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Balanço 2016 Perspectivas Política Agrícola

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Política Agrícola

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Perspectivas 2017

PRODUTOR RURAL ESTARÁ MAIS EXPOSTO À RESTRIÇÃO DE CRÉDITO NA SAFRA 2016/2017

A sustentação do crescimento da agropecuária brasileira demanda a pulverização das fontes de financiamento para o setor, a maior inclusão financeira dos produtores rurais e o fortalecimento da gestão de riscos agropecuários.

O crédito rural oficial no Brasil, baseado na obrigatoriedade de os bancos ofertarem uma parcela dos saldos em depósitos à vista e em poupança ao setor agropecuário, tem sido prejudicado pela crise econômica. Por um lado, a inflação acima da meta nos últimos anos e a consequente elevação da taxa de juros como mecanismo de controle levaram os in-vestidores a transferirem as aplicações da poupança para produtos mais rentáveis. Por outro lado, os altos índices de desemprego implicaram na elevação dos saques dos de-pósitos em poupança. Pelo lado dos ofertantes de crédito, as instituições financeiras tem adotado a prática das aplicações automáticas, o que reduz sobremaneira os saldos em depósitos à vista. Esses fatores têm limitado a disponibilidade de recursos para o setor via Sistema Nacional de Crédito Rural.

Outro fator que tende a gerar restrição de crédito bancário é o alongamento dos prazos para reembolso dos financiamentos tomados na safra 2015/2016, em decorrência da per-da de produção em diversas regiões do país. Com o aumento dos prazos, as instituições financeiras reclassificam seus clientes em relação ao risco de inadimplência, o que deverá criar algumas dificuldades na contratação de recursos nas próximas safras.

A outra parcela do funding para o custeio da agropecuária, que conta com recursos das

tradings, das indústrias de insumos e das revendas, tem se organizado de forma cada vez

mais concentrada. Em 2016, a multinacional de sementes e agroquímicos Syngenta foi comprada pela estatal chinesa ChemChina, as norte-americanas da área química e de de-fensivos agrícolas Dow Chemical e DuPont fundiram-se e a norte-americana Monsanto, grande produtora de sementes geneticamente modificadas e herbicidas, foi adquirida pela Bayer, empresa alemã dos setores químico e farmacêutico. Essas incorporações bi-lionárias no mercado mundial tendem a afetar a oferta de crédito no mercado brasileiro, especialmente nas regiões onde a maior parcela do financiamento é não bancário, como no Centro-Oeste e na Região do Matopiba (acrônimo formado com as iniciais dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Os recursos próprios dos produtores rurais, que também compõem parcela significativa das fontes de financiamento do setor, foram comprometidos com a quebra da safra 2015/2016 e com a necessidade de alongamento dos prazos de reembolso dos financiamentos.

Além da limitação do crédito, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n0 241/2016, que tramita no Congresso Nacional, tem impactos esperados sobre o setor agropecuário em 2017 e nos próximos anos. A proposta estabelece o teto para a despesa primária de um ano como o valor da despesa primária realizada no exercício anterior, corrigido pela infla-ção (IPCA) do período de referência. Como principal implicainfla-ção, destaca-se a limitainfla-ção da ampliação de recursos destinados à equalização da taxa de juros para o crédito rural,

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instrumentos da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM).

Por outro lado, a fim de fomentar novas fontes de financiamento para a agropecuária, a Lei n0 13.331/2016 modificou a Lei n0 11.076/2004 (Lei dos Títulos do Agronegócio), permi-tindo que o Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) e o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) sejam emitidos com cláusula de correção pela variação cambial. Entretanto estabeleceu como condição que esses títulos sejam integralmente lastreados na mesma moeda e negociados exclusivamente com investidores não residen-tes. A Cédula de Produto Rural (CPR), principal lastro para essas operações, não pode ser emitida em dólar, de acordo com a legislação vigente. A expectativa é que a Lei n0 8.929/1994 seja alterada, possibilitando a emissão de CPR em moeda estrangeira e, como resultado, a operacionalização das operações de CDCA e CRA na mesma moeda.

A sustentação do crescimento da agropecuária brasileira depende da pulverização das fontes de financiamento do setor e da maior inclusão financeira dos produtores rurais, independente do tamanho da propriedade. Uma medida defendida pelo setor para a re-dução do risco de inadimplência e, em consequência, para maior acesso dos produtores ao mercado financeiro, consiste no fortalecimento da política de gestão de riscos agrope-cuários, sejam climáticos ou de preços. Esse fortalecimento requer a adoção de algumas medidas pelos setores público e privado, de forma coordenada, elencadas na figura 1.

