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1. A importância da Literatura Infantil no processo de alfabetização

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Academic year: 2021

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LITERATURA INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO

Ryta de Kassya Motta de Avelar Sousa (Fasc) rytamotta@gmail.com Rafaella Caroline de Lima Moraes (Fasc) miu269@hotmail.com

INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje, percebe-se que as crianças começam a formação da leitura de mundo e a despertar para a realização de rabiscos, traços e desenhos desde cedo, conforme as oportunidades que lhes são oferecidas. Assim, deve-se enfatizar que é necessário colocá-las em contato com a leitura e a escrita de maneira prazerosa.

Um importante caminho a ser seguido, nesse aspecto, é a convivência com a Literatura Infantil. Mas, como fazer isso? Propõe-se aqui uma discussão acerca da importância do uso da Literatura infantil para alfabetizar crianças de forma prazerosa na escola, desenvolvendo a imaginação, a criatividade, a expressão de ideias, o prazer pela leitura e pela escrita.

Assim, para que a criança aprenda a ler e a escrever, dentre outras habilidades é preciso que conheça as letras e seus sons, mas também é importante que compreenda o que está sendo lido. É nesta perspectiva que se acredita que a Literatura Infantil pode ser usada em sala de aula, na alfabetização, como mais um instrumento didático para alfabetizar letrando, uma vez que se deve levar em consideração que no momento da leitura a criança está atribuindo significados próprios ao que lê, partindo de seus conhecimentos prévios, de sua imaginação e fantasia, não ficando presa apenas às ideias do autor.

O presente trabalho vem organizado da seguinte forma: inicialmente, será feita uma discussão acerca da importância da Literatura Infantil no processo de alfabetização além da distinção entre os termos alfabetização e letramento. Em seguida será apresentada a metodologia da presente pesquisa e, por fim, são apresentados os dados da pesquisa e a análise dos resultados. E por fim, são feitas as considerações finais referentes à mesma.

1. A importância da Literatura Infantil no processo de alfabetização

Durante o século XVII e XVIII foram registrados os primeiros livros para crianças. Antes desta época não se escrevia para elas, porque não “existia” infância, já que a criança era considerada como adulto em miniatura. Só em meio a idade moderna é que surgiu a concepção de uma faixa etária diferenciada, com interesses próprios que necessitavam de uma formação específica. Palo e Oliveira (2006, p. 2-3) apontam que:

O aparecimento da Literatura Infantil tem características próprias, pois decorre da ascensão da família burguesa, do novo “status” concedido à infância na sociedade e da organização da escola. Sua emergência deveu-se, antes de tudo, à sua associação com a Pedagogia, já que as histórias eram elaboradas para se converterem em instrumento dela.

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Surgiu, então, a valorização da infância enquanto faixa etária diferenciada neste novo modelo doméstico. Dessa forma, começava-se a perceber a criança como um indivíduo que merecia consideração especial e que a família deveria estar organizada de forma que a sua maior responsabilidade fosse permitir que seus filhos crescessem sob cuidados especiais e com saúde, tendo espaço para sua formação intelectual (NICOLAU, 1995).

Assim, é preciso oferecer às crianças oportunidades de leitura de forma convidatória e prazerosa. É nesse sentido que a literatura infantil desempenha um importante papel, o de conduzir as crianças não só à aprendizagem, contribuindo para uma sistematizada escrita, mas que permita que seja realizada uma leitura prazerosa, isto é, que se sinta prazer no ato da leitura, uma vez que ao ler por prazer o indivíduo se torna de fato um leitor, isso quer dizer que “o que nos impulsiona a buscar mais e mais textos, é o que nos faz usufruir o direito de negar um texto, escolher outro texto, pedir sugestões, dar sugestões” (LEAL E MELO, 2006, p.43). E isso é ótimo, pois é fundamental que as crianças sintam o gosto pela leitura também.

Nesse sentido, “a literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização [...]” (COELHO, 2000, p.27). Sendo assim, a literatura infantil não pode ser vista apenas como um pretexto para que seja trabalhada a escrita e suas interpretações, mas precisa ser encarada como uma prática social de leitura.

Porém, a literatura possibilita, ainda, que as crianças consigam redigir melhor, desenvolvendo sua criatividade, pois o ato de ler e o ato de escrever estão intimamente ligados, já que ler para aprender a ler e ler para escrever também são finalidades da leitura (LEAL E MELO, 2006).

Para Solé (1987), a interpretação do que é lido depende em grande parte do objetivo dessa leitura. Assim, os objetivos da leitura são elementos que devem ser levados em conta quando se trata de ensinar as crianças a ler, escrever e compreender. Cagneti (1986, p.23) diz que:

Que a leitura é um processo de continuo aprendizado, assim, salienta-se que desde cedo, é preciso formar um leitor que tenha um envolvimento integral com aquilo que ele lê. De maneira que cada leitura, se possa adquirir mais profundidade e intimidade com o texto, que se consiga estabelecer um diálogo, fazendo perguntas e buscando respostas, seja o texto uma história, literatura ou fábula.

Nesse sentido, pode-se mencionar ainda que a leitura, além de produzir um contínuo aprendizado, desenvolve a reflexão e o espírito crítico, sendo fonte inesgotável de assuntos para melhor compreender a si e ao mundo. Adams e Collins (1979) afirmam que a leitura é o processo mediante o qual se compreende a linguagem escrita. Vale a pena salientar que são de extrema importância para as crianças a situações de interação, contato e manuseio de materiais escritos para a evolução e aprendizagem da leitura e da escrita, sendo enriquecedor quando esse contato se dá através da literatura infantil. Além do mais, as ilustrações dos livros são como uma chamada, um convite que fascina a criança.

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Solé (1987) se refere a um dos múltiplos desafios enfrentados pela escola que é o de fazer com que os alunos aprendam a ler corretamente, ou em compreender as ações necessárias para resolver situações. Uma vez que a leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto, neste processo tenta-se atingir os objetivos que guiam a leitura.

