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SUSPEITA DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA E O USO DOS IRDIs: POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO PRECOCE (2012) 1

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SUSPEITA DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA E O USO DOS IRDIs: POSSIBILIDADE

DE INTERVENÇÃO PRECOCE

(2012)

1

MAHL, FERNANDA DONATO

²

; ZANINI, Angélica Costa

²

; BIAGGIO, Eliara Pinto

Vieira³; KESSLER, Themis Maria

4

1

Trabalho de Pesquisa - UFSM 2

Psicóloga, Mestranda em Distúrbios da Comunicação Humana, Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil

3

Professora do Curso de Fonoaudiologia, Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil

4

Orientadora, Professora do Departamento de Fonoaudiologia, Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil

E-mail: fe.donato@hotmail.com; gelipsi.sm@hotmail.com; eliarapv@yahoo.com.br;

tkessler@terra.com.br

RESUMO

Este trabalho tem o objetivo de divulgar o instrumento IRDIs (Indicadores de Risco ao Desenvolvimento Infantil) a fim de que possa ser utilizado por profissionais da saúde para detectar precocemente os índices de risco ao desenvolvimento infantil. A metodologia utilizada consistiu em uma revisão de literatura, em artigos e livros. Constatou-se que o uso dos IRDIs torna-se um instrumento importante, pois existe a possibilidade de realizar prevenções que abarcam a interação mãe-bebê desde o momento da suspeita de deficiência auditiva. Por muito tempo não se pode evitar graves problemas psíquicos e do desenvolvimento por que não era possível precipitar sua aparição. No entanto, hoje através dos IRDIs trabalha-se com a percepção do risco avaliando precocemente os bebês na interação com suas mães. Dessa forma, é fundamental que os profissionais da saúde dedicados a infância fiquem atentos aos sinais de riscos e diante disso, possam fazer um encaminhamento adequado para um psicólogo e/ou fonoaudiólogo.

Palavras-Chave: Díade Mãe/Bebê; Indicadores de Risco ao Desenvolvimento Infantil; Intervenção Precoce; Suspeita de Deficiência Auditiva.

1. INTRODUÇÃO

O cuidado materno tem grande importância no desenvolvimento dos vínculos emocionais primitivos do bebê. O afeto, a percepção e a comunicação entre mãe e filho modelam a psique infantil (SPITZ, 1998). Nesse momento inicial, o processo de comunicação da díade mãe-bebê está sendo estabelecido e uma ruptura relacional, nos primeiros meses de vida, coloca em risco o desenvolvimento afetivo e social da criança (KLAUS et al 2000).

A comunicação inicial e a formação de vínculos de afeto precoce estabelecem segurança e proteção emocional para a estruturação do psiquismo infantil. Um bom apego com a mãe fortalece o contato mãe/bebê desde a mais tenra infância e introduz nessa relação um clima afetivo que precede todas as outras funções psíquicas. Spitz (1998) ressalta que os afetos parecem manter essa tendência durante o resto do desenvolvimento da criança, já que a experiência afetiva, no quadro de comunicação mãe-filho, age como um

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caminho inicial para o desenvolvimento de outros setores importantes da vida do sujeito, como a linguagem, por exemplo.

No nascimento de um bebê inúmeras são as projeções e apostas atribuídas ao filho perfeito. Sendo assim, os desejos e expectativas dos pais são marcas fundantes na subjetividade da criança, onde são ocultadas e esquecidas as deficiências (BATTIKHA, 2008). Mas, no entanto, quando os pais estão diante de uma suspeita acerca de uma deficiência do bebê, como farão para ver-se nesse filho e interagir com ele?

O vínculo que une um bebê e sua mãe é um laço narcísico (SOLÉ, 2005). Por isso, a suspeita de deficiência auditiva pode gerar um impacto na família, representando uma ruptura da criança idealizada. Causando uma estranheza materna no encontro com essa “outra” criança (BATTIKHA, 2008). E os efeitos deste colapso poderão acarretar um desencontro na relação mãe-bebê. Sendo que as conseqüências deste fato podem reservar ao filho um lugar desvalorizado e desqualificado de investimentos parentais (SOLÉ, 2005). E a mãe pode ter dificuldades em investir e interagir com seu filho, agindo de maneira diferente diante de uma suspeita de deficiência, alterando assim a relação entre eles. O que pode deixar marcas psíquicas e criar predisposições para desenvolvimento de distúrbios subseqüentes no bebê.

