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ANA PAULA COELHO DUARTE

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Academic year: 2021

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03 É para mim uma honra escrever o Editorial deste número do Boletim Informativo da nossa Associação. É pois uma grande responsabilidade, já que represento uma das provas do esforço que a TECNICELPA tem feito para aproximar as Uni-versidades da Indústria, trazendo para o seu Conselho Directivo representantes das Universidades que se interessam por esta área do saber, que é a arte de produzir papel.

Este número do BI é dedicado à relação Universidade ‒ Indústria, a qual pode ser considerada um factor determinante para a competitividade, para a inovação tecnológica e para o crescimento económico do país. A cooperação consistente entre as Universidades e as empresas fomenta a efi ciência na transferência de tecnologia, estimulando todo o processo de inovação.

A missão da Universidade tem três componentes principais: a educação dos estudantes, a criação de conhecimento e a transferência desse conhecimento para a sociedade. É evidente que o capital humano formado nas Universidades é fundamental no processo de mudança tecnológica dos nossos dias, mas a par-ceria entre as Universidades e as Empresas deve também assentar numa base de investigação conjunta, onde as universidades são os parceiros ideais para as Empresas. As nossas Universidades estão cientes destas necessidades, e têm trabalhado e se esforçado nesse sentido, como podemos observar nos artigos presentes neste Boletim.

A TECNICELPA tem mantido uma relação próxima com as Universidades, con-tribuindo para fomentar essa parceria com a Indústria, seja promovendo a di-vulgação dos trabalhos científi cos através da Newsletter Digest, seja através da atribuição do Prémio TECNICELPA, ou ainda através da realização de eventos técnicos/científi cos. Estes encontros servem assim para divulgar a investigação que se desenvolve nas diferentes instituições, para promover a formação ao lon-go da vida com a colaboração das Instituições do ensino superior, mas também, e muito importante, para aproximar os diferentes intervenientes.

Penso, que neste cenário actual de mudança tecnológica e procura de inova-ção, a nossa Associação se tem esforçado e continua a esforçar para estimular a aproximação entre estes dois intervenientes fundamentais neste processo de competitividade à escala global.

EDITORIAL

ANA PAULA COELHO DUARTE Vogal do Conselho Directivo da Tecnicelpa

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WORKSHOP “QUÍMICA DA SUPERFÍCIE DO PAPEL” Tomar, 27 de Novembro de 2008

EVENTOS TECNICELPA

II CURSO INTERNACIONAL EN TECNOLOGÍA DE PRODUCTOS FORESTALES DEL CENTRO DE INVESTIGACIÓN FORESTAL CIFOR-INIA (MADRID) 03-28 de Novembro de 2008

Centro de Investigación Forestal CIFOR-INIA, Espanha 63RD APPITA ANNUAL CONFERENCE & EXHIBITION 19-22 de Abril de 2009

Melbourne Park, Melbourne, Austrália PAPTAC ANNUAL MEETING AND EXFOR 3-4 de Fevereiro de 2009

Montreal, Canada

EVENTOS

A Tecnicelpa pretende disponibilizar na Folha Informativa um espaço para quem procura emprego na área da Pasta e Papel. Aos interessados, sugere-se o envio de um resumo do CV com o máximo de 300 caracteres que no caso de merecer aceitação do CD será publicado na edição seguinte.

A próxima publicação está prevista para Fevereiro do próximo ano.

ENGENHARIA QUÍMICA

Licenciatura concluída no Instituto Politécnico de Tomar, 25 anos, domínio do espanhol, inglês e francês, espírito de equipa, boa capacidade de comunicação, sentido de responsabilidade e organização. Disponível para estágio profi ssional.

Contacto: marques_jenny@hotmail.com.

PROCURA

DE EMPREGO

QUÍMICA INDUSTRIAL

Licenciatura concluída na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 24 anos, capacidade de adaptação a ambientes multiculturais, empreendedora, espírito de equipa, dinâmica. Capacidade de organização.

Contacto: beta_anacleto@hotmail.com. NOTÍCIAS DA TECNICELPA

620,00 euros

FOLHA INFORMATIVA a cores

Página A4 com texto e gravura Inserter (90-100g/m2) uma face Contra capa

1/2 Página A4 com texto e gravura

450,00 euros 450,00 euros 700,00 euros 275,00 euros 1.000,00 euros 1.000,00 euros 1.500,00 euros

1 número 3 números1 ano

SIGA O EXEMPLO DOS NOSSOS ANTERIORES ANUNCIANTES. ANUNCIE NA FOLHA INFORMATIVA

MOVIMENTO

ASSOCIATIVO

Novos Sócios Colectivos

PAPELEIRA PORTUGUESA, S.A.

QUALIDAR ‒ Engenharia do Ambiente, Lda. UNIVERSO ACTUAL DE SÓCIOS:

INDIVIDUAIS : 366 COLECTIVOS : 93

OUTROS EVENTOS INTERNACIONAIS

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REPRESENTAÇÃO DA TECNICELPA

CARLOS GOMES DA COSTA Sócio N.º 469

OS ENCANTOS

DUM PAPELEIRO

Um ano de boa vida de reformado não chegou para aposentar o Alberto Vale Rêgo. Pelo que nos parece, para ele, a vida de papeleiro tem um grande encanto, pelo que não conseguiu resistir a um desafi o muito interessante para regressar. A EUROPAC adquiriu

recentemente uma fábrica do grupo OTOR em Rouen, França. Com uma máquina de 7 metros de largura, produzindo papel fl uting a cerca de 830 m/min, esta fábrica tem potencial para muito mais. É decisão estratégica do novo proprietário conquistar essa capacidade adicional e atingir as 300 000 t/ano. O Alberto Vale Rêgo foi desafi ado a colaborar com a EUROPAC, integrando a equipa que trabalhará na fábrica como Director desse projecto de expansão.

Desejamos-lhe as maiores felicidades e sucesso para conseguir os resultados que a EUROPAC projectou.

A SPCI (a associação sueca de pasta e papel) realizou recentemente o maior evento da Europa dedicada às novas tecnologias destinadas ao fabrico de pasta e papel e a comemoração dos seus 100 anos de existência.

Neste evento a Tecnicelpa esteve representada pelo nosso Associado Eng. Carlos Gomes da Costa. Este evento atraiu 13.587 visitantes às salas de conferência e de exposição vindos de 60 países diferentes.

Estiveram representadas 730 empresas de todo o mundo, exibindo os seus equipamentos e soluções em 300 expositores.

Carlos Gomes da Costa esteve presente em todas as acções técnicas e sociais, representando a Tecnicelpa, bem como na reunião com todas as associações congéneres da nossa.

Existiu um saudável convívio com as nossas congéneres:

Brasil ‒ ABTCP ‒Alberto Mori ‒ Presidente, França ‒ ATIP ‒ Daniel Gomez ‒ Director, Finlandia ‒Finnish Paper Engineers Association ‒ PI ‒ Pirkko Molkentin-Matilainen ‒ Presidente, os quais enviaram saudações e apresentaram o convite para a presença da Tecnicelpa nos próximos eventos a realizar pelas suas associações.

NOTÍCIAS DA TECNICELPA

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NOTÍCIAS DA TECNICELPA

CRUZEIRO NO ALQUEVA

No dia 28 de Junho de 2008 a Tecnicelpa organizou mais um dos seus eventos lúdicos, que inequivocamente tanto enriquecem e fortalecem a preciosa interacção entre a nossa Associação e os seus Associados.

No dia 28 de Junho de 2008 a Tecnicelpa organizou mais um dos seus eventos lúdicos, que inequivoca-mente tanto enriquecem e fortalecem a preciosa interacção entre a nossa Associação e os seus Associados. Desta vez, um admirável grupo de 66 amigos (56 adultos e 10 crianças) dos mais diversos pontos do país, participou no passeio de barco no grande Lago do Alqueva, durante o qual foi possível desfrutar das belas e graciosas paisagens do Alentejo.

A calma serena de uma nova paisa-gem alagada de uma nova vida faz com que nos sintamos seduzidos pelo deslumbramento de amplos horizontes nas águas mansas da Barragem do Alqueva, rendilhadas por inúmeras ilhas e longos braços. O almoço, que se seguiu ao passeio, teve lugar num restaurante

panorâmico, com uma excelente vista sobre a Barragem do Alqueva. Após o almoço, a visita teve a sua continuidade naquela que é conhe-cida como a Cidade Museu por ex-celência ‒ Évora. O centro histórico

de Évora faz parte da lista da UNESCO das cidades património mundial. De facto percorrer as ruas de Évora e visitar os seus monumentos, é percorrer a História nos últimos dois mil anos.

