagens de distintas datas, para que o aluno possa fazer uma análise de espaço-tempo com elas, e então, compreender as transformações espaciais que ocorreram em determinado local ao longo dos anos.Este recurso pode ser utilizado como aporte para o estudo dos conceitos da geografia, que englobam paisagem, lugar, espaço, território, estes, primordiais no estudo da ciência geográfica e que trarão um embasamento teórico para seus estudos. Trabalhar com imagens de satélite e fotografias aéreas permitem até mesmo, a elaboração de mapas pelos próprios alunos.

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Esta proposta consiste ainda, em utilizar recortes de lugares conhecidos pelos estudantes, locais os quais estão presentes no cotidiano deles e que façam parte de suas realidades. É uma maneira de aproximá-los ainda mais, visto que, “a geografia que o aluno estuda deve permitir que ele se perceba como participante do espaço que estuda” (CALLAI, 2003. p.58). Assim, o aluno traz para a aula suas vivências, relaciona o que está sendo estudado com sua própria realidade e passa a ler geograficamente o espaço o qual está inserido.

ORIGEM DA PESQUISA

Esta pesquisa originou-se na fase de construção do trabalho de conclusão de curso da graduação no curso de Geografia, realizado na FAED/UDESC. O trabalho envolveu estudos da ocupação do Balneário de Jurerê, localizado no município de Florianópolis, SC, desde 1957 até o ano de 2012. Um dos métodos escolhidos para compreender o histórico de ocupação desta localidade foram análises de fotografias aéreas e imagens de satélite, as quais permitiram obter o entendimento da evolução de Jurerê e elaborar mapas temáticos de uso e ocupação da terra desta localidade.

Ao lidar com as imagens de satélite e fotografias aéreas para as análises da evolução histórica do Balneário de Jurerê, percebia-se a quantidade de informações e significados que estas traziam e o quanto levavam a questionamentos. Ao observá-las e por seguinte, interpretá-las, era possível visualizar as transformações naquele recorte do espaço geográfico, os elementos naturais e sociais presentes na paisagem ilustrada.

Desta maneira, verificou-se que esta ferramenta de estudo conduzia a diversos entendimentos e foi capaz de mostrar diferentes respostas. Estas constatações conduziram a pensar o uso das imagens de satélite para o ensino de geografia, em ambiente escolar, como uma maneira muito mais atrativa e dinâmica se de aprender alguns conceitos da ciência Geográfica.

Portanto, neste estudo, trago como proposta a utilização desta ferramenta para além dos estudos profissionais e técnicos de bacharéis em geografia, mas o seu uso em ambiente escolar, com os estudantes da educação básica, para que desde então possam ter contato com produtos do sensoriamento remoto os quais são as imagens de satélite e fotografias aéreas. Afinal de contas elas estão aí e a educação carece de novos recursos para aprimorar o ensino não só da geografia, como das várias outras disciplinas que compõe o currículo.

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Desta maneira, faz-se uma ponte entre o científico e o cotidiano através da integração de conhecimentos, estabelece-se um vínculo entre ciência e disciplina escolar, aproximando a ciência da realidade e promovendo a socialização desta ciência, requalificando a relação do ensino com o conhecimento e com a vida (SANTOS, 2002b).

OBJETIVOS DA PESQUISA

O objetivo do que se propõe neste trabalho, é transformar as imagens, este instrumento carregado de significados, em recurso didático, com o propósito de ser utilizado nas escolas como ferramenta propiciadora de saberes, permitindo a prática da observação, da descrição, da interpretação, e principalmente, permitir que o aluno seja capaz de fazer uma leitura da paisagem ali ilustrada, pertencente a um espaço geográfico. Ainda, fazer com que o professor possa analisar como seus alunos se apropriam deste recurso e como se aproveitam de suas potencialidades. Perceber no aluno como ocorre o processo de construção do conhecimento geográfico a partir das imagens e então poder concluir se este é de fato um bom recurso a ser utilizado em sala de aula.

EXEMPLO DE COMO ESTE RECURSO PODE SER TRABALHADO

Para iniciar os trabalhos em sala de aula com o recurso didático proposto nesta pesquisa, pode-se utilizar de fotografias aéreas de datas antigas, geralmente disponibilizadas em órgãos municipais. Em Florianópolis podem ser encontradas na Secretaria de Estado do Planejamento – SC, fotografias com datas de 1957, 1978, 1994. E imagens de satélite de datas mais recentes, a partir do ano de 2003, por exemplo, disponibilizadas pelo software Google Earth PRO, gratuito e que permite salvar imagens de alta resolução (4800x2800 aproximadamente).