Ainda segundo Solé (1987), todos os professores, de todos os níveis têm experimentado estratégias e métodos, tanto para promover a leitura, quanto para compensar os déficits que alguns alunos manifestam ante ela.

Dessa forma, faz-se importante enfatizar que cabe ao professor selecionar muito bem as histórias que irá contar aos seus alunos e saber quais valores pretende desenvolver com os mesmos através das idéias apresentadas nas histórias. Portanto, o professor deve selecionar atentamente os tipos de histórias que pretende apresentar aos seus alunos, assim como deve também tratar de outro fator, que é o tipo de leitor que se deseja formar. E é preciso a formação de um leitor que tenha envolvimento integral com aquilo que lê. No entanto, percebe-se que pode não ser fácil formar esse tipo de leitor, pelo fato de que, infelizmente, na escola, são exigidas muitas situações, tais como a cobrança com deveres, lições, trabalhos, provas, além das questões relativas ao currículo que se impõe ao cotidiano da sala de aula.

Contudo, para que isso seja evitado, o professor deve sensibilizar o aluno de forma a fazê-lo acreditar que o livro é um caminho para encontrar prazer, fazer descobertas, aprender lições de vida e que pode desenvolver a capacidade de pensar e escrever.

Para Palo e Oliveira (2006), o tema Literatura Infantil leva de imediato à reflexão acerca do que seja esse ‘infantil’, como qualidade especificadora de determinada espécie dentro de uma categoria mais ampla e geral do fenômeno literário. Colocar a arte literária nesse contexto implica, por sua vez, traduzi-la para esse nível, significa facilitá-la, criar estratégias para concretizar, ao nível da compreensão infantil, no processo de leitura.

Dessa forma, acredita-se que as considerações mencionadas permitem discutir o quanto a literatura infantil se faz importante no processo de alfabetização de crianças, para que sejam trazidascontribuições de forma valiosa e enriquecedora para a construção do conhecimento da criança.

Contar história para crianças sempre expressou um ato de linguagem, de representação simbólica do real direcionado para a aquisição de modelos linguísticos (PALO E OLIVEIRA, 2006). A literatura infantil é levada a realizar a sua função formadora. E vai mais além, propicia os elementos para uma emancipação pessoal, que é a finalidade implícita do próprio saber. A arte literária é um dos caminhos para esse aprendizado. “A literatura que segue trilhas, lança hipóteses, experimenta , duvida, num exercício contínuo de experimentação e descoberta como a vida” (PALO E OLIVEIRA, 2006, p11). Dessa forma, foram surgindo novas formas de expressão, novos modos de pensar, enfim, a possibilidade de criações novas estratégias cognitivas. De acordo com Coelho (2000), o pensamento infantil é aquele que está sintonizado com esse pulsar pelas vias do imaginário. Sendo assim, é preciso oferecer às crianças oportunidades de leitura de forma convidatória e prazerosa.

É nesse sentido que a literatura infantil desempenha o importante papel de estimular as crianças não só a aprendizagem, mas contribuir para uma escrita sistematizada, realizando-se uma leitura dinâmica, isto é, que se sinta prazer ao estar lendo (CAVALCANTI, 2002).

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Portanto, a literatura infantil é vista por muitos professores como um instrumento facilitador no processo de alfabetização e letramento das crianças que estão sendo inseridas no mundo das letras.

Com a ajuda da literatura infantil no processo de aprendizagem da leitura e da escrita é possível que as crianças apreciem o gosto pelas mesmas, podendo ter uma visão de mundo muito melhor e muito mais abrangente em seu cotidiano.

Contudo, é preciso enfatizar que cabe ao professor selecionar muito bem as histórias que irá contar às crianças e saber quais valores pretende desenvolver através das ideias apresentadas em seus enredos (CAVALCANTI, 2002). Porém, de acordo com a mesma autora, há um problema muito mais deprimente: muitos dos professores não gostam de ler. Leem apenas o necessário do ponto de vista profissional.

Segundo Cavalcanti (2002), a escola de hoje não deve somente dar conta do estudante, mas também da família e de tudo aquilo que diz respeito à educação. A importância da família na formação do leitor é imensa, visto que os primeiros anos da infância são marcados pelas relações desenvolvidas entre os pequenos e os adultos, pertencentes ao mesmo grupo de parentesco. É na família que se vão adquirir os primeiros hábitos, os valores e os gostos.

Diante disso, a escola é um campo fértil para se produzir leitura, aliás, ela deve ser o espaço para o desenvolvimento das potencialidades no que se inclui o tornar-se leitor. Não basta que a escola promova o lúdico, a brincadeira e a leitura dentro do clima de prazer. É fundamental que aprender a ler e a gostar de ler tenha um sentido na vida de cada um (CAVALCANTI, 2002).

A literatura possui, sobretudo, uma capacidade intensa de despertar o imaginário, por isso acredita-se que o convite para o mundo da leitura deve acontecer de forma integrada, ou seja, estimulando toda a rede de percepção: ver, ouvir, sentir.

A criança que mergulha dentro das histórias infantis, tende a melhorar sua capacidade de imaginar as histórias mais corriqueiras dentro de sua realidade. Ela passa a entender melhor tudo o que a rodeia com mais facilidade e a resolver seus problemas. Para que isso aconteça, a mesma precisa de um adulto para iniciá-la no mundo das letras e dos livros, porque sem esse incentivo as crianças não poderão ter uma visão mais ampla da leitura e nem poderão atingir com excelência a escrita. Por conta disso, é importante que as mesmas tenham gosto pela literatura e que esse prazer aconteça simultaneamente com a realidade em que elas vivem dentro de um contexto lúdico.

