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Basta de violência contra as mulheres

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Academic year: 2021

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PNV 343

Basta de violência

contra as mulheres

Alzira Gomes Machado

São Leopoldo/RS

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Série: A Palavra na Vida – Nº 343 – 2016 Título: Basta de violência contra as mulheres Autoria: Alzira Gomes Machado

Revisão ortográfica: Isaque Gomes Correa Capa: Rodrigo Fagundes

Imagem na capa: adaptação sobre imagem disponibilizada em http:// www.cruzblanca.org

Editoração: Rafael Tarcísio Forneck ISBN: 978-85-7733-261-8

AlzirA Gomes mAchAdo, nascida em 19 de julho de 1958 em São José do

Cerrito (Karú = terra boa)/SC – terra dos pinheiros araucárias, que na língua tupi-guarani significa “árvore da terra de um povo livre” (por isso a insistên-cia e persistêninsistên-cia na luta pela liberdade, espeinsistên-cialmente das mulheres, tão mar-cadas pela dominação machista e patriarcal). É de confissão Católica Apostó-lica Romana. Especialista em assessoria bíbApostó-lica – DABAR, na parceria entre o CEBI e a Faculdades EST. Foi agente de Pastoral nas Dioceses de Lages/SC

e São Mateus/ES, entre os anos de 1981 a 2011. Também militante no Movi-mento de Mulheres Camponesas – MMC e Pastoral da Terra. Atualmente está na coordenação da Casa Ecumênica Recriando a Vida, em Lages/SC, onde são desenvolvidas atividades de educação popular nas linhas da formação cidadã e da geração de trabalho e renda (economia solidária) junto a mulheres e crianças. É membro da coordenação estadual do CEBI/SC.

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Sumário

Introdução ... 5

Visibilizando a violência contra a mulher ... 8

1 Perguntando pela origem da violência ... 8

2 Desvelando a violência contra as mulheres ... 14

3 Múltiplas formas de violência contra as mulheres ... 16

4 Mitos que sustentam a violência ... 18

Jesus desmascara a violência contra a mulher ... 24

1 Situação da mulher no tempo de Jesus... 24

2 Jesus e seu relacionamento com as mulheres... 26

3 A mulher que não era adúltera... 31

4 Situando o texto ... 33

5 Mergulhando no texto ... 34

6 A mulher que não foi apedrejada... 36

7 Corpo de mulher, vítima de uma trama ... 38

Basta de violência contra as mulheres... 40

1 Entre gritos e silêncios, tramas e utopias ... 40

2 Enfrentar a violência contra as mulheres ... 42

3 Construção de novas relações de gênero... 42

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5 Enfrentamento ao patriarcalismo e ao capitalismo ... 47

6 Construção de cidadania e direitos... 49

7 Construção de uma cultura de não violência ... 51

8 Propostas para a superação da violência contra as mulheres ... 52

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Introdução

Esta publicação aborda o tema da violência contra as mulheres e faz uma hermenêutica de (Jo 7,53 – 8,1-11) .

A violência contra as mulheres constitui um dos traços mais marcan-tes da sociedade brasileira e mundial. Trata-se de uma violência construída social e culturalmente.

É alarmante o índice de violência contra a mulher. No Brasil, 63% das mulheres já sofreram algum tipo de violência e 75% desses casos acon-teceram e acontecem no âmbito doméstico.

A violência contra as mulheres se apresenta de múltiplas formas: física, sexual, psicológica, religiosa, social, étnica, econômica, entre outras.

As inúmeras situações de violência às quais elas são submetidas vêm exigindo tomadas de decisão dos poderes públicos, das organizações sociais, das igrejas. Não dá para assistir e não se posicionar. É impossível silenciar frente a tamanha desumanização.

É necessário empregar todas as forças possíveis no sentido de aliviar o enorme fardo que pesa sobre as mulheres vítimas da violência. Ser vio-lentada deixa marcas indeléveis em todo ser da mulher. São muitas lágri-mas. Muitos corpos machucados. São feridas abertas, que sangram sem parar. São gritos de socorro.

São vozes silenciadas. São vidas amordaçadas esperando pelo anún-cio de “BASTA DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES”.

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Este volume da coleção A Palavra na Vida está desenvolvido em três blocos:

1. Visibilizando a violência contra a mulher

Aqui há a preocupação de situar a violência sofrida entre as mulheres no conjunto das sociedade. Para isso, perguntamos pela origem da violência e pelas suas múltiplas formas de se apresen-tar. Também trilhamos o caminho da desconstrução de mitos usa-dos para legitimar a violência contra as mulheres. É importante compreender o processo de construção da violência para poder, assim, desconstruir e reconstruir uma vida sem violência.

2. Jesus desmascara a violência contra as mulheres

Aqui, buscamos na prática de Jesus a inspiração para as nos-sas práticas. Jesus aponta uma nova ordem nas relações com as mulheres, rompendo com os paradigmas machistas e patriarcais. Nesse processo, Jesus também aprende com as mulheres, inau-gurando experiências de valorização e protagonismo delas. Neste capítulo, damos uma ênfase especial ao texto de Jo 7,53 – 8,1-11 , no qual nos deparamos com uma mulher vítima de violência do poder patriarcal e religioso. Escribas e fariseus acusam uma mulher de um delito que provavelmente não cometeu. Trata-se de um corpo de mulher, encurvado, diante de homens prontos a apedrejá-la. Todos os tipos de violência se concentram numa mulher, que sente todo seu ser sangrando.

3. Basta de violência contra as mulheres

Aqui, nossa preocupação é apontar possibilidades para a supera- ção da violência contra as mulheres. O desafio e o sentimento de impotência são grandes. Porém, maior ainda é o desejo do fim da violência contra as mulheres. A consciência de que não dá para se calar diante de tamanho sofrimento alavanca a coragem de propor.