Nesse sentido, a situação se complica, pois a suspeita de deficiência auditiva pode impedir a mãe de se vincular com o seu filho e constituir um risco para o desenvolvimento da criança. Esses efeitos podem ser visualizados através de Indicadores de Risco ao Desenvolvimento Infantil (IRDIS) que são eficientes para captar rupturas relacionais na díade mãe/bebê, sendo que evidencia alterações que podem desregular o desenvolvimento do bebê muito precocemente.

Os Indicadores de Risco ao Desenvolvimento Infantil (IRDIS) foram estabelecidos através de uma pesquisa multicêntrica de caráter longitudinal entre 2000 e 2008. Esses índices avaliam a criança entre 0 e 18 meses de idade, pois a base para a saúde mental se estabelece nos primeiros anos de vida e são dependentes das relações corporais, afetivas que ocorrem entre o bebê e sua mãe (LERNER e KUPFER, 2008).

Dessa forma, através de observações por meio da interação mãe-bebê nos primeiros anos de vida através dos IRDIs, encontra-se a possibilidade de detectar riscos para o desenvolvimento infantil. O envolvimento parental, a relação mãe-bebê e a sensibilidade materna são promotoras do desenvolvimento das crianças e programas preventivos são fundamentais para a formação do vínculo afetivo precoce. Sendo que podem estabelecer segurança e proteção emocional para melhor estruturação do psiquismo da criança (BISOL, SIMIONI e SPERB, 2008).

Nesse sentido, não se deve observar só o bebê, mas também observar a relação entre a mãe e o bebê. Este é o ponto fundamental no uso dos IRDIs por que ocorre a

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inclusão da parte psíquica, já que é ela que organiza todo o conjunto do desenvolvimento da criança e alguma dificuldade com relação às figuras parentais pode desestruturar todo o resto dos setores da vida da criança, como o social, psicomotor e linguagem (LERNER e KUPFER, 2008).

No entanto, a situação torna-se difícil para a família se considerarmos que o nascimento de um bebê com suspeita de uma deficiência gera um contraste muito grande entre o filho esperado e o filho que nasceu. Por isso, é muito importante conhecer melhor como é que estes pais, especialmente a mãe, vivem esta situação. A partir de então, surge à intervenção precoce em um processo que implica a criança e a família, visando que o laço simbólico que por algum motivo não pode ser sustentado pelas figuras parentais se (re) estabeleça com o bebê que tenha suspeita de deficiência auditiva.

Frente a isso, o objetivo deste trabalho é divulgar o instrumento IRDIs a fim de que possa ser usado pelos profissionais envolvidos com a saúde da criança que tenha suspeita de deficiência auditiva. Dessa maneira pode-se detectar precocemente os índices de risco para o desenvolvimento infantil e assim ser possível realizar-se uma intervenção precoce, através de um encaminhamento adequado a um fonoaudiólogo e/ou psicólogo.

2. METODOLOGIA

A metodologia utilizada consistiu em uma revisão de literatura, em artigos e livros, bem como, de um levantamento nas bases de dados LILACS e SciELO. Buscaram-se pesquisas e artigos acerca da relação mãe e bebê frente a suspeita de deficiência auditiva, intervenção precoce e indicadores de risco ao desenvolvimento infantil (IRDIs).

A revisão de literatura tem um papel fundamental no trabalho acadêmico, pois é através dela que se pode situar um trabalho dentro da grande área de pesquisa da qual faz parte, contextualizando-a. Sendo que a partir disso, traça-se o quadro teórico que dará sustentação ao desenvolvimento da pesquisa.

Dessa maneira, ressalta-se que a revisão de literatura serve também para reconhecer e dar crédito à criação intelectual de outros autores. Sendo que abre espaço para evidenciar vários campos de conhecimento que já estão estabelecidos, no entanto, pode receber novas pesquisas, por que contribui para obterem-se informações atuais sobre o tema escolhido.

Frente a isso, a revisão de literatura resulta do processo de levantamento e análise do que já foi publicado sobre o tema. O que permite um mapeamento de quem já escreveu e o que já foi escrito sobre o assunto e dessa forma, contribui para discutir e verificar visões diferentes a respeito de aspectos relacionados à temática pesquisada.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O nascimento de um filho é uma etapa importante no ciclo vital da família, podendo por vezes se constituir em um momento de crise, devido às diversas mudanças que acarreta. A revisão de literatura leva-nos a pensar que o nascimento de uma criança com suspeita de deficiência auditiva se enquadra numa situação de risco psíquico para o bebê, pois, condiciona uma série de comportamentos que podem levar a mãe a ter dificuldades de entrar em comunicação com seu filho. Por isso, ocorre a necessidade de ajustamentos e até mesmo mudanças na dinâmica familiar.