“(Como se Évora)... a si se tivesse contemplado e portanto compreendi-do que só existe um mocompreendi-do de pereni-dade capaz de sobreviver à precari-dade das existências humanas e das suas obras: segurar o fi o da história e com ele bem agarrado avançar para o futuro.” José Saramago Durante o passeio em Évora, foi possível contemplar a Praça do Giraldo, a Catedral de Santa Maria ‒ Sé de Évora, a Capela dos Ossos, o Templo Romano, famoso como Tempo de Diana, entre outros extraordinários monumentos. Foi um dia repleto de boa dis-posição, cultura e convívio, sendo que, apesar dos desconfortáveis 40 ºC foi com agrado que consta-támos que o grupo praticamente se manteve coeso até ao fi nal da visita.

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07 As árvores sempre forneceram produtos e alimentos

ao ser humano. Com certeza, delas vieram os primei-ros combustíveis usados pelo homem, pela queima de galhos, depois toras, e hoje, também os cavacos como biomassa energética. A madeira sempre teve papel im-portante oferecendo alternativas fantásticas ao ser hu-mano para agregar qualidade e felicidade em sua vida. Curiosamente, mesmo com toda a evolução tecnológica e científi ca, ainda não aprendemos a fazer artifi cialmente a mais incrível de todas as reacções que a Natureza criou: a da fotossíntese. Através dela, a mais simples das plantas consegue transformar gás carbónico e água em carbo-idratos ricos em energia e em oxigénio. Caso viéssemos a dominar essa reacção, conseguiríamos resolver os pro-blemas de alimentação e de energia no planeta. Entretan-to, como ainda não conseguimos, continuamos a utilizar as biomassas vegetais como matérias-primas para nossos processos industriais. A partir dos compostos orgânicos e das células das plantas, construímos indústrias de manu-factura e caldeiras para geração de energia, tais como o que encontramos na fabricação de celulose e de papel. Nessa indústria, usamos as células das árvores (fi bras) e geramos energia do licor negro e da biomassa excedente, especialmente preparada para essa fi nalidade.

A madeira, para ser competitiva como matéria-prima, não pode ter preços altos. Toda vez que encarece em preço, surgem produtos alternativos para tentar substitui-la: isso é comum principalmente na indústria de construção civil e de mobiliário.

Atualmente, em função do prenunciado e anunciado es-gotamento das reservas de combustíveis fósseis, e por isso mesmo, de seu encarecimento, a biomassa passou a ser olhada mais intensamente como fonte de energia. Na verdade, a biomassa das plantas nunca deixou de ser uma fonte importante nas matrizes energéticas, princi-palmente no caso de países em desenvolvimento. Sua utilização como lenha e na produção de carvão vegetal tem sido continuada por séculos e continuará a sê-lo no futuro.

Por outro lado, surgem agora novas alternativas, en-caradas como muito atractivas para o sector fl orestal. A madeira passa a ter condições de ser convertida em bio-combustíveis (etanol, butanol, metanol, etc.), através de tecnologias em franco processo de desenvolvimento em países como Estados Unidos, Canadá, Suécia, Finlândia,

Biorefi narias a partir de fl orestas plantadas:

excelentes oportunidades, mas sérios riscos, também...

CELSO FOELKEL

dentre outros. A lignina também pode ser extraída e usa-da para produtos químicos mais sofi sticados e valiosos. Surgem então promissoras expectativas para avanços e maior integração na cadeira produtiva da madeira. Muito bom isso para o sector de base fl orestal, desde que ele saiba se preparar para os novos usos da madeira e das fl orestas.

Evidentemente, nos casos de Brasil e Portugal, se as fl o-restas vierem a fornecer matéria-prima para essa fi nali-dade, com certeza serão as fl orestas plantadas de euca-lipto, as mais promissoras e viáveis. As possibilidades são enormes para negócios complementares aos atuais (como biorefi narias associadas à fabricação de celulose), e também, para unidades autónomas de processamento e conversão da biomassa fl orestal em biocombustíveis, por exemplo.

De forma simples, podemos categorizar as biorefi narias em 3 tipos, independentemente do tipo de biomassa que venham a usar (resíduos fl orestais, madeira, bagaço de cana, lodos de tratamento de esgoto, lixo orgânico, etc.): • Biorefi narias baseadas na extracção aquosa de com-postos orgânicos facilmente extraíveis (amido, hexoses, pentoses, etc.) e posterior processamento deles por fer-mentação, separação por membranas, destilação, etc. É o caso que está sendo muito estudado para o sector de fabricação de celulose kraft.

• Biorefi narias baseadas na hidrólise ácida e/ou enzimáti-ca da biomassa vegetal para produção do etanol celulose. • Biorefi narias baseadas na gaseifi cação da madeira para geração de gases combustíveis.

Em praticamente todos os casos, a idéia é simples: frag-mentar as cadeias complexas da biomassa construída pela Natureza em unidades mais simples e manuseáveis pelo homem (metano, metanol, etanol, etc.).

Apesar das oportunidades visualizadas, existem amea-ças e riscos também e eles não são poucos. Na falta de um planejamento adequado de suprimento de madeira, a competição por ela aumentará. Os recursos madeireiros hoje disponíveis, já reconhecidamente escassos, passarão a faltar para todos os negócios madeireiros e o preço aumentará, não há dúvidas disso. Mesmo que as biorefi -narias sejam baseadas em resíduos celulósicos (serragem, casca de árvores, restos de madeira da indústria do mo-biliário, bagaço de cana-de-açúcar, etc.) muitos negócios

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NOTÍCIAS DA TECNICELPA

atuais serão infl uenciados também. Isso porque quase a totalidade dos resíduos lenhosos e celulósicos derivados da conversão industrial já são hoje queimados em cal-deiras de biomassa de geração de força. Com uma rela-ção de 4 a 8 toneladas de resíduos na humidade em que se encontra o resíduo para substituir uma tonelada de óleo combustível, isso tem-se mostrado como excelente alternativa energética em função do aumento do preço inusitado dos combustíveis de origem fóssil. Portanto, a crença de que existem resíduos madeireiros em abundân-cia também para a produção de enormes quantidades de etanol é na verdade um conto de fadas contado por aqueles que estejam interessados em promover esse tipo de industrialização. Mesmo o bagaço de cana no Brasil é praticamente queimado nas caldeiras das usinas para gerar energia. Ele poderia ser viabilizado pelas biorefi -narias de extracção aquosa do que for extraível e depois o resíduo, esse sim, seria queimado para gerar energia. Algo similar ao que se pretende nas biorefi narias asso-ciadas às fábricas de celulose kraft, só que o resíduo se-ria convertido em fi bras e em energia também.

Tenho visto, com preocupação, propostas de renomados engenheiros da área tecnológica industrial e fl orestal su-gerindo o uso de praticamente toda a biomassa que a fl oresta de eucalipto produz acima do solo, raspando-se até mesmo o solo para remover folhas, galhos, cascas, etc. Isso seria uma agressão ambiental sem precedentes, algo que levaria os solos a um estado de rápido empo-brecimento e erosão. A manta orgânica sobre o solo e os restos da colheita da fl oresta plantada protegem e conservam o solo, oferecem humidade, evitam o impacto das gotas de chuva directamente sobre o solo, evitam a formação de enxurradas, regulam o ciclo hidrológico, fa-vorecem a vida microbiológica, resgatam nutrientes ao solo e evitam a compactação da superfície do mesmo. Retirá-los para produzir álcool é de uma insensibilidade assustadora e uma falta de respeito total à Natureza. Afi -nal, o solo é património natural e um bem comum da humanidade.