É ao livro, à palavra escrita, que é atribuída a maior responsabilidade na formação da consciência de mundo das crianças e dos jovens. A literatura, em especial a modalidade infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em transformação: a de servir como agente de formação, seja espontâneo convívio leitor\livro, seja no diálogo leitor\texto estimulado pela escola (ABRAMOVICH, 1985).

Dessa forma, entende-se a importância do uso da literatura como elo entre alfabetização e letramento das crianças que estão inseridas nas séries inicias, tendo a preocupação deste professor saber fazer essa ligação entre o letramento e alfabetização. Nesse processo tão importante na vida da criança cabe à escola envolver de forma prazerosa e a literatura infantil e trazê-la para a sala de aula e, principalmente, para a vida das crianças.

A criança que nasce em um ambiente letrado, logo cedo desenvolve um interesse lúdico em relação às atividades de leitura e escrita que os adultos praticam ao seu redor. Assim, uma mãe que lê textos interessantes e de boa qualidade diariamente para seu filho, transmite informalmente para ele uma série de curiosidades sobre a língua escrita e o mundo. Portanto, a qualidade do que se lê para a criança é extremamente importante e não pode estar alheia aos interesses dela (REGO, 1995).

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Segundo a autora, é na família que a leitura costuma ser um momento íntimo entre um adulto e uma criança que, além de unidos pelos laços da afetividade, compartilham um livro cujo conteúdo tenha amplo acesso à criança.

É importante que as atividades de leitura e de escrita tenham um significado para a criança, não constituindo num mero exercício mecânico de frases e palavras que se limitam aos padrões silábicos ensinados na escola (REGO, 1995), sendo de grande importância o professor ter uma formação literária básica para saber analisar os livros infantis, selecionar o que pode interessar às crianças num dado momento e decidir sobre os elementos literários. As escolhas, tanto do livro, como o quê e como trabalhar esse instrumental literário são da maior importância (FARIA, 2007).

Pode-se perceber o quanto é importante à escolha de um livro infantil e o quão é importante ter um professor com noções básicas de literatura infantil. Para Faria (2007, p.49) é importante que:

O aprendizado da leitura não dispensa, desde o início da alfabetização, os livros para as crianças. O trabalho de automatização da decodificação deve ser concomitante com o da leitura de textos variados. Daí, a iniciação literária desde a pré- escola, a importância dos livros. Eles podem ser uma grande alavanca na aquisição da leitura, para além da simples decodificação.

Para que isto ocorra com maior facilidade, o professor deverá saber contar de forma lúdica e prazerosa as histórias infantis que as crianças querem ouvir.

2. Alfabetização e Letramento

Neste momento, é necessário que seja realizada uma reflexão acerca da alfabetização e do letramento, levando-se em conta os processos pelos quais as crianças passam até se tornarem alfabetizadas e letradas de fato e os métodos de alfabetização, uma vez que esta é considerada em função da relação entre o método utilizado e o estado de maturidade ou de prontidão da criança (FERREIRO, 2001).

Ferreiro e Teberosky (1999) trazem três tipos fundamentais de métodos: os analíticos, os sintéticos e os analítico-sintéticos. Apontam também que a aprendizagem do sistema de escrita alfabética é como uma questão mecânica, de uma aquisição técnica para a realização da decifração das letras e do aperfeiçoamento dos métodos a serem aplicados.

Sendo assim, os métodos analíticos ou globais trazem a proposta de um ensino que parte das unidades significativas da linguagem – palavras, frases ou pequenos textos –, para depois chegar à análise das partes menores que as formam – letras e sílabas. Isto quer dizer que se deve conhecer globalmente as palavras ou orações e em seguida fazer a análise dos seus componentes (FERREIRO E TEBEROSKY, 1999). Como exemplo dos métodos analíticos mais conhecidos no Brasil, tem-se: Métodos de Contos, Ideovisual de Decroly, Natural Freinet, Palavração (CARVALHO, 2005).

Com relação aos métodos sintéticos, a proposta de ensino parte dos elementos mínimos da escrita que são as letras, fonemas ou sílabas, levando os aprendizes a fazerem ligações e posteriormente juntarem essas unidades em palavras, frases e textos. Desses métodos, são destacados os seguintes: Soletração, Silabação, Métodos Fônicos, Método da Abelhinha, A Casinha Feliz, Consciência Fonológica.

Já os métodos analítico-sintéticos buscam a combinação de aspectos dos dois métodos anteriores, ou seja, dão ênfase à compreensão do texto, como acontece nos

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métodos analíticos e, em paralelo, identificam os fonemas, explicitando as relações existentes entre letras e sons, como acontece nos métodos sintéticos (CARVALHO, 2005). Sendo assim, é de suma importância o conhecimento acerca de quais os métodos que guiam as práticas dos docentes, para que se possa entender um pouco de seus trabalhos em sala de aula.

Com relação à alfabetização, num primeiro momento, devem-se observar as crianças em processo de alfabetização, pois inicialmente a decodificação e a codificação das letras podem ser rápidas ou podem demorar. Por isso, é preciso compreender cada método utilizado pelo professor, uma vez que entre esses métodos há um que se encaixará melhor no desenvolvimento de cada criança que está em processo de alfabetização.

De acordo com Lira (2006), o processo de alfabetização ocorre com a aprendizagem da escrita e da leitura em suas várias etapas de desenvolvimento. Assim, o ato de alfabetizar formalmente passa a existir somente enquanto parte das práticas escolares, e ignoram-se sistematicamente as práticas sociais mais amplas para as quais a leitura e a escrita são necessárias, e nas quais serão efetivamente colocadas em uso.

De acordo com Tfouni (2006, p. 9) “a alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades para leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. [...] A alfabetização pertence, assim, ao âmbito do individual”. Isto quer dizer que há a aprendizagem de uma técnica do código escrito.