Os bebês são muito vulneráveis por que dependem da qualidade dos cuidados e da sensibilidade materna (BOING e CREPALDI, 2007). O surgir de uma situação desfavorável, como é a suspeita de uma deficiência, pode colocar em risco a relação mãe-bebê. Os primeiros momentos da vida da criança são de grande importância para a constituição subjetiva e o impacto do diagnóstico pode resguardar ao bebê um lugar de decepção e depressão materna (SOLÉ, 2005).

Frente a suspeita de surdez nada mais é dito ao bebê e este acaba ficando fora do discurso materno. “Não adianta falar, ele não vai ouvir” (SOLÉ, 2005, p. 106). A autora ressalta que a abnegação materna pode trazer implicações importantes para a constituição do sujeito. Sendo que em sua prática clínica com crianças surdas a autora percebeu que a maioria vive no primeiro ano de vida dificuldades psicoafetivas importantes, não decorrente da falta de audição, mas daquilo que experienciaram dela.

Por isso, é de grande importância analisar a representação que estes pais possuem de seu filho (a) ou até mesmo as conseqüências da ferida narcísica que toda a diferença provoca nos pais. Sendo que, concomitante ao impacto da suspeita de deficiência auditiva surge uma série de reações frente a um evento não desejado. Silva et al. (2008) realizaram uma pesquisa sobre relatos de mães frente ao diagnóstico de surdez e os resultados obtidos foram que a maioria das mulheres entrevistadas revelaram que tiveram um choque emocional muito grande quando souberam da notícia, tendo dificuldades em aceitar a surdez do filho (a) e relataram que choravam muito, sentiam-se muito tristes e não sabiam o que poderiam fazer em relação ao bebê.

Dessa forma, destaca-se que na interação mãe/bebê surgem sinais de alerta que são capturados pelos IRDIs de forma que, prevêem se há algum sofrimento psíquico precoce e/ou desarmonias no desenvolvimento do bebê. Esse instrumento coloca-se frente ao benefício da intervenção precoce, pois, nos primeiros anos de vida a criança depende afetivamente e corporalmente de um adulto para poder organizar seu desenvolvimento. Dessa forma, fraturas nesse processo podem ocasionar transtornos no desenvolvimento que normalmente podem ser detectados precocemente e devem ocorrer no momento em

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que o bebê está em um período de inscrição psíquica para que um bom prognóstico possa ser feito.

Por isso, em relação ao fator ambiental, destacam-se os que exercem as funções parentais, por que eles têm grande influência sobre a criança. Uma vez que a estrutura psíquica infantil se funda a partir da mãe ou de algum cuidador que deve assumir essa função nos primeiros anos de vida da criança. Frente a isso é essencial avaliar como se dá o estabelecimento desse laço entre o cuidador e bebê e por isso que surgem os IRDIs, pois a partir deles os profissionais podem fazer uma previsão de uma constituição psíquica em andamento ou já em dificuldades (LERNER e KUPFER, 2008).

Dessa forma, esse protocolo de avaliação torna-se um valioso instrumento para detecção de dificuldades na interação precoce. Como base na perspectiva interdisciplinar os IRDIs são produto da articulação de alguns pontos oriundos da Pediatria, Psicanálise, Nutrição e Fonoaudiologia em torno da noção de risco para o desenvolvimento. Por isso, o protocolo contém os indicadores utilizados por profissionais das áreas da saúde e da educação na atenção a crianças de 0 a 18 meses de idade.

Na tabela 1, observa-se os índices utilizados conforme a Pesquisa Multicêntrica de Indicadores Clínicos de Risco ao Desenvolvimento Infantil proposta por Lerner e Kupfer (2008).

0 A 4 MESES INCOMPLETOS

1. Quando a criança chora ou grita, a mãe sabe o que ela quer. 2. A mãe fala com a criança num estilo particularmente dirigido a ela (manhês).

3. A criança reage ao manhês.

4. A mãe propõe algo à criança e aguarda sua reação. 5. Há trocas de olhares entre a criança e a mãe.

4 A 8 MESES INCOMPLETOS

6. A criança utiliza sinais diferentes para expressar suas diferentes necessidades.

7. A criança reage (sorri, vocaliza) quando a mãe ou outra pessoa está se dirigindo a ela.

8. A criança procura ativamente o olhar da mãe. 8 A 12 MESES INCOMPLETOS

9. A mãe percebe que alguns pedidos da criança podem ser uma forma de chamar a sua atenção.

10. Durante os cuidados corporais, a criança busca ativamente jogos e brincadeiras amorosas com a mãe.

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11. Mãe e criança compartilham uma linguagem particular. 12. A criança estranha pessoas desconhecidas para ela. 13. A criança faz gracinhas.

