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PETIÇÃO DE IMPUGNAÇÃO

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PETIÇÃO DE IMPUGNAÇÃO

Pregão Eletrônico 21/2017 – Processo Administrativo 13/2017

Perfix Assessoria e Consultoria Ltda, empresa privada com sede à Rua João de Arruda Pastana, nº 136 – Centro – Amparo/SP, CEP 13.900-500, CNPJ 10.483.942/0001-21, neste ato representada por seu sócio Sr. Ivan Jacomassi Junior, casado, empresário, residente à Rua

Francisco de Assis Prado nº 101, Jd São Roberto, Amparo/SP, CEP 13.901-130, CPF 313.748.148-14, em atenção ao certame licitatório em epígrafe, vem mui respeitosamente

e na melhor forma de direito IMPUGNAR itens do instrumento convocatório manifestadamente irregulares, conforme item 20.1 do mesmo.

1. Dos Itens Impugnados

8.7.2.1 Registro ou inscrição da empresa licitante na entidade profissional Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro, em plena validade.

 8.7.3 Comprovação de aptidão para a prestação dos serviços em características, quantidades e prazos compatíveis com o objeto desta licitação, ou com o item pertinente, por período não inferior a três anos, mediante a apresentação de atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado.

8.7.2.3 Os profissionais citados acima, deverão possuir registro ou inscrição, com a comprovação de quitação de anuidade nas respectivas entidades profissionais.

2. Preâmbulo

Todo ato administrativo praticado pelo gestor público deve estar pautado na impessoalidade e legalidade daquilo que se busca concretizar.

(2)

Na lição do mestre Hely Lopes1, o legítimo e verdadeiro exercício do princípio da impessoalidade na administração pública, referido na Constituição de 88 (art. 37, caput), nada

mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal (legalidade), que é unicamente aquele que a norma

de direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato.

Neste sentido, cumpre-nos salientar que o objetivo maior de toda licitação (finalidade) é selecionar a proposta financeiramente mais vantajosa ao erário público, por esta natureza o caráter de competitividade do certame, para que se promova através da disputa a obtenção da oferta com melhor valor possível ao objeto, e esta finalidade somente poderá ocorrer pela não restrição indevida da competitividade.

Considerando as licitações, esse princípio obriga a Administração Pública a garantir plenamente o cumprimento fiel ao princípio da ampla concorrência, não se valendo de exigências que não tenham respaldo normativo e que tão somente incorram em distorções do objetivo do certame.

3. Dos Limites ao Formalismo Burocrático

Conforme entendimento jurisprudencial pacificado, o rol de exigências para comprovação de “habilitação” de licitante não devem atuar como elemento limitador da competitividade, sob pena de imputar-se ao responsável pelo certame ato de improbidade passível de denúncia aos órgãos de controle.

Temos aqui que na essência do certame devem estar preservadas a competitividade (execrando-se o formalismo exacerbado) e a impessoalidade (limitando-se os atos praticados à sua finalidade legal).

O gestor público, ao estabelecer exigência de documentação habilitatória deve tão somente LIMITAR-SE A GARANTIR A EXECUÇÃO DO OBJETO, conforme bem nos ensina a farta doutrina sobre o tema.

Vejamos a lição do ilustre mestre Celso Antonio Bandeira Mello2:

1

MEIRELLES. Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 22ª ed. Malheiros: São Paulo, 1997

2

(3)

“Na fase de habilitação a promotora do certame DEVE SE ABSTER DE EXIGÊNCIAS OU RIGORISMOS INÚTEIS.”

