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A RESSOCI ALI ZAÇÃO NO SISTEMA PRI SIONAL DE SERGI PE ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO

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Academic year: 2021

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A RESS OCI ALI ZAÇÃO NO SI STE MA PRI SIONAL DE SERGI PE ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO

J OELI DOS SANTOS CRUZ

BARRETO

ORI ENTADORA: Profª Grasi ell e

Borges Vi ei ra de Carval ho

Ar acaj u 2015 UNI VERSI DADE TI RADENTES

CURS O DE GRADUAÇÃO E M DI REI TO

(2)

1

J OELI DOS SANTOS CRUZ BARRETO

A RESS OCI ALI ZAÇÃO NO SI STE MA PRI SIONAL DE SERGI PE ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO

Tr abal ho de Concl usão de Curso – Arti go – apresent ado ao Curso de Direit o da Uni versi dade Tiradent es – UNI T, co mo requi sit o parci al para obt enção do gr au de bacharel e m Direit o.

Aprovado e m: ___/ ___/ ___

BANCA EXAMI NADORA

__________________________________ Profª Ori ent adora

Uni versi dade Ti radent es – UNI T

__________________________________ Prof. Exa mi nador

Uni versi dade Ti radent es – UNI T

___________________________________ Prof. Exa mi nador

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2

A RESS OCI ALI ZAÇÃO NO SI STE MA PRI SIONAL DE SERGI PE ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO

J OELI DOS SANTOS CRUZ BARRETO1

RES UMO

A pr opost a do present e arti go é analisar a sit uação prisi onal at ual dando ênfase no pr ocesso de ressoci ali zar através da educação nos presí di os do Est ado de Ser gi pe, que t eve co mo par â met r o o trabal ho de pesqui sa de mestrado de Gabri el Ri beiro Nogueira Júni or co m o t e ma “ As políti cas públi cas de rei nserção soci al no sist e ma penit enci ári o ser gi pano (2013- 2014) ”. Par a isso apresent a os mei os pel o qual o det ent o t e m acesso à educação nas penitenci ári as ser gi panas co mo t a mbé m abor da o que prevê a l ei de Execução penal e a Constit uição Federal, no que tange a ressoci ali zação e a reeducação do preso. Tal pr obl e ma preci sa de uma envolt ura da soci edade co mo u m t odo, para subsí di os no t ocant e à ressoci ali zação, aj udando a pr opor ci onar u ma reeducação do det ento para sua rei nserção co m di gni dade e se m di scri minação e mostrando que a educação é o mei o efi caz para ressoci ali zação, poi s o ensi no t e m o i ntuit o de qualifi car o i ndi ví duo para que el e possa buscar u m f ut ur o mel hor ao sair da prisão, já que o est udo é consi derado hoj e um requi sit o funda ment al para entrar no mer cado de trabal ho, e a mai ori a dos det ent os não possue m nem ensi no funda ment al compl et o. Co m i sso, a educação pri si onal al é m de i ncenti var o det ent o a buscar novos ru mos ao adquirir li ber dade, t a mbém é u ma f or ma de di mi nuir os di as que deve m ser cu mpri dos atrás das grades.

Pal avras-chave: Si st e ma prisi onal; Ressoci ali zação; Det ent os

1 I NTRODUÇÃO

O si st e ma prisi onal sergi pano ve m sofrendo, nas últi mas décadas, um au ment o consi derável no quantit ati vo de entrada de i nt er nos presos no sist e ma prisi onal. A confi gur ação da prisão co mo espaço de encarcera ment o dos desvi ant es e puni ção de seus cri mes t e m ganhado espaço na concepção da soci edade moder na capit alist a. Essa políti ca de encarcera ment o e m massa refl et e, poi s, as consequênci as de u ma soci edade mar gi nali zada.

A bai xa escol ari dade, mes mo co m o au ment o do acesso à educação escol ar nas últi mas décadas, ai nda se constitui reali dade entre a mai oria da popul ação ser gi pana e nos al ert a para a fort e li gação que el a estabel ece co m a cri mi nalidade. Na popul ação carcerári a do Est ado, os í ndi ces são bast ant e expressi vos e est a reali dade é ta mbé m vi sí vel e m t odo o t errit óri o naci onal. A Lei 12. 433/ 2011, que entr ou e m vi gor no di a 29 de j unho de 2011, alt erou sensi vel ment e o

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3 panor a ma da re mi ção de penas no Br asil. Ao modi fi car a redação dos arti gos 126, 127 e 128 da Lei de Execução Penal que passou a per mitir que, al é m do trabal ho, o est udo sej a causa de di mi nui ção de pena. Para cada três di as de trabal ho regul ar, nos mol des do arti go 33 da LEP, u m di a de abati ment o da pena a cu mprir (arti go 126, parágraf o 1º, i nci so II, da LEP).

Pel o trabal ho ou pel o estudo, o sent enci ado t e m a oport uni dade de at enuar a quanti dade de pena a el e i mpost a na sent ença penal condenat óri a, podendo t er mi ná-l a mai s rapi da ment e. Essa oport uni dade de reduzir a pena, segundo a nova l ei, agora se est ende ta mbé m aos presos caut el ares e aos li bert os em r egi me abert o ou e m livr a ment o condi ci onal.

Nest e cont ext o, o presente trabal ho abor dar á a ressoci ali zação do preso no Est ado de Ser gi pe através da Educação, dest acando os pri nci pai s pr oj et os desenvol vi dos nas penit enci ári as ser gi pana para fi m da ressoci ali zação por mei o do ensi no, que t eve co mo parâ met r o o trabal ho de pesqui sa de mestrado de Ga bri el Ri beiro Nogueira Júni or co m o t e ma “ As políticas públicas de rei nserção soci al no sistema penit enci ári o sergi pano (2013- 2014).

Par a t ant o, fora m utili zados al guns i nstru ment os met odol ógi cos. Pri meira ment e, foi reali zado u m l evant a ment o bi bli ográfi co e docu ment al co mpr eendendo l eis, rel at óri os t écni cos, li vr os, arti gos, dissert ações co mo t a mbé m a reali zação de entrevi st a oral com pr ofissi onai s, t ais co mo pedagogos e psi cólogos.

Justifi ca-se est e arti go por const at ar que a educação é a pri nci pal ferra ment a para a mobili dade soci al, sendo t a mbé m u m mecani smo efeti vo de rei nt egrara ou reabilit ar os det ent os.

2 SI STE MA PRI SI ONAL

2. 1 Sur gi ment o e evol ução do sist e ma prisi onal

O direit o penit enci ári o pr ocedeu, e m cert o senti do, do desenvol vi ment o da ci ênci a penit enci ári a exi st ent e até a at uali dade, é uma ci ênci a nat uralist a, causal -expli cati va, que, quando da sua ori ge m, se preocupava co m dados da reali dade, li mit ando-se aquil o que é a pr evi são dos efeit os de t ais e quai s as causas e à i ndagação das causas que tinha pr oduzi do t ai s ou quai s efeit os.2

2 Apud SI LVA, Luzi a Go mes da. Análise hist óri ca do sist e ma penit enci ári o: subsí di os para a busca de alternati vas

à hu mani zação do sist e ma prisi onal. Disponí vel e m: < htt p:// www. egov. ufsc. be/ port a/ conteudo>. Acesso e m: 06 mai o 2015.

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4 Aos poucos, aco mpanhando a pr ópri a or de m nat ural das coi sas, fora m se sobr epondo e col ocando e m paral el o, te mas de carát er j urí di co, pr ópri os da ci ênci a normati va, ou sej a, da ci ênci a que se preocupa com o “dever ser. ” Passou-se a pensar mais nos direit os dos condenados, pri nci pal ment e depoi s da Revol ução Francesa (1789- 1799), quando as pr eocupações co m os direit os hu manos e m geral for a m i mpul si onados3.

A anti gui dade desconheceu t ot al ment e a pri vação de li ber dade, estrit a ment e consi derada co mo sanção penal. Embor a sej a i negável que o encarcera ment o de deli nquent es exi sti u desde t e mpos i memor ávei s, não ti nha caráter de pena e repousava em outras razões.

At é fi ns do sécul o XVIII a prisão ser vi u so ment e à cont enção e guar da de réus para pr eser vá-l os fisi ca ment e at é o mo ment o de serem j ul gados. Recorri a-se, durant e esse l ongo perí odo hi st óri co, fundame nt al ment e, à pena de mort e, às penas cor por ai s ( mutil ações e açoit es) e às i nfa mant es. Por isso, a prisão era u ma espécie de ant essal a de suplí cios, poi s se usava a t ort ura, frequent e ment e, para descobrir a ver dade. A prisão foi se mpr e u ma sit uação de grande peri go, um i ncre ment o ao desa mpar o e, na ver dade, uma ant eci pação da exti nção físi ca do i ndi ví duo4.