Em contrapartida, Lira (2006) afirma que convivendo diariamente com rótulos de embalagens, símbolos, propagandas, cartazes, nomes de ruas, placas, avisos, bilhetes, receitas etc, o sujeito se familiariza com o texto escrito e estabelece uma série de relações, levantando hipóteses e procurando compreender seu significado.

Mesmo antes de serem submetidas a um processo sistemático de alfabetização, as pessoas convivem com determinadas situações de leitura e escrita que contribuem para o aperfeiçoamento de seu processo de letramento (LIRA, 2006).

Com isso, pode-se entender que para ser letrado não é preciso que a criança tenha sido alfabetizada. Aquela criança que ainda não se alfabetizou pode ter um grande nível de letramento, pois terá a vivência do mundo. Por conta disso, o letramento não está centralizado apenas na escola, mas na sociedade também. Sendo assim, é necessário que haja o processo de alfabetização e de letramento ao mesmo tempo. A criança, que em seu ambiente familiar e social, já é inserida em um meio alfabetizador, seja ela alfabetizado ou não, terá um aperfeiçoamento e uma compreensão melhor do letramento.

Para Teberosky (2003), prover o espaço das crianças com histórias infantis, poemas ou livros ilustrativos é uma condição essencial para favorecer o acesso à língua escrita e para motivar o desejo de aprender a ler.

Soares (2004) faz uma distinção entre os termos alfabetização e letramento. Para a autora, o primeiro termo corresponde ao processo pelo qual se adquire uma tecnologia, a escrita alfabética e as habilidades de utilizá-la para ler e para escrever. Já o letramento se relaciona ao exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita, ou seja:

Alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado. (SOARES, 2003.p.47)

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A alfabetização deverá ser vista como um processo da relação conjunta entre ensino/aprendizagem e entre professor/aluno. Para que isto ocorra com maior naturalidade é necessário que a escola favoreça oportunidades às crianças para que elas construam suas aprendizagens e não fiquem somente reproduzindo as cartilhas e atividades de decodificação das letras. Sendo assim, sua construção deverá gerar um conhecimento muito mais abrangente em sua aprendizagem (LIRA, 2006).

Esta relação entre professor/aluno deverá ser baseada na reciprocidade, pois a confiança que a criança deposita no professor é de extrema importância, e é neste momento que o elo de cumplicidade se firma entre eles e, tanto a aprendizagem como o incentivo à alfabetização fluirão muito bem entre ambos, tanto para o alfabetizador quanto para o alfabetizando.

Segundo Abramovich (1985) a criança descobre o mundo letrado pensando, formulando hipóteses, expressando ideias e sentimentos, enfim apropriando-se de conhecimentos que permitem a comunicação com seus semelhantes na realidade em que vive. A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo da construção do significado do texto, a partir de seu conhecimento prévio. “Por isso é de extrema importância, colocar as crianças em contato com a leitura e com a escrita. Cabe à escola e ao professor a tarefa de ajudar as crianças a compreender o mundo letrado”. (ABRAMOVICH, 1985, p.33-34)

Por esse motivo, alfabetizar não é só um processo de codificar e decodificar palavras e letras, é muito mais do que as decodificações impostas na sala de aula. A alfabetização deve ser um momento de prazer e interação com o alfabetizador, que estará sendo um elo para o mundo das letras.

Por isso, não se deve deixar passar despercebida esta importante fase em que a criança se encontra, pois é nela que o letramento e seu desenvolvimento serão aguçados e aprofundados. Portanto, o processo de alfabetização e letramento precisa ser visto como um componente essencial da vida escolar e social no qual a criança começa a ser inserida.

A alfabetização se constitui em um processo de grande complexidade, por esse motivo é necessário considerar suas relações de alfabetizações, que podem influenciar certas condições para a realização da aprendizagem, contribuindo, assim, para o desenvolvimento do letramento, levando-se em conta que ler e escrever são condições básicas para o enriquecimento da capacidade de comunicação.

Para Solé (1998), assumir o controle da própria leitura, ou seja, regulá-la, implica ter um objetivo para ela, assim como poder gerar hipóteses sobre o conteúdo que se lê. Em outros termos, quando o indivíduo levanta hipóteses ao realizar a leitura, vai compreendendo e, se não acompreende, o mesmo se dá conta e pode empreender as ações necessárias para resolver a situação. Para que isso aconteça, o processo de alfabetização precisa ser iniciado com leituras de livros infantis todos os dias, para que as crianças que estão sendo inseridas na leitura e naescrita tenham uma base sólida na alfabetização. Ainda segundo a autora supracitada, o processo de leitura deve garantir que a criança compreenda o texto e que possa ir construindo uma ideia sobre seu conteúdo, extraindo dele o que lhe interessa, em função dos seus objetivos.

Para Teberosky (2003), a leitura de histórias infantis tem particular importância para o desenvolvimento do vocabulário, bem como para o conhecimento da linguagem escrita dos livros. Com essas atividades, as crianças aprendem a linguagem dos livros e fazem suas próprias convenções, uma vez que as palavras podem criar mundos imaginários para além do aqui e do agora.

Segunda a autora, as leituras em voz alta para crianças pequenas são um meio para que entendam as funções e a estrutura da linguagem escrita e façam uma ponte

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entre a linguagem oral e a linguagem escrita. As leituras em voz alta também têm efeitos positivos, elas facilitam o conhecimento das funções da escrita, e também atuam sobre as motivações para aprender a ler e a escrever (FERREIRO E TEBEROSKY,1999)

Pensar no desenvolvimento da leitura e daescrita na alfabetização de crianças é buscar meios de rupturas com métodos e técnicas que reproduzem a ideologia dominante, uma vez que essas crianças têm consciência de sua condição de dominados a partir do momento que não conseguem expressar seu pensamento de forma escrita, ou por conseguirem decifrar códigos linguísticos representados pelas letras. Para que o processo de aprendizagem da leitura e da escrita alcance seu verdadeiro objetivo, é de fundamental importância que o professor tenha consciência da necessidade de valorizar a linguagem infantil, pois ela fornece instrumentos eficazes para um trabalho sistemático.

