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INSTITUIÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES

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Academic year: 2021

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Raquel Figueira Bastos raquel.rfb@gmail.com Moacyr Soares Marques Coelho moa_coelho@gmail.com Lívia Pierrote Melo de Freitas livinhamello@yahoo.com.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense. INSTITUIÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO PLANO DIRETOR DO

MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES

1 INTRODUÇÃO

A dinâmica de urbanização da sociedade brasileira caracteriza-se por processos de exclusão socioespacial e degradação ambiental. A busca pela compreensão do que acontece nas cidades e as transformações ocorridas em seus vários aspectos implicam no estudo de diversas variáveis (espaciais, econômicas, ambientais, etc.) que compõem seu território.

O espaço urbano tem sido discutido por diversos autores e campos do conhecimento por ser considerado reflexo e condicionante da sociedade. Corrêa o define como “[...] um produto social, resultado de ações acumuladas através do tempo, produzida por agentes que produzem e consomem o espaço” (CORRÊA, 1995, p. 11). Segundo Corrêa, as contradições espaciais começam a surgir quando os agentes sociais – proprietários fundiários, Estado, promotores imobiliários, proprietários dos meios de produção e grupos sociais excluídos – (re)produzem esse espaço de forma segregada diante as ações acumuladas ao longo de sua história (CORRÊA, 1995, p. 12).

O meio ambiente tornou-se, também, um tema bastante discutido sobretudo a partir dos anos 1980, em âmbito internacional, e por volta dos anos 1990 em nível nacional (AVANZI, 2004, p. 41). A relação deste com o espaço urbano está diretamente

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ligada ao papel dos agentes sociais. A lógica da (re)produção desse espaço baseia-se no interesse do capital, e a degradação do meio ambiente torna-se consequência deste processo. Carlos afirma que “a ausência de planejamento como degradação do meio ambiente desloca o sentido do processo de produção, pois o que degrada o meio ambiente é o modo como se realiza o processo de acumulação, que responde a uma lógica da reprodução capitalista em um país dependente” (CARLOS, 2007, p. 115). Desse modo, a gestão ambiental visa dispor as atividades humanas para que estas não agridam o meio ambiente, o que com a lógica capitalista torna-se elemento de segundo ou nenhum plano do Estado.

O Plano Diretor é um documento que legitima basicamente a implantação de políticas de desenvolvimento urbano com objetivos e prazos estabelecidos em suas diretrizes, entre elas a gestão ambiental de um município. Nesta condição, segundo Carlos, a política urbana produzida e administrada no seio da instituição não produzem nada além da funcionalização do espaço e, consequentemente, da vida, fragmentando-os (o espaço e a vida) (CARLOS, 2007, p. 115). De acordo com Pereira, entende-se, então, que a mediação entre estruturação do espaço e degradação ambiental passa pelos padrões segregacionistas de uso e ocupação do solo decorrentes do processo de (re)produção da cidade (PEREIRA, 2001, p. 40).

O Município de Campos dos Goytacazes, no norte do Estado do Rio de Janeiro tem suscitado discussões sobre a eficácia de suas políticas de planejamento urbano. O mesmo é considerado um dos municípios que mais se beneficiam dos royalties de petróleo no Estado do Rio de Janeiro, e é notória a necessidade de refutar a postura do município em relação à aplicabilidade do Plano Diretor, principalmente quando se trata de gestão ambiental (SOFFIATI NETTO, 2011).

Sob estes aspectos, a pesquisa concentra-se em estudos pertinentes à criação e ampliação de Unidades de Conservação com base no previsto na Lei 7.972/2008, Plano Diretor do Município de Campos dos Goytacazes e a forma pela qual é conduzida pelo poder público local.

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2 OBJETIVOS

- Verificar a forma pela qual as unidades de conservação são conduzidas pelo poder público local campista, com base no previsto na Lei 7.972/2008, Plano Diretor do Município de Campos dos Goytacazes;

- Analisar as áreas de interesse ambiental na Lei 7.972/2008;

- Comparar a política de gestão ambiental prevista no Plano Diretor com a qual é praticada pelo poder público local do Município de Campos dos Goytacazes.