Ent ret ant o, pode m- se l ocali zar cert os resí duos de pena pri vati va de li ber dade fazendo u m retrospect o da hi st ória e m suas diferent es et apas at é o sécul o XVIII, onde adquire m rel evo as co mpil ações l egai s da época dos pri ncí pi os hu maní sti cos de correção e mor ali zação dos deli nquent es através da pena. Todavi a, durant e vári os sécul os, a prisão ser vi u de depósit o (cont enção e cust ódi a) da pessoa físi ca do réu, que esperava, geral ment e e m condi ções sub-hu manas, a cel ebração de sua execução.

No fi nal do sécul o XVIII e i ní ci o do sécul o XI X sur ge na Fil adélfi a ( Est ados Uni dos) os pri meir os presí di os que segui a m o sist e ma celul ar, ou sist e ma da Fil adélfi a co mo t a mbé m são conheci dos, era um sist e ma de recl usão t ot al, no qual o preso fi cava isol ado do mundo ext er no e dos outr os presos e m sua cel a, que al é m de repouso ser vi a para trabal ho e exercí ci os. Em 1820 sur ge nos Est ados Uni dos outr o sist e ma conheci do co mo Si st e ma Aubur n ou Si st e ma de Nova Ior que, conti nha cert a si mil ari dade co m o sist e ma da Fil adélfi a, a i ncl usão e o isol a ment o absol ut o, mas nest e novo sist e ma pr escreve a cel a i ndi vi dual durant e a noit e, o trabal ho e as refei ções em co mu m, poré m, sob a regra do sil ênci o absolut o, os det ent os só podendo fal ar co m os guar das, co m a per missão dest es e e m voz bai xa.5

3 Ide m

4 BI TENCOURT, Cezar Robert o. Trat ado de direit o penal: part e geral. 16. ed. São Paul o: Sarai va, 2011, p. 506.

V. 1.

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5 Em Norf ol k, col ôni a i nglesa, nasce u m novo siste ma prisi onal que co mbi na os outr os doi s sist e mas e cri a a progr essão de pena. O regi me i ni ci al funci onava co mo o si st e ma da Fil adélfi a, ou sej a, de isol a ment o t ot al do preso; após esse perí odo i ni ci al o preso ent ão era sub meti do ao isol a ment o so ment e not ur no, trabalhando durant e os di as sob a regra do sil ênci o (sist e ma de Aubur n). Nesse est ági o, o preso i a adquiri ndo val es e, depois de al gu m t e mpo acu mul ando esses val es, poderi a entrar no t erceiro est ági o, no qual fi cari a e m u m r egi me se mel hant e ao da li ber dade condi ci onal e, depoi s de cu mprir det er mi nado pr azo de sua pena, segui ndo as regras do regi me, obt eri a a li ber dade defi niti va6.

Após essas experi ênci as e m Norf ol k, o sist e ma é levado para a Ingl at erra e aperfei çoado na Irl anda. No novo siste ma irl andês, há uma quart a fase, ant es da li ber dade condi ci onal, na qual o preso trabal hava e m u m a mbi ent e abert o se m as restri ções que u m regi me fechado co mpr eende. Após esse perí odo, vári os outros sist e mas de prisão f ora m sur gi ndo, co mo o Si st e ma de Mont esi nos na Espanha que ti nha trabal ho re muner ado e prévi o u m car át er regenerador na pena. Na Suí ça cri a m u m novo ti po de est abel eci ment o penitenci ári o, e m que os presos fi cava m na zona rural, trabal hava m ao ar li vre, era m re muner ados e a vi gil ânci a era me nor7.

2. 2 At ual reali dade do siste ma prisi onal no Br asil

O si st e ma prisi onal funci ona para at ender às necessi dades dos sist e ma capit alist a, no qual i mper a m rel ações de poder que coexi st a m dentro de u m mes mo espaço, tant o entre os que det ê m o poder de diri gir os est abel eci ment os prisionai s e aquel es que se encontra m na condi ção de encarcerados, co mo entre os que ocupa m posi ções de i gual poder8.

O Est ado não t e m dado a devi da at enção às quest ões i nerent es ao Si st e ma penit enci ári o nas últi mas décadas, abrindo mão de pr oporci onar u m cu mpri ment o de pena adequado, ou sej a, hu mani zado, pri nci pal ment e no que se refere à pena privati va de li ber dade, transf orma ndo, dessa for ma, mui t os presí di os e m aut ênticas mas morras, be m di st ant es do respeit o à i nt egridade físi ca e mor al dos presos, direit o previ st o e assegurado pel a Constit ui ção Federal9

6 ENGBRUCH, Wer ner; DI SANTI S, Br uno Mor ai s. A evol ução hi st óri ca do sist e ma prisi onal e a penit enci ári a

do Est ado de São Paul o. Disponí vel e m: < htt p:// www. i bccim. or g. br >. Acesso e m: 11 mai o 2015.

7 ENGBRUCH, Wer ner, op. cit.

8 PI MENEL, M. P. Si st e mas penit enci ári os. I N. Revi st a dos Tri bunai s. São Paul o. V. 78, n. 639, p. 265- 274, j an.

1989

9NUCCI, Guil her me de Souza. Ma nual de pr ocesso penal e execução penal. 2. ed. São Paul o: Revi st a dos

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6 O Si st e ma prisi onal brasileiro vi ve uma verdadeira fal ênci a gerenci al. Os est abel eci ment os prisi onais, na sua mai ori a represent a m para os recl usos um ver dadeiro i nferno em vi da, onde o preso se a mont oa a outros e m celas suj as, úmidas, anti-hi giêni cas e superl ot adas.

A desestrut uração do siste ma carcerári o traz a bail a o descrédit o da prevenção e da reabilit ação do condenado. Dest a for ma, a soci edade brasil eira encontra-se e m mo me nt o de extre ma hesit ação e m face do di sparat e que é o at ual sist e ma carcerári o brasileiro, u ma vez que de u m l ado t e mos o au ment o da vi ol ênci a, o cl a mor pel o recr udesci ment o de pena e, do outr o lado, a superl ot ação nos pr esí di os e as cal a mit osas enfer mi dades carcerári as.1 0

Inú mer os fat ores i nfl uenci ara m para que se chegasse a u m pr obl e máti co si st e ma carcerári o. Todavi a, o abandono à falt a de i nvestime nt o e o descaso do poder públi co ao l ongo do t e mpo vi era m por agravar ai nda mai s o caos do sist e ma prisi onal brasil eiro. Assi m, ao i nvés de ser vir co mo u ma escol a de ressoci ali zação ao ser hu mano- condenado represent a uma escol a do cri me, onde as perspecti vas da reeducação fi cam sensi vel ment e reduzi das.

Cada vez mai s a popul ação carcerári a cresce e poucos presí di os são construí dos para at ender a de manda das condenações. A superl ot ação nos presí di o represent a uma ver dadeira of ensa aos direit os hu manos. Nesse aspect o, o art. 5º, i nc. XLI X da Constitui ção Federal1 1 di z: “é assegurado aos presos o respeit o à i nt egri dade físi ca e moral ”.

Val e ressalt ar que a di gni dade da pessoa hu mana é u m dos pri ncí pi os basil ares da Constit ui ção Federal

Co mpet e sali ent ar que a Lei de Execução Penal1 2 no seu art. 88, est abel ece:

Art. 88 - O condenado será al oj ado e m cel a i ndi vi dual que cont erá dor mit óri o, aparel ho sanit ári o e l avat óri o.

Par ágraf o úni co. São requi sit os bási cos da uni dade cel ul ar:

a) sal ubri dade do a mbi ent e pel a concorrênci a dos fat ores de aeração, i nsol ação e condi ci ona ment o t ér mico adequado à exi st ênci a hu mana;

b) área mí ni ma de 6, 00 m2 (seis metr os quadrados).

Ai nda no seu art. 85 prevê:

Art. 85 - O est abel eci ment o penal deverá t er l ot ação co mpatível co m a sua estrut ura e fi nali dade”.

1 0ARRUDA, Sande Nasci ment o de. A i nefi ci ênci a, as mazel as e o descaso present es nos presí di os superl ot ados e

esqueci dos pel o poder públi co. Disponí vel e m: <htt p:// www. revi st aj uri di ca. uol. co m. br/ advogados-l eis-j urispr udenci a/ 59/ arti go213019- 5. asp>. Acesso e m: 06 mai o 2015.

1 1BRASI L. Constit ui ção Federal de 1988. Disponí vel e m:

<htt p:// www. pl analt o. gov. br/ cci vil _03/ constit ui cao/ constit uicaoco mpil ado. ht m>. Acesso em: 06 mai o. 2015.

