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Igreja do Convento de Santa Clara

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Academic year: 2021

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VILA DO CONDE QUINHENTISTA

Igreja do Convento de Santa Clara

Descrição

Planta de cruz latina composta por nave única e larga, com um transepto de grandes dimensões e uma cabeceira poligonal, tripla, com as capelas bem abobadadas e com frestas altas de iluminação. Volumes articulados com coberturas diferenciadas e telhados de duas e quatro águas.

Do exterior, o elemento mais atractivo é a sua cabeceira poliginal, a Este, e

vigorosamente estruturada e ritmada pelos salientes botaréus que reforçam tanto os flancos da ábside como dos absidíolos.

Na fachada Oeste destaca-se uma grande rosácea de tipo radiante que remonta à traça de origem do templo medieval, enquanto que o portal ogival foi removido. No lado Sul, conserva-se ainda, do período gótico, a fachada da sala capitular com porta média e uma janela de cada lado. Encostado à fachada Sul eleva-se o campanário, de simples empena sineira, patim descoberto e parapeito com merlões.

O exterior da igreja apresenta ainda coroamento geral de ameias de cariz defensivo mas já então meramente decorativas. A entrada faz-se por uma porta secundária lateral, voltada a Norte.

O interior é composto por uma nave coberta por tecto de caixotões de talha octogonal. Do Lado do Evangelho encontra-se a Capela dos Fundadores ou de Nossa Senhora da Conceição, com acesso por arco com duas arquivoltas decoradas, com as armas dos fundadores na pedra de feixo. A capela é coberta por abóbada de nervuras fechadas por bocetes.

Possui janelão com adornos manuelinos. Na parede do lado direito, encontra-se lápide com inscrição. Na parede do lado oposto, encontra-se peanha com imagem do orago. As arcas tumulares são esculpidas com elementos decorativos a enquadrar inscrições e as tampas com os jacentes de D. Afonso Sanches e D. Teresa Martins. Nas faces das arcas estão representadas cenas bíblicas: na de D. Afonso Sanches, do lado direito, o

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Nascimento de Cristo, a Adoração dos Reis Magos e a da Circuncisão, do lado esquerdo, a Visitação, a Anunciação e a Fuga para o Egipto, na cabeceira os sarracenos a invadirem o Convento de Santa Clara e aos pés as armas reais; na de D. Teresa Martins, sua

mulher, do lado direito, a entrada de Cristo em Jerusalém, a Última Ceia e o Lava pés; do lado esquerdo, Cristo no Horto, Cristo na Prisão, e diante de Pilatos, na cabeceira, São Francisco recebendo as chagas, e aos pés, as armas de D. Teresa.

Existem, ainda, nesta capela dois pequenos sarcófagos dos filhos dos fundadores. A nave e parte do transepto são cobertos por tectos de madeira com caixotões. No transepto encontram-se, do lado do Evangelho, a arca tumular de D. Brites Pereira, filha de D. Nuno Álvares Pereira, possuindo as armas de seu marido, D. Afonso, 1º Duque de Bragança, e do lado da Epístola, a arca tumular de D. Fernando de Meneses e sua mulher D. Brites de Andrade, senhores de Cantanhede, descendentes dos fundadores, tem na tampa os jacentes e numa das faces uma inscrição. A Capela-mor firmada num dos bocetes da abóbada de pedra polinervada, com brasão do príncipe fundador, abre para um arco de granito profusamente decorado com elementos vegetais e figurativos. No lado Norte, a nave única foi cortada por uma parede, rasgada de um lado a outro por grades, e por trás da qual se encontra o coro duplo. O coro baixo, corrido por cadeiral de duas filas, preserva dois retábulos com pinturas. O do lado do Evangelho, com

representação de Santana e São Joaquim em oração, possuindo lateralmente tábuas com o Nascimento da Virgem, a Anunciação, a Adoração dos Reis Mago. O do lado da

Epístola, possui duas pinturas sobre tábua, representando o Calvário e a Última Ceia. O coro-alto é coberto por tecto em abóbada de berço decorada por caixotões de talha.

Utilização Inicial

Cultual e devocional: igreja do convento de freiras clarissas

Utilização Actual

Cultual e devocional: igreja

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Propriedade

Pública: estatal

Época Construção

Séculos XIV / XVI / XVII / XVIII / XX

Arquitecto | Construtor | Autor

Carpinteiro: Pedro Ferreira; Entalhador: João Gomes Carvalho; Organeiro: Francisco António Solha.

Cronologia

1314 - Início da construção do convento; 1318 - fundação do convento por D. Afonso Sanches, filho bastardo de D. Dinis, e sua mulher, D. Teresa Martins de Meneses, do qual apenas resta a igreja gótica; na Carta de Fundação do convento, são dados grandes privilégios à abadessa, determina-se que o convento tivesse quatro capelães, com a obrigação de rezar quatro missas na capela, uma pelo rei D. Dinis, outra por D. Afonso Sanches e por Teresa Martins; 1319 - escritura de doação da casa religiosa; 1354 - D. Afonso Sanches pede a seu filho, em testamento, que termine os edifícios do convento; 1526 - construção do arco da capela-mor; construção da Capela dos Fundadores, com invocação de Nossa Senhora da Conceição; a Abadessa D. Isabel de Castro, manda construir o coro alto; 1623 - a abadessa D. Catarina de Lima, manda dourar e colocar azulejos na Capela dos Fundadores; 1650 - o convento encontrava-se bastante arruinado, pedindo a abadessa Madre Mariana de São Paulo, ao rei, às autoridades eclesiásticas e às famílias das freiras internadas, ajuda para reconstruir o convento; finais do século XVI - colocação do retábulo do coro baixo; 1666 / 1669 - pintura do Milagre da Berengária, encomendada pela abadessa D. Francisca dos Serafins; 1686 - feitura do órgão, por 8 mil cruzados; 1687 - obra de carpintaria feita por Pedro Ferreira; 1732 / 1734 - execução do cadeiral do coro baixo pelo entalhador João Gomes de

