Enfrentamento da Pobreza
Urbana no Município de
Ribeirão Preto - Brasil
Projeto Apresentado no Seminário
da Rede URB-AL 10 na
província de Genova - Itália de
21 a 23 de setembro de 2006
Marlene de Lorenzi Marques
Ana Maria Stucchi Salles
Apresentação do Município
{ Ribeirão Preto está
localizado na Região Nordeste do estado de São Paulo, Brasil.
{ Distante 313Km da Capital
do estado São Paulo, Ribeirão Preto está com 150 anos e 543.885 mil Habitantes (censo 2005), sendo que a população total do estado fica em torno de 40 milhões.
{ É a sede da 6ª Região
Administrativa do Governo do estado que engloba 23 municípios e mais 10 distritos.
Apresentação do Município
{
O município teve seu índice de crescimento
populacional com destaque na época de 1890 a 1900
devido ao desenvolvimento da cultura do café que
atraia pessoas de outras cidades, estados e
principalmente imigrantes italianos em busca de
trabalho nas lavouras ou nas pequenas industrias de
implementos agrícolas.
{
Com declínio da cultura do café, houve a explosão da
cana-de-açúcar. Acentuando-se o crescimento
demográfico a partir de 1960 com o fortalecimento do
setor terciário frente aos investimentos das atividades
comerciais. A instalação da faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, também contribuiu para o
crescimento da cidade, isto é, pessoas buscando
tratamento médico de qualidade.
Fotos da Cidade
Campus USP
Universidade de São Paulo
Parque Luis Roberto
Jábali
Fotos da Cidade
Teatro Pedro II
Vista Noturna da
Cidade
Agroindústria
{
Tanto a potência da Agroindústria, os serviços de
saúde / educação e o comércio provocaram também
um fluxo migratório intenso na região especificamente
no município. Os impactos negativos dessa urbanização
recaem sobre o homem migrante, que chega em
Ribeirão Preto e se vê desqualificado, se moradia,
exposto à marginalidade, a violência. Esse homem
tende a perder seus valores de origem e passa a se
ocupar de atividades mal remuneradas (autônomos e
sem registro em carteira de trabalho), na construção
civil e no trabalho doméstico. As conseqüências dessa
situação são evidentes a olho nu: Desemprego,
subemprego, empobrecimento gradativo, aumento de
favelas e cortiços, violência urbana, prostituição
precoce, aumento de população de rua e na rua.
“Califórnia Brasileira”?
{
A cidade já foi conhecida como “Califórnia
Brasileira” devido ao seu rápido
desenvolvimento, mas a população rechaça
esse título porque atraiu muitos “aventureiros”
em busca do “ELDORADO” e isso trouxe muitos
problemas para a cidade e de difícil solução.
Trata-se de uma cidade cheia de contrastes:
famílias dos 31 núcleos de favela na área
periférica (aproximadamente 20 mil pessoas)
convivendo com a população que reside em
bairros de moradias de alto padrão, por tanto
de alto poder aquisitivo.
Questões da Moradia Popular
{
As famílias que estão em situação de vulnerabilidade
social como as que residem em núcleos de favela sentem
dificuldades para adquirir uma casa popular ou lote
urbanizado, pois, encontram-se fora do mercado de
trabalho ou ganhando salário insuficiente para arcar com
as parcelas de um financiamento.
{
O órgão municipal que cuida da moradia popular é
Companhia Habitacional de Ribeirão Preto – COHAB, e o
estadual a Companhia de Desenvolvimento Habitacional
Urbano – CDHU. Há entraves que muitas vezes dificultam
a aquisição por parte dos mais pobres à uma moradia
digna, justamente pelos fatores apresentados acima.
Área de Intervenção
{ De acordo com um
levantamento da Secretaria Municipal da Cidadania e Desenvolvimento Social em áreas de favela no ano de 2005, localizamos na região Sudoeste da cidade, a existência de um pequeno núcleo às margens da Barragem de Santa Tereza próxima ao Córrego Ribeirão Preto, obra recentemente executada para contenção de águas pluviais evitando assim enchentes nas proximidades.