A alfabetização é um processo através do qual as pessoas aprendam a ler e a escrever. O domínio da leitura e da escrita pressupõe o aumento do domínio da linguagem oral e da consciência metalinguística (SOLÉ, 1998). Assim, para que a alfabetização ocorra com naturalidade e facilidade para a criança, devem ser feitas leituras diárias de livros infantis, introduzindo, aos poucos, as letras e o mundo letrado. Desse modo, a criança constrói o hábito de leitura e passa a ser alfabetizada e letrada ao mesmo tempo.

Portanto, fica clara a importância da literatura infantil para o processo de alfabetização e letramento da criança. A literatura infantil dá condições para que a criança possa estabelecer uma ligação coerente e adequada à sua aprendizagem. Assim, ela passa a ter mais gosto pela leitura e, consequentemente, irá estabelecendo relação entre a escrita e a leitura gradativamente.

Ainda de acordo com Solé (1998), isso leva a conceder grande importância à leitura de contos de fadas, poesias em voz alta por parte do professor. Em outras palavras, a leitura em voz alta permite que se desenvolva a sua competência linguística. Segundo Teberosky (2003, p.89):

O ponto de referência do currículo de leitura e escrita é duplo: o processo de construção por parte da criança e as práticas escritas da sociedade onde vive. Com essa dupla referência, pretende-se não apenas ensinar a ler e a escrever, mas, também, ensinar as diferentes maneiras de ler e escrever adaptadas às exigências atuais dessa sociedade.

Para a mesma autora, prover o espaço das crianças com histórias infantis, poemas ou livros ilustrativos é condição essencial para favorecer o acesso à língua escrita e para motivar o desejo de aprender a ler.

A leitura efetiva de histórias faz com que as crianças entrem em contato com um tipo particular de discurso. Escutando-as, as crianças aprendem a “fugir” da realidade, a incorporar palavras e traços dos discursos escritos, aprendem a linguagem dos livros. Aprendem também a escutar a história até o final, isto é, aprendem a prestar atenção. (TEBEROSKY, 2003).

É importante que dentro da sala a criança possa ter contato expressivo com a literatura infantil e para tanto é preciso que a sala tenha um acervo de livros que interessem e estimulem a vontade da leitura. O professor, a partir disso, terá um papel fundamental para que esse espaço seja condizente com as crianças que estão no processo de alfabetização e aquisição do saber ler cotidianamente.

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3. Metodologia

A pesquisa apresentada relata um processo de investigação e compreensão dos significados atribuídos à literatura infantil como um instrumento didático para alfabetizar letrando, que é o foco desse estudo.

Este trabalho baseia-se em uma pesquisa qualitativa que, segundo Lüdke e André (1986), compreende o contato direto do pesquisador tanto com o ambiente quanto com a situação investigada e diz respeito aos dados da realidade, cujo material é rico em descrições de pessoas, situações, acontecimentos, etc.

Sendo assim, o pesquisador deve estar atento ao maior número possível de elementos que se apresentam na situação estudada, pois um assunto aparentemente sem importância pode ser a chave para uma melhor compreensão do problema (LÜDKE E ANDRÉ, 1986).

Para a coleta de dados foi utilizada a entrevista estruturada, que é um instrumento de investigação controlada e sistemática, com questões fechadas, já definidas. A entrevista subentendeu um planejamento cuidadoso do trabalho e uma rigorosa preparação do roteiro de perguntas que seriam feitas de forma direta com os sujeitos pesquisados. A primeira tarefa da pesquisa consistiu em delimitar o objeto de estudo, definindo de maneira clara o foco da investigação e sua configuração espaço-temporal, deixando mais ou menos evidentes quais aspectos do problema seriam levados em conta pela entrevista (Anexo B – Roteiro da entrevista).

Assim, os sujeitos entrevistados foram cinco professoras do 1º ano, de escolas da Rede Municipal do Recife. Para tanto, fez-se necessário escolher as docentes com base nos seguintes critérios: que lecionassem na alfabetização, trabalhassem com literatura infantil e que aceitassem responder à entrevista proposta.

Após a realização da entrevista estruturada, foi feito o agrupamento das respostas dadas pelas professoras em categorias, tendo o objetivo de possibilitar um parâmetro para a classificação das respostas dadas pelas docentes com relação ao trabalho com a literatura infantil.

A categorização se deu com base em Bardin (2004, p. 112), para quem “classificar elementos em categorias impõe a investigação do que cada um deles tem em comum com outros. O que vai permitir o seu agrupamento é a parte comum existente entre eles”. Desse modo, as categorias são as seguintes: Recursos Metrológicos para alfabetizar; O melhor recurso; O que entende por alfabetização e letramento; O uso de algum método de alfabetização; O uso da literatura infantil na sala de aula; Qual frequência?; As histórias que os alunos mais gostam; O que acha do uso da literatura infantil no processo de alfabetização e letramento das crianças; Como se daria esse trabalho.

3. ANÁLISE DOS RESULTADOS

No presente estudo tem-se o objetivo de mostrar como cinco professoras alfabetizadoras veem o uso da literatura infantil como mais um instrumento didático para alfabetizar letrando. Neste momento são apresentados e analisados os dados do trabalho com base na tabela ilustrada no Anexo A, tendo como base o roteiro de entrevista apresentado no Anexo B.

No que se refere aos recursos metodológicos utilizados para alfabetizar, as professoras utilizam cartazes, pesquisas em livros, músicas, embalagens, ditado mudo (ANEXO A). Segundo Teberosky (2003) a leitura de histórias tem uma função lúdica,

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a leitura de cartazes, de jornais tem funções de identificação e de informação, além de orientar a ação. A autora diz ainda que as práticas de leitura se realizam a partir de diferentes objetivos de leitura e escrita. Tal leitura facilita a aprendizagem do vocabulário, bem como o uso da linguagem expressiva, a compreensão da função da escrita e o conhecimento da linguagem das histórias de ficção.