Outro grande perigo que me preocupa são as propos-tas de novas formas de manejo intensivo das fl orespropos-tas plantadas. Existem propostas de renomados académicos sugerindo o conceito de fl orestas energéticas, onde as ár-vores de eucaliptos seriam plantadas em espaçamentos bastante apertados e colhidas em tenra idade, algo como 3 a 4 anos. Na colheita, tudo seria utilizado como maté-ria-prima energética: madeira de tronco, galhos, casca, folhas, etc. Ou seja, a grande vantagem ecológica que a fl oresta plantada de eucalipto oferece, que é a ciclagem de nutrientes, estaria sendo perdida. Mesmo que se pen-sassem em pesadas fertilizações minerais, elas seriam onerosas e não colaborariam para a micro-vida do solo

e para a prevenção da erosão do solo como fazem os resíduos fl orestais deixados no campo. Apenas recor-dando para vocês o que seria ciclagem de nutrientes. Conforme a fl oresta plantada cresce, tão logo se inicia a competição entre as árvores, com as copas passando a se tocar, começa a ocorrer deposição maior de folhas, ga-lhos e casca, que morrem e caem ao solo. Esses materiais se decompõem no solo e seus nutrientes são liberados de novo para a absorção pelas mesmas árvores que os depositaram. Em resumo, até os 2 a 3 anos, o eucalipto se alimenta de nutrientes do solo, mas após essa idade, ele passa a reusar e reciclar seus próprios detritos, rein-corporando nutrientes perdidos de suas partes que caem ao solo. Essa vantagem da ciclagem de nutrientes é ainda maior conforme se alongam as rotações, ou a idade de colheita seja mais tardia. Se anteciparmos a colheita para muito cedo, as fl orestas apenas vão extrair nutrientes do solo, vão ciclar muito pouco. Em resumo, elas exportarão muito mais nutrientes, empobrecendo os solos. Antecipar colheitas é então um erro ecológico. Poderá antecipar re-ceitas, mas é mais impactante ao solo em sua fertilidade e microbiologia.

Meus amigos, devemos olhar esse nosso momento actual fl orestal sob dois prismas muito distintos, mas comple-mentares: temos oportunidades interessantes aos nossos negócios de base fl orestal, mas necessitamos para elas de práticas de manejo ainda mais sustentáveis em nossas operações fl orestais. É muito importante que nosso sec-tor possa colaborar para o atendimento das necessidades da sociedade em termos de combustíveis renováveis. As fl orestas de eucaliptos podem ajudar em muito a se acançar isso, Entretanto, para que possamos argumen-tar ser a prática sustentável e as reservas naturais serem renováveis vamos ter que nos esforçar muito mais para isso. Não deve ser a simples orientação comercial aos novos negócios que servirá de base às nossas acções. É muito importante a saúde dos ecossistemas fl orestais, dentro dos nossos já muito bem desenvolvidos eco-mo-saicos fl orestais de adequado nível de sustentabilidade. Por essa razão, uma mensagem fi nal aos nossos políticos, técnicos e empresários: usem essas boas oportunidades, façam vicejar novos negócios fl orestais ofertando produ-tos úteis para nossa sociedade. Mas façam isso de forma sustentável e com altíssima responsabilidade e respeito aos recursos naturais de nosso fi nito planeta Terra. Con-tamos com essa postura do sector de base fl orestal e de seus técnicos.

Biorefi narias a partir de fl orestas plantadas:

excelentes oportunidades, mas sérios riscos, também...

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RETALHOS

DE UM

“Até breve”

O TEMPO PASSA...

MAS A OBRA FICA

À atenção da grande equipa de Tomar:

Bom dia Augusto Gois, Cesaltina e Maria João!

Estou a arrumar o meu gabinete na Portucel Viana. Já reformado, desde 14 de Maio, vou terminar a minha actividade na Empresa no fi nal desta semana. Ao fi m de 37 anos, sem interrupção! Não é uma despedida, pois continuaremos a ver-nos pelo menos nos próximos 2 anos, mas passaremos, certamente, a sentirmo-nos um pouco mais distantes.

Muito obrigado pela vossa sim-patia e disponibilidade e Até breve!

ARMANDO

BROCHADO

Da “grande equipa de Tomar”: Caro Amigo,

Inspirados pelo momento que vivemos decidimos treinar em conjunto mas chutar em separado com o objectivo não de meter golos mas de enviar abraços.

Aqui vão:

A minha permanência na Tecnicelpa é curta, mas não quero deixar de lhe transmitir os meus profundos e sinceros desejos de muita saúde, paz e a boa disposição e simpatia às quais sempre me habituou. Na vida, muitas vezes, e por variadíssimas razões, mudamos o nosso caminho, mas, e assim o disse Gandhi “Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho”.

Que este novo caminho não seja de sonhos mas de concretizações, de sorrisos e de muitos encantos. São estes os meus mais sinceros votos.

Maria João Canha

Há alguns dias atrás, quando, por ordem expressa do “Chefe” Augusto Góis, me dedicava à arrumação do arquivo mais empoeirado da Tecnicelpa, vi-me obrigada a interromper a minha tarefa para “mergulhar” no conteúdo de uma pasta com o titulo bem sugestivo de “PASTA BEBÉ”.

Esta pasta foi legada pelo

Senhor Augusto Góis para constar do arquivo da Tecnicelpa. Pois fala do “bebe” Tecnicelpa, desde a sua concepção até ao seu nascimento. Trata-se de um testemunho valioso sobre o movimento congregador que deu início ao processo de forma-ção da Tecnicelpa. Passo a passo, reunião após reunião: as ideias, as dúvidas,… está lá tudo. E nada seria possível sem os Homens que, de corpo e alma, deitaram mãos à obra e cujos nomes se repetem nas actas e outros documentos.

…O bebé cresceu. Os seus pais, a pouco e pouco, vão fi cando reformados.

Hoje é a vez do Armando Brochado, um desses Homens que “andou com o bebé ao colo”.

Senhor Eng. Brochado,

Bem haja pela simpatia e disponibi-lidade que sempre me demonstrou e que muito ajudaram nos meus “primeiros passos” na Tecnicelpa. Um grande abraço.

Cesaltina Baptista

Meu querido Amigo,

Deixe-me delirar em troca das palavras que não encontro para defi nir este importante momento. Folheando o meu inseparável dicionário, encontrei e seleccionei a bonita palavra BROCHADO, cuja dissecação deu isto:

BROCHADO: diz-se dum LIVRO cosido e com capa de papel ou cartolina;

LIVRO (de Ouro): Aquele em que se regista o nome das pessoas que contribuíram para um determinado fi m altruístico;

ALTRUÍSMO: Doutrina moral que faz consistir o bem no interesse por outrem (pelos outros).

Vou fi car com este LIVRO no melhor lugar da minha estante, no canto dos Amigos especiais, para ler enquanto puder.

A pessoa que não lê, mal fala, mal ouve, mal vê.

Outro abraço da grande equipa,

Maria João, Cesaltina e Augusto Góis

13/06/08. NOTÍCIAS DA TECNICELPA

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CURSO

“Resolução Sistemática de Problemas”

A 24 de Setembro de 2008 a Tecnicelpa realizou no Hotel dos Templários, o Curso “Resolução Sistemática de Problemas” em colaboração com a Cegoc.

O objectivo principal foi apresentar uma metodologia poderosa e efi caz de resolução participativa de pro-blemas. Proporcionar um utensílio prático capaz de integrar concei-tos já conhecidos mas raramente utilizados por falta de efi cácia dos resultados. Reafi rmar, junto dos for-mandos, a importância participativa na resolução dos problemas, quando comparada com a resolução e acção isoladas. Ensinar uma metodologia de resolução de problemas que não requer, necessariamente, a interrup-ção do fl uxo dos produtos. Mostrar que é possível chegar à raiz de um problema e simultaneamente prote-ger os clientes dos correspondentes efeitos do mesmo.

Baseado em casos reais e exemplos de aplicação, este Curso constituiu uma acção de formação que visou dotar os formandos de um utensí-lio indispensável para a resolução dos seus problemas sobretudo para evitar a sua reincidência.

O docente do Curso foi o Sr. Prof. António Domingos Pereira.

CONTEÚDOS TEMÁTICOS:

- Fundamentos do método 8 D. As 8 acções (os 8 “DO’ s”). - Caracterizar o problema ‒ O Método Shibata.

- Chegar à raiz do problema. - Relacionar as causas e os efeitos - O diagrama causa-efeito.

- Gerar soluções potenciais ‒ O Brainstorming.

- Maximizar a efi cácia ‒ O Diagrama de Pareto.

De acordo com a Avaliação Global do Curso por parte dos 29 partici-pantes, constatámos um acentuado interesse pelos conteúdos do evento. É com enorme prazer que constata-mos, mais uma vez, ir ao encontro dos interesses, a nível de formação, dos nossos Associados.