Figura 1. Medidas para o fortalecimento da política de gestão de riscos agropecuários

Regras transparentes e estáveis

Previsibilidade

orçamentária Integração de banco de dados

Formação de banco de dados

consistentes e seguros Coordenação de programas de políticas públicas

Flexibilidade e rapidez

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Balanço 2016

CONDIÇÕES CLIMÁTICAS ADVERSAS REDUZEM A CAPACIDADE DE PAGAMENTO DO PRODUTOR RURAL

A perda de produção na safra 2015/2016, em decorrência de condições climáticas adver-sas em diveradver-sas regiões do país, foi expressiva. A safra brasileira de grãos está estimada em 186,4 milhões de toneladas, quebra de 21,4 milhões de toneladas em relação à safra 2014/2015, que totalizou 207,8 milhões de toneladas. Essa retração interrompeu uma série de seis safras consecutivas de recordes na produção e impactou no faturamento do setor, na capacidade de pagamento dos produtores e no nível de inadimplência dos financia-mentos de crédito rural.

No Rio Grande do Sul, o excesso de chuvas ocasionou plantio de arroz fora da janela ideal e a baixa luminosidade prejudicou o desenvolvimento da cultura, refletindo em queda de produtividade do cereal na safra 2015/2016. A produção de soja também foi comprometi-da no estado, em áreas de várzea.

A Região Centro-Oeste perdeu 11,1 milhões de toneladas da safra de milho (retração de 28,1% em relação à safra 2014/2015), especialmente o milho segunda safra, em decorrên-cia do déficit hídrico. Devido ao aumento dos custos de produção, às restrições de crédito e ao câmbio desvalorizado, a parcela significativa da safra do cereal havia sido comerciali-zada antecipadamente. A retração da produção obrigou os produtores rurais a renegociar os contratos com as tradings ou a pagar multas sobre a quantidade de milho não entregue. No Espírito Santo, o longo período de estiagem durante a última safra impactou drasti-camente a produção de café no estado, o que comprometeu a renda e a capacidade de pagamento dos produtores dos financiamentos contratados na safra 2015/2016. Devido à baixa precipitação pluviométrica, até mesmo cafezais irrigados foram prejudicados, cau-sando danos na produção e nas lavouras.

Na Região do Matopiba, afetada por estiagens prolongadas, seca e altas temperaturas nas últimas cinco safras, a produção de grãos e fibras caiu 40% no Maranhão, 30,7% em To-cantins, 52,8% no Piauí e 34,6% na Bahia, na safra 2015/2016 em relação à safra 2014/2015. Visando amenizar os impactos dessas perdas, permitir que os produtores continuem na atividade agropecuária e tenham condições de formar as suas lavouras na safra 2016/2017, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pleiteou o alongamento dos prazos para reembolso das parcelas de operações de crédito rural de custeio e investi-mento, vencidas ou que vencem em 2016, nas regiões mais afetadas pelas condições cli-máticas adversas.

O Banco Central autorizou a renegociação das operações de crédito rural nessas regiões, nos municípios nos quais tenha sido decretada situação de emergência ou estado de ca-lamidade pública com reconhecimento pelo Ministério da Integração Nacional. Uma série de resoluções foi publicada pelo Banco Central, estabelecendo as regras para renegocia-ção em cada região, conforme a tabela 1.

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Tabela 1. Marco legal para alongamento dos prazos para reembolso do crédito rural na safra 2015/2016

Resolução BCB Estados e regiões atendidos Produto

Prazos para reembolso

Encargos financeiros Prazo para formalização Custeio 2015/2016 Custeio prorrogado e Investimento 4.504 RS, SC, PR Arroz Em até cinco parcelas anuais.

1 (um) ano após o vencimento do contrato de financiamento. Contratuais de normalidade. 30/12/16.Até 4.508 RS Soja 4.519 Centro-Oeste, MATOPIBA, ES Todas as culturas

Para até 1 (um) ano após o vencimento final do contrato, para cada parcela prorrogada. Os mesmos pactuados na contratação do crédito. Até 31/12/16. 4.522 ES Café

Fonte: Elaborado a partir das Resoluções do Banco Central (2016).

No mercado de seguro rural, a liquidação extrajudicial da Nobre Seguradora do Brasil pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) surpreendeu os agentes. A seguradora era uma das dez empresas que atuavam no ramo rural no país e estava habilitada ao Progra-ma de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). A falência impactou Progra-mais de dois mil produtores, que, no dia 4 de outubro, tiveram suas apólices automaticamente canceladas pelo decreto de liquidação da seguradora. Esse evento, inédito no mercado de seguros rurais no Brasil, gerou diversos inconvenientes aos produtores: necessidade de contra-tação de novas apólices de seguro com outra seguradora, custos adicionais decorrentes das novas contratações e incerteza quanto ao ressarcimento dos prêmios pagos à Nobre Seguradora e à possibilidade de concorrer à subvenção ao prêmio de seguro rural. Para produtores de soja, milho, trigo, maçã e cebola, esse fato se somou ao contexto negativo observado este ano.

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Referências

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