1 2BRASI L. Lei nº 7. 210 de 11 de j ul ho de 1984. Instit ui a Lei de Execução Penal. Disponí vel e m:

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7 Nest a conj unt ura, a superl ot ação t e m result ado i medi at o à vi ol ação a nor mas e pri ncí pi os constit uci onai s, acarret ando co mo consequênci a para o det ent o uma sobr e pena, u ma vez que a convi vênci a no presí di o trará u ma afli ção mai or do que a pr ópri a sanção i mpost a.

Co m a super popul ação nos presí di os sua pr ecari edade e i nsal ubri dade t or nam as pri sões u m a mbi ent e pr opí ci o à pr oliferação de epi de mi as e ao cont ági o de doenças. Todos os fat ores estrut urai s co mo t a mbém a má- ali ment ação dos presos, seu sedent aris mo, o uso de dr ogas, a falt a de hi gi ene e t oda a l ugubri dade da prisão faze m co m que o preso que ali adentr ou nu ma condi ção sadi a de l á não sai a se m ser aco meti do de u ma doença ou co m sua resist ênci a físi ca e saúde fragili zadas. Dentre essas doenças adquiri das est ão a t ubercul ose, pneu moni a, hepatit e, doenças venéreas e a AIDS, por excel ênci a.

Di ant e de t odos esses pr obl e mas quant o à quest ão da saúde do condenado acaba ocorrendo à dupl a penalidade do apenado: a pena de prisão e o l a ment ável est ado de saúde que el e adquire durant e a sua per manênci a no cárcere. Co mo t a mbé m pode ser const at ado o descu mpri ment o dos di spositi vos da Lei de Execução Penal, que prevê no art. 40, i nc. VII, i n

verbi s: “assist ênci a mat erial, à saúde, j urí di ca, educaci onal, soci al e reli gi osa”.

Ressalt a-se que o direit o à saúde por part e do preso co mo u ma obri gação do Est ado. Out ra vi ol ação ao di spositi vo da LEP e m rel ação à saúde do preso est á no art. 117, i nc. II, onde di spõe que So ment e se ad mitirá o recol hi ment o do benefi ci ári o de regi me abert o e m resi dênci a parti cul ar quando se trat ar de: I - condenado mai or de 70 (set ent a) anos; II - condenado aco meti do de doença grave.

Nessa hi pót ese, t or na-se desnecessári o a manut enção do preso enf er mo e m est abel eci ment o prisi onal, não apenas pel o descumpri ment o do di spositi vo l egal, mas t a mbé m pel o fat o de que a pena teri a per di do ai seu carát er retri buti vo ao condenado a pena de morrer dentr o da prisão.1 3

Dessa for ma, a manut enção do preso e m est ado depl orável de saúde est ari a fazendo co m que a pena não só perdesse o seu carát er ressoci ali zador, mas t a mbé m est ari a sendo descu mpri do u m pri ncí pi o geral do Direit o, consagrado no art. 5º da Lei de i ntr odução ao Códi go Ci vil1 4, ta mbé m aplicável subsi di ari a ment e na esfera cri minal, e por consequênci a, na execução penal, que e m seu t ext o di spõe: “ Na aplicação da l ei, o j ui z at enderá aos fi ns soci ai s a que el a se diri ge e às exi gênci as do be m co mu m”.

1 3ASSI S, Rafael Da masceno. A reali dade at ual do sist e ma penitenci ári o brasileiro. Revi st a CEJ, Brasília, Ano XI,

n. 39, out/ dez. 2007 p. 75.

1 4BRASI L. Decret o- Lei nº 4.657, de 4 de set e mbr o de 1942. Lei de Introdução às nor mas do Direit o

Br asil eiro. ( Redação dada pel a Lei nº 12. 376, de 2010. Disponí vel e m: <htt p:// www. pl analt o. gov. br/ cci vil _03/ decret o-l ei/ Del 4657. ht m>. Acesso e m 08 mai o 2015.

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8 Co m a l ot ação do sist ema prisi onal, não exi st em mai s est abel eci ment os prisi onai s desti nados, excl usi va ment e, aos presos que aguar da m j ul ga ment o. Cadei as públi cas, del egaci as, presí di os, penit enci ári as, t odos fora m transf or mados e m depósit o de pessoas, que não são trat ados co mo t ais. As rebeli ões que t e m acont eci do no Br asil co m ta manha frequênci a, já faze m part e do di a a di a e é result ado da caóti ca reali dade do sist ema penit enci ári o. A rei nvi ndi cação mai s co mu m é a de mel hor es condições nos est abel eci ment os prisi onai s.

O Br asil possui um dos mai ores sist e mas prisionai s do pl anet a e são not óri as as condi ções cr uéi s e desu manas de cu mpri ment o de pena e m nosso paí s.

As condi ções sanit ári as são ver gonhosas e as condi ções de cu mpri ment o da pena beira m a bar bári e.1 5

A f al ênci a do sist e ma carcerári o brasil eiro t e m si do apont ada acert ada ment e, co mo u ma das mai ores mazel as do model o repressi vo brasileiro, que hi pocrit a ment e, envi a condenados para penit enci ári as, co m a apregoada fi nali dade de reabilit á-l o ao conví vi o soci al, mas j á sabendo que, ao ret or nar à soci edade, esse i ndi vi duo est ará mai s despreparado, desa mbi ent ado, i nsensí vel e, pr ovavel ment e, co m mai or desenvoltur a para a práti ca de outros cri mes, at é mai s vi ol ent os e m rel ação ao que o conduzi u ao cárcere.1 6

2. 3 Si st e mas Prisi onai s

2. 3. 1 Si st e ma penit enci ári o pensil vâni co

Teve sua ori ge m, e m 1681, na Col ôni a da Pensil vâni a. Possuí a o obj eti vo de abrandar a ri gor osi dade do sist e ma penal i ngl ês, ou sej a, acabar co m as penas cor por ai s e mutil ant es, substit ui ndo- as por pri vação de li ber dade e trabalhos forçados. E adot ando a pena de mort e no caso excl usi vo de ho mi cídi o1 7.

Cont udo, e m 1786, exi sti u outra alt eração no sist e ma, o qual preferi u por acabar o trabal ho obri gado, conti nuando so ment e o encarcera ment o.

As f unda ment ai s parti culari dades desse sist e ma são: o isol a ment o do preso nu ma cel a; a oração e a absti nênci a tot al de bebi das al coóli cas.

1 5SENNA, Virdal. Sist e ma penit enci ári o brasileiro. Disponí vel e m:

<htt p:// www. webarti gos. co m/ arti cl es/ 4242/ 1/ sist e ma- prisi onal/ pagi na1. ht ml >. Acesso e m 08 mai o 2015.

1 6 MI RABETE, Júli o Fabrri ni. Ma nual de direit o penal: part e geral. 25. ed. São Paul o: Atl as, 2009. p. 145 1 7RODRI GUES, Vir gí ni a Sil véri o. Si st e mas penit enci ári os. Di sponí vel e m: < htt p:// www. arti gonal. co m/ direit

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9 Co mo é evi dent e ressaltar, esse sist e ma cont é m fort e i nfl uênci a t eol ógi ca, e mbor a apresent asse t a mbé m i nfl uênci as do Ho war d e de Beccari a, pensadores il umi ni st as. Na vi são do sist e ma, a reli gi ão era i mpr esci ndí vel ao preso, poi s era consi derada a ferra ment a que o recuperari a. O isol a ment o, ent ão, era expli cado por esse pensa ment o, uma vez que a soli dão o fari a t er t e mpo para medit ar e orar. Esse isol ame nt o, cont udo, passava ser um martíri o ao condenado, que não vi a possi bili dades de se ressoci ali zar através dessa práti ca. Conf eri ndo, apenas, um carát er de purifi cação à pena1 8.

2. 3. 2 Si st e ma penit enci ári o aubur ni ano

As li mit ações e a i nefi ci ênci a do sist e ma pensil vânico i mpul si onara m a busca por outr o model o penit enci ári o. Em 1796 houve alt erações si gnifi cati vas nas sanções penai s, nas quai s fora m substit uí das a pena de mort e e os casti gos cor porai s pel a pena de prisão1 9.

Um ano após est e fat o foi i naugur ada a prisão de Ne wgat e, e por ser pequena, não aderi u o confi na ment o solit ário. Apr oxi mada ment e vint e anos depoi s foi construí da a pri são de Aubur n, que desti nou parte de sua estrut ura ao regi me de isol a ment o2 0.

A pri meira al a era a mai s isol ada, est ando-se nel a os presos mai s vel hos e os deli nquent es i nfl exí vei s. A segunda al a era desi gnada àquel es que ti nha m li cença para trabal har, fi cando isol ados apenas três vezes na se mana. Na terceira al a per maneci a m os que esti vesse m passí vei s de recuperação.