NOTÍCIAS DA TECNICELPA

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11 - 39 Projectos em parceria com entidades externas, 2

dos quais envolvendo parceiros internacionais e que na sua globalidade envolvem orçamentos superiores a 5 Milhões de Euros na sua totalidade, 70 investigadores e docentes da Universidade de Coimbra e cerca de 50 or-ganizações externas (empresas, autarquias, associações de desenvolvimento, entre outras);

- 94 Formandos em cursos promovidos ou leccionados pela equipa do GATS;

- 2 Novas empresas de base tecnológica criadas devido às iniciativas promovidas;

- 18 Novos resultados de investigação cujo potencial de mercado foram avaliados;

- 5 Pedidos de patente de novas invenções disponíveis para serem incorporadas em parceiros empresariais que as desejem explorar comercialmente;

- 1 Licenciamento de exploração concedida a uma em-presa com ambição global;

Desengane-se quem julgar que se trata do balanço dos quase cinco anos de actividade do Gabinete de Transfe-rências do Saber da Universidade de Coimbra com o qual tenho tido o privilégio de colaborar. Trata-se somente do balanço do último semestre de actividade.

Os indicadores que acima apresentei são do Gabinete de Transferências do Saber da Universidade de Coimbra. Contudo, o número de profi ssionais de transferência de tecnologia em Portugal é reduzido pelo que posso afi r-mar, com alguma segurança, que os indicadores que aci-ma apresento são semelhantes em qualquer outro gabi-nete congénere ao de Coimbra que leve estas questões de colaboração com as empresas e estímulo à inovação e ao desenvolvimento económico do nosso tecido empre-sarial a peito. Os resultados têm sido obtidos com muito esforço e coragem. Mas não só o nosso.

Para existir inovação e uma verdadeira e profícua apro-ximação entre a academia e a realidade económica e empresarial, têm que existir forçosamente pelo menos duas partes, duas vontades e dois interesses que se con-jugam. Os resultados a que assistimos (e que, é claro, promovemos e catalisamos) são o sinal que existe uma mudança em curso em todas as partes (dos vários stake-holders do processo de inovação, leia-se). É uma mudan-ça necessária, lenta, geracional talvez e estes primeiros sinais de mudança que se fazem sentir são já, na minha opinião, motivo de regozijo para todos nós.

JORGE MIGUEL FIGUEIRA

Eu inovo, tu inovas, nós inovamos

Coordenador Executivo GATS.UC

Hoje em dia são vários os investigadores e professores a fazerem-nos chegar os excelentes resultados de in-vestigação que alcançaram. Com base nessa abertura podemos de forma pró-activa analisar e avaliar o poten-cial comerpoten-cial dos resultados obtidos, as vantagens com-petitivas sustentáveis que poderão originar e estabelecer planos de acção personalizados para procurar encontrar parceiros nacionais ou internacionais com competên-cias específi cas para apoiar essa comercialização, quer através do lançamento de novas empresas, quer licen-ciando o conhecimento produzido (normalmente após a fase de protecção intelectual). Foi através de um esforço semelhante que, por exemplo, licenciámos a uma em-presa privada recentemente premiada pela comunicação social, no passado semestre, uma patente da Universi-dade de Coimbra para análise da fruta por luminosiUniversi-dade induzida. Foi igualmente através do esforço pró-activo do gabinete que acordámos com um consórcio de em-presas privadas, o desenvolvimento de novos produtos para a área da saúde que estamos convictos, surgirão no mercado nos próximos anos. É igualmente esta a abor-dagem que estamois a procurar desenvolver junto da indústria da pasta e do papel, no sentido de colocar as nossas competência (e que nesta área são diversifi cadas), ao serviço de parcerias público-privadas. Essa abertura ao diálogo, esta tomada de consciência colectiva de que o trabalho científi co realizado nas universidades poderá ter igualmente um valor comercial que pode contribuir para a melhoria da sociedade, tem gerado muitas par-cerias em que a Universidade sai ganhadora, o parceiro empresarial sai ganhador e, mais importante que tudo, o investigador sai ganhador. E por isso voltam a contactar-nos e nós a eles.

As PME’s e grandes empresas nacionais estão igualmente (e fi nalmente, diria), a mudar as suas mentalidades no que respeita a este tipo de colaborações, certamente de-positando mais confi ança e abertura na partilha do que gostariam de desenvolver no futuro em termos de estra-tégia de negócio. As empresas reconhecem que o modelo de inovação feita dentro de portas é um modelo inviável numa economia cada vez mais aberta, global e competi-tiva começando a encontrar nas universidades fornece-dores fi áveis de conhecimento. Tem sido essa igualmente a abordagem da indústria da pasta e do papel. São vários os contactos que foram estabelecidos com a Universi-dade de Coimbra para a concretização de projectos em áreas variadas. Mas outras indústrias e empresas o têm feito igualmente: empresas de consultoria,

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de cutelaria, de automação, de dispositivos médicos, de energia, de tecnologias e informação e comunicação, do sector farmacêutico, de todas as áreas. Numa universi-dade como a de Coimbra que conta com cerca de 1800 investigadores e docentes, qualquer empresa que solicite uma determinada competência específi ca arrisca-se a en-contrá-la através do GATS.UC.

Apesar de ter uma relação ténue com as questões da in-dústria da pasta e do papel, gostaria igualmente de des-tacar o papel dos autarcas a intensa relação que com eles temos vindo a estabelecer. Satisfeitas as necessidades básicas dos seus municípios e em conjunto com as univer-sidades, estão de facto procurar investir na mudança de comportamentos atitudes dos seus municípios. Despem--se de preconceitos e pedem apoio às universidades para os apoiar em diversas áreas que identifi cam como prioritárias. E as universidades também elas despem-se de preconceitos e também elas aprendem. Alinham-se es-tratégicas, tomam-se decisões conjuntas, traçam-se rotas complementares. É de facto um trabalho estimulante para ambos e que, enquanto cidadão, regozijo-me com a mu-dança (ou pelo menos a alteração de prioridades) na visão estratégica, optando por investir menos em betão e mais em mudança de comportamentos, atitudes e

Foi com enorme pesar que tomámos conhecimento do falecimento do Amigo Gastão Estevão Campanaro, gestor institucional

e ex-presidente da ABTCP, nossa congénere brasileira.

O Conselho Directivo da Tecnicelpa e todos os seus colaboradores apresentaram em nome de todos os seus Associados, sentidos pêsames à família e à Associação.

Tivemos conhecimento pelo intermédio de Henrique Dominguez, do falecimento do Senhor Gregório Moreno, Presidente da Brunnschweiler, Sócia Colectiva da Tecnicelpa desde 1990.

O Conselho Directivo da Tecnicelpa e todos os seus colaboradores lamentam esta triste notícia e apresentam em nome de todos os seus Associados, sentidos pêsames à família, com um especial abraço à Catalina, nosso habitual interlocutor.

GASTÃO ESTEVÃO CAMPANARO

aptidões indutoras da competitividade e inovação. Pode-ria destacar diversos exemplos desta outra linha de acti-vidades que promovemos activamente no GATS.UC. O investimento partilhado com o município de Coimbra na valorização de algumas das patentes do nosso portfó-lio da Universidade é sem dúvida digno de ser referido, bem como o papel activo do autarca empreendedor do ano, do município de Penela, com o qual co-organizamos anualmente um curso de empreendedorismo especifi ca-mente dirigido a todos os penelenses que queiram par-ticipar e que pretendam desenvolver ideias de negócio e que vai já na sua 2ª edição.

Associações empresariais, incubadoras, parques tecno-lógicos, governos regionais, outras instituições, poderia continuar a dar exemplos que se estão a traduzir nos sinais de mudança que mencionei. Contudo, julgo que o que acima referi espelha com alguma clareza a mensa-gem que pretendia transmitir: a inovação cada vez me-nos se conjuga na primeira pessoa do singular e os vários agentes da inovação estão a interiorizar este princípio. É uma tarefa plural que exige sintonia de expectativas e harmonia focada em resultados.

GREGÓRIO MORENO

JORGE MIGUEL FIGUEIRA

Eu inovo, tu inovas, nós inovamos

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Parcerias Universidades - Empresas

CARLOS BRÁS

Já muito se escreveu e disse sobre a difi culdade de relacionamento entre Universidades e Empresas. Estas difi culdades surgem sempre associadas a visões diferen-tes sobre o papel que cada um deve desempenhar. Para as Universidades a indústria é demasiado pragmática e técnica. Para as empresas a Universidade é demasiado científi ca , quase exotérica.

Bem vistas as coisas , todos têm razão e todos têm as suas razões.

De facto as Universidade têm um papel a desempenhar na sociedade, no ensino e na formação, na investigação e no desenvolvimento científi co. Mais ou menos funda-mental, a investigação precisa do seu tempo e também do seu ócio, desenvolvendo-se em círculos mais ou me-nos peme-nosos, entre a formulação da hipótese e a sua veri-fi cação através da experiência.