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada consta de levantamento bibliográfico e de fundamentação dos conceitos de espaço urbano, meio ambiente e unidade de conservação. Foram feitas pesquisas de campo sobre as áreas de interesse ambiental em Campos dos Goytacazes e entrevista com o órgão responsável.

4 CONHECIMENTOS TEÓRICOS

A criação e gestão das unidades de conservação são um dos aspectos intrínsecos à discussão sobre Ordenamento Territorial e Ambiental, são áreas naturais preservadas pelo poder público ou pela iniciativa privada, destinadas à conservação da biodiversidade e outros fins (VALLEJO, 2002, p. 57). O estudo das unidades de conservação contempla a discussão conceitual do espaço urbano sob várias abordagens (econômicas, territoriais, ambientais), além de equacionar problemas sociais que tão marcadamente caracterizam o espaço urbano como um todo.

O espaço urbano é um conceito complexo e polêmico, pois cada sociedade vê o espaço de uma maneira que esteja associada às suas concepções culturais e sociais. Santos, afirma que:

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O espaço real, total, não se organiza fora de seu assentamento geográfico, cuja fisionomia e fisiologia mudam a cada dia. Não se realiza, tampouco, fora dos fluxos de toda a natureza que nele vêm se chocar e se deformar ao contato das influências e fluxos locais (SANTOS, 1991, p. 9).

Assim, o espaço é considerado como “um conjunto de fluxos e fixos, um indissociável sistema de ações e objetos” (SANTOS, 2006, p. 38). Já o “espaço urbano apresenta um sentido profundo, pois se revela condição, meio e produto da ação humana – pelo uso – ao longo do tempo” (CARLOS, 2007, p. 11). Deste modo, o espaço urbano considerado nesta pesquisa segue a definição acima indicada, de Carlos, que pensa a cidade como um produto histórico-social e nesta perspectiva surge como trabalho materializado, acumulado ao longo do processo histórico de uma série de gerações (CARLOS, 2007, p. 12).

O meio ambiente aqui não é considerado como um conjunto que reflete as condições naturais que “[...] atuam sobre os organismos vivos mais as ações humanas no espaço, aspecto a englobar, também, o ambiente político, econômico, histórico, social, antropológico, etc.” (OLIVEIRA, 2008, p. 114). Para Oliveira, a Geografia Crítica é quem faz uma análise contrária da compreensão do meio ambiente elaborada pelos paradigmas clássicos (determinismo e possibilismo geográficos), das quais se obtinha uma visão fragmentada do meio ambiente, restritas, todavia, aos seus aspectos naturais (fauna, clima, geologia, hidrografia, etc.) (OLIVEIRA, 2008, p. 114).

Hoje, o que se entende por meio ambiente – elementos naturais e sociais concomitantemente – faz parte da origem da Geografia e isso lhe atribui o mérito de ter sido a primeira das ciências a tratar do meio ambiente de forma integrante (MENDONÇA, 2012, p. 32).

Nos argumentos de Quintas, a gestão ambiental é vista como o processo de intervenção de interesses e conflitos (potenciais ou explícitos) entre atores sociais que agem sobre os meios físico-natural e o construído, objetivando garantir o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme determina a Constituição Federal (QUINTAS, 2006, p. 30). Ribeiro ressalta que, uma das tarefas mais pertinente dos

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geógrafos, é a compreensão do desenvolvimento sustentável, esclarecendo conceitos, suas múltiplas dimensões e os paradigmas de gestão ambiental inseridas no processo de desenvolvimento do espaço como um todo. Salienta ainda que os fundamentos mais importantes para a gestão ambiental integradora têm como pontos principais o homem, o social, e o contexto, sendo que este último deve ser responsavelmente ambiental (RIBEIRO, 1997, p. 73).