Val e obser var que os presos, durant e o di a, fi cavam e m conj unt o, só sendo recol hi dos no perí odo not ur no.

Em rel ação co m o sist e ma pensil vâni co, percebeu-se que o nú mer o de mor t os e surt os era i nferi or, al é m de ser um si st e ma mai s econô mi co, t endo e m vi st a que al guns pres os trabal hava m no sist e ma aubur ni ano.2 1

1 8 I de m

1 9 LUDKE, Lai sa. Si ste mas penit enci ári os e escol as penai s. Disponí vel em: <

htt p:// www. ebah. co m. br/ cont ent/ ABAAAAwGs AF/ si st emas- peni t enci ari os- escol as- penai s>. Acesso e m: 09 mai o 2015.

2 0 I de m

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10 2. 3. 3 Si st e ma penit enci ári o pr ogressi vo

O si st e ma pr ogr essi vo é u m si st e ma mai s afável entre os três e t a mbé m o adot ado pel o Br asil. Disti ngue-se pel o acor do de que o preso deve receber benfeit ori as quant o mai s pert o se encontra o fi m do cu mprime nt o da pena, ist o é, pr opi ci ar ao condenado a possi bili dade de volt ar à soci edade aos poucos.

Par a conseguir o direito à pr ogressão de regi me, o preso deve: t er um bo m co mport a ment o; t er uma resi dênci a fi xa; ter uma pr opost a de e mpr ego; t er cu mpri do o l apso te mpor al esti pul ado para cada cri me co meti do.

Tendo cu mpri do esses requi sit os, o condenado irá passar por três regi mes, sendo el es: Regi me Fechado. É a primei ra fase de cu mpri ment o de pena. Co mo o pr ópri o no me di z, o preso deve cu mprir sua pena dentr o do presí di o; regi me se mi abert o. É a segunda fase da pr ogressão, é o regi me no qual o preso t erá concedi do o direito de passar o di a j unt o à soci edade podendo trabal har, exercer cursos, e et c. volt ando apenas à noit e para dor mir no presí di o; regi me abert o é a t erceira fase de pr ogressão, é o regi me no qual o preso volt a-se a soci edade, cont udo, co m cert as restri ções de ir e vir.2 2

É de su ma i mport ânci a ressalt ar que é possí vel regredir de regi me quando o condenado co met e u m cri me dol oso ou u ma falt a grave ou t ambé m quando o recuperando é condenado por u m cri me co meti do ant eri or ment e cuj a so ma da pena co m a j á exi st e não possi bilit e mai s o benefí ci o. Ta mbé m quando, podendo pagar a multa i mpost a, não o faz.2 3

2. 4 Si st e ma prisi onal pelo mundo moder no

2. 4. 1 Nor uega co mo model o de reabilit ação de crimi nosos

A Nor uega foi consi derada pel a ONU, e m 2012, o mel hor paí s para se vi ver (1º no ranki ng do I DH) e de acordo co m l evant a ment o feit o pel o Instit ut o Avant e Br asil, o 8º paí s co m a menor t axa de ho mi cídi os no mundo, l á o siste ma carcerári o chega a reabilit ar 80 % dos cri mi nosos, ou sej a, apenas 2 e m cada 10 presos volt a m a co met er cri mes; é u ma das menor es taxas de rei nci dênci a do mundo. Em u ma prisão em Bast oy, cha mada de ilha paradi sí aca, essa rei nci dênci a é de cerca de 16 % entre os ho mi cidas, est upradores e traficant es que por ali

2 2 RODRI GUES, Vir gí ni a, op. cit 2 3 Ide m

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11 passara m. Os EUA chega m a regi strar 60 % de rei nci dênci a e o Rei no Uni do, 50 %. A médi a eur opei a é 50 %.2 4

A Nor uega associ a as bai xas t axas de rei nci dênci a ao fat o de t er seu sist e ma penal paut ado na reabilit ação e não na puni ção por vi ngança ou ret ali ação do cri mi nos o. A reabilit ação, nesse caso, não é u ma opção, el a é obri gat óri a. Dessa for ma, qual quer cri mi nos o poderá ser condenado à pena máxi ma previ st a pel a l egi sl ação do paí s (21 anos), e, se o i ndi ví duo não co mpr ovar est ar t ot al ment e reabilitado para o conví vi o soci al, a pena será pr orr ogada, e m mai s 5 anos, at é que sua rei nt egração sej a co mpr ovada2 5.

No presí di o, um prédi o, e m mei o a u ma fl orest a, decorado co m grafit es e quadr os nos corredores, e na qual as cel as não possue m grades, mas si m u ma boa ca ma, banheir o co m vaso sanit ári o, chuveir o, t oal has brancas e port a, tel evisão de t el a pl ana, mesa, cadeira e ar mári o, quadr o para afi xar papéis e fot os, al é m de gel adeiras. Encontra-se l á uma a mpl a bi bli ot eca, gi nási o de esport es, ca mpo de fut ebol, chal és para os presos recebere m os fa mili ares, est údi o de gravação de músi ca e ofi ci nas de trabal ho. Nessas ofi ci nas são ofereci dos cursos de f or mação pr ofissi onal, cursos educaci onai s e o trabal hador recebe u ma pequena re muneração. Para contr ol ar o óci o, oferecer muit as ati vi dades educaci onai s, de trabalho e l azer são as estrat égi as.2 6

As pessoas responsávei s pel o cui dado dos det ent os preci sa m passar por no mí ni mo doi s anos de preparati vo para o car go, e m u m curso superi or, abrangendo co mo obri gação pri nci pal most rar respeit o a t odos que ali est ão. Part e m do pressupost o que ao mostrare m respeit o, os outr os t a mbé m aprenderão a respeit ar.

A diferença entre o siste ma de execução penal nor ueguês e m rel ação ao si st e ma da mai ori a dos paí ses, co mo o brasil eiro, a meri cano, ingl ês é que el e é funda ment ado na i dei a que a prisão é a pri vação da li ber dade, e paut ado na reabilitação e não no trat a ment o cr uel e na vi ngança.2 7

O det ent o, nesse model o, é obri gado a mostrar pr ogressos educaci onais, labor ai s e co mport a ment ai s, e, dessa for ma, pr ovar que pode t er o direit o de exercer sua li ber dade nova ment e j unt o a soci edade.2 8

2 4GOMES, Lui z Fl ávi o. Noruega co mo model o de reabilitação de cri minosos. Disponí vel e m: <

htt p://i nstit ut oavant ebrasil. com. br/ nor uega-co mo- model o- de-reabilit acao- de-cri minosos/ >. Acesso e m 10 mai o 2015.

2 5 Ide m

2 6 GOMES, Lui z Fl ávi o, op. cit. 2 7 Ide m

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12 A diferença entre os doi s paí ses ( Nor uega e Br asil) é que enquant o l á os presos sae m e pr ati ca ment e não co met em cri mes, respeit ando a popul ação, aqui os presos sae m r oubando e mat ando pessoas. Mas essas são consequênci as aparent e ment e col at erai s, por que a popul ação ma ni fest a muit o mai s prazer no massacre contra o pr eso pr oduzi do dentr o dos presí di os.2 9

2. 4. 2 Si st e ma prisi onal na Sui ça

O sist e ma penit enci ári o suí ço é avali ado model ar e m ní vel eur opeu. Possui fazendas para cri ação de ani mai s e pr odução agrí col a no lugar de prisões tradi ci onai s, sendo part e da pr oduti vi dade reser vada ao consu mo dentr o do própri o est abel eci ment o e outra part e ser ve para at ender rest aurant es. A cozi nha e ali ment ação dos presos é consi derada excel ent e e dentr o dos padr ões de hi gi ene. Apesar de não ser obri gat ório o trabal ho, nor mal mente o preso opt a por u ma ati vi dade dentr o dos mai s di versos ofí ci os di sponí vei s. A manut enção pr edi al ta mbé m fi ca a car go dos presos. Além di sso, vári os presos est uda m por correspondênci a e frequent e ment e vi sit a m as bi bli ot ecas di sponí vei s.3 0

Os tri bunai s suecos vê m apli cando sent enças mai s l eni ent es a delit os rel aci onados às dr ogas, depoi s de u ma deci são do supre mo tri bunal do paí s e m 2011, o que expli ca ao menos e m part e a queda súbit a no nú mer o de novos presidi ári os.3 1

Os ser vi ços penit enci ários suecos preser varão a opção de reabrir duas das pri sões desati vadas, caso o nú mero de det ent os volt e a subir.3 2

A Suéci a est á passando por t a manha queda no nú mer o de prisi oneiros recebi dos por suas penit enci ári as, nos últi mos doi s anos, que as aut ori dades da Justi ça do paí s deci dira m fechar quatro prisões e um centr o de det enção.3 3

2. 4. 3 Si st e ma prisi onal da Hol anda

Em 2012 o Mini st éri o da Justi ça hol andês di vul gou que est ava fechando oit o pri sões e de miti ndo mai s de 1200 funci onári os. O moti vo foi à queda no nú mer o de presos, que vi nha ocorrendo nos últi mos anos, dei xando muit as cel as vazi as. Paí ses co mo Br asil, Rússi a e Est ados

2 9 GOMES, Lui z Fl ávi o, op. cit.