Para as empresas este tempo é demasiado improdutivo, no sentido da criação de resultados para o accionista. Trata-se muito mais de uma despesa do que de um inves-timento, na medida em que a probabilidade da obtenção de um bom resultado é bastante pequena.

A questão está principalmente no prazo e também no risco. Para as universidades a sua actividade é de médio / longo prazo. Para as empresas é de curto ( por vezes curtíssimo ) / médio prazo. Nas primeiras o risco não é um grande problema. No caso das empresas os accionis-tas tendem a enveredar por empreendimentos em que o risco é minimizado, protegendo o seu capital das incerte-zas do longo prazo.

Esta realidade trás um desafi o importante: com inte-resses por vezes divergentes ,como é que se pode pôr as Universidade e Empresas a trabalharem lado a lado, consertando esforços no desenvolvimento de soluções que permitam dar o salto tecnológico hoje tão essencial a uma nova economia portuguesa ?

A resposta a este desafi o encontra-se na concertação das capacidades já por demais evidenciadas nas Universi-dades e Empresas do nosso país.

No sector da Pasta e Papel têm-se desenvolvido parcerias importantes em projectos específi cos com resultados positivos. Faltam, na minha opinião, os grandes projec-tos. Aqueles que se traduzam numa forte componente de inovação, com objectivos bem determinados de a prazo ( tão curto quanto possível mas sufi cientemente longo para dar espaço á criatividade, ao erro e à experimen-tação ) se conseguirem soluções que tragam um valor acrescido para o país. Este tipo de parcerias necessitam de fortes investimentos em capital e em conhecimento. Necessitam ainda de uma grande dose de paciência, moderada por um controle efi ciente e efectivo das com-ponentes científi cas, técnicas e fi nanceiras dos projectos. Necessitam também de uma capacidade rara para reco-nhecer o fracasso e fazer a agulha noutras direcções, sem nunca desistir. Precisam fi nalmente de tempo, bem cada vez mais escasso no mundo de hoje.

As nossas Empresas e as nossas Universidades só têm a ganhar se cooperarem. Para isso é preciso que tenham o mesmo entendimento sobre o que é essencial, deixando para trás aquilo que é acessório.

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Visita ao Museu de Lanifícios

O Museu de Lanifícios da Universi-dade da Beira Interior foi fundado pelo Marquês de Pombal em 1764 e tem por missão a conservação activa do património industrial têxtil, assim como a investigação e divulgação da tecnologia associadas ao processo de industrialização dos lanifícios ao longo dos tempos.

“Os fi os do passado a tecer o futuro” é o lema do Museu de Lanifícios. De acordo com este princípio defende uma “conservação activa” do património que tem à sua guarda. Tivemos oportunidade de visitar dois núcleos integrados no Museu dos Lanifícios:

• Núcleo da Real Fábrica de Panos. • Núcleo da Real Fábrica Veiga. Os antigos papeleiros presentes tiveram oportunidade de recordar momentos de difi culdade da vida profi ssional que ocorriam no dia a dia nas fábricas, ao longo da segunda metade do Século XX.

A evocação de nomes como ALÇADA, da Fábrica de Feltros Alçada, de BAETA, assim se designavam os feltros “choucheurs” de pura lã, aproveita-

dos após o fi m da vida útil na máquina de fabricar papel para a confecção de COBERTORES para agasalho, nas

camas pessoais e familiares, a CAR-DAGEM que consiste em desenriçar a lã da superfície da BAETA, com o auxílio de CARDOS (Planta espinhosa da família do Cardo-de-Coalho uti-lizado na fermentação do leite para fabricação do queijo, e/ou do Cardo Alcachofra utilizado pelos namorados nas fogueiras dos Santos Populares), os quais ainda se encontram instala-dos na máquina de cardar.

Foi recordada por alguns dos presen-tes a disputa e as infl uências que se moviam, quando se era contemplado com parte da BAETA que se inuti-lizava ainda em bom estado, e que constituía uma inesperada oportuni-dade de possuir uma SAMARRA da excelente “fazenda” que era a BAETA tingida, artesanalmente, nas cores preta, cinzenta ou azul.

Foi ainda apreciada uma caldeira TERMOFIXADORA e a revolução que constitui a acção desta operação para evitar que os fi ltros secadores encolhessem transversalmente, horas após o contacto com a temperatura dos secadores das máquinas, o que por vezes forçava a longas paragens da máquina para substituição. Muitos outros equipamentos e uten-sílios, específi cos da Indústria Têxtil

dos anos trinta/quarenta constituem o enorme espólio duma actividade que foi de fundamental importância na vida global da Covilhã e a qual temos difi culdade em transcrever de forma a suscitar o interesse dos ha-bituais leitores deste tipo de artigos. Após o Almoço, visitámos a aldeia histórica de Castelo Novo.

Partindo do Chafariz da Bica, iniciá-mos a nossa jornada, passando pela Igreja da Misericórdia, Igreja Matriz, passando pelo Solar dos Gamboas do século XVIII, residência da família desde 1716. A visita continuou pelas pequenas ruas, passando pela Casa da Câmara, Cadeia e Pelourinho até ao Castelo.

Reparamos que, um pouco por toda a parte, se encontram vários exemplos de construção tipicamente beirã, em granito e que são, de certa forma, uma imagem de marca da aldeia histórica de Castelo Novo.

A visita terminou na Lagariça, esca-vada na rocha, perto da qual ocorreu a prova de produtos regio-nais (compotas, patês, queijos e vinhos) na Casa da Lagariça. Foi uma visita animada e agradável, espírito habitual nos nossos eventos lúdicos.

A Tecnicelpa realizou a 4 de Outubro de 2008 mais uma visita lúdica, com um grupo de 46 participantes, desta vez ao Museu de Lanifícios, na Covilhã.

NOTÍCIAS DA TECNICELPA

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A Tecnicelpa, dentro dos seus objectivos, abrange os aspec-tos da Formação Sectorial, mas não pode assumir a respon-sabilidade exclusiva de promover a Formação sobre o pro-cesso, que todos consideramos necessária.

A tarefa impõe a mobilização geral das empresas e associa-ções empresariais, já que as carências são distintas conso-ante a dimensão das unidades e/ou a gama de produtos. Abre-se assim a perspectiva da criação de um Conselho de Formação para o sector, cuja coordenação estamos prepara-dos para assumir cabendo-nos estabelecer a ponte entre os Técnicos Formadores e os Quadros das Empresas.

Desde logo sentimos uma vontade geral de dinamizar e in-formar, mas pensamos que a multiplicidade de contactos por certo não será benéfi ca, na medida em que pode provocar perturbações nas entidades ministradoras de Formação que, de momento, se situam no exterior.

Isto para já não falarmos nas possibilidades de fi nanciamen-to, as quais resultarão se a abordagem for coordenada numa base exequível e realista.

À boa maneira portuguesa, haverá sempre quem, aprovei-tando as circunstâncias, baralhe ainda mais uma época já por si conturbada.

Pela nossa parte não alinhamos em planos fáceis e mal ela-borados, mantendo-nos, como sempre, com os pés na Terra ‒ não embarcando nos encantos da sereia.

No âmbito do programa de colaboração entre o I. U. B. I. e a TECNICELPA, foram realizadas duas conferências proferi-das pelo Prof. Robert Peterson, Ph.D. da Universidade de Mi-ami, Flórida, aproveitando a sua curta estadia no nosso país em missão de apoio ao lançamento do recém-criado Curso de Engenharia do Papel naquele novo Instituto, na Covilhã.

O Prof. Peterson, que detem um expressivo currículo técnico--científi co na área da celulose e papel, abordou os seguintes temas:

- High Yield Pulping of Hardwoods.

- Pulp and Paper Quality Control Trends in U. S. A.. - Alkaline Papermaking Developments.

A conferência relativa ao primeiro tema teve lugar nas insta-lações da Direcção Técnica da PORTUCEL em Eixo (Aveiro), em 23 de Outubro passado, enquanto as referentes aos outros dois temas se realizaram numa só sessão, em 5 de Novembro, no Centro Fabril SETÚBAL DA PORTUCEL.

Registou-se um número razoável de participantes, apesar da pouca antecedência com que foi possível anunciar estas reali-zações, tendo-se proporcionado um animado debate entre o conferencista e alguns técnicos presentes.