Justificativa de Escolha do Local
{ A escolha do local de intervenção se deu de modo a atender as orientações contidas no Documento de Base do Programa URB-AL Rede10-Luta Contra Pobreza Urbana, e diante das condições do local que agregam invasão de área pública, desmatamento, construção de barracos de madeira e lata, criação e comercialização de animais
(porcos, galinhas e cavalos), e utilização do Córrego Ribeirão como depósito de lixo e dejetos fisiológicos.
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{
Os percentuais das tabelas a seguir referem-se ao
total da população residente no local, 44 pessoas,
sendo que:
1.
22 são Adultos;
2.
22 são Crianças / Adolescentes;
3.12 Famílias.
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
Sexo do Responsável ( T ab ela 1)
42% 58% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Sexo Masculino Sexo Feminino
{
Pelas tabelas 1, 2
e 3, observamos
que 58% dos
responsáveis pelas
famílias são do
sexo feminino, na
faixa etária de 22
a 40 anos, e
solteiros.
Faixa Etária do Responsável ( T ab ela 2 )
17% 58% 25% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
De 15 a 21 Anos De 22 a 40 Anos De 41 a 60 Anos
Estado Civil do Responsável ( T ab el a 3 )
58% 8% 17% 17% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{
Observamos pela
tabela 4 que 25%
dos responsáveis
pelas famílias são
analfabetos, e
outros 25% que
não completaram
a 4ª
série do
Ensino
Fundamental.
Grau de Instrução do Responsável
( T ab el a 4 ) 25% 25% 25% 17% 8% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Analfabetos Até 4ª Série Incompleta
Com 4ª Série Completa De 5ª a 8ª Série Incompleta
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{
Pelas tabelas 5 e 6
encontramos 42%
dos responsáveis
exercendo atividade
ligada a Criação de
Animais, porem,
33% informaram
não possuir renda.
Profissão/Ocupação do Responsável ( T ab el a 5) 25% 42% 17% 17% 0% 10% 20% 30% 40% 50% Autônomo Do Lar
Criador de Animais Desempregados
Faixa Salarial do Responsável ( T ab ela 6 )
25% 8% 8% 17% 8% 33% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% R$ 51,00 a R$ 100,00 R$ 101,00 a R$ 200,00 R$ 301,00 a R$ 400,00 R$ 401,00 a R$ 500,00 Vivem do Benefício Social Não Recebe Nenhum Valor
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{
Pelas tabelas 7, 8 e 9,
observamos que 58%
são moradores de
Ribeirão Preto há mais
de 15 anos, portanto, já
residiam no município
quando se instalaram,
na Barragem de Santa
Tereza e 50% dos
entrevistados moram
nesse local de 1 a 5
anos.
Tempo de Moradia em Ribeirão Preto
( T ab el a 7) 8% 17% 58% 8% 8% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
De 0 dias a 6 Meses De 1 Ano a 5 Anos De 15 a 30 Anos De 30 a 50 anos Acima de 50 anos
Tempo de Moradia no Local ( T ab el a 8 )
25% 25% 50% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
De 0 dias a 6 Meses De 6 Meses a 1 Ano De 1 Ano a 5 Anos Procedência Direta ( T ab el a 9 ) 58% 17% 8% 17% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Ribeirão Preto Região Ribeirão Preto Outras Cidades do Est. SP Outros Estados
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{
Pela tabela 10
observamos que a faixa
etária predominante é
de 1 a 6 anos com
24%, e em seguida
com 21% de 7 a 14
anos.
Faixa Etária dos Familiares ( T ab el a 10 )
12% 24% 21% 18% 18% 6% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
0 a 11 Meses De 1 Ano até 6 Anos
De 7 a 14 Anos De 15 a 21 Anos
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{
Pelas tabelas 11 e 12
notamos que entre
os familiares do local
o maior percentual é
de Analfabetos 48%,
seguido 18% com 4ª
série do Ensino
Fundamental
Completa.
{Quanto à Ocupação
dos familiares 36%
consideram-se
autônomos dentro do
mercado informal.