3 0 GOMES, Lui z Fl ávi o. Suéci a e Hol anda fecha m prisões. Brasil fecha m escol as e abre m prisão. Disponí vel e m:

< htt p://i nstit ut oavant ebrasil. co m. br >. Acesso e m: 09 mai o 2015.

3 1 Ide m 3 2 Ide m 3 3 Ide m

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13 Uni dos se mostra m co mo os mai ores paí ses encarcerador es, ati ngi ndo médi as altíssi mas de encarcera ment o e de númer os de presí di os3 4.

Dur ant e os anos 1990, a Hol anda enfrent ou u ma escassez de cel as de pri são, mas u m declí ni o nas t axas de crimi nali dade, desde ent ão, levou ao excesso de capaci dade no si st e ma pri si onal. O paí s, que t em capaci dade para cerca de 16. 400 presos abri gava 13. 700, e m 2012, 83 % da sua capaci dade tot al.3 5

Em 2013 f ora m noti ci adas pel a i mpr ensa hol andesa al gu mas grandes refor mas para o sist e ma prisi onal hol andês. Essas ref or mas fora m intr oduzi das a fi m de econo mi zar 340 mil hões de eur os, uma grande parte dos mil hões de eur os de cort es que est ão a ser impl e ment ados pel o Mi ni st éri o da Segur ança e Justi ça at é 2018.3 6

2. 5 Fi nali dades das penas

Da mási o E. de Jesus3 7, defi ne pena da segui nt e for ma:

Pena é sanção afliti va i mpost a pel o Est ado, medi ant e ação penal, ao aut or de u ma i nfl ação (penal), co mo retri bui ção de seu at o ilícit o, consi st ent e na di mi nui ção de u m be m j urí di co e cuj o fi m é evit ar novos delit os. A pena t e m fi nali dade preventi va no sentido de evit ar a práti ca de novas i nfrações. A prevenção é geral e especi al. Na prevenção geral o fi m i nti midati vo da pena diri ge-se a t odos os desti nat ári os da nor ma penal, vi sando a i mpedir que os me mbr os da soci edade pr ati que m cri mes. Na prevenção especi al a pena vi sa o aut or do delit o, retirando- o do mei o soci al, i mpedi ndo- o de deli nquir e pr ocurando corrigi -l o.

De acor do co m Fer nando Capez3 8 ,

[...] a sanção penal de carát er afliti vo, i mpost a pel o est ado, em execução de u ma sent ença, ao cul pado pel a práti ca de u ma i nfração penal, consi st ent e na restri ção ou pri vação de u m be m j urí di co, cuj a fi nali dade é apli car a retri bui ção puniti va ao deli nquent e, pr o mover a sua readapt ação soci al e prevenir novas transgressões pel a i nti midação diri gi da à col eti vi dade.

Segui ndo essa li nha, entende-se que a pena apresent a dupl a fi nali dade, ati ngi ndo não so ment e o agent e deliti vo, mas t a mbé m a soci edade co mo u m t odo, uma vez que t al i nstit ut o trans mit e ao ci dadão as penas i mpost as aos que co met e m delit os, fazendo co m que a sanção i mpost a ao deli nquent e não só t enha u m carát er ressoci ali zador, co mo t a mbé m preventi vo.

3 4 Ide m

3 5 GOMES, Lui z Fl ávi o Go mes, op. cit. 3 6 Ide m

3 7 JESUS, Da mási o E. de Jesus. Diret o Penal. 22. ed. São Paul o: Sarai va, 1999. p. 519

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14

3 A RESS OCI ALI ZAÇÃO NO SI STE MA PRI SI ONAL BRASI LEI RO ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO

Segundo Ferreira3 9 defi ni ção literal da pal avra ressoci alizar é “t or nar a soci ali zar (-se)”.

Segundo Cl ovi s Al bert o Vol pe Fil ho4 0 “O t er mo ressocializar traz e m seu boj o a i dei a de fazer

co m que o ser hu mano se tor ne nova ment e soci al (ou sóci o). Ist o por que, deve-se ressoci ali zar aquel e que foi desressoci alizado”.

Na concepção de Cezar Robert o Bit encourt4 1 “[...] o objeti vo da ressoci ali zação é esperar do

deli nquent e o respeit o e a aceitação de tais nor mas com a fi nali dade de evitar a prática de novos delit os”. A r essoci ali zação sur ge co mo fi nali dade da pena nu m perí odo cha mado huma nit ári o, e na cont e mpor anei dade, infl uenci ada pel o movi ment o neoconstit uci onalista, que conf eri u aos pri ncí pi os constit uci onais força nor mati va e o st atus de nor ma supre ma.

Pr et ende-se expl orar, cada vez mai s, o carát er ressoci ali zador da pena. Not a-se que at ual ment e u m dos t e mas mai s debati dos é a di gni dade da pessoa hu mana, princí pi o que assi nal a m co mo pri nci pal percursor das refor mas penai s cont e mpor âneas. Vej a mos:

Um dos funda ment os do Est ado brasil eiro é a di gni dade da pessoa hu mana. No est ado De mocr áti co de Direit o t odos os pri ncí pi os que rege m devem se basear no respeit o à pessoa hu mana, poi s est a funci ona co mo pri ncí pi o estrut urant e, ou sej a, represent a o arcabouço políti co funda ment al constit uí do do Est ado e sobre o qual se assent a t odo o or dena ment o j urí di co. Por isso, é consi derado co mo pri ncí pi o mai or na i nt er pr et ação de t odos os direit os e garanti as conferi dos às pessoas.4 2

Par a Al exandr e de Mor aes4 3 ,

A di gni dade da pessoa hu mana se manifest a si ngul ar ment e na aut odet er mi nação consci ent e e responsável da pr ópri a vi da e traz consi go a pret ensão por part e das de mai s pessoas, constit ui ndo-se u m mí ni mo i nvul nerável que t odo est at ut o j urí di co deve assegura e, de modo que, so ment e excepci onal ment e, possa m ser feit as li mit ações ao exercí ci o dos direit os funda ment ai s, mas sempr e se m menos prezar a necessári a esti ma que mer ecem t odas as pessoas enquant o seres hu manos. O direit o à vi da pri vada, à i nti midade, à honra, à i mage m, dentre outr os, apar ece m co mo consequênci a i medi at a da consagração da di gni dade da pessoa hu mana co mo funda ment o da Repúbli ca Federati va do Br asil.

3 9FERREI RA, Aur éli o Buar que de Hol anda. Aur éli o sécul o XXI: o di ci onári o da lí ngua port uguesa. Ri o de

Janeir o: Nova Fr ont eira, 2012.

4 0VOLPE FI LHO, Cl ovi s Albert o. Ressoci alizar ou não-dessoci alizar, eis a quest ão. Disponí vel e m:

<htt p:// www. direit onet. co m. br/arti gos/ exi bir/ 5081/ Ressociali zar-ou- nao- dessoci ali zar-ei s-a- quest ao>. Acesso e m: 10 mai o 2015.

4 1BI TENCOURT, op. cit. p. 143.

4 2TOS HI, Ali ne. Di gni dade da pessoa hu mana e garantis mo penal. Disponí vel e m:

<htt p://j us. co m. br/revi st a/t exto/ 3967/ di gni dade- da- pessoa- hu mana. >. Acesso e m: 10 mai o 2015.

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15 A di gni dade da pessoa huma na no or dena ment o j urí di co se apresent a co mo funda ment o da Repúbli ca, sendo u m dos pri nci pai s moti vos para, pel o menos de for ma teóri ca, pensar t ant o na ressoci ali zação.