4.1 Plano Diretor Participativo de Campos dos Goytacazes

Com base no previsto na Lei 7.972/2008, Plano Diretor, subseção I artigo III:

As áreas de interesse ambiental, na qual se incluem os ambientes representativos da paisagem natural de Campos, como rio Paraíba do Sul e suas ilhas, o sistema lacunar e o sistema hídrico contribuinte às macrobacias da Lagoa Feia, do Rio Paraíba do Sul e do rio Itabapoana, os remanescentes florestais e florísticos e o sistema orográfico característico do município e pelas Unidades de Conservação a serem criadas.

Tais como:

a) APA de Morro do Coco;

b) Parque Municipal do Morro da Itaóca; c) APA do Imbé;

d) APA de Serinha;

e) Parque Municipal da Lagoa Limpa; f) APA da Lagoa das Pedras;

g) APA da Lagoa do Taquaruçu;

h) Estação Ecológica da Mata do Mergulhão; i) APA do Banhado da Boa Vista;

j) Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Banhado do Cataia; k) Reserva Ecológica ou Estação Ecológica do Manguezal da Carapeba; l) APA das Lagoas dos Prazeres, Feia, do Campelo e do Salgado.

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De acordo com o Plano Diretor vigente, a criação de no mínimo doze unidades de conservação é constatada por Lei. Embora constituído de forma democrática, o atual Plano Diretor apresenta algumas falhas, que poderiam ser corrigidas para atualizá-lo e aprimorá-lo. O que vem a ser discutido nesta pesquisa é a aplicabilidade do mesmo, se ele é utilizado, ou não.

Em uma entrevista com a coordenadora do setor de estruturação de unidades de conservação ambiental da Prefeitura de Campos dos Goytacazes, foi indagada a utilização do Plano Diretor na criação das unidades de conservação do município. Foi constatado que dentre as doze unidades de conservação citadas no Plano Diretor, apenas uma delas foi instituída. A coordenadora alega que a parte que trata de unidades de conservação no Plano Diretor apresenta erros na nomenclatura e não apresentou na sua elaboração um prévio estudo técnico nas áreas antes de defini-las. Com isso, atualmente o município apresente apenas três unidades de conservação, sendo elas: APA de Lagoa de Cima (1992), APA do Lagamar (1993) e Parque Municipal do Morro da Itaóca (2013).

Na página online da prefeitura do município de Campos (www.campos.rj.gov.br) foi divulgado pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente e Urbano (CMMAU), áreas definidas como prioritárias para o estudo técnico e a criação de Unidade de Conservação. Destacando as: Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa do Taquaruçu, Parque Municipal da Lagoa Limpa, APA da Lagoa das Pedras, APA Morro do Coco e Estação Ecológica do Manguezal da Carapeba. Além disso, foi atualizado que a APA do Banhado da Boa Vista agora não pertence mais ao município e agora faz parte da APA da Lagoa do Açu em São João da Barra/RJ.

5 RESULTADOS PRELIMINARES

Como resultados preliminares, temos revisão bibliográfica, o levantamento do estágio das Unidades de Conservação existentes no Plano Diretor em vigor.

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Tabela 1 – Andamento das Unidades de Conservação previsto na Lei 7.972/2008 Unidades de

Conservação Implantada Estudo técnico prioritária Área Pertencente a outro Município APA de Morro do Coco X Parque Municipal do Morro da Itaóca X APA do Imbé APA de Serinha Parque Municipal da Lagoa Limpa X

APA da Lagoa das Pedras X APA da Lagoa do Taquaruçu X X Estação Ecológica da Mata do Mergulhão X APA do Banhado da Boa Vista X X Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Banhado do Cataia X Reserva Ecológica ou Estação Ecológica do Manguezal da Carapeba X APA Lagoas dos

Prazeres, Feia, etc.

Com a visualização da tabela 1, nota-se que a criação de unidades de conservação proposta no Plano Diretor Participativo do Município de Campos dos Goytacazes, no período de 2008 a 2014 (tempo que a lei 7.972/2008 encontra-se em vigor), não é totalmente aplicada pelo governo local. Quando questionado sobre o mesmo, o governo alega irregularidades no próprio Plano Diretor, e que estariam

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fazendo estudos técnicos das áreas para iniciar o trabalho. Porém, como se pode observar na tabela acima, só foram/são realizados os estudos técnicos de duas áreas dentre o período de praticamente sete anos.