[Grifo nosso]

Citemos também a lição do mestre Adílson Dallari3:

“Visa a concorrência pública fazer com que o maior número de licitantes se habilitem para o objetivo de facilitar aos órgãos públicos a obtenção de coisas e serviços mais convenientes a seus interesses. Em razão deste escopo,

EXIGÊNCIAS DEMASIADAS E RIGORISMOS

INCONSENTÂNEOS COM A BOA EXEGESE DA LEI DEVEM SER ARREDADOS. Não deve haver nos trabalhos nenhum rigorismo e na primeira fase de habilitação deve ser de absoluta singeleza o procedimento licitatório” [Grifo nosso]

A doutrinadora Medauar acrescenta4:

“Cabe observar que, ante o princípio do formalismo moderado que norteia o processo administrativo, NÃO

DEVERÁ PREDOMINAR RIGOR EXAGERADO NA

APRECIAÇÃO DOS DOCUMENTOS ... AFETANDO O PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE. Quanto maior o número de licitantes, mais aumenta a possibilidade de obter melhores serviços ...” [Grifo nosso]

E claro não poderíamos deixar aqui de citar o próprio Tribunal de Contas da União – TCU, instância máxima do país na temática5:

3

DALLARI, Adilson. Aspectos Jurídicos da Licitação. São Paulo: Saraiva, 1992.

4

MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: RT, 2001.

(4)

“O artigo 37, inciso XX I, da Constituição Federal, estabelece que somente serão permitidas, nos processos licitatórios,

exigências de qualificação técnica e econômica

indispensáveis a garantia do cumprimento das obrigações. [grifo nosso]

Por todo o arcabouço apresentado, temos claramente destacado que a administração pública deve valer-se de formalismo moderado no certame, estabelecendo exigências burocráticas compatíveis tão somente com a garantia de execução do objeto licitado, promovendo a ampla concorrência e a obtenção da melhor proposta.

4. Do Registro junto ao Conselho de Administração do Rio de Janeiro

O item 8.7.2.1 do instrumento convocatório prediz como exigência:

“Registro ou inscrição da empresa licitante na entidade profissional Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro, em plena validade” [grifo nosso]

Referida exigência é descabida, pelos seguintes fatos:

I. Conforme já citado, qualquer exigência inserida no edital, na medida em que represente restrição à competitividade pela redução do universo de empresas passíveis de participação no pregão, necessita de respaldo normativo visando garantir a execução do objeto licitado.

II. Os conselhos profissionais atuam como órgãos de fiscalização de atividades profissionais regulamentadas, nas quais o exercício funcional exija formação específica e exista restrição de atuação mediante legislação federal.

(5)

“[contratação de] ... consultoria em recursos humanos para reavaliação, readequação e implantação do Plano de Cargos, Carreira e Salários do quadro de funcionários do Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro ...”

IV. A atividade de consultoria em gestão de recursos humanos, em especial a parte vinculada ao Plano de Cargos e Salários não é prerrogativa exclusiva de administradores, podendo ser executada por diferentes classes profissionais, como Advocacia, Contadores, Psicólogos, etc.

V. A lei federal 4.769/1965 que criou e regulamentou a profissão de “administrador” é esparsa quanto ao que se configura seu exercício profissional:

“Lei 4.769 de 09 de Setembro de 1965:

Art. 2º A atividade profissional de Administrador será exercida, como profissão liberal ou não, mediante:

a) pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens, laudos, assessoria em geral, chefia intermediária, direção superior;

b) pesquisas, estudos, análise, interpretação,

planejamento, implantação, coordenação e controle dos

trabalhos nos campos da Administração, como

administração e seleção de pessoal, organização e

métodos, orçamentos, administração de material,

administração financeira, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros campos em que esses se desdobrem ou aos quais sejam conexos.

VI. Observe que inexiste menção à restrição da elaboração e gestão de planos de cargos e salários como prerrogativa e exclusividade da classe dos administradores.

(6)

VII. Ainda, a redação grosseira observada junto a letra “b” do art. 2º confronta com atribuições de outras profissões, não podendo implicar e restrição de mercado, como bem podemos exemplificar pelo detalhamento de seu conteúdo:

a. administração e seleção de pessoal (atividade realizada mesmo por assistentes

de nível médio nas organizações), organização e métodos (atividade realizada também por profissionais da área da qualidade), orçamentos (atividade também desenvolvida por contadores), administração de material (atividade também desenvolvida por engenheiros), administração financeira (atividade exercida por qualquer profissional em posição de gestão financeira, com ou sem formação),

administração mercadológica (atividade também desenvolvida por publicitários e

relações públicas), administração de produção (atividade também desenvolvida por engenheiros), entre diversos outros exemplos que poderíamos aqui citar.