Carvalho; 1775 - construção do órgão junto ao coro alto por Francisco António Solha; 1777 - Leonardo Lopes de Azevedo, a rogo das filhas, deu um avultado contributo para iniciar as obras do convento; 1778, 29 Junho - início da reconstrução das dependências

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conventuais; cerca de 1790 - encontrava-se concluída a ala Sul; início do século XIX - as obras do convento foram suspensas durante as invasões francesas; 1816 - as obras foram retomadas; 1825 - as obras foram novamente suspensas; 1834 - extinção das ordens religiosas; 21 de Maio de 1893, - morte da última abadessa do convento, D. Ana Augusta do Nascimento; finais do século XIX - aquando da morte da última freira do Convento de Santa Clara, e por intervenção do Monsenhor José Augusto Ferreira, foram levadas várias peças para a Igreja Matriz ,nomeadamente, uma custódia de prata, ouro e pedras preciosas, um cálice de prata dourada, do século XVIII, um pálio, um paramento verde, um branco, um roxo e um preto e uma imagem do Senhor Morto; 1929 / 1932 - diversas obras de remodelação na igreja e dependências conventuais, nomeadamente a remoção dos azulejos hispano-mouriscos da Capela dos Fundadores, nave e Sala do Capítulo; parte deles foram colocados na Biblioteca Pública Municipal do Porto.

Tipologia

Arquitectura religiosa, gótica, manuelina, barroca e rococó. Igreja conventual gótica de planta cruciforme, transepto de grandes dimensões coberta a madeira e cabeceira tripla contrafortada de planta poligonal abobadada, abrindo-se o portal principal na fachada lateral Norte. Capela funerária e túmulos dos fundadores de estilo manuelino. Retábulos barrocos e órgão rococó.

Características Particulares

Sem adoptar formas tão evolucionadas como a dos edifícios seus contemporâneos mais a Sul, a igreja conventual de Santa Clara representa um marco importante da arte do Norte de Portugal, mostrando-se muito mais liberta da tutela de tradição românica. O coro alto, da mesma época da Capela dos Fundadores é coberto por tecto entalhado, uma das mais belas talhas do país, segundo Flávio Gonçalves. Anote-se ainda um fragmento de um fresco quinhentista.

Materiais

Granito aparente, parte do tecto revestido a madeira, túmulos dos Fundadores em calcário de ançã.

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Créditos:

www.monumentos.pt

BARBOSA, Inácio de Vilhena, As Cidades e Vilas da Monarquia Portuguesa que têm

brasão de armas, vol. III, Lisboa, 1862, pp. 149 - 151.

VIEIRA, José Augusto, O Minho Pitoresco, tomo II, Lisboa, 1887. ASSUNÇÃO, T. Lino d', As últimas freiras, Porto, 1894.

SOUSA VITERBO, Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e

Construtores Portugueses, Vol. I, Lisboa, 1899.

Museu Nacional do Porto, O Primeiro de Janeiro, Porto, 20 de Fevereiro de 1903. PEIXOTO, Rocha, O saque d' um Convento, O Primeiro de Janeiro, 21 de Fevereiro de 1903.

A casa de correcção do distrito do Porto, O Primeiro de Janeiro, 22 de Março de 1903. MONTEIRO, Manuel, Os Túmulos dos Fundadores do Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde, Arte Arquivo de Obras de Arte, ano V, Porto, 1909.

FERREIRA, Monsº J. Augusto, Vila do Conde e seu Alfoz. Origens e Monumentos, Porto, 1923.

CORREIA, Virgílio, Tres Túmulos, Lisboa, 1924.

FERREIRA, Monsenhor, J. Augusto, Os Túmulos de Santa Clara de Vila do Conde, Porto, 1925.

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CORREIA, Virgílio, Santa Clara de Vila do Conde, Diário de Coimbra, Coimbra, 20 de Fevereiro de 1939.

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CHICÓ, Mário Tavares e NOVAIS, Mário, A Arquitectura Gótica em Portugal, Lisboa, 1954.

FREITAS, Eugénio de Andrea da Cunha e, Artes e Artistas em Vila do Conde, Museu, II série, nº 4, Porto, 1962.

GONÇALVES, Flávio, Duas Pinturas Seicentistas do Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde in Suplemento de Cultura e Arte de O Comércio do Porto, Porto, 23 de Junho de 1964.

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VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990. NEVES, Joaquim Pacheco, Vila do Conde, Vila do Conde, 1991.

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freiras ao Lar Conde de Agrolongo, Braga, 1994.

Referências

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