O Prof. Peterson, que estava acompanhado por alguns do-centes do Curso de Engenharia do Papel do I. U. B. I., teve ainda possibilidade de visitar a fábrica de Cacia e o Centro de Investigação Tecnológica de Eixo, da PORTUCEL, e ainda as instalações fabris da INAPA e da PAREL, em Setúbal, onde foi recebido pelas respectivas Direcções Fabris com quem pôde trocar impressões sobre a situação actual e as potencialidades a esperar da Indústria de Celulose e Papel em Portugal. Informam-se os Associados eventualmente interessados de que dispomos das notas utilizadas por aquele cientista norte-americano nas suas conferências, pelo que poderemos enviar cópias das mesmas a quem o solicitar para a Sede da Tecnicelpa, em Tomar.

EDITORIAL

Boletim Informativo N.º 6, Dezembro de 1985.

RELAÇÃO

UNIVERSIDADE/INDÚSTRIA...

ANOS 80

COLABORAÇÃO

COM A UNIVERSIDADE

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RELAÇÃO

UNIVERSIDADE/INDÚSTRIA

MANUEL JOSÉ DOS SANTOS SILVA

Reitor da Universidade da Beira Interior

ANÁLISES

UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR UNIVERSIDADE DE COIMBRA UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA RAIZ ‒ INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO DA FLORESTA E PAPEL

UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

Em Portugal, as Universidades funcionam como verda-deiros motores de desenvolvimento, potenciando a inova-ção, o empreendedorismo e o crescimento económico do País, em especial das regiões onde se encontram implan-tadas. Aliás, as universidades desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de novas tecnologias e no estímulo à criação de novas empresas, fornecendo a estas conhecimentos aplicados que podem ser transfor-mados em inovação, permitindo o acréscimo da competi-tividade das indústrias nacionais.

Quanto ao sector papeleiro, é sabido que ocupa um lugar de destaque no panorama nacional, quer por contribuir de forma signifi cativa para o produto interno do país, quer pelo seu elevado valor acrescentado. As nossas unidades industriais são detentoras de inegável prestígio interna-cional, quer pelo nível tecnológico, quer pela dimensão e qualidade dos recursos humanos utilizados. Mas, apesar dos progressos alcançados nos últimos anos, esta acti-vidade vai ter, inevitavelmente, de desenvolver novas estratégias que lhe permitam a redução de custos, o au-mento da produtividade e ainda a melhoria da qualidade e diversidade dos seus produtos. Só assim será possível reforçar ainda mais o seu posicionamento nacional e, principalmente, internacional.

A atenção dispensada ao Departamento de Ciência e Tecnologia do Papel, assim como aos departamentos em que existe uma vertente laboratorial signifi cativa, está relacionada com o facto de, desde sempre, ter sido

A (INTER)LIGAÇÃO

UNIVERSIDADE-EMPRESA

fi losofi a da UBI a criação de infra-estruturas laboratoriais e experimentais de qualidade, cuja utilização por parte dos alunos é fomentada através do desenvolvimento de trabalhos práticos e experimentais. O departamento dispõe de uma área laboratorial de quase 1000 m², onde se encontram instalados laboratórios de Matérias-primas, Química, Pastas, Papel e Acabamentos, Ensaios Físicos e Investigação. Os alunos têm, assim, oportunidade de adquirir experiência através de projectos levados a efeito pelo Departamento no âmbito da prestação de serviços, e ainda pela colaboração em trabalhos de investigação realizados pelos docentes. Esta situação é, aliás, favoreci-da pelo facto de os espaços laboratoriais serem utilizados para o ensino, investigação e prestação de serviços. A criação do Centro de Investigação em Ciência e Tecno-logia do Papel, além de reforçar o excelente trabalho que vem sendo realizado pelo departamento, tem como objectivo o desenvolvimento de um núcleo central, visando a criação de uma rede nacional. A excelência da investigação realizada por docentes do departamento tem sido objecto de reconhecimento nacional e interna-cional como o demonstra a atribuição do “Prémio Tecnicelpa” no XX Encontro Nacional Tecnicelpa. Atendendo à sua localização geográfi ca, a Universidade da Beira Interior ganha responsabilidades específi cas, pois os meios humanos qualifi cados que encerra, as in-fra-estruturas, ofi cinas laboratoriais e informáticas, bem como as bibliotecas, constituem elementos fundamentais

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para levar a efeito projectos de investigação aplicada, desenvolvimento de consultadoria e prestação de serviços no apoio a instituições, autarquias, empresas, escolas, serviços de saúde, etc..

No domínio da ligação ao exterior, a UBI assumiu sempre grande dinamismo, procurando activamente parceiros a nível nacional e internacional, e criando ou promovendo, dentro da própria Instituição ou em colaboração com outras entidades, serviços e organismos que promovem a ligação com o meio e a colocação de alunos na vida activa. Com efeito, diversos mecanismos e estruturas foram criadas no seio da UBI, ou em parceria, para a promoção da investi-gação, da ligação ao exterior e para a colocação dos gradua-dos na vida activa: o Centro de Estugradua-dos e Desenvolvimento Regional; o Centro de Inovação Empresarial da Beira Inte-rior, de que a UBI é membro fundador, e um Cybercentro, o primeiro a entrar em funcionamento no País.

A estes, acresce todo um conjunto de estruturas, como o Centro Multimédia, o Gabinete de Programas e Relações Internacionais, que promove o intercâmbio de alunos no âmbito do Programa ERASMUS, o Gabinete de Estágios e Saídas Profi ssionais, o Gabinete de Apoio a Projectos e In-vestigação, que inclui o Gabinete de Apoio à Propriedade Industrial e a Ofi cina de Transferência de Inovação e Conhecimento e, mais recentemente, o Centro de For-mação e Interligação da UBI e o Tecido Empresarial. Vários foram os passos dados no sentido do desenvolvi-mento desta vertente de ligação ao exterior, entre os quais saliento, ainda, a participação activa no projecto de criação do PARKURBIS, Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã, que permitiu não só a criação de diversas empresas de base tecnológica resultantes de spin-offs da Universidade, mas, também, o estabelecimento de parce-rias internacionais, o intercâmbio de conhecimento e o estímulo à inovação. Os parques tecnológicos

assumem--se hoje como sistemas produtivos locais que permitem implementar uma organização alternativa de produção, o que vai ao encontro das alterações verifi cadas ao nível demográfi co, social, político e, por conseguinte, dos novos padrões e necessidades económicas.

No caso da Universidade da Beira Interior fomos mais longe e, além de cursos de pós-graduação em

entrepreneurship e da participação em redes internacio-nais de cursos de doutoramento em entrepreneurship, fo-mos uma das primeiras instituições a inserir cadeiras nesta área em cerca de metade dos cursos ministrados, sendo de destacar, neste âmbito, o Curso de Empreendedorismo de Base Tecnológica, promovido em parceria com as

Universidades da Beira Interior, Aveiro e Coimbra, As instituições de Ensino Superior localizadas no interior do país têm sido consideradas o seu principal motor de desenvolvimento, pois, além da função de formação e investigação, desempenham, ao mesmo tempo, uma função de atracção e retenção dos jovens nesta faixa.

A nossa fi losofi a de abertura e interacção com o meio foi fundamental para atingir as metas já alcançadas, mas o nosso papel não termina aqui. Continuaremos a enfrentar os desafi os e a apostar na criação de infra-estruturas de apoio e ligação ao mundo empresarial, procurando siner-gias de investigação e estabelecendo plataformas de coope-ração entre universidades e empresas, no que respeita à inovação, à transferência de tecnologia, ao aconselhamento e à consultoria especializada, à investigação e trabalhos especializados e ao apoio em termos de análise de dados. Mantemos fi rme a expectativa de conseguir preservar, alargar e aperfeiçoar o papel essencial que temos desem-penhado ao serviço da região e do País, continuando com a nossa cultura de inovação, integração e participação da sociedade, (à qual pertencemos e para quem vivemos), respeitando sempre o seu passado e contribuindo o melhor possível para o seu futuro.

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RELAÇÃO UNIVERSIDADE/INDÚSTRIA

A CIÊNCIA

É CADA VEZ MAIS

A ESSÊNCIA

DO NEGÓCIO!

