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Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro 25ª CÂMARA CÍVEL

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Academic year: 2021

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RSS 1 APELAÇÃO CÍVEL Nº 0003177-46.2013.8.19.0087

APELANTE: MASCILENE AZEVEDO SILVINO

APELADOS: M.A. FONTES SERVIÇOS MÉDICOS E RADIOLÓGICOS ALCÂNTARA LTDA E HILBERT ARMANDO DOS SANTOS FONTES

RELATOR: DES. AUGUSTO ALVES MOREIRA JUNIOR

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. EXAME DE ULTRASSONOGRAFIA QUE SUGERIU UM SUPOSTO ABORTO. LAUDO CONCLUSIVO NO SENTIDO DA

NECESSIDADE DE EXAMES COMPLEMENTARES.

ALEGAÇÃO DE ERRO DE DIAGNÓSTICO A DENOTAR FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. AUSÊNCIA DE PROVA DO QUE FOI ASSEVERADO. DANO MORAL INOCORRENTE. Autora que narra que em 04/02/2010, sentindo fortes dores abdominais e sem menstruar desde dezembro de 2009, procurou o Consultório Popular onde foi atendida pela Drª Carla Jardim Maia, oportunidade em que a médica solicitou a realização do exame de ultrassonografia a fim de definir o quadro da mesma paciente. Relata que no mesmo dia dirigiu-se à clínica demandada onde foi atendida pelo médico, segundo demandado, que realizou referido exame. Alega que o laudo sugeriu a possibilidade de abortamento retido, tendo o médico réu na oportunidade lhe dado a seguinte notícia: “Infelizmente o feto está morto.

Você perdeu o bebê”. Considerando o laudo

supramencionado, a autora foi encaminhada para o Hospital Azevedo Lima para realizar o procedimento de curetagem. Lá chegando, porém, o exame Beta HCG Qualitativo resultou negativo a concluir que jamais a autora poderia ter sofrido um aborto retido. Caracterizados o erro médico e a má prestação dos serviços dos réus, a seu ver, busca o Judiciário para ver ambos condenados solidariamente ao pagamento de indenização por danos morais no montante de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais). Sentença de improcedência dos pedidos. APELO AUTORAL que persegue a reforma do decisum no sentido da procedência do pedido inserto na exordial. Alegação de erro em resultado de exame de ultrassonografia não verificada. Ausência de elementos de convicção para se afirmar que houve falha na prestação do serviço. Inteligência do artigo 14, § 3º, inciso I do Código de Defesa do Consumidor. Sentença de improcedência que se mantém. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO, com fulcro no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil.

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DECISÃO MONOCRÁTICA

Trata-se de ação indenizatória por danos morais, proposta por Mascilene Azevedo Silvino em face de M.A. Fontes Serviços Médicos e Radiológicos Alcântara e Hilbert Armando dos Santos Fontes, perante o Juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de Niterói – Regional de Alcântara.

Autora que narra que em 04/02/2010, sentindo fortes dores abdominais e sem menstruar desde dezembro de 2009, procurou o Consultório Popular onde foi atendida pela Drª Carla Jardim Maia, oportunidade em que a médica solicitou a realização do exame de ultrassonografia a fim de definir o quadro da mesma paciente.

Relata que no mesmo dia dirigiu-se à clínica demandada onde foi atendida pelo médico, segundo demandado, que realizou referido exame. Alega que o laudo sugeriu a possibilidade de abortamento retido, tendo o médico réu na oportunidade lhe dado a seguinte notícia: “Infelizmente o feto está morto. Você perdeu o bebê”.

Considerando o laudo supramencionado, a autora foi encaminhada para o Hospital Azevedo Lima para realizar o procedimento de curetagem. Lá chegando, porém, o exame Beta HCG Qualitativo resultou negativo a concluir que jamais a autora poderia ter sofrido um aborto retido.

Caracterizados o erro médico e a má prestação dos serviços dos réus, a seu ver, busca o Judiciário para ver ambos condenados solidariamente ao pagamento de indenização por danos morais no montante de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais).

Decisão a fls. 24 (e.doc 00024) deferindo a gratuidade de justiça aos autores.

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um exame complementar que faz parte de um processo investigatório iniciado pelo médico assistente. Afirmam que, com o resultado, correlacionado a outros exames, o médico define a forma de prosseguir com a melhor orientação terapêutica. O exame da ultrassonografia é, portanto, um dos caminhos de auxílio para o diagnóstico, apenas aponta meios para o prosseguimento da investigação. Relatam que a consumidora foi devidamente orientada sobre a necessidade de complementação dos exames através do texto contido na parte inferior do laudo, qual seja: “Este é um exame complementar e, portanto, independente do resultado volte sempre ao seu médico para uma adequada correlação clínica e orientação

terapêutica”. Afirmam que o laudo de exame a que foi submetida a

autora não é conclusivo pois não registra o tipo da enfermidade que a acometia, apenas, como já dito, abria um processo de investigação. Ressaltam que o laudo jamais concluiu pela existência de um aborto retido. Negam que o segundo réu tenha dito que o feto estava morto ou que a autora tinha perdido o bebê ou, ainda, que tenha havido uma gestação. Também salientam que a demandante não foi encaminhada para o processo de curetagem pelos réus. Nesse sentido, requereram a improcedência dos pedidos.

Sentença de improcedência dos pedidos proferida a fls. 59/66 (e.doc 00062).