Após ter conhecimento dos alunos presentes em sala, propõe-se escolher recortes espaciais que ilustrarão as imagens, isto, de acordo com os lugares conhecidos pelos alunos, como o entorno da escola ou de suas residências.

A proposta é que estas fotografias e imagens sejam utilizadas nas aulas no seu modo impresso, para que os alunos possam manuseá-las. Porém, anterior a isso, é interessante que estas imagens sejam manipuladas pelos professores, georreferenciadas

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em um software de processamento de imagens como o ArcGIS, para que seja possível escolher o recorte e uma escala que possibilite a visualização de detalhes, como as edificações. Desta forma será possível que um determinado lugar seja apresentado nas imagens em uma sequência temporal, com o mesmo recorte e escala, facilitando a interpretação dos alunos.

Ressalto que, a proposta aqui apresentada considera que os estudantes entrarão em contato apenas com as imagens já impressas, e que não participarão do processo anterior com o uso do Software ArcGIS. Porém, é importante que sejam informados do processo que ocorreu antes das imagens impressas chegarem até suas mãos.

Em seguida, pode-se prosseguir o trabalho com exposições orais, atividades práticas de observação, descrição, interpretação das imagens e relações com conceitos da geografia. Instigar os alunos a pensar nos processos de transformação do espaço, em como e porque ocorreram tais transformações e o que concluem disto.

FOTOGRAFIAS AÉREAS E IMAGENS DE SATÉLITE

Inicialmente, ao mencionar fotografias aéreas e imagens de satélite, refiro-me à produtos/dados de uma técnica denominada sensoriamento remoto, uma tecnologia que permite a obtenção de imagens e dados da superfície terrestre através da captação e do registro da energia refletida ou emitida pela superfície. Estas imagens são obtidas de satélites, de aviões (fotografias aéreas) ou mesmo de máquinas fotográficas comuns (FLORENZANO, 2002).

De acordo com Florenzano (2002), a origem do sensoriamento remoto está vinculada ao surgimento da fotografia aérea. Para a autora, entre 1860 e 1960 tem-se o primeiro período da história do sensoriamento remoto, baseado no uso de fotografias aéreas. Já entre 1960 aos dias de hoje, tem-se o segundo período, caracterizado por uma variedade de tipos de fotografias e imagens. A primeira fotografia aérea data de 1856 e foi tirada de um balão, as fotografias tiradas por aviões tiveram início a partir de 1909, e o lançamento do primeiro satélite artificial – o Sputnik – em 1957 pela antiga URSS.

Através do desenvolvimento de sensores de alta resolução e a construção de satélites artificiais, estes equipados por tais sensores, é possível receber imagens e notícias do mundo inteiro, além de permitir a comunicação via Internet e via chamadas telefônicas de longas distâncias (FLORENZANO, 2002). O desenvolvimento da tecnologia espacial tornou possível observar a Terra através da coleta de diferentes

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dados e aquisição de imagens da sua superfície realizadas por sensores remotos (SANTOS, 2002b).

Devido aos avanços tecnológicos que o mundo presenciou nas últimas décadas, tornou-se viável e facilitado o acesso à aquisição de imagens da superfície terrestre. “O surgimento das novas tecnologias da informação e da comunicação, desenha um mundo novo, cheio de novas possibilidades” (CASTILLO, 1999, p. 45). Através do surgimento do sensoriamento remoto tornou-se possível obter a apreensão das paisagens de toda a superfície terrestre na forma de imagem digital (CASTILHO, 1999).

As fotografias aéreas e imagens de satélite são “retratos fiéis da superfície terrestre” (FLORENZANO, 2002, p.34), são dados do sensoriamento remoto os quais permitem a visualização tanto de detalhes como de todo o conjunto espacial de um recorte em determinado terreno, estes são excelentes recursos para o ensino e aprendizagem do espaço geográfico que podem ser utilizados pelos alunos em sua forma impressa, como se fosse uma fotografia com um tamanho um pouco maior que o normal (MELO et. al, 2004).