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Com este volume da série A Palavra na Vida queremos, sem gran-des pretensões, contribuir para alimentar o sonho de uma vida sem violên-cia para as mulheres. Assoviolên-ciamo-nos às palavras de Dom Hélder Câmara, transformadas em canção por Zé Vicente: “Sonho que se sonha só pode ser

pura ilusão; sonho que se sonha juntos (juntas) é sinal de solução. Então vamos sonhar companheiros (companheiras), sonhar ligeiro, sonhar em mutirão”. É grande o mutirão das lutadoras e lutadores que sonham com

o fim da violência contra as mulheres. Que esse sonho alimente a nossa esperança e a nossa força para lutar.

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Visibilizando a violência contra a mulher

1 Perguntando pela origem da violência

A violência contra a mulher é um fato que se arrasta ao longo da história da humanidade. Porém, não dá para permitir que continue se alas-trando sempre mais.

Nenhum ser humano tem o direito de submeter um outro ser humano. Assim, todo comportamento que submeta, humilhe, cause danos e dores é considerado violência.

A convenção de Belém do Pará, realizada em 1994, definiu a violên-cia contra as mulheres nos seguintes termos:

“Qualquer ato de violência baseado no gênero cujo resultado seja cau-sar dano ou sofrimento físico, sexual, psicológico às mulheres, incluindo ameaças, coerção ou a privação arbitrária da liberdade tanto na vida pública como na privada”.1

Não basta saber o que é violência e conhecer suas mais variadas formas. É necessário perguntar pelas causas, como faz Ivone Gebara: “Por que nosso corpo de mulher se torna alvo dos desejos violentos, dos desejos de vingança, de posse, de conquista, de exclusão? Qual é o ponto fraco que atrai e desencadeia a violência contra as mulheres?”2

1 AUDE, Daniela. Feminismo: que história é essa? Rio de Janeiro: DP&A, 2003, p. 81.

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Em nossa sociedade, há um conjunto de ideias que acabam causando violência contra as mulheres. É muito arraigada a ideia de que os homens devem controlar a vida das mulheres. São muitos os fatores responsáveis pelas violências cometidas. Para compreender a violência contra a mulher, é necessário compreender a forma como se deram as construções das rela-ções sociais. Por isso, importa compreendermos os significados dos termos

gênero e sexo e estabelecer a diferença entre ambos.

Sexo são os aspectos físicos, biológicos do macho e da fêmea; são aquelas diferenças que estão em nossos corpos e que, em geral, não mudam.

Gênero é o sexo social, construído histórica, cultural e socialmente, atribuindo estereótipos femininos e masculinos. São as chamadas “repre-sentações de gênero”. Com isso se estabelecem as ideias sobre o que é ser homem e ser mulher, atribuindo comportamentos diferenciados e, assim, estabelecendo as formas de relação entre mulheres e homens.

As relações de gênero são construídas a partir das diferenças sexuais. Nesse sentido, utilizamos as palavras de Ivone Gebara para afirmar:

A diferença biológica culturalizada gerou, de certa maneira, também uma diferença social e política, como também formas de dominação e formas de manutenção de uma hierarquia social e sexual masculina. Assim insti-tucionalizada, a diferença obrigou as mulheres a assumir certos encargos e comportamentos, como fazendo parte do seu destino biológico.”3

A partir das diferenças biológicas, a sociedade foi normatizando padrões de comportamentos e hierarquia, gerando desigualdades e, conse-quentemente, violência.

As relações desiguais são criadas pela sociedade e construídas cul-turalmente, portanto, não são naturais. E, se foram construídas, elas podem ser desconstruídas e reconstruídas.

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Sendo o gênero uma construção social, ele não se apresenta sempre do mesmo jeito. Depende dos costumes de cada época e lugar; depende da experiência cotidiana das pessoas.

A linguagem é poderosa no processo da construção de gênero, atri-buindo características ao feminino e ao masculino e, na maioria das vezes, distorcendo as relações. A educação recebida nas famílias, desde a mais tenra idade, já direciona as relações, comportamentos e lugares. Basta per-ceber exemplos bem corriqueiros: menina brinca de boneca, panelinha, fogãozinho e menino brinca de carrinho, de bola, de bang bang. Com isso já se estabelecem os lugares. À mulher, o espaço da casa, da cozinha, da educação das crianças (espaço privado). Ao homem, o espaço da rua, do campo, da liberdade (espaço público). São os estereótipos criados ao longo da história e que vão determinando as relações, dando a elas um caráter “natural”.

Essa concepção, historicamente baseada e sustentada por filosofias científicas e “humanísticas” e outras ideologias patriarcais, funcionou como legitimadora de que os homens são seres humanos superiores, enquanto as mulheres são seres inferiores. Essa ideia, tão presente no senso comum de qualquer cultura ou sociedade, incutiu a mentalidade de que os homens devem ser pelo menos minimamente agressivos, ou até mesmo violentos, para expressarem sua condição masculina. Portanto, nessa compreensão, a masculinidade requer, no mínimo, uma certa dose de violência.4

Perceber a “malícia” dessas construções desautoriza a legitimidade de sua continuação, entendendo que não nascemos assim, mas nos torna-mos assim, como afirma a filósofa feminista Simone de Beauvoir: “Nin-guém nasce mulher; torna-se mulher”.

Nascemos machos e fêmeas e a educação vai nos tornando homens e mulheres. A sociedade, de acordo com a sua cultura, é que vai estabe-lecendo os comportamentos, dizendo o que é adequado ao homem e à

Referências

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