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Aula 01 Curso: Direito Tributário p/ ICMS RJ Professor: Juliana Migowski

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Aula 01

(2)

Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

Assunto

Página

1- Competência Tributária e Capacidade Tributária Ativa

3

2- Classificação da Competência Tributária

8

3- Princípios Constitucionais Tributários

13

4- Questões Comentadas

23

5- Lista de Exercícios

38

6- Gabarito

48

Olá, amigos!

Em nosso segundo encontro trataremos de Competência Tributária,

Capacidade Tributária Ativa, Classificação da Competência Tributária e

Princípios Constitucionais Tributários, temas muito recorrentes em provas.

Permanecemos firmes no propósito de entregar um material enxuto,

com a máxima objetividade, mas com todas as informações necessárias para

que você faça uma excelente prova. Não esqueçam: qualquer dúvida, estarei à

disposição no fórum!

“Os preguiçosos têm sempre vontade de fazer alguma coisa”

(Marquês Luc de Clapiers Vauvenargues)

Aula 01 – Competência Tributária e Capacidade Tributária Ativa;

Classificação da Competência Tributária e Princípios Constitucionais

(3)

Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

A Constituição Federal determina os tributos que cada ente da

Federação poderá instituir. Essa distribuição de competências é fundamental

para garantir a forma federativa na medida em que atribui fontes próprias de

arrecadação aos estados, DF e municípios. Vejamos abaixo a definição de

Competência Tributária.

“Poder atribuído pela CF a um ente político para instituir determinado

tributo”:

A Constituição não cria tributos, apenas estabelece competências

para que União, estados, DF e município o façam. Por isso, a competência

tributária é considerada uma

competência legislativa

, pois é uma poder

atribuído aos entes para editarem leis criando tributos. Um exemplo que ajuda

a entender bem essa situação é o do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). A

CF/88 estabeleceu a competência da União para criá-lo, mas nunca foi editada

lei instituindo esse tributo. Assim, embora previsto não Constituição, até hoje

sua criação não foi realizada.

Competência

Tributária

é o poder:

indelegável irrenunciável facultativo imprescritível intransferível

atribuído pela Constituição a um ente político

para instituir determinado tributo

Constituição

Federal

• Outorga

competência

tributária

Leis

• Criam

tributos

(4)

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É importante destacar que a legislação infraconstitucional não pode

ampliar as possibilidades de instituição de tributos – a competência tributária

somente é prevista na Constituição Federal.

“Poder indelegável e imprescritível”:

Não pode haver

delegação

da competência tributária, nem pode

ela ser assumida por outro ente em caso de inércia do Poder Público

competente para instituir determinado tributo, conforme o art. 8º do CTN: “O

não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de

direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.” Em

razão dessa determinação a competência tributária é considerada

imprescritível.

“Poder facultativo”:

Também é importante ressaltar a

facultatividade do exercício

da

competência tributária. Embora a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC

101/2000) determine que a instituição de todos os tributos é requisito de

responsabilidade na gestão fiscal, não há mecanismos efetivos de

obrigatoriedade. Parte da doutrina entende que o referido dispositivo legal

tem, em verdade, o intuito de estimular a instituição dos tributos

economicamente viáveis. Outros estudiosos do Direito o consideram,

simplesmente, inconstitucional. Não se preocupe com essa polêmica, pois para

sua prova o importante é levar o entendimento de que a competência

tributária é um poder de exercício facultativo.

“Poder irrenunciável”:

Embora de exercício facultativo, a

competência

tributária é um

poder irrenunciável

, o que decorre do princípio da indisponibilidade do

interesse público. Assim, mesmo trinta anos após a edição da Constituição

Federal, a União ainda terá o poder de criar o IGF. O não exercício não

significa (não pode significar) renúncia a esse poder. Além disso, a

competência tributária não pode ser diminuída ou aumentada pela vontade de

um ente político.

1.1– CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA

O ente que institui determinado tributo exerce, em princípio, a

capacidade tributária ativa, atribuição administrativa de fazer com que a lei

instituidora do tributo seja executada.

(5)

Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

Contudo, ao contrário do que ocorre com a competência, a capacidade

tributária ativa pode ser delegada a pessoas jurídicas de direito público

interno, o que inclui, além dos entes, as autarquias e fundações públicas.

Perceba que não há possibilidade de delegação a entidades de Direito Privado

como empresas públicas ou sociedades de economia mista. A delegação não

altera em nada a competência e quaisquer modificações legislativas sobre o

tributo, como alterações de alíquotas e base de cálculo, devem ser realizadas

pelo ente instituidor. Assim determina o art. 7º do CTN:

“A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de

arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou

decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma

pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo

18 da Constituição.”