Acredita-se que ao manipular a ferramenta de ensino, o instrumento que leva a prática da observação, dedução, interpretação e consequente construção de conhecimentos, possa ser um recurso muito rico a ser utilizado em sala de aula, contribuindo para diversas análises geográficas.

De acordo com Santos (2002), as imagens de satélite devido sua abrangência espacial e seu caráter temporal, permitem uma visão de conjunto da paisagem em tempos distintos, sequenciais e simultâneos, auxiliando nos estudos de meio ambiente e ainda contribuindo nas análises dos processos de uso e ocupação dos espaços. A autora também ressalta que os recursos do sensoriamento remoto, quando utilizados com regiões conhecidas do aluno, facilitam na descrição dos elementos que estão presentes na paisagem, permitindo que este se familiarize com as formas de representação do espaço.

O olhar do sensoriamento remoto é um olhar de cima, do alto; um olhar gerenciador dos territórios e suas gentes; um olhar que, graças à técnica, tem a pretensão de enquadrar a paisagem em distintas escalas: do detalhamento à generalização, da parte ao todo; um olhar fugaz [...], um olhar cuja íris produz nuanças político-estéticas sobre o território usado (CAZETTA, 2009, p.76-77).

Através da utilização dos produtos do sensoriamento remoto é possível ter uma apreensão sistêmica da área a ser estudada. Eles possibilitam a análise de diversas

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variáveis no espaço (SANTOS, 2002), pois, nas imagens “a paisagem está representada em todos os seus aspectos: geologia, relevo, solo, água, vegetação e uso da terra” (FLORENZANO, 2002, p.34).

Estas imagens estimulam o aluno a pensar, a inferir, buscar explicações e até a tirar algumas conclusões acerca do que está observando, pois “a linguagem da imagem tem a capacidade de produzir comunicação instantânea” (FONSECA, 2004, pg.207). Dessa maneira o aluno está construindo seus próprios conceitos com base na interpretação que fez das imagens de satélite/ fotografias aéreas, confrontando com aquilo que ele já sabe.

Ao construir os conceitos, o aluno aprende e não fica apenas na memorização [...] Ao construir o seu conhecimento estará aproveitando os conteúdos de geografia para sua formação, para ser um cidadão no sentido pleno da palavra (CALLAI, 2003, p.62)

Utilizar as imagens no ambiente escolar torna as aulas mais dinâmicas e foge daquilo que os alunos já estão acostumados a ver. É uma prática de ensino diferenciada, capaz de envolver o aluno na construção dos conhecimentos e de “estimular as estruturas cognitivas do sujeito” (CASTELLAR, 2010, p.6). Ao interagir com os instrumentos que fornecerão significados, informações e a possibilidade da reflexão, da formação de opiniões e conceitos, o aluno está envolvido no processo de aprendizagem, ele está participando da produção do seu próprio conhecimento. “É preciso [...] que as metodologias de ensino façam do estudante um elemento ativo da aprendizagem” (NOGUEIRA, 2012, p.235).

Ao utilizar imagens, vídeos, obras de artes ou um texto literário, pode-se estimular o aluno a compreender os conceitos geográficos, considerando não só a capacidade cognitiva, mas os aspectos afetivos e culturais, potencializando a aprendizagem significativa. É importante entender que essas linguagens não são instrumentos ou meras ferramentas, mas são utilizadas como propostas voltadas para o processo de aprendizagem e para a ampliação do capital cultural do aluno (CASTELLAR, 2010, p.8 e 9).

Como exemplo, em uma sequência de imagens aéreas, de distintas datas, desde as mais antigas às mais recentes, pode-se identificar diversos elementos, desde sua estrutura urbana ou rural; modificações temporais como a presença de cursos d’água que possam ter desaparecidos na imagem seguinte; relevo do local; alterações na natureza, provocadas ou não pela ação humana, entre outras diversas análises que este recurso permite fazer. Todos estes elementos identificados, de acordo com Castellar

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(2010), resultam da produção e organização do espaço, no qual ocorrem as relações sociais, econômicas, políticas, culturais e ambientais.