Ent ende-se a práti ca da ressoci ali zação co mo u ma necessi dade de pr o mover ao apenado as condi ções del e se reestrut urar, a fi m de que ao volt ar à soci edade não mai s t or ne a deli nquir. A r essoci ali zação ve m no i nt uit o de trazer a di gni dade, resgat ar a aut o esti ma do det ent o, trazer aconsel ha ment o e condi ções para u m a madur eci ment o pessoal, al é m de l ançar e efeti var pr oj et os que traga m pr oveit o pr ofissi onal, entre outras for mas de i ncenti vo, e co m el a os direit os bási cos do preso vão sendo poucos pri ori zados.4 4

A Decl aração Uni versal dos Direit os Hu manos no seu art. 1º4 5, afir ma: “Todas as pessoas nasce m li vres e iguai s e m di gni dade e direit os. São dot adas de razão e consci ênci a e deve m agir e m rel ação umas às outras co m espírito de frat er ni dade. ”

Val e dest acar que o apenado que co met eu u m err o deve arcar co m suas consequênci as, mas não pode ser esquecido que enquant o ser hu mano deve ser trat ado co m hu mani dade e co m condi ções para que volt ando à soci edade e não volte a vi da de cri mi nali dade.

3. 2 A ressoci ali zação através da educação

A educação no sist e ma t eve i ni ci o na década de 50, ant es di sso, a prisão era apenas u ma pr opost a de isol a ment o de pessoas que ti veram atit udes fora dos padr ões aceit ávei s e m soci edade e não havi a propost a de requalifi car os i nfrat ores.

É u m dos assunt os mai s discuti dos no â mbit o do sist e ma penit enci ári o br asil eir o é a i mpl ant ação de medi das de ressoci ali zação. Especi alist as apont a m que o i nvesti ment o e m educação é a mai s efi caz del as, ao passo que, al é m de ocupar a ment e dos i nternos, el eva o seu ní vel i nt el ect o-cult ural, capacit ando- os para a rei nserção no mer cado de trabal ho. Por isso, al guns i nstrument os l egais val ori za m esse ti po de ini ci ati va e esti mul a m os det ent os a parti ci par das aul as mi ni stradas nos presí di os brasil eiros.

4 4FI GUEI REDO NETO, Manoel Val ent e. A r essoci ali zação do pr eso na r eali dade br asil eir a: per specti va

par a as pol íti cas públi cas. Di sponí vel em: < htt p:// www. a mbi t o-j uri di co. co m. br/ sit e/i ndex. php?n_li nk=r evi st a_arti gos_l ei t ur a&arti go_i d=6301>. Acesso e m: 10 mai o 2015.

4 5DECL ARAÇÃO UNI VERSAL DOS DI REI TOS HUMANOS. Di sponí vel em: <

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16 O trabal ho de reeducação est á a mpar ado pel a Constit ui ção Federal no artigo 2084 6 que reza:

Art. 208 - O dever do Est ado co m a educação será efeti vado me di ant e a garanti a de: I – ensi no funda ment al obri gat óri o e grat uit o, assegurada, i nclusi ve, sua oferta grat uit a para t odos os que a el e não ti vera m acesso na i dade pr ópri a.

[...] § 1º O acesso ao ensi no é obri gat óri o e grat uit o é direit o públi co subj eti vo. [...].

Esse direit o públi co subjeti vo ve m benefi ci ar a vida carcerári a, pel o fat o de resgat ar o det ent o apri mor ando sua aut oesti ma e confi ança co mo pr o missora de u m fut ur o al ar gado e m ní vel cult ural, e m conheci ment os e e m descobert as reali zadas e m favor de seu cresci ment o e m mei o à soci edade.

A r essoci ali zação t a mbém é obj et o de grande valia no que concer ne à rei nci dênci a. De acor do co m o Códi go Penal e m seu arti go 61, i nciso I, a rei nci dênci a é tratada co mo u ma das circunst ânci as agravant es, esse é mai s um moti vo para não dei xar de trabal har da mel hor for ma possí vel uma reeducação no sist e ma carcerári o. A ressoci ali zação e m mei o às i nfrat oras é u ma quest ão pouco di scuti da, mas co mo há pr obl e mas e m si st e mas carcerári os masculi nos há ta mbé m nos fe mi ni nos.

O arti go 19, da Lei de Execução Penal4 7 dispõe:

Art. 19 - O ensi no pr ofissional será mi ni strado e m ní vel de i ni ci ação ou de aperfei çoa ment o t écni co.

Par ágraf o úni co. A mul her condenada t erá ensi no pr ofissi onal adequado à sua condi ção.

Assi m de monstrando uma preocupação e m reeducá-l as, poi s co mo sabe mos a pr eparação há de ser equiparada à dos ho mens, por um f ut ur o egresso, se m decepções por part e das condenadas co mo por part e dos que os aguar da m, que é a soci edade.

É not óri o que a l egi sl ação que rege os centr os penitenci ári os, os presos e os funci onári os são evi dent es. Poré m, cabe a apli cação de for ma devi da, uma vez que não est á sendo cu mpri da; caso não essa apli cação não acont eça, a ver dadeira ressoci ali zação não ocorrerá, fi cando a soci edade expost a aos probl e mas desenfreados com a rei nt egração do preso.

Es peci alist as apont a m que o i nvesti ment o e m educação nos presí di os é a mai s efi caz del as. Em 2007 a Corregedori a- Ger al de Justi ça de Ser gi pe reconheci a a remi ssão de pena pel o est udo aos condenados que cu mpr e m pena pri vati va de li ber dade nos regi mes fechado e

4 6 BRASI L. Constit ui ção Federal 1988, op. cit. 4 7BRASI L. Lei de Execução Penal, op. cit.

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17 se mi abert o no sist e ma prisi onal do Est ado. Agor a a presi dent e Dil ma Rousseff sanci ona Lei det er mi nando que, a cada doze horas de frequênci a escol ar, de ati vi dade de ensi no funda ment al, mé di o, superi or ou de requalifi cação pr ofissi onal, um di a de pena deve ser re mi do.4 8

A i mport ânci a das medi das i mpl ant adas co m a fi nali dade de el evar o ní vel educaci onal dos i nt er nos do sist e ma penit enci ári o é reconheci da, i ncl usi ve, pel o Decret o presi denci al nº 7. 626/ 2011, que i nstit ui o Pl ano Estrat égi co de Educação no Si st e ma Prisi onal ( PEESP) e m seu art. 3º4 9 dispõe:

Art. 3o - São diretri zes do PEESP:

I - pr o moção da rei nt egração soci al da pessoa e m pri vação de li ber dade por mei o da educação;

II - i nt egração dos ór gãos responsávei s pel o ensi no públi co co m os ór gãos responsávei s pel a execução penal; e

III - foment o à for mul ação de políti cas de at endi ment o educaci onal à cri ança que est ej a e m est abel eci ment o penal, e m razão da pri vação de li ber dade de sua mãe.

A mai or preocupação est á volt ada ao trabal ho, poi s est e é consi derado o pont o funda ment al para o control e e recuperação do preso, mas da mes ma f or ma que no Br asil, exi st e resist ênci a na contrat ação dest es por muit os e mpr esári os e m contrast e a outros e mpr esári os que auxili a m na rei nt egração.

Sabe-se que o mil agre da educação acont ece quando se passa a ver um mundo que nunca ti nha si do vi st o. Por essa razão, necessári o se faz present ar a educação co mo ferra ment a de li bert ação para u m i ndiví duo encl ausurado, que muit as vezes não é alfabeti zado ou é alfabeti zado funci onal e educar pessoas que est ão pri vadas de li ber dade vai muit o mai s al é m do que si mpl es ment e alfabeti zá-l o.5 0

Cont udo, é preci so t er profi ssi onai s qualifi cados nas escol as e nos presí dios. Segundo Rubens Al ves apud Gabriel Nogueira,5 1

É pel a educação que o i ndi víduo se t or na mai s apt o para vi ver. Para el e não exi st e coi sa mai s i mport ant e que educar (...) pel a educação el e se t orna mai s sensí vel e mai s rar o i nt eri or ment e, o que faz del e u ma pessoa mai s bonit a, mai s feli z e mai s capaz de convi ver co m os outr os. Por consegui nt e, não se pode fal ar e m ressoci ali za o preso, se m ant es soci oeducá-l o. É preci so educar para vi ver.

4 8 NOTÍ CI AS DE SERGI PE. Di sponí vel e m: <htt p:// www. fernando machado. bl og. br/ novo/ notici as-de-sergi

pe-323/ >. Acesso e m: 11 mai o 2015.

4 9 BRASI L. Decret o n. 7. 626/ 201. Instit ui o Pl ano Estrat égico de Educação no â mbit o do Si st e ma Prisi onal.

Di sponí vel e m: htt p:// www. pl analt o. gov. br/ cci vil _03/ _At o2011- 2014/ 2011/ Decret o/ D7626. ht m>. Acesso e m: 11 mai o 2015.

5 0 Apud NOGUEI RA J ÚNI OR, Ga bri el Ri beiro. As políticas públi cas de rei nserção soci al no sist e ma penit enci ári o

ser gi pano. (2013 - 2014). Dissert ação sub meti da ao pr ogra ma de pós- graduação e m direit o da Uni versi dade Ti radent es, 2015.