O §1º do art. 7º determina que a delegação da capacidade tributária

ativa outorga à entidade delegatária todas as garantias e privilégios

processuais da pessoa política delegante, como prazos maiores para recorrer

ou apresentar contestação. No § 2º está prevista a possibilidade de ser

revogada a delegação, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica

que a tenha conferido.

(FCC / AFR SP / 2009) A respeito da competência

tributária, considere:

I. A competência tributária é o poder, conferido a determinado ente político,

por lei complementar específica, para aumentar tributos.

II. A competência tributária é indelegável. Porém, as funções de arrecadar ou

fiscalizar os tributos ou de executar leis, serviços, atos ou decisões

administrativas em matéria tributária podem ser delegadas por uma pessoa

jurídica de Direito Público a outra.

III. A competência tributária, que compreende a competência legislativa e a

capacidade tributária, é delegável.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I.

Capacidade

Tributária Ativa

é o poder de:

cobrar exigir fiscalizaro tributo

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b) II.

c) III.

d) I e II.

e) I e III.

Comentários

Item I – Incorreto, pois a competência tributária é o poder conferido pela

Constituição Federal aos entes políticos para que instituam os tributos nela

previstos por meio de leis.

Item II – Correto, conforme CTN, art. 7º, caput.

Item III – Incorreto, pois a competência tributária é indelegável. Já a

capacidade tributária ativa é, de fato, delegável. Gabarito: B

O esquema abaixo ajuda a visualizar as principais diferenças entre capacidade

tributária ativa e competência tributária.

Finalmente, é importante que você não confunda capacidade

tributária com a função de arrecadar tributos, geralmente

atribuída a entidades de direito privado, como as instituições bancárias

e casas lotéricas. Trata-se de mero recebimento dos pagamentos

efetuados pelos contribuintes para repasse ao Poder Público. Portanto, o

arrecadador não tem ingerência na relação jurídico-tributária.

COMPETÊNCIA

TRIBUTÁRIA

Poder de

instituir

tributos

Atribuição

legislativa

Poder

indelegável

(por ação ou omissão)

Conferida a um

ente político

(União, estados, DF e municípios)

CAPACIDADE

TRIBUTÁRIA ATIVA

Poder de

exigir

/

administrar

tributos

Atribuição

administrativa

Poder

delegável

Exercida por

pessoa jurídica de

direito público

(União, Estados, DF, Municípios,

autarquias e fundações)

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1.2 – PARAFISCALIDADE

Pode a lei que delegar a capacidade tributária ativa à determinada

pessoa jurídica de direito público determinar que a delegatária fique

com os recursos por ela arrecadados. Nessa situação estará presente o

fenômeno

conhecido

como

parafiscalidade.

Esquematicamente,

podemos entender assim:

1.3 – COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO

TRIBUTÁRIO

O art. 24, I, da CF estabelece que compete à União, aos Estados e

ao DF legislar concorrentemente em matéria tributária. Fique atento (a)

para não confundir competência tributária – poder para instituir tributos

- com competência para legislar sobre direito tributário - poder de

estipular normas gerais sobre Direito Tributário.

Pela redação constitucional, o poder de estipular normas gerais

deve ser exercido pela União e, de maneira suplementar, pelos estados

e DF. Além disso, em caso de omissão da União, os estados e DF

exercem função legislativa plena. Nessa situação, sobrevindo lei da

União sobre o tema, prevalece a norma nacional no que for

incompatível com a estadual.

Capacidade

Tributária

Ativa

Somente pode ser exercida por Pessoas

Jurídicas de Direito

Público

: União, Estados,

DF, Municípios e respectivas autarquias ou

fundações

Arrecadação

de Tributos

Função pode ser desempenhada por Pessoas

Jurídicas de Direito

Privado

, como bancos e

casas lotéricas

Delegação

da

capacidade

tributária

ativa

Determinação legal

para que delegatária

fique

com os

recursos

arrecadados

(8)

Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

A doutrina classifica a competência tributária da seguinte forma:

1)

Competência

Comum

: Pode ser exercida por

todos

os

entes

(União, estados, DF e municípios) de acordo com suas atribuições.

Engloba taxas e contribuições de melhoria – tributos

contraprestacionais – além das contribuições previdenciárias

cobradas por cada ente de seus respectivos servidores.

2)

Competência

Privativa

:

Somente

pode ser

exercida por

um dos

entes

da Federação. Para cada um deles – União, estados, DF e

municípios - há tributos que só podem ser criados especificamente

por eles, conforme a tabela a seguir.

Competência para

legislar

sobre

Direito Tributário

Poder de estabelecer normas gerais

em matéria tributária Atribuição Legislativa

Em caso de omissão da União, estados exercem

função legislativa plena

Competência tributária

(segundo doutrina)

Comum

Privativa

Cumulativa