14. A criança aceita alimentação semi-sólida, sólida e variada. 12 A 18 MESES

15. A mãe alterna momentos de dedicação à criança com outros interesses. 16. A criança suporta bem as breves ausências da mãe e reage às

ausências prolongadas.

17. A mãe já não se sente mais obrigada a satisfazer tudo que a criança pede.

18. Os pais colocam pequenas regras de comportamento para a criança.

Tabela 1: Indicadores de Risco ao Desenvolvimento Infantil, conforme Lerner e Kupfer (2008). Fonte: Psicanálise com Crianças: Clínica e Pesquisa. São Paulo: FAPESP/Escuta, 2008.

Dessa maneira, o propósito dos IRDIS é que possa ser empregado por pediatras e outros profissionais de saúde da atenção básica em consultas regulares, já que muitos estudos têm mostrado que a idade do início da intervenção precoce é fundamental para sua melhor evolução. No entanto, o que se pretende não é criar profissionais especialistas em diagnósticos precoces, mas sim, alertá-los para outro registro além do biológico, o registro psíquico, o qual é de extrema importância para o desenvolvimento saudável da criança (FLORES e SOUZA, 2010).

A criança muito pequena não pode ser cuidada sozinha, por que sozinha ela não consegue sobreviver. Por isso, o olhar dos profissionais vai para o bebê e seu entorno, ou seja, quando cuidamos da saúde de uma criança, nosso foco deve ser a díade, o bebê e seu meio ambiente (LERNER e KUPFER, 2008).

Nesse sentido, é pertinente o uso dos IRDIs para prevenir possíveis fraturas na relação mãe/bebê no contexto de suspeita de deficiência auditiva, devido à importância que o vínculo afetivo mãe/bebê tem para o desenvolvimento saudável da criança. A ferida narcísica que ocorre em relação a uma suspeita de deficiência auditiva pode ocasionar diferentes destinos na vida dos pais, tendo reflexos também no desenvolvimento da criança. Solé ressalta que a surdez é “facilitadora de patologias” (2008, p. 175) e o aparecimento de “doenças oportunistas” (2008, p. 175) ocorre por que o bebê pode estar desinvestido pelos pais, em razão de seu déficit.

Frente a isso, é importante proporcionar um espaço de escuta para as mães que se encontram passando pelo processo e também auxiliar no estabelecimento inicial do vínculo mãe-bebê. Ou seja, orientar as mães para favorecer mudanças maternas que se refletem no comportamento da criança, promovendo uma melhor interação entre ambos e conseqüentemente, resultando em mais saúde e desenvolvimento para o bebê. Para que

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dessa forma, os pais consigam criar condições emocionais positivas para lidar com seu filho, desenvolvendo projeções e expectativas para a familiarização com seu bebê.

Para Girardi (2010) a intervenção precoce pode trazer grandes contribuições para a vida psíquica do bebê e de suas relações com seus pais. Dentre elas, está à ajuda as mães destes bebês a encontrar um ponto de interesse em seus filhos, independente dos atributos instrumentais que este traz. Para que dessa forma consigam inscrevê-los em sua história familiar e evitar uma falha simbólica (FLORES e SOUZA, 2010).

O procedimento consiste na (re) constituição e sustentação da função materna. O vínculo entre a mãe e o bebê nesses casos, corre o risco de não ocorrer ou de falhar, sendo que função materna parece ser afetada com o nascimento de uma criança com deficiência auditiva. Dessa forma, Teperman (2005) ressalta que a estimulação para ser eficaz deve ser realizada o mais rápido possível, uma vez que este desencontro pode ser grave e instaurar traços autistas.

Por isso, um (re) investimento dos pais na criança parece resultar em uma minimização das dificuldades de comunicação entre ambos. Um acompanhamento precoce do desenvolvimento do bebê e orientações dadas aos pais sobre como estimular seu filho ou, como interagir com ele, pode otimizar o desenvolvimento de bebês de risco (RODRIGUES, 2003). Uma vez que a linguagem depende de uma combinação entre fatores afetivos e cognitivos que se estruturam e permitem que a criança compreenda e se constitua linguisticamente (OLIVEIRA, FLORES, SOUZA, 2011).

Brum e Sherman (2003) destacam que se deve buscar amenizar o trauma no qual a díade está inserida, preparando a mãe para que possa encontrar o caminho da interação precoce com seu bebê, capacitando-a para construir um apego seguro no seu filho para que se possa prevenir o surgimento de transtornos globais de desenvolvimento. Dessa forma, as mensagens trocadas entre a díade mãe-filho, os olhares, mímicas e sorriso vão ganhando sentido progressivo suscitando emoções na medida em que o envolvimento entre ambos vai se alargando.

4. CONCLUSÃO

Ressaltou-se ao longo deste trabalho a importância das relações nos primeiros anos de vida para o desenvolvimento da criança. Frente a isso, destaca-se que o uso dos IRDIs por profissionais envolvidos com a primeira infância (pediatras e enfermeiros, por exemplo), torna-se um instrumento fundamental, por que existe a possibilidade de realizar prevenções que abarcam a interação vincular mãe-bebê desde o momento da suspeita de algum diagnóstico. Visto que a relação pais/filhos pode se romper em determinadas situações, como em casos de suspeita e /ou posterior diagnóstico de deficiência auditiva.

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Nesse sentido, os IRDIs têm lugar para capturar se algo não vai bem na relação do bebê com o Outro (ocupado pela mãe, pai, etc). E, quando esse sofrimento do bebê é considerado bem cedo, sua capacidade de evoluir é grande e a terapêutica freqüentemente eficaz. Sendo que a criança é capaz de demonstrar indícios que algo não está bem, muito precocemente, desde os primórdios da sua constituição psíquica.

Por muito tempo não se pode evitar graves problemas psíquicos e do desenvolvimento (como de linguagem) por que não era possível precipitar sua aparição (FLORES, 2012). No entanto, hoje através dos IRDIs trabalha-se com a percepção do risco avaliando precocemente os bebês na interação com suas mães. Diante disso, é fundamental que os profissionais dedicados a infância fiquem atentos aos sinais de riscos e diante disso possam fazer um encaminhamento adequado para um psicologo e/ou fonoaudiólogo.

Com a utilização dos IRDIS os profissionais podem perceber os eixos fundamentais para a construção subjetiva do bebê e identificar fatores de risco precocemente, observados na relação mãe/filho. O êxito do desenvolvimento saudável das crianças depende das estratégias de comunicação desenvolvidas na família e de investimentos parentais. É necessário, portanto, a atuação do Psicólogo e do Fonoaudiólogo para detecção e estimulação precoce em uma perspectiva promocional. A construção do vínculo mãe-bebê é apontada como determinante no desenvolvimento infantil, nesse sentido é extremamente relevante analisar as implicações do diagnóstico de deficiência auditiva no comportamento parental e na vida do bebê desde o momento da suspeita de um diagnóstico.

REFERÊNCIAS

BATTIKHA, E. C. A inscrição do estranho no familiar. In: Kupfer, M. C. (Org). O que os

bebês provocam nos psicanalistas? São Paulo: Escuta, 2008.

BISOL, C. A; SIMIONI, J; SPERB, T. Contribuições da Psicologia Brasileira para o Estudo

da Surdez. Psicologia Reflexão e Crítica, 2008. Disponível em:

http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/25710/000685854.pdf?sequence=1. Acesso em 11 de set. 2012.

BOING, E; CREPALDI M. A. Os efeitos do abandono para o desenvolvimento psicológico de

bebês e a maternagem como fato de proteção. Estudos de Psicologia, setembro/dezembro,

2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v21n3/v21n3a06.pdf. Acesso em 11 de set. 2012.

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BRUM, E. H. M; SCHERMAN, L. Vínculos Iniciais e desenvolvimento infantil: abordagem

teórica em situação de nascimento de risco. Ciência e Saúde Coletiva, Out. 2004. Disponível

em: http://pt.scribd.com/doc/52801539/Vinculos-iniciais-e-desenvolvimento-infantil. Acesso em 11 de set. 2012.

FLORES, M. R. Exercício das funções parentais e funcionamento de linguagem em três

casos de risco psíquico. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da Comunicação Humana)

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Flores, M.R; Souza, A.P.R. Clínica com Bebês: quando o simbólico falha. Anais do XVI

Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão - SEPE. Santa Maria, 2010.

GIRARDI, A. L. F. N. Intervenção Precoce e a Clínica Fonoaudiológica. Estilos da Clínica, Ago. 2010. Disponível em: http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/estic/v15n1/a10v15n1.pdf. Acesso em 11 de set. 2012.

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SILVA, A. B. P; ZANOLLI, M. L; PEREIRA, M.C; Surdez: Relatos de Mães Frente ao

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SPITZ, R. A. O Primeiro Ano de Vida. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

TEPERMAN, D. W. Clínica Psicanalítica com Bebês: Uma intervenção a tempo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.

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