Escolaridade dos Familiares ( T a b e l a 11)
48% 9% 18% 12% 3% 6% 3% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Analfabetos Até 4ª Série Incompleta Com 4ª Série Completa De 5ª a 8ª Série Incompleta Ensino Fundamental Completo Ensino Médio Incompleto Pré-Escola
Profissão/Ocupação dos Familiares
( T ab el a 12 ) 21% 36% 14% 7% 21% 0% 10% 20% 30% 40%
Assalariado c/ Cart. Trabalho Autônomo
Do Lar
Criador de Animais Desempregados
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
Todas as pessoas da família possuem documentação? ( T ab el a 13 ) 83% 17% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Sim Não
{
83% das famílias
possuem
documentos,
sendo que os
demais moradores
adultos alegaram
não possuírem
nenhum tipo de
documentação.
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{Pelas tabelas 14 e 15,
33% dos entrevistados
garantiram ganhar
entre R$ 301,00 a
R$400,00 (média de €
125,00), e o mesmo
percentual para renda
total familiar de R$
101,00 a R$ 300,00
(média de € 71,42).
Faixa Salarial dos Familiares ( T ab ela 14 )
22% 11% 11% 33% 11% 11% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% R$ 51,00 a R$ 100,00 R$ 101,00 a R$ 200,00 R$ 201,00 a R$ 300,00 R$ 301,00 a R$ 400,00 R$ 501,00 a R$ 600,00 Não Informado
Renda Total Familiar ( T ab el a 15)
17% 33% 17% 17% 8% 8% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% R$ 51,00 a R$ 100,00 R$ 101,00 a R$ 300,00 R$ 301,00 a R$ 400,00 R$ 401,00 a R$ 500,00 Acima de R$ 501,00 Vivem de Benefício Social
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
Quantidade de Comodos da Residência ( T ab el a 16 ) 42% 33% 17% 8% 0% 10% 20% 30% 40% 50% Um Dois Três Quatro {Pela tabela 16
observamos que 42%
dos moradores residem
em apenas 1 cômodo
de madeira.
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
Saneamento Básico ( T ab el a 17) 0% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%Rede Pública Joga no Córrego
{
Pelas tabelas 17, 18 e 19,
notamos que todos o
moradores afirmam que
não há
saneamento
básico e que se utilizam
do córrego para depósito
de lixo e dejetos, como
também utilizam energia
elétrica e água de
ligações clandestinas.
Distribuição de Energia Elétrica ( T ab el a 18 ) 0% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%
Rede Pública Ligação Clandestina
Distribuição de Água ( T ab el a 19 ) 0% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{
Pelas tabelas 20, 21 e
22, observamos que
75% das crianças /
adolescentes freqüentam
algum tipo de serviço
educacional sendo 89%
no próprio bairro e todos
se locomovem a pé.
As crianças/adolescentes em idade escolar freqüentam a escola ou
creche? ( T ab ela 2 0 ) 75% 25% 0% 20% 40% 60% 80% Sim Não
A escola/creche situa-se no Bairro?
( T ab el a 2 1) 89% 11% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Sim Não
Qual o meio de locomoção para escola/creche? ( T ab ela 2 2 ) 89% 11% 0% 20% 40% 60% 80% 100% A pé Bicicleta
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{Quanto a questão da
saúde 50% alegaram
não possuírem
nenhum tipo de
doença, e os outros
50% informaram
estar doentes e se
utilizam da rede
pública para
tratamento.
Existe problema de saúde na família?
( T ab el a 2 3 ) 50% 50% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Sim Não
O Problema de Saúde está em tratamento? ( T ab el a 2 4 ) 100% 0% 0% 50% 100% 150% Sim Não
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
Como tomou conhecimento dessa área? ( T ab el a 2 5) 50% 50% 0% 20% 40% 60%
Amigos/Conhecidos Moravam próximo
{
Pela tabela 25
verificamos que 50%
dos moradores
alegaram que tiveram
conhecimento da área
por amigos /
conhecidos e outros
50% porque moravam
próximo ao local.
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{
A tabela 26 demonstra
que 42% dos
moradores freqüentam
algum grupo religioso e
e na mesma proporção
não há
participação
nenhuma. Apenas 16%
fazem parte de algum
grupo comunitário.
Freqüenta algum grupo? ( T ab el a 2 6 )
42% 17% 42% 0% 10% 20% 30% 40% 50%
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{
Pela tabela 27,
58% dos
moradores
afirmaram não
ter atividades
de lazer.