Insatisfeita, apelou a autora juntando razões a fls. 69/72 (e.doc 00073) em busca da reforma do decisum no sentido da procedência do pedido inserto na exordial.

Certidão de tempestividade recursal e ausência de recolhimento de preparo tendo em vista ser a recorrente beneficiária da gratuidade de justiça a fls. 73 (e.doc 0078).

Contrarrazões a fls. 75/80 (e.doc 00080).

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A relação jurídica estabelecida entre as partes é de consumo, inserindo-se a autora no conceito de consumidor, previsto no artigo 2º, da Lei nº 8.078/90, e os réus no conceito de fornecedor de serviços, nos termos do artigo 3º, § 2º, da mesma Lei nº 8.078/90. Dessa forma, sujeitam-se as partes à aplicação das normas do Código de Defesa do Consumidor.

Analisados os autos, tenho que não merece acolhida a tese recursal.

Em que pese a alegação da autora, ora apelante, de que sofreu danos morais em razão de erro de diagnóstico no exame realizado pelos apelados, em decorrência do qual foi encaminhada para a realização de curetagem no Hospital Azevedo Lima sem nem mesmo ter engravidado, nada há nos autos concluindo pela ocorrência de mencionada falha na prestação do serviço.

Com efeito, em observação ao laudo juntado a fls. 51 (e.doc 00053), verifica-se que o mesmo não foi conclusivo no sentido da efetivação do aborto retido, como pretende fazer crer a demandante.

Contrariamente, o que se verifica é que seu texto incluiu indagações de possíveis ocorrências pelo que se via das imagens coletadas, sugerindo o estabelecimento de correlação dos dados ali constantes com exame físico e outros exames complementares.

“... - Abortamento retido? — Processo inflamatório crônico?

Dentre outras hipóteses diagnósticas. Correlacionar com dados do exame físico e outros exames complementares."

Como bem asseverado pelos réus, igualmente constou ao final do laudo que era necessária a avaliação do médico assistente, único capaz de concluir o diagnóstico e prescrever o tratamento indicado.

“Este é um exame complementar e portanto, independentemente do resultado volte sempre ao seu médico para uma correlação clínica e orientação terapêutica (sic)”

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No que se refere ao encaminhamento da autora para a realização do procedimento de curetagem, inexistem nos autos prova de que foram os demandados os responsáveis por tal decisão, o que de fato jamais o fariam tendo em vista que lhes coube apenas a realização do exame complementar de ultrassonografia.

De qualquer forma, diante da inexistência de falha na elaboração do resultado do exame não há como ser imposta aos réus qualquer responsabilidade.

No mesmo sentido tem se manifestado a jurisprudência desta Corte:

0002668-81.2008.8.19.0058- APELACAO. DES. MAURO MARTINS - Julgamento: 01/04/2014 - VIGESIMA QUINTA CAMARA CIVEL CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL.

AÇÃO COMPENSATÓRIA POR DANO MORAL -

ALEGAÇÃO DE ERRO EM RESULTADO DE EXAMES DE ULTRASSONOGRAFIA - LAUDO PERICIAL CONCLUINDO PELA AUSÊNCIA DE ELEMENTOS DE CONVICÇÃO PARA SE AFIRMAR QUE HOUVE FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 14, § 3º, INCISO I DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA QUE SE MANTÉM. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO, COM FULCRO NO ARTIGO 557, CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, POR MANIFESTA IMPROCEDÊNCIA.

0001779-59.2012.8.19.0003 - APELACAO - DES. PAULO SERGIO PRESTES - Julgamento: 18/10/2012 - DECIMA NONA CAMARA CIVEL - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA PELO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. ERRO MÉDICO. DIAGNÓSTICO EQUIVOCADO EM DECORRÊNCIA DE EXAME DE ULTRASSONOGRAFIA. DESCUMPRIMENTO DO ART. 333, I DO CPC. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS DE PROVA APTOS A DEMONSTRAR O ERRO NA ELABORAÇÃO DO LAUDO DO EXAME. INEXISTÊNCIA DE DANO PASSÍVEL DE INDENIZAÇÃO. DECISAO MONOCRÁTICA. ART. 557, CAPUT, DO CPC. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO ANTE A MANIFESTA IMPROCEDÊNCIA.

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0016538-11.2001.8.19.0004 - APELACAO - DES. MARIA HENRIQUETA LOBO - Julgamento: 25/04/2012 - SETIMA CAMARA CIVEL - AÇÃO COMPENSATÓRIA POR DANO MORAL - ALEGAÇÃO DE ERRO EM RESULTADO DE EXAMES DE ULTRASSONOGRAFIA - LAUDO PERICIAL

CONCLUINDO PELA AUSÊNCIA DE INEXATIDÃO

TÉCNICA - INEXISTÊNCIA DE FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 14, § 3º, INCISO I DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA QUE SE MANTÉM. Recurso a que se nega seguimento, com fulcro no artigo 557 do Código de Processo Civil, por manifesta improcedência. A sentença não merece reparo, tendo sido prolatada com base na lei, na jurisprudência e na prova dos autos.

O recurso da autora está em confronto com a jurisprudência dominante desta Corte de Justiça sobre a matéria.

Por tais fundamentos, com base no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, NEGO SEGUIMENTO AO RECURSO.

Rio de Janeiro, 28 de agosto de 2014

AUGUSTO ALVES MOREIRA JUNIOR Desembargador Relator

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