Teberosky (2003) menciona que a presença de objetos escritos na sala de aula e a atitude do professor facilitam e orientam sua exploração, favorecem as atividades de escrever e ler, mesmo antes de as crianças poderem fazê-lo de forma convencional. Fazendo-se necessário inserir dentro da sala de aula recursos metodológicos para que as crianças sintam-se familiarizadas com o mundo das letras e o ambiente alfabetizador.

Foi perguntado às professoras, dentre os recursos já citados, qual era o melhor. As respostas foram diversificadas. P1 deixou claro que todos os recursos são bons, pois cada um tem o seu objetivo. P2 mencionou que o melhor para alfabetizar as crianças são cartazes e ditado. Já P3 disse que é aquele que ajuda o aluno a entender e produzir sobre a sua língua. P4 mencionou que o melhor recurso é aquele que a professora sente segurança. P5 disse não haver um método ideal para alfabetizar, pois para ela qualquer método pode ser eficaz ou não de acordo com a realidade de cada turma.

Quando indagadas acerca do que entendem por letramento e alfabetização, percebe-se que as cinco professoras entrevistadas trouxeram respostas que se aproximam. No que se refere ao conceito de alfabetização, é possível ver tais respostas: processo de compreensão de significado do código escrito; ação de tornar alfabetizado e de utilizar como código de comunicação; conhecimento das letras e do sistema alfabético; processo de decodificação.

Para estas professoras a alfabetização tem como significado a apropriação do código escrito. De forma tradicional, tal concepção concebe a escrita alfabética como um código gráfico de transcrição dos sons da fala. Assim, para Teberosky (2003, p. 60), “nessa perspectiva, sob o ponto de vista da aprendizagem, as unidades – os sons – já estariam estabelecidas para o aprendiz, e apenas lhe faltaria transportar tais unidades do meio sonoro ao meio gráfico. O transporte consistiria em uma relação de codificação”.

Com relação ao que entendem por letramento, as professoras também trouxeram respostas semelhantes, como: condição de ler e escrever com o conhecimento em diferentes gêneros escritos; fazer uso de textos para refletir a cerca de sua utilização e conhecimento de mundo. Segundo Soares (2003) a alfabetização é a ação de ensinar/aprender a ler e a escrever. Contudo, a mesma autora também define o termo letramento como estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita, ou seja, o letramento é resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita.

Sendo assim, alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário, o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se torne ao mesmo tempo alfabetizado e letrado (SOARES, 2003).

Apenas P5 trouxe em sua resposta um “equívoco” ao afirmar que a alfabetização é vista como um processo pelo qual o aluno inicia uma decodificação, através de sílabas, enquanto que o letramento consiste na decodificação realizada a partir de textos. Aparentemente, a professora não faz distinção entre letramento e alfabetização, vendo os dois processos como um só, isto é, a apropriação de um código.

Quando questionadas sobre os métodos de alfabetização utilizados, P1e P2 citaram A Casinha Feliz, um método de alfabetização criado por Iracema Meireles, que faz parte dos métodos sintéticos já mencionados no trabalho. Neste método, as letras

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aparecem associadas a figuras do universo do aluno. E essas servem para desencadear um processo de associação que facilita a descoberta das correspondências grafema-fonema (MEIRELES, 1988).

O aspecto lúdico deste método cria uma ligação afetiva forte entre alunos e letras, o que torna a aprendizagem muito rápida. Ao contrário dos outros métodos, este não exige esforço de memória porque as figuras-fonemas funcionam como uma chave para ajudar na decifração do código da língua escrita.

Já P3 disse sofrer influências de vários métodos de alfabetização, tendo como essência o “método” construtivista. Percebe-se, em tal resposta, que a professora cometeu um engano ao citar a teoria construtivista como um método. De acordo com Solé (1998), tal teoria adota e reinterpreta o conceito de aprendizagem significativa, aprender algo equivale a formar uma representação, um modelo próprio daquilo que se apresenta como objeto de aprendizagem. Também pode atribuir significado ao conteúdo em questão, em um processo que leva à construção pessoal de algo que existe objetivamente.

Segundo a teoria construtivista, é proposto que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estímulo à dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos (PIAGET, 1998). Rejeita a apresentação de conhecimentos prontos ao estudante, como um prato feito e utiliza de modo inovador técnicas tradicionais como, por exemplo, a memorização. Com isso, tem-se o termo construtivismo, segundo o qual se procura indicar que uma pessoa aprende melhor quando toma parte de forma direta na construção do conhecimento que adquire.

P4, quando indagada sobre qual o método de alfabetização que utilizava, trouxe uma resposta direta e objetiva: o método alfabético global. O método Global de Contos é utilizado no ensino da leitura e da escrita. Conforme Maciel (2001), a principal característica desse método de alfabetização é o trabalho com unidades significativas da língua desde o início do processo de alfabetização. Nessa perspectiva, as professoras que alfabetizaram utilizando o Método Global de Contos o faziam partindo de textos com sentido completo. Esses textos deveriam partir de um tema estimulador, constituindo um enredo em que o universo infantil fosse amplamente contemplado.

Outra característica interessante a respeito do Método Global de Contos é que o seu desenvolvimento em classes de alfabetização prever o trabalho com cinco fases metodologicamente bem definidas, a saber: historieta, sentenciação, porção de sentido, palavração e silabação (MACIEL, 2001).

Já P5 relatou em sua entrevista que não usa nenhum método específico para alfabetizar os alunos na sua sala, mas disse que costuma utilizar dentro da perspectiva alfabetizadora a literatura infantil como um elo de letramento e alfabetação no contexto escolar. Segundo esta professora, para alfabetizar não precisa um método específico e sim um bom trabalho que envolva seus alunos com a leitura diária de textos infantis, fazendo com que acelere mais a alfabetização, e assim ela pode trabalhar e alfabetizar muito bem os mesmos, chegando ao final do ano com todos alfabetizados e letrados.