Tem alguma atividade de lazer?
( T a b e l a 2 7 ) 42% 58% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Sim Não
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{
Pela tabela 28,
notamos que 58%
dos moradores
aceitam conversar
sobre problemas
do bairro com o
poder público, os
demais não se
manifestaram a
respeito.
Gostaria de conversar sobre os problemas do bairro junto com a
Prefeitura? ( T ab el a 2 8 ) 58% 42% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Sim Não
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{
Pela tabela 29,
observamos que 42%
têm conhecimento
que suas condições
de moradia são
precárias, todavia
21% alegam que a
falta de iluminação
Pública é o segundo
problema na ordem
de prioridades.
Quais são as principais dificuldades do bairro? ( T ab el a 2 9 ) 21% 16% 5% 42% 5% 11% 0% 20% 40% 60%
Falta de Iluminação Pública Existência de insetos
Demora no atendimento de Ambulâncias Condições de moradia precárias
Inexistência de áreas de Lazer
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{
Conclusão:
z O Levantamento Sócio Econômico mostrou que as 12 famílias
moradoras da Barragem do Córrego Santa Tereza vivem precariamente em barracos de madeira, sem Saneamento Básico ou qualquer tipo de estrutura básica, optando por invadir uma área próxima aos bairros onde residiam.
z Passaram a viver da criação e venda de animais, tornando a
área totalmente degradada, poluindo também a água do córrego próximo a moradia.
z Outro ponto a ser considerado é que 42% dos moradores
admitem viver em condições precárias, porém, a mesma porcentagem recusa-se a conversar sobre os problemas do bairro junto aos órgãos públicos.
z Entende-se que a passividade da população em busca de
soluções dos problemas, tais como, moradia, saneamento básico, infra-estrutura, se dá em função da falta de liderança local e ainda de aspiração na busca de melhores condições de vida.
Levantamento Sócio Econômico da
Área de Intervenção
{
Conclusão:
z Apesar dos moradores possuírem baixa escolaridade e
qualificação profissional, conseguem sobreviver do mercado informal através de renda familiar mínima e apenas 8% dos mesmos vivem de benefícios de transferência de renda do Poder Público.
z A situação da população em foco, não é diferente de muitas
famílias da região, todavia a qualificação profissional e ainda uma política do governo na geração de empregos facilitaria uma mudança de comportamento das famílias no enfrentamento das suas dificuldades de vida.
z Em suma pelo quadro apresentado e pela oportunidade
oferecida pela Rede URB-AL 10 optamos por esta área por entender que as condições de vida dessas pessoas são precárias e sub-humanas, contrastando com a outra realidade do município que possui uma das maiores renda per capta do país. Essa população, na área ocupada, agride e destrói a natureza sem noção das conseqüências futuras, o que requer um imediata intervenção para não haja desdobramentos no meio ambiente.
Busca de Parcerias
Atualmente estamos em conversação com vários
representantes de Órgãos Públicos para o
desenvolvimento o projeto:
{
CDHU –
Companhia de Desenvolvimento
Habitacional Urbano.
{
COHAB – Companhia Habitacional de Ribeirão
Preto.
z
Para Apresentação do projeto e estudo para
viabilizar uma forma especial de financiamento para
a população alvo obter uma moradia DIGNA,
conforme suas possibilidades financeiras. Segundo
esses Órgãos há disponibilidade de terrenos para
construções de baixo custo.
Busca de Parcerias
{ Poder Judiciário.
z Parceria para que o projeto tenha apoio legal na mudança dos
moradores para outra área, respeitando seus de cidadania mas, levando-se em consideração a proteção ambiental.
{ Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão Ambiental.
z Parceria para termos um diagnóstico ambiental da área de
intervenção, principalmente quanto ao tipo de solo e alternativas para recuperação do local.
{ Secretaria Municipal da Saúde.
z Parceria através da Divisão de Vigilância Sanitária no que diz
respeito à retirada dos animais e do controle dos criadouros.
{ Além dessas parcerias a Equipe Técnica esta em processo de
conscientização dos moradores, passando orientações de educação ambiental e estimulando-os para a mudança.