FERNANDO JORGE SEABRA SANTOS

Reitor da Universidade de Coimbra

Num livro particularmente interessante, onde faz uma análise da evolução da biotecnologia de base molecu-lar, enquanto actividade económica, Gary Pisano opta por adoptar o título “Science Business”, querendo com isso retratar a linha dorsal das suas constatações: neste sector em particular, já não há de todo fronteiras entre IDI e negócio, sendo que quem quer ter sucesso nele precisa de perceber que assim é de facto. Esta realidade é cada vez mais válida igualmente na generalidade dos sectores de actividade, mergulhados em verdadeiras economias e sociedades do conhecimento, ele próprio transaccionado e valorizado de acordo com lógicas de mercado (vejam-se os sites de compra e venda de conhecimento, em ambientes de “open innovation” de que é exemplo ilustrativo www.innocentive.com). De uma fase de aproximação entre fontes do saber e tecido económico, estamos rapidamente a evoluir para outra, onde os saberes se convertem na essência dos negócios, dependendo estes por isso mesmo de uma integração tão completa quanto possível de todas as etapas que conduzem da investigação à criação de valor económico. Sabemos hoje em dia caracterizar com detalhe as várias etapas subjacentes a este processo complexo e não li-near de sucessivas transformações, que leva da ideia até ao produto, serviço ou processo, e resulta claro que as formas mais efi cazes de as optimizar passa pela gestão de redes alargadas de parceiros, com papéis comple-mentares e que no seu conjunto constroem inovação em múltiplas facetas e domínios.

UNIVERSIDADE DE COIMBRA

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19 • formação de activos e personalizada para empresas (como sucedeu recentemente com o Grupo LENA), bem como o estabelecimento de parcerias e projectos conjuntos com estas, de modo a promover a existência de apostas cada vez mais consistentes em empreende-dorismo, “impreendedorimo” e IDI, incluindo a recente qualifi cação da Universidade de Coimbra para receber vales de IDI disponibilizados a PME pelo QREN; • criação de modalidades permanentes de interacção, especialmente vocacionadas para aquelas empresas que querem evoluir de uma casuística de meros projectos para um patamar de relacionamento constante, e que podem por isso assumir-se enquanto parceiros, aliados ou apoiantes da Universidade de Coimbra

(www.uc.pt/gats/parceiros);

• fomento e dinamização de redes sociais de colabora-ção e interaccolabora-ção, dentro do espírito da chamada geracolabora-ção WEB 2.0, através da criação de uma rede de antigos estudantes, que em dois anos atingiu já mais de 10000 adesões, efectuadas através de mecanismos de registo electrónico (www.uc.pt/antigos-estudantes).

Esta amostragem daquilo que se vai passando na Uni-versidade de Coimbra, e das profundas alterações regis-tadas num período de tempo inferior a uma década, e que tiveram igualmente lugar em muitas outras uni-versidades nacionais, mostram bem como as relações entre estas e as empresas têm de ser vistas actualmente com horizontes cada vez mais alargados e sob múltiplas perspectivas, por um lado, e, por outro lado, como as Universidades estão receptivas, interessadas e prepara-das para interagir com as empresas, nesses múltiplos domínios, criando valor para ambas as partes envolvi-das. Ajudando-se a si mesmas e a elas numa preparação cada vez melhor para enfrentar ambientes onde de facto ciência e negócio se confundem e interligam umbilical-mente. Dentro destes tipos de contextos de relaciona-mento, não há soluções únicas, mas antes a permanente descoberta e redescoberta de novas tipologias e formas de articulação.

Muito fi ca ainda por dizer. É sempre assim. Todos os artigos são poucos para retratar o enorme potencial que decorre de uma colaboração estreita e aberta entre uni-versidades e empresas, bem como o muito desse mesmo potencial que já está a ser convertido em realidades concretas e palpáveis. Convido-vos portanto a visitar a Universidade de Coimbra, fi sica ou virtualmente (www.uc.pt), navegando por alguns dos subsites que fomos referindo ao longo do texto. A partir daí podere-mos começar a construir modos de relacionamento mu-tuamente benéfi cos, rumo à crescente integração entre ciência e negócio que urge continuar a consolidar ao longo da próxima década, com resultados bem visíveis, como procurámos ilustrar e deixar antever.

Conscientes das suas responsabilidades face a este tipo de novos desafi os, as Universidades Portuguesas ao longo da última década deram saltos qualitativos muito importantes nos oceanos da inovação, criando estruturas de apoio e dinamização, implementando actividades e projectos consequentes, renovando o ensino e abrindo--se a inúmeras formas de colaboração com as empresas, autarquias e administração pública.

A Universidade de Coimbra, em particular, considera a sua contribuição para a inovação como algo de vital no âmbito da sua missão, o que fi ca consagrado de forma reforçada, em termos formais, na nova versão dos seus estatutos, onde se assume esta enquanto uma das suas três grandes vocações, a par do ensino e da investigação. Dentro desta panóplia de desafi os, e de modo a consoli-dar aquilo que temos vindo a apeliconsoli-dar de “ecossistema de inovação”, a Universidade de Coimbra desenvolveu ou ajudou a desenvolver realidades como o Gabinete de Apoio às Transferências do Saber-GATS (www.uc.pt/gats), Instituto Pedro Nunes-IPN (www.ipn.pt), BIOCANT (www. biocant.pt), ou CoimbraiParque (www.coimbraiparque. pt), que se traduzem já actualmente em resultados muito signifi cativos: 40 milhões de Euros de facturação anual associada a empresas de base tecnológica incubadas, realidades incontornáveis de sucesso como CRITICAL, WIT, ISA, CRIOESTAMINAL ou BLUEPHARMA, inúmeras iniciativas de apoio à inovação e empreendedorismo, projectos conjuntos com empresas, etc.

Procurando levar esta mensagem dentro mas também muito para além dos seus próprios muros, a Universidade de Coimbra tem vindo a concretizar um conjunto de iniciativas concretas direccionadas nesse mesmo sentido, onde se incluem as seguintes:

• realização de cursos de empreendedorismo presenciais em vários concelhos, e igualmente em Angola, bem como a promoção anual de um curso de empreendedorismo de base tecnológica que conta já com quatro edições concluídas (www.uc.pt/gats) e a colaboração de mentores oriundos de empresas e do sistema fi nanceiro;

• criação e gestão de um portólio de patentes que se traduziu num momento simbolicamente importante, quando em 2008 a Universidade de Coimbra celebrou, pela primeira vez na sua longa história, um acordo de licenciamento de propriedade industrial junto de uma nova empresa de base tecnológica;

• estabelecimento de parcerias e projectos de colabora-ção com empresas, autarquias e o mais variado tipo de entidades, nacionais e internacionais;

• disponibilização de 17 cursos de curta duração, basea-dos em ensino a distância (www.uc.pt/elearning), a aceitarem neste momento pré-inscrições, incluindo um curso sobre pasta e papel (“Da Madeira ao Papel”); RELAÇÃO UNIVERSIDADE/INDÚSTRIA

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AS UNIVERSIDADES

E A INDÚSTRIA

Fernando Ramôa Ribeiro.

Reitor da Universidade Técnica de Lisboa.

UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA

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As relações das universidades com a indústria têm sido um assunto recorrente quando estão em causa a sobrevivência das pequenas e médias empresas (PMEs) e a respectiva capacidade competitiva, no contexto do mercado global.

Por um lado, acusavam-se as universidades de formar teóricos que não tinham capacidade para aplicar os seus conhecimentos na resolução dos problemas ou a ajudá- -las a vencer os desafi os, cada vez mais difíceis, que a competitividade lhes punha.

Por outro, referia-se o baixo nível educacional dos empresários que não só não lhes permitia avaliar a mais valia que um quadro de nível superior podia trazer para a empresa e manifestava desconfi ança nas respectivas capacidades.

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Os tempos evoluíram e a situação alterou-se signifi cati-vamente, embora as nossas pequenas e médias empre-sas tenham difi culdade em competir com os produtos e serviços importados, muitas vezes mais apelativos para o consumidor e com preços da mesma ordem de grandeza.

Sucessivos Programas Operacionais, fi nanciados por Fundos Estruturais Europeus, investiram na alteração desta situação de elevada importância para o país, uma vez que as PMEs constituem uma percentagem elevada do nosso tecido empresarial, com tudo o que isso signifi ca em emprego e capacidade competitiva da nossa economia.

Salientam-se, as bolsas de doutoramento em meio empresarial, os incentivos à inserção de Mestres e Doutores nas empresas e a criação de Infra-estruturas Tecnológicas, para promover projectos em que empre-sas e universidades fossem parceiros. Estas iniciativas, umas mais com mais êxito que outras, contribuíram para que a situação evoluísse. No entanto, em plena era do conhecimento, Portugal tem uma população activa com baixo nível de escolaridade o que constitui um entrave à inovação empresarial, indispensável para a competitividade das empresas.