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18 Dest art e, é nessa co mpreensão de que a educação possi bilit a a transfor mação do i ndi ví duo, que se sust enta a i mport ânci a que o est udo t e m na vi da de todos e de maneira especi al, para o preso que, muit as vezes mar gi nalizado e excl uí do, é i mpelido ao co meti ment o da práti ca deliti va, cuj a consequênci a é o alij a ment o soci al.5 2

3. 3 A ressoci ali zação no sist e ma prisi onal ser gi pano através da educação

No ano de 2007, o Pr ovi me nt o nº 09/ 2007 da Corregedori a- Ger al de Justi ça do Est ado de Ser gi pe reconheci a a re missão de pena pel o est udo aos condenados que cu mpr e m pena pri vati va de li ber dade nos regi mes fechado e se miabert o no sist e ma prisi onal do Est ado. E, no mes mo senti do, foi sancionada pel a presi dent e Dil ma Roussef e m 2011, a Lei nº 12. 4335 3 que alt er ou os arti gos 126, 127, 128 e 129 da Lei no 7. 210, de 11 de j ul ho de 1984 ( Lei de Execução Penal),

fi cando o art. 126 co m a segui nt e redação:

Art. 126 - O condenado que cu mpr e a pena e m regi me fechado ou se mi abert o poder á re mir, por trabal ho ou por est udo, part e do t e mpo de execução da pena.

§ 1o A cont age m de t e mpo referi da no caput será feit a à razão de:

I - 1 (um) di a de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escol ar - ati vi dade de ensi no funda ment al, médi o, incl usi ve pr ofissi onali zant e, ou superi or, ou ai nda de requalifi cação pr ofissi onal - divi di das, no mí ni mo, e m 3 (três) di as;

II - 1 (u m) di a de pena a cada 3 (três) di as de trabal ho.

§ 2o As ati vi dades de est udo a que se refere o § 1o dest e arti go poderão ser

desenvol vi das de for ma presenci al ou por met odol ogi a de ensi no a di st ânci a e dever ão ser certifi cadas pel as aut ori dades educaci onai s co mpet ent es dos cursos frequent ados. § 3o Para fi ns de cu mul ação dos casos de re mição, as horas di ári as de trabal ho e de

est udo serão defi ni das de for ma a se co mpati bili zare m.

§ 4o O preso i mpossi bilit ado, por aci dent e, de pr osseguir no trabal ho ou nos est udos

conti nuará a benefi ci ar-se com a re mi ção.

§ 5o O t e mpo a re mir e m f unção das horas de est udo será acresci do de 1/ 3 (u m t erço)

no caso de concl usão do ensi no funda ment al, médi o ou superi or durant e o cu mpri ment o da pena, desde que certifi cada pel o ór gão compet ent e do sist e ma de educação.

§ 6o O condenado que cu mpr e pena e m regi me abert o ou semi abert o e o que usufr ui

li ber dade condi ci onal poderão re mir, pel a frequênci a a curso de ensi no regul ar ou de educação pr ofissi onal, part e do t e mpo de execução da pena ou do perí odo de pr ova, obser vado o di spost o no i nci so I do § 1o dest e arti go.

§ 7o O di spost o nest e arti go apli ca-se às hi pót eses de prisão caut el ar.

§ 8o A re mi ção será decl arada pel o j ui z da execução, ouvi dos o Mini st éri o Públi co e

a defesa. ”

5 2 Ide m

5 3 BRASI L. Lei n. 12. 433/ 2011. Al t era a Lei no 7. 210, de 11 de j ul ho de 1984 ( Lei de Execução Penal), para dispor

sobre a re mi ção de part e do t e mpo de execução da pena por est udo ou por trabalho. Disponí vel e m: < htt p:// www. pl analt o. gov. br/ cci vil _03/ _at o2011- 2014/ 2011/lei/l 12433. ht m>. Acesso e m: 11 mai o 2015.

(20)

19 O obj eti vo da referi da l ei é i ncenti var o bo m co mport a ment o do preso e sua readapt ação à vi da soci al, e a i nt egração ext ensi va, no caso, seri a necessári a, por se consi derar que a educação for mal é o mei o mai s efi caz de i nt egração do i ndi vi duo à soci edade.

Em Ser gi pe, a Secret ari a de Est ado de Justi ça e de Def esa ao Consu mi dor ( SEJ UC) afir ma ser a alfabeti zação e rei nserção soci al dos presos na soci edade uma das suas met as pri nci pai s e, pensando ni sso, mant é m ati vi dades educati vas e m oit o uni dades do Est ado: COMP E MCAN ( São Crist óvão), COMP AJ AF e HCTP ( Ar acaj u), PRE MABAS ( Tobi as Barret o), PEAB I e II ( Arei a Br anca), PREFE M e Cadei a Públi ca de Nossa Senhor a do Socorr o. De acor do co m a coor denador a educaci onal do Sist e ma Pri si onal e m Ser gipe, El ane Mar ques, há três pr ogra mas e m anda ment o e um e m fase de i mpl ant ação, e m parceria co m a Secr et ari a de Est ado da Educação (SEED).

Segundo a coor denador a El ane,

Al é m do ENCCEJ A ( Exa me Naci onal de Certifi cação e Compet ênci a da Educação de Jovens e Adult os) e do ENE M ( Exa me Naci onal do Ensi no Mé di o), te mos o Ser gi pe Al f abeti zado funci onando e m oit o uni dades, e i mpl ant are mos, no segundo se mestre, o EJ A ( Educação de Jovens e Adult os), que j á cont a co m 156 al unos i nscrit os di stri buí dos e m 14 sal as de aula. Ai nda de acor do co m el a, há três t ur mas de ref orço funci onando para o Exa me Supl eti vo de Alfabeti zação no Co mpaj af e no HCTP e a Sej uc oferece ensi no t écni co- profissi onali zant e no Presí di o Fe mi ni no e no Co mpaj af. No Pr efe m, j á acont ece cursos de cort e e cost ura e, e m parceria co m o Senac e o Senai, há t a mbé m cursos de rej unt e para construção ci vil e mani cure. ( ELANE MARQUES, 10/ 042015).

De acor do a pesqui sa realizada por Gabri el Nogueira,5 4

Out ra i ni ci ati va i nt eressant e e que t a mbé m ocorre e m t odos os presí di os ser gi panos é a reali zação de ref orço escol ar durant e o perí odo que ant ecede essas avali ações para obt enção de mel hor es result ados por part e dos al unos presos, be m co mo a i mpl ant ação, t a mbé m e m parceri a co m a Secret ari a Est adual de Educação do pr ogr a ma de Educação para Jovens e Adult os ( EJ A), e m duas fases: a pri meira do 1º. ao 5º. ano e a segunda do 6º. ao 9º. ano.

Segundo o DESI PE, e m j unho de 2013, havi a mai s de 4. 000 (quatro mil) presos no Si st e ma Penit enci ári o Sergi pano, sendo que boa part e de t ais i nt er nos era m presos pr ovi sóri os, port ant o esse nú mer o oscil ava bast ant e, e m razão da entrada e saí da de pr esos. Entret ant o, const at ou-se que fora m abert as 15 (qui nze) tur mas de al unos do pr ogra ma Ser gi pe Al f abeti zado, que t ot ali za cerca de 210 ( duzent os e dez) presos, be m como outr os mai s 300

(21)

20 (trezent os) al unos que estava m cursando o supl etivo e sub met endo-se às provas do ENE M e ENCCEJ A.5 5

Em r el ação aos cursos profissi onali zant es, que possi bilita m o acesso a uma f or mação que pode ser utilizada fora do a mbi ent e prisi onal, na obt enção e manut enção de u ma ati vi dade lícit a, o DESI PE i nf or mou que há parceri a fir mada entre a Secret ari a de Justi ça e o SENAC e SENAI, be m co mo est ava e m vi as de ser fir mado convêni o co m o Instit ut o Feder al de Educação, o que possi bilitará o e mpr ego de pr ofessores co m mel hor qualificação.5 6

No que t oca ao grau de escol ari dade dos i nt er nos do Si st e ma Penit enci ári o Ser gi pano, ai nda de acor do co m o DESI PE, desde 2007, j á havi a m si do alfabeti zados mai s de 1900 ( mil e novecent os) presos. Em rel ação ao ensi no funda ment al, 2804 cursara m, mas não concl uíra m os est udos e 199 fi nali zara m o ensi no funda ment al. Em r el ação ao ensi no médi o, 218 co mpl et ara m esse ní vel de for mação e 240 cursara m, mas não fi nali zara m os est udos. Por fi m, 28 i nt er nos possuí a m ensi no superior i nco mpl et o, enquant o que 08 presos co mpl et ara m t al et apa de est udo.5 7

Tai s dados revel a m que o grau de escol ari dade da popul ação carcerári a ser gi pana é bai xo, entret ant o, o fat o de mai s de 1900 t ere m sido alfabeti zados, já após o encarcera ment o, revel a u ma preocupação e m oport uni zar o est udo àquel es que ai nda não ti nha m i ni ci ado as suas ati vi dades de for mação ant es de sere m presos5 8.