Imagens de diferentes períodos são um recurso que auxiliam na compreensão do processo de organização e transformação do espaço. […] a partir da interpretação de imagens de diferentes datas, referente a uma mesma região, é possível, em conjunto com dados provenientes de outras fontes, fazer uma reconstituição do processo de ocupação e desenvolvimento de uma região (FLORENZANO, 2002, p.93). O intuito da proposta apresentada neste estudo é fazer com que o aluno perceba os elementos presentes nas imagens, relacione-os e a partir daí, construa e exponha sua opinião e concepções acerca do que interpretou delas. Em diálogo com Florenzano (2002), interpretar no sentido de identificar objetos representados nas imagens e dar um significado a estes objetos.

O uso do sensoriamento remoto se destaca da maioria dos recursos educacionais pela possibilidade de se extraírem informações multidisciplinares. Os dados contidos em uma única imagem podem ser utilizados para multifinalidades e trabalhados interdisciplinarmente, tendo a possibilidade de relacionar com os conteúdos curriculares de diferentes disciplinas (FLORENZANO, 2002).

Para o alcance de uma próspera e efetiva resposta e de um bom retorno dos alunos, acredita-se ser necessária a elaboração de um planejamento anterior a realização desta prática pedagógica, que contenha os modos como este recurso didático será apresentado em sala de aula, as devidas orientações que serão dadas aos estudantes, para assim, instruí-los antes de iniciarem os trabalhos com as imagens de satélite e fotografias aéreas. Espera-se que ao ter o recurso em suas mãos o aluno já esteja “devidamente orientado e enquadrado por um apoio tutorial empenhado e efetivo” (NOGUEIRA, 2012, p.235).

É importante ressaltar para o aluno que, as análises realizadas sobre as imagens/fotografias, estas que representam um lugar conhecido do aluno, devem ser também, espacializadas do local pra o global, articuladas com lugares do mundo como um todo. A partir deste pressuposto é possível dialogar com a autora Costella (2008, p.16), ao dizer que “O lugar tem destaque como um ponto de partida para compreender outros lugares que compõem o mundo. A partir do lugar, uma continuidade do sujeito, o aluno é capaz de estender as observações para o mundo”. Ainda de acordo com a autora, quando se promove a dialogicidade entre o sujeito e seu entorno, também promove-se a

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compreensão do entorno com o mundo. É uma relação entre o sujeito, neste caso o aluno, e sua continuidade.

Deve-se lembrar que “cada lugar é sempre uma fração do espaço totalidade e dos diferentes tempos, portanto, na busca da compreensão dos lugares há necessariamente o trânsito pela totalidade” (CASTROGIOVANNI, 2000, p.17).

As razões para se utilizar imagens que tragam lugares conhecidos dos alunos deve-se ao fato de que desta forma, estes alunos farão a leitura da organização de um espaço que tem como conteúdo a própria sociedade em que atuam, revelando como a sociedade divide o seu espaço e como os grupos sociais se apropriam dele (CASTROGIOVANNI, 2000).

A partir das representações dos lugares, o aluno forma o ideário que envolve a totalidade indissociável do espaço geográfico.

O estudo de diferentes imagens, representações e linguagens são formas de provocar hipóteses que levam a manifestações, análises e interpretações da formação do espaço e, portanto, da construção de conceitos geográficos (CASTROGIOVANNI, 2000, p.81).

Uma imagem de satélite ou uma fotografia aérea representam uma paisagem, um lugar específico do mundo o qual estamos inseridos, em um determinado período histórico e espaço geográfico. Estudar o lugar, em Geografia, de acordo com Callai (2000), significa entender o que acontece no espaço onde se vive, indo além das suas condições naturais ou humanas; compreender o lugar em que vive, permite ao sujeito conhecer a sua história e conseguir entender as coisas que ali acontecem. O lugar é repleto de história e com pessoas historicamente situadas num tempo e num espaço, este o qual pode ser o recorte de um espaço maior, mas nunca isolado, independente.

O geógrafo Milton Santos traz em sua definição de espaço que este é “formado por um conjunto indissociável, [...] de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá” (2006, p.39). O espaço é construído ao longo do processo de construção da sociedade, das relações que ocorrem e que se materializam neste espaço (CALLAI, 2000) e que formam as paisagens dos lugares.

Para que alunos da educação básica possam compreender a geografia, estudar e interpretar a realidade do espaço, propõe-se através deste trabalho, a manifestação do olhar espacial no aluno, uma análise espacial para verificar as marcas inscritas no espaço, o modo como se distribuem os fenômenos e a disposição espacial que assumem

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(CALLAI, 2000). Aí que entram as imagens de satélite e fotografias aéreas, como instrumentos de análise que ilustram a paisagem de determinado lugar, lugar este inserido no espaço geográfico. Esta paisagem “é um momento do processo de construção do espaço” (Idem, p.99).