A proposta aqui abordada é de obter um levantamento desses dados e a partir da análise do mesmo, obter a discussão da aplicabilidade do Plano Diretor de fato. Sendo assim, o estágio da pesquisa está em andamento, mas podemos observar um desleixo com o próprio Plano Diretor. O simples fato de não haver interesse em aprimorar e atualizar o Plano Diretor, ao que cabe a instituição de unidades de conservação, mostra o quanto o que está no “papel” não é o que está sendo feito. Além disso, durante pesquisas de campo nas áreas ditas prioritárias pelo CMMAU não é visível nenhuma medida de prevenção.

6 REFERÊNCIAS

AVANZI, Maria Rita. Ecopedagogia. In: LAYRARGUES, Philippe Pomier (org.). Identidades da educação ambiental brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004, p. 35-50.

CARLOS, Ana Fani Alessandri. O espaço urbano: novos escritos sobre a cidade. São Paulo: FFLCH, 2007.

CORRÊA, Roberto Lobato. Espaço: um conceito-chave da Geografia. In: CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo Cesar da Costa; CORRÊA, Roberto Lobato (org.). Geografia: conceitos e temas. 7. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. p. 15-47.

______. O espaço urbano. 3. ed. São Paulo: Ática, 1995.

KONDER, Leandro. Origens da dialética. In:______. O que é dialética?. 28. ed. São Paulo: Brasiliense, 2008. p. 7-18.

MENDONÇA, Francisco de Assis. Geografia e meio ambiente. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2012.

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OLIVEIRA, Marlene Macário de; FARIAS, Paulo Sérgio Cunha; SÁ, Alcindo José de. O meio ambiente na Geografia Crítica e na Geografia Humanística: desafios metodológicos para uma didática reflexiva do espaço na escola. Revista de Geografia, v. 25, n. 3, Recife: UFPE – DCG/NAPA, p. 108-121, set./dez. 2008. Disponível em: <http://www.revista.ufpe.br/revista

geografia/index.php/revista/article/viewArticle/173>. Acesso em: 10 dez. 2013, 10h 56min.

QUINTAS, José Silva. Introdução à gestão ambiental pública. 2. ed. Brasília: Ibama, 2006.

RIBEIRO, Miguel Angelo. Desenvolvimento sustentável: conceitos e paradigmas de gestão ambiental. Boletim Goiano de Geografia, v. 17, n. 2, p. 70-91, jul./dez. 1997. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/bgg/article/view/4313>. Acesso em: 12 dez. 2013, 17h.

RODRIGUES, Arlete Moysés. Produção e consumo do e no espaço: problemática ambiental urbana. São Paulo: Hucitec, 1998.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica, razão e emoção. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2006.

______. O trabalho do geógrafo no terceiro mundo. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1991. SOFFIATI NETTO, Aristides Arthur. Cuidados na criação de um novo Plano Diretor para Campos: depoimento [nov. 2011]. Entrevistador: Roberto Moraes Pessanha. Campos dos Goytacazes: Blog do Roberto Moraes, 2011. Entrevista concedida ao Blog

do Roberto Moraes. digital. Disponível em:

<http://www.robertomoraes.com.br/2011/11/cuidados-na-criacao-de-um-novo-plano.ht ml> . Acesso em: 10 dez. 2013, 10h 08min.

SPOSITO, Eliseu Savério. Pequenas argumentações para uma temática complexa. In: MENDONÇA, Francisco de Assis; KOZEL, Salete (org.). Elementos de epistemologia da Geografia contemporânea. Curitiba: UFPR, 2002. p. 63-76.

VALLEJO, Luiz Renato. Unidade de Conservação: uma discussão teórica à luz dos conceitos de território de políticas públicas. GEOgraphia, v.4, n. 8, p. 57-78, jul./dez. 2002. Disponível em: <http://www.uff.br/geographia/ojs/index.php/geographia/article/ view/88>. Acesso em: 30 mar. 2014, 22h 21min.

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