Ade mai s, revel a t a mbém u m i nt eresse por parte dos i nt er nos e m buscar a referi da qualifi cação preli minar. Isso é u ma conqui st a i mport ant e e que se deve destacar, uma vez que, fora do a mbi ent e prisi onal, outras oport uni dades, cert a ment e, chegara m ou chegarão, e m razão dessa nova qualifi cação. Tudo isso se ali nha à i deia de rei nserção soci al do egresso de f or ma si gnifi cati va e concret a.

Par a Mar ques apud Gabriel Nogueira5 9,

É pr oveit oso dest acar que, segundo o DESI PE, t odos aqueles que se i nt eressa m e pr ocura m o est udo, t ê m di sponi bili zado al gu mcurso que se aj ust e ao seu perfil e necessi dade, havendo, entret ant o, co mo políti ca de segurança, o li mit e máxi mo de al unos por t ur ma, co mpr eendi do entre 15 (qui nze) e 20 (vint e) est udant es. Frise-se, entret ant o, que não é isso que é i nf or mado pel os presos compusera m a a mostra, que al ega m haver mai s de manda de al unos, do que de vagas ofereci das.

5 5 NOGUEI RA, Gabri el, op. cit 5 6 Ide m

5 7 Ide m

5 8 NOGUEI RA, Gabri el, op. cit. 5 9 NOGUEI RA, Gabri el, op. cit.

(22)

21 Val e ressalt ar que, al ém da for mação escol ar, o DESI PE apont a que há cursos pr ofissi onali zant es e m que há cont eúdo t eóri co, mas t a mbé m práti co e que oport uni za m aos i nt er nos o conheci ment o de u m ofí ci o, t ais co mo: mar cenari a, nas uni dades do CESARB II e no PRESLEN e de cort e e cost ura no PREFE M e no COMP AJ AF. Out r ossim, no COPE MCAN há i nt er nos contrat ados por uma e mpr esa prest adora de ser vi ços que recebem capacit ação par a, na práti ca, desenvol ver al gu mas ati vi dades do ramo de pi nt ura, padari a, eletri ci dade, culi nári a e j ar di nage m6 0.

3. 3. 1 Supl eti vo nas uni dades prisi onai s

A Secret ari a de Est ado da Justi ça e Def esa ao Consu mi dor ( SEJ UC) apli ca u ma pr ova, nas uni dades do sist e ma prisi onal ser gi pano, o Exa me Supl eti vo para Ensi no Médi o e Funda ment al. Os exa mes acont ece m duas vezes ao ano, oferecendo a oport uni dade para que os i nt er nos adquira m o certifi cado de concl usão do Ensi no Funda ment al ou Mé di o, através da obt enção da apr ovação. Desse modo, acredit a-se que est a sej a uma grande oport uni dade par a os i nt er nos, caso sej a m rei nseri dos no mer cado de trabal ho ou ai nda conti nue m os seus est udos quando ret or nare m ao conví vi o soci al.

Em entrevi st a co m Psi cól ogo Ri car do Sil va do Co mpl exo Penit enci ário Emanuel Car val ho Net o foi const atado que:

A educação para pessoas encarceradas ai nda é vist a como u m “pri vil égi o” pel o sist e ma prisi onal, poi s a educação ai nda é al go estranho no sist e ma prisi onal. De acor do o psi cól ogo, muit os pr ofessores e pr ofessoras afir ma m sentir a uni dade pri si onal co mo u m a mbi ent e hostil ao trabal ho educaci onal. ( RI CARDO SI LVA, 15/ 04/ 2010).

Há u m conflit o coti di ano entre a garanti a do direito à educação e o model o vi gent e de pri são, mar cado pel a superl ot ação, por vi ol ações múlti pl as e coti di anas de direit os e pel o super di mensi ona ment o da segurança e de medi das disci pli nares.

Segundo o psi cólogo Ri car do Sil va

O at endi ment o nas uni dades é i nt erro mpi do quando circul a m boat os sobr e a possi bili dade de moti ns; na ocasi ão de revi st as (blit z); co mo casti go ao conj unt o dos pr esos e das presas que i nt egra m u ma uni dade na qual ocorreu u ma rebeli ão, fi cando

6 0 Segundo o DESI PE, há previsão contrat ual de que al guns post os de trabal ho deve m ser di sponi bilizados para

ocupação por i nt er nos do sist ema ser gi pano, os quai s, nos t ermos do art. da LEP, recebe m 70 % do Sal ári o mí ni mo por t ais ser vi ços prest ados, al ém da re mi ção da pena.

(23)

22 à mer cê do ent endi ment o e da boa vont ade de direções e agent es penit enci ári os. ( RI CARDO SI LVA, 15/ 04/ 2015).

At r avés da entrevi st a realizada foi det ect ado u m proj et o pedagógi co, porém não exi st e mat eri ais e i nfraestrut ura i nadequados co mo t a mbé m a falt a pr ofissi onai s de educação capazes de responder às necessidades educaci onai s dos encarcerados. Há u m grande i nt eresse pel o acesso à educação por part e das pessoas encarceradas; quando exi st ent e, e m sua mai or part e sofre de graves pr obl e mas de quali dade apresent ando j or nadas reduzi das.

O Hos pit al de Cust ódi a de Ser gi pe é um dos l ugares que oferece u ma i nfraestr ut ura educaci onal adequada para os i nt er nos, sendo assim os mel hores í ndi ces de apr ovação sae m de lá.

Ai nda segundo o psi cólogo,

É i mport ant e que se gere i nf or mações sobre a traj et óri a escol ar dentr o das uni dades pri si onai s, entre el as, a escolari dade de entrada e de saí da da pri são. ( RI CARDO SI LVA, 15/ 04/ 2015).

A i mpl ant ação do ensi no no sist e ma prisi onal é de funda ment al i mportânci a para pr opor ci onar a que m está fora da soci edade, um cont at o diret o co m o conheci ment o, l hes trazendo result ados positi vos quando f ora da uni dade. A partir do acesso ao conheci ment o, a vi são de educação que eles adquirire m dentr o do sist e ma prisi onal l hes dará r espal do para a vi da fora da uni dade. Esse é o obj eti vo que se espera al cançar.

4 CONCLUS ÃO

O pr esent e trabal ho t eve co mo i nt uit o analisar o sist e ma prisi onal brasil eiro dest acando a educação co mo mei o de ressoci ali zação e m especi al no Est ado de Ser gi pe.

A educação é avali ada co mo u m dos mei os de ori gi nar a i nt egração soci al e aqui si ção de conheci ment os que per mit a m aos encarcerados garantir um f ut ur o mel hor quando recuper ar a li ber dade.

O papel da educação na pri são deve ser de reeducar os deli nquent es e auxiliá-l os a t er u ma vi são mai s abert a do mundo, a pr ocurar outras for mas de i ncl usão na soci edade, poi s é através da educação que os presos t ê m acesso ao mer cado do trabal ho. É por mei o do ensi no que os det ent os t ê m a chance de se hu mani zare m e se modifi car. A Educação é transf or mador a quando se quer modifi car.

(24)

23 Segundo dados i nf or mados, revel a m que o grau de escol ari dade da popul ação carcerári a de Ser gi pe é bai xa, entret ant o o fat o de mai s de 1900 t ere m si do alfabeti zados, já após o encarcera ment o, revel a u ma preocupação e m oport uni zar o est udo aquel es que ai nda não ti nha m i ni ci ado as suas ati vi dades de for mação antes de sere m presos.

Foi obser vado que o preso t e m i nt eresse e m buscar a qualifi cação profissi onal pr eli mi nar, sendo est a uma conqui st a i mport ant e e que se deve dest acar, uma vez que, fora do a mbi ent e prisi onal, outras oport uni dades, cert a ment e, chegara m ou chegarão, e m razão dessa nova qualifi cação.

Port ant o, obser va-se que i mpl ant ar o pr ocesso educaci onal dentr o do sist ema prisi onal não é si mpl es e, al gu mas vezes, arriscado. É necessári a uma educação que se preocupe e m a mpli ar a capaci dade crítica e cri adora do i nt er no, despont ando as possi bilidades de escol her e o val or que el as t erão para a vi da dos mes mos. A educação dentr o do sist e ma penit enci ári o deve trabal har co m consi derações bási cas que envol vem a fa míli a, o a mor, e a di gni dade.

REFERÊNCI AS

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