Quando questionadas a respeito do uso da literatura Infantil na sala de aula e com qual frequência ocorre esse uso, P1, P2 e P3 disseram que todos os dias leem um livro infantil, pois os alunos gostam muito. Já P4 falou que usa a literatura infantil em todas as turmas, pois adora contar histórias e P5 relata que utiliza três vezes na semana.

Tais respostas podem ser remetidas aos estudos de Zilberman (1985) ao afirmar que quando o professor instiga a curiosidade dos seus alunos, está dando reais condições para que possam se desenvolver baseados na liberdade de expressão, independentemente do livro que lhes foi apresentado, pois, confirma-se assim, a

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contribuição da literatura infantil como agente formador dos seres, tornando-a indispensável nas salas de aula.

No que diz respeito às historias que os alunos mais gostam, P1 e P2 citaram que de todas, principalmente as que possuem imagens bem coloridas. P3 relatou que seus alunos gostam de contos de fadas, lendas e poemas (com rimas). P4 disse que os alunos menores ainda gostam muito dos contos de fadas e os maiores sempre preferem os de aventuras e os de heróis. Para P5 os alunos gostam de todos os tipos de histórias, em especial contos e poesias.

Sendo assim, é interessante que sejam lidos variados gêneros textuais, tais como contos, fábulas, histórias de aventuras e heróis, para que as crianças possam discernir a índole dos mais diversos personagens que nelas se encontram. Assim, a criticidade estará presente nas leituras, sem que se perca o encanto e o brilho dos contos de fadas, fábulas, histórias de heróis.

Atualmente, a literatura infantil está sendo contada e trabalhada na maioria das instituições escolares, visando explorar seu cunho formativo, possibilitando a ampliação da curiosidade dos alunos. Dessa forma, sua cognição torna-se cada vez mais apurada e seletiva, exigindo cada vez mais e melhores livros, já que a leitura aborda a realidade social, exibindo em seus valiosos escritos os anseios e os desejos momentâneos, variando de contexto para contexto.

Com relação ao que acham do uso da literatura infantil no processo de alfabetização e letramento das crianças, as professoras entrevistadas foram enfáticas nas respostas. Para P1 é fundamental, pois estimula o processo da leitura e da escrita. P2 disse que acha importante porque eles gostam. P3 disse ser fundamental, uma vez que através das histórias as crianças compreendem o mundo: argumentam, levantam hipóteses e adquirem conhecimentos. P4 diz que é super importante, pois amplia o universo letrado e trabalha muito bem as emoções. P5 acha fundamental, pois através da leitura diária e do envolvimento na magia de cada história, a criança se encanta e aprende muito mais.

Nestas respostas, fica claro que a leitura diária de livros infantis se faz importante para alfabetizar com excelência estas crianças que estão sendo estimuladas e incentivadas ao mundo da alfabetização e do letramento.

O uso da literatura infantil como parte integrante do processo de alfabetização é muito importante. Unindo-se literatura e alfabetização, a criança entraria em contato com o mundo letrado não só ampliando o vocabulário e proporcionando maior conhecimento da formação de textos, mas também exercitando o poder da imaginação.

Quando foi levantada a questão de como se daria esse trabalho, algumas a responderam e outras não. P1 e P2 não responderam. Pois, subentende-se que não quiseram relatar suas vivências na sala de aula com seus alunos. Já P3 colocou que através da construção do conhecimento realizado nas atividades que as crianças vivenciam. P4 disse que trabalhando as palavras mais solicitadas pelas crianças e P5 disse: “algumas vezes, eu leio o paradidático para os alunos em roda de leitura, daí realizamos a história no caderno de produção textual. Depois, trabalhamos a mesma história em ilustração, modelagem etc. Outras vezes distribuo o livro em grupo, ou dupla, ou individual, marco um tempo para a leitura, solicito que socialize a história com os demais colegas e depois trocamos para que todos tenham acesso”.

Diante de tais respostas fica claro que a alfabetização, em conjunto com a literatura infantil, tem o potencial de tornar-se mais acessível e lúdica, uma vez que esta, dentro do processo de alfabetização, poderia se compor como forma de expressão para os alunos, uma dualidade não só interessante, como também necessária ao país sempre carente de informação.

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Assim, é importante o papel do professor nesse processo de despertar o gosto pela leitura. Quanto mais estimular e criar situações envolventes de leitura, maiores serão as instigações ao imaginário, e maior será a aprendizagem conquistada pelos alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O resultado dos estudos mostra que algumas das professoras entrevistadas aparentemente utilizam a literatura infantil no processo de alfabetização e letramento das crianças. Contudo, percebe-se que outras ainda não estimulam o uso da literatura para determinado fim, tendo como objetivo apenas o desenvolvimento da leitura e da escrita. Porém, o uso da literatura infantil pode ser visto como parte integrante do processo de alfabetização e letramento.

O que mais chamou atenção foi perceber que algumas professoras não fazem uso da literatura infantil como mais um instrumento didático para alfabetizar e letrar, pois a mesma, quando bem usada na sala de aula, exerce uma função muito importante e concreta na vida de uma criança. Para que isso se faça valer é preciso que as escolas e os professores façam uso coerente da literatura infantil, para que a mesma seja uma fonte de interação e crescimento contínuo das crianças que estão sendo inseridas no mundo da alfabetização.

Conclui-se que esta relação entre literatura infantil e alfabetização está cada vez mais próxima da sala de aula e tende a melhorar. Mas, para que isto ocorra, deve-se atentar para o fato de que a literatura infantil não pode ser usada somente com a intenção pedagógica e didática, para incentivar hábitos de leitura; deve sim dar espaço para o imaginário e a fantasia da criança, não ficando presa apenas ao ato da leitura e da escrita. A literatura infantil necessita ser vista, sempre, de modo global como um recurso a mais no processo de alfabetização e letramento dentro das salas de aula.