Países com situações económicas e sociais semelhantes às nossas nos anos setenta, tais como a Irlanda ou a Finlândia, são actualmente economias inovadoras exemplares porque tiveram a preocupação de elevar o nível educacional da população, em geral. De facto não é possível tirar inteiramente proveito do que a ciência e a tecnologia nos oferecem se os recursos humanos e a população em geral não tiverem capacidade para se adaptarem às mudanças tecnológicas e aos novos instrumentos que delas resultam.

De facto, esses países investiram massivamente na educação, desde o início dos anos setenta, tendo alcan-çado níveis de doze anos de escolaridade obrigatória, na maioria da população.

Outros exemplos podem ilustrar a importância de ter uma população com elevado grau de conhecimentos. Os países da Europa de Leste que aderiram à economia de mercado nos anos noventa, passaram à frente de Portugal na maioria dos indicadores que caracterizam as economias inovadoras. Para tal puderam contar com uma população com elevado grau de educação que facilmente se adaptou às novas condições sociais e tecnológicas. Em poucos anos, atingiram condições para integrarem a União Europeia, sem fi gurarem, na sua maioria, nos últimos lugares da escala de desenvolvi-mento económico e social.

Portugal é um dos países que apresenta valores mais baixos dos indicadores considerados impulsionadores da inovação (innovation drivers) que medem as condições estruturais necessárias à inovação: número de licenciados em ciências e engenharia por mil habi-tantes; percentagem de população activa com educação superior; penetração da banda larga; percentagem de população activa a frequentar acções de formação ao longo da vida; nível de educação atingido pela popula-ção jovem. Como é evidente, a melhoria destes indica-dores é, na maior parte dos casos, lenta dado estarem relacionados com o nível de educação da população. Para além destes indicadores, há outros que infl uenciam marcadamente a capacidade inovadora do País, embora não sejam estruturais. Entre eles estão a absorção de tecnologia das empresas e a cooperação universidade indústria no domínio da investigação a que já nos referi-mos. Neste contexto, vale a pena salientar o papel das incubadoras de empresas no seio das universidades cuja procura por parte de investigadores que se candidatam a constituir empresas, utilizando os resultados da sua actividade tem vindo a aumentar de forma notável. Esta tem-se revelado ser uma via de sucesso para valorizar o conhecimento novo produzido no âmbito das universidades.

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DA FLORESTA E PAPEL

INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO

RAIZ

Este tema tem sido bastante debatido e existe uma con-vergência de pontos de vista sobre a importância de uma relação sólida entre as Universidades e a Indústria. Igualmente tem sido consensual que nesta relação com a Universidade existe uma mais valia ligada ao conheci-mento e formação que é o aport principal das universi-dades competindo à indústria detectar oportuniuniversi-dades de inovar e identifi car problemas a resolver que potenciam a formação de mais valias.

A principal difi culdade que costuma ser apontada para o desenvolvimento desta relação é a difi culdade de diálogo associada a um gap cultural, e o sistema de incen-tivo e motivação do lado das universidades (progressões na carreira, publicações científi cas, etc...), ser disjunto do sistema de incentivos do lado da Indústria (produção de valor acrescentado).

Entendo que ao longo do tempo, alguma coisa tem vindo a mudar, seja do lado das instituições universitárias seja do lado da indústria.

Do lado universitário, temos assistido ao debate aprofun-dado dentro de cada uma das instituições sobre a missão que devem assumir e o protagonismo que devem ter. Sem excepção, no caso das universidades mais técnicas, com que me relaciono, este debate concluiu pela orientação que a instituição tem que assumir para a satisfação dos interesses da sociedade, certamente nos aspectos da formação, mas também na assistência à produção de valor para a sociedade civil.

Este desígnio assumido pelas instituições foi, por força do debate realizado, perfeitamente interiorizado pelos docentes das Universidades.

RELAÇÃO UNIVERSIDADE/INDÚSTRIA

Serafi m Tavares Director Geral do RAIZ

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23 Do lado da Indústria, a globalização veio modifi car as

condições em que a Indústria Portuguesa pode concor-rer no mercado internacional, não havendo hoje ne-nhum quadro, do lado da Indústria ou empresário, que ignore o papel dominante que o conhecimento tem na inovação e nas condições competitivas que os projectos empresariais portugueses podem exibir.

Isto é, a vida e a necessidade das instituições e em-presas se adaptarem às condições que lhes permitem sobreviver, forçaram cada uma delas a resolver as difi culdades que eram identifi cadas para fertilizar uma boa relação Indústria ‒ Universidades.

.

Tenho que admitir que no caso particular da Indústria de Pasta e Papel e de um conjunto de universidades portuguesas, esta consciência de interdependência e de vontade de percorrer um caminho comum se encontra fortemente estabelecida há mais de 15 anos, tendo sido possível estabelecer um caso de sucesso que antecedeu outros que posteriormente se vieram a estabelecer. No caso, havia a consciência de que o êxito da relação dependia da existência simultânea de sólida relação institucional e de um excelente relacionamento pessoal com os docentes que em cada Universidade abraçassem o projecto.

E é assim que na área tecnológica, a Portucel, a Sopor-cel, a Universidade de Coimbra, a Universidade da Beira Interior e a Universidade de Aveiro cimentam um per-curso comum, através de uma rede de investigação-for-mação em que para a investigação e forinvestigação-for-mação intervém também o RAIZ e para a formação também intervém a TECNICELPA.

Na verdade, a TECNICELPA aparece como uma associa-ção profi ssional dos quadros do sector há cerca de 28 anos, com preocupações de formação profi ssional, em-bora a sua actividade de formação profi ssional tivesse tido um incremento notável nos últimos 15 anos.

Entre as múltiplas realizações desta rede colaborativa, permito-me destacar:

Os congressos, organizados de dois em dois anos pela Tecnicelpa que são simultaneamente local de apresen-tação de novos equipamentos, e fórum de discussão dos resultados de investigação nacional no sector.

O mestrado fl orestal realizado pelo Raiz, o Instituto Superior de Agronomia e a Universidade de Trás-os--Montes e Alto-Douro e as duas edições do mestrado Tecnológico, realizado pelas Universidades da Aveiro, Coimbra e Beira interior em colaboração com o Raiz, que formou quadros da indústria e das universidades. Os doutoramentos, os mestrados e as bolsas de inves-tigação atribuídas a inúmeros licenciados, que per-mitiram um desenvolvimento notável na investigação realizada nas universidades da rede.

Os congressos organizados pelos especialistas das Uni-versidades da rede que demonstram o reconhecimento internacional do trabalho feito por estas instituições e a sua participação em inúmeros cursos de formação direccionados para os técnicos da fi leira Floresta/Papel Os projectos de investigação realizados em parceria com instituições universitárias, nacionais

e internacionais.

O muito que já foi realizado é um bom indicador de que em conjunto seremos capazes de vencer os desafi os do futuro.

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Novo Mestrado em Aplicações Industriais de Polímeros recentemente criado no Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

O Mestrado em Aplicações Industriais de Polímeros pretende dar uma visão alargada sobre materiais poli-méricos com potencialidades e aplicações na Indústria, em particular, nas indústrias de polímeros, de tintas, de revestimentos, automóvel, alimentar, farmacêutica e medicina. Este ciclo de estudos será assegurado pelo Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra situado no Pólo II e com a colaboração activa de indús-trias salientando-se entre outras, a CIN, a Resiquimica e a CIRES. Este Mestrado terá duas vertentes, uma teórica em que os alunos se familiarizarão com conceitos básicos e recentes nas áreas de preparação e caracteri-zação de Polímeros, Estatística, Modelação, Qualidade e Controlo, Gestão Empresarial, Segurança Industrial, Nanotecnologia, Biopolímeros, entre outras. Em paralelo alguns tópicos serão abordados por entidades relaciona-das com empresas de polímeros, de resinas e tintas. Na segunda vertente, os candidatos desenvolverão um tema de investigação relacionado com os tópicos leccionados anteriormente. Dar-se-á prioridade a projectos de inves-tigação realizados em empresas.

Mais informações: http://www.eq.uc.pt/ https://woc.uc.pt/deq/ mailto:polímeros@eq.uc.pt Universidade de Coimbra. 17 de Junho de 2008.

Aplicações Industriais

de Polímeros

Mestrado de Especialização Avançada

(2º Ciclo) em Aplicações Industriais

de Polímeros.

NOTÍCIAS

DO SECTOR

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