As imagens como representações de paisagens servirão como ferramentas, subsídios para que se compreenda o espaço geográfico. Segundo CALLAI (2000) esta paisagem precisa ser apreendida para além do que é visível, e esta apreensão é a busca das explicações do que está por detrás da paisagem, é a busca dos significados do que aparece.

Digamos que, para uma análise significativa, pode-se partir da estrutura de um determinado espaço, fazer as descrições e análises de tudo o que é visível – de toda a paisagem. E aí entra a necessidade de explicar estas descrições, de fundamentá-las. E isto nos é dado pela formação do espaço. É necessário entender a trajetória da construção do espaço, é preciso estabelecer e entender as relações entre os fenômenos que vão se encadeando para formar o espaço. A análise do espaço deve ocorrer a partir de um vaivém constante entre a descrição, as relações, as explicações do aparente e a busca de justificativas desta aparência. (CALLAI, 2000, p.101).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A informação retida das fotografias aéreas junto às imagens de satélite permite que o aluno, orientado pelo professor, utilize-as como um instrumento de leitura, decodificação e compreensão da realidade imediata em que está inserido e também de outras realidades distintas da sua. Porém, são realidades conectadas por diferentes relações. Ou seja, a informação é transformada em conhecimento, o sensoriamento remoto permite esta transformação, e por meio desse processo, contribui para o desenvolvimento da função social da escola como formadora de cidadãos críticos e participativos, através dos recursos da ciência presentes na sociedade (SANTOS, 2002b).

Este trabalho é apenas o início de uma pesquisa, uma proposta de ensino que está em andamento e será posteriormente posta em prática. Por enquanto, é apenas um estudo teórico com o objetivo de instigar educadores da educação básica, professores de geografia, a experimentarem deste recurso, testarem novas possibilidades e quem sabe obterem ótimos resultados dessa experiência.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CALLAI, Helena Copetti. Estudar o Lugar para Compreender o Mundo. In: CASTROGIOVANNI, A. C. (Org.) Ensino de Geografia: práticas e textualizaçãono cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2000.

CASTELLAR, Sônia. VILHENA, Jerusa. Ensino de Geografia. Coleção Ideias em Ação. 2010.

CASTILLO, Ricardo. Sistemas Orbitais e Uso do Território - Integração Eletrônica e Conhecimento Digital do Território Brasileiro. Tese de Doutorado em Geografia, USP. 1999.

CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos. CALLAI, Helena Copetti. Ensino de Geografia: práticas e textualização no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2000.

CAZETTA, Valéria. O Status de Realidade das Fotografias Aéreas Verticais no Contexto dos Estudos Geográficos. Pro-Posições, USP. v.20, n.3, p.71-86. 2009.

COSTELLA, R. Zordan. O Significado da Construção do Conhecimento Geográfico Gerado por Vivências e por Representações Espaciais. Tese de Doutorado em Geografia, UFRGS. Porto Alegre, 2008.

FLORENZANO, Teresa Galotti. Imagens de Satélite para Estudos Ambientais. São Paulo: Oficina de Textos, 2002.

FLORENZANO, T. Galloti; SANTOS, V.M. Nunes. O Uso do Sensoriamento Remoto na Educação Ambiental. Anais X SBSR, Foz do Iguaçu, INPE. P.191-193. Abril, 2001

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FONSECA, Fernanda Padovesi. A Inflexibilidade do Espaço Cartográfico, Uma Questão para a Geografia: Análise das Discussões sobre o Papel da Cartografia. Tese de Doutorado em Geografia Física, USP. São Paulo. 2004.

MELO, A. de Ávila; MENEZES, P. M. L.; CRUZ, C.M.M.C; SAMPAIO, A.C.F; SILVEIRA, R. de Ávila. M. O Uso de Dados do Sensoriamento Remoto como Recurso Didático para o Ensino da Cartografia na Geografia. Caminhos de Geografia. Programa de Pós-Graduação em Geografia. 5 (13) p. 89-102, out. 2004.

NOGUEIRA, E. Ruth. Tecnologias da Informação e Comunicação (TICS), Inclusão e Cartografia Escolar. Geografares, nº12, p.228-257, Julho. 2012

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