REFERÊNCIAS

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CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

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COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo. Moderna, 2000

CAVALCANTI, Joana. Caminhos da literatura Infantil e Juvenil: dinâmicas e vivências na ação pedagógica. São Paulo: Paulus, 2002.

FARIA Maria Alice, Como usar a literatura Infantil na sala de aula. 4 ed. São Paulo: Contexto, 2007.

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LEAL, Telma Ferraz; MELO, Kátia Reis. Planejamento do ensino da leitura: a

finalidade em primeiro lugar. In: SOUZA, Ivane Pedrosa de; BARBOSA, Maria Lúcia Ferreira de Figueiredo (orgs.). Práticas de leitura no ensino fundamental. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

LIRA, Valéria. Letramento da Educação Infantil. São Paulo: Cortez, 2007

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MACIEL, Francisca Izabel Pereira. Lúcia Casasanta e o método global de contos: Uma contribuição à história da alfabetização em Minas Gerais. FAE/UFMG, 2001. (Tese de doutorado).

MEIRELES, Iracema. & MEIRELES, Eloisa. A Casinha Feliz. Rio de Janeiro, RJ: Record, 1988.

NICOLAU, Ana Paula. A Alfabetização sob o olhar da criança. São Paulo: Vozes, 1995.

PALO e OLIVEIRA, Maria José. Literatura Infantil: Voz de Criança\Maria José Palo, Maria Rosa D Oliveira. 4. ed. São Paulo: Ática, 2006.

PIAGET. Jean. A linguagem e o pensamento da criança. 4 ed. São Paulo: Ed: Ediouro,1986.

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REGO, Lúcia Lins Browne. Literatura Infantil: Uma nova perspectiva da alfabetização na pré- escola. 2 ed. São Paulo: FTD, 1995.

SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica , 2003.

_____. Letramento e Alfabetização: as muitas facetas. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica,2004.

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TEBEROSKY, Ana. Aprender a Ler e a escrever: Uma Proposta Construtivista. Porto Alegre: Artmed, 2003.

TFOUNI, Leda Verdani. Letramento e Alfabetização. 8 ed. São Paulo: Cortez, 2006.

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ANEXO A QUESTÕES E RESPOSTAS QUESTÕES RESPOSTAS 1-Recursos Metodológicos para alfabetizar. 2- O melhor recurso.

3- O que entende por alfabetização e letramento

4- O uso de algum método

P1 P2 P3 P4 P5 Cartaz, pesquisa em livros revistas, música. Quadro, cartaz, ditado mudo. Procuro sistematizar todas as ações trabalhadas na sala de aula. Alfabeto Global. Não utilizo método especifico. Todos, pois cada um tem o seu objetivo. Cartaz, ditado. Aquele que ajuda o aluno a entender e produzir sobre sua língua. O melhor recurso é aquele que a professora sente segurança Não há um ideal para alfabetizar. Qualquer método pode ser eficaz. Alfabetização é um processo de compreensão do código escrito letramento é a condição de ler e escrever com o conhecimento em diferentes gêneros escritos. É uma ação de tornar alfabetizado e de utilizar como código de comunicação da ação de ensinar a ler e escrever. Alfabetização conhecer e refletir sobre a língua usando a própria língua como recurso. Letramento fazer uso de textos, para refletir acerca de sua utilização e conhecimento de mundo. Alfabetização é restrito ao conhecimento das letras e do sistema alfabético e no letramento há uma ampliação do mundo através das letras. Alfabetização é um processo pelo qual o aluno inicia uma decodificação através de sílabas geralmente. Já o letramento faz sentido geralmente é realizada a partir de textos.

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de alfabetização.

5- O uso da literatura infantil na sala de aula; Qual frequência?

Casinha feliz Casinha feliz Meu trabalho

sofre influências de vários métodos. No momento estou na coordenação. Não utilizo nenhum método. Sim, todos os dias, os alunos gostam muito. Sim, todos os dias. Sim, todos os dias. Uso a literatura infantil em todas as turmas, eles gostam de ouvir histórias. Sim, utilizo ao menos três vezes na semana. 6- As histórias que os alunos mais gostam.

7-O que acha do uso da literatura infantil no processo de alfabetização e letramento das crianças.

Todas, principalmente as que possuem imagem bem coloridas. Aquelas que eles possam ver as imagens Contos de fadas lendas e poesias. Os alunos menores gostam muito dos contos de fadas e os maiores gostam os de aventuras e heróis. Eles gostam de todos os tipos de histórias, em especial contos e poesias. Fundamental, pois estimula o processo da leitura. Muito importante. Fundamental, uma vez que através das histórias as crianças compreendem o mundo, argumentam, levantam hipóteses e Super importante, pois amplia o universo letrado e trabalha bem as emoções. Acho que é fundamental, porque através da leitura diária e do envolvimento na magia de cada história, a criança se encanta e

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8- Como se daria esse trabalho? adquirem conhecimentos. aprende. --- --- Através da construção do conhecimento realizado nas atividades que as crianças realizam. Trabalhamos as palavras mais solicitadas pelas crianças. Algumas vezes, eu leio paradidático para os alunos em roda de leitura, dai refazemos as histórias no caderno de produção textual. ANEXO B ROTEIRO DA ENTREVISTA

1) Quais os recursos metodológicos que você usa para alfabetizar seus alunos?

2) Qual é o melhor em sua opinião?

3) O que você entende por alfabetização? E por letramento?

4) Você usa algum método de alfabetização?

5) Você utiliza a literatura infantil na sua sala de aula? Com que frequência?

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7) O que você acha do uso da literatura infantil no processo de alfabetização e letramento das crianças?

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