VIII. O TCU também nos traz importantes diretrizes6:

“... Somente nos casos em que a atividade fim das empresas licitantes esteja diretamente relacionada à do administrador é que a exigência de registro junto a

Conselho Regional de Administração se mostra

pertinente ...”

IX. Desta forma, vemos que a atividade de “Consultoria em Gestão Recursos Humanos voltada à Planos de Cargos e Salários” não representa prerrogativa exclusiva da classe dos administradores, sendo que exigência de registro junto àquele órgão representa restrição indevida de competitividade.

X. A própria recorrente vêm prestando ao longo dos últimos anos diversos serviços na área, participando de processos licitatórios para diversas entidades públicas, como autarquias, fundações, conselhos profissionais, etc, estando inscrita junto ao Conselho Regional de Psicologia, sem nunca termos qualquer problemática ou apontamento. XI. Portanto referido item deve ser excluído do instrumento convocatório.

(7)

5. Do Período do Atestado de Capacidade Técnica

O item 8.7.3 do instrumento convocatório prediz como exigência:

“Comprovação de aptidão para a prestação dos serviços em características, quantidades e prazos compatíveis com o objeto desta licitação, ou com o item pertinente, por período não inferior a três anos, mediante a apresentação de atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado”

Referida exigência é descabida, pelos seguintes fatos:

I. Assim determina o TCU7:

“Requeira, ao estabelecer exigências para comprovação de aptidão para prestar os serviços, a apresentação de atestados ou certidões, vedadas as limitações de tempo, época, locais específicos ou quaisquer outras não previstas em lei, que inibam a participação da licitação, a exemplo da fixação de experiência mínima”

II. Torna-se óbvio que nenhuma exigência sem previsão legal poderá ser inserida junto ao instrumento convocatório.

III. A fixação de prazo mínimo de três anos de prestação de serviços não encontra correlação com a garantia de execução do objeto, uma vez que trabalhos de maior complexidade podem ser executados em prazo inferior.

IV. Desta forma, este item atua como limitador da competitividade e deve ser execrado do edital.

(8)

6. Da Comprovação de Quitação de Anuidade dos Profissionais

O item 8.7.2.3 do instrumento convocatório prediz como exigência:

 8.7.2.3 Os profissionais citados acima, deverão possuir registro ou inscrição, com a comprovação de quitação de anuidade nas respectivas entidades profissionais.

Referida exigência é descabida, pelos seguintes fatos:

I. Assim prediz o TCU8:

“Não exija dos licitantes, para fins de habilitação, prova de quitação de anuidades junto ao conselho de fiscalização profissional ao qual a empresa e os profissionais estejam ligados, pois essa exigência não esta prevista na lei, em especial nos arts. 27 a 33 da Lei no 8.666/1993”.

II. Desta forma, por absoluta falta de amparo legal referido item devem ser extirpado do instrumento convocatório.

7. Conclusão

O TCU assim declara9:

A inadequação das exigências editalícias relacionadas a avaliação de capacidade técnica, que atentam contra o principio da isonomia, da legalidade, da competitividade e da razoabilidade, insculpidos no art. 37, inciso XX I, da

8

Acórdão 890/2007 Plenário (Sumário)

(9)

Constituição da Republica e no art. 3o, caput e § 1o, inciso I, da Lei de Licitações e Contratos, conduz a anulação do procedimento licitatório. [grifo nosso]

Desta forma, as exigências apontadas não encontram respaldo normativo, cerceiam a competição ao limitar inadequadamente o universo de empresas aptas à participação, além de afrontar o princípio do formalismo moderado de deve nortear as licitações, contrariando a doutrina e jurisprudência.

Neste sentido, cabe reforma do instrumento convocatório, com a retirada dos itens relacionados.

Caso nossa manifestação não seja reconhecida recorreremos aos órgãos de controle competentes para garantia da legalidade do certame.

Sem mais, colocamo-nos à disposição para demais esclarecimentos que eventualmente se façam necessários.

Amparo, 02 de Janeiro de 2018.

Ivan Jacomassi Junior

CPF: 313.748.148-14 / RG: 343.547.441-8 SSP/SP CNPJ nº 10.483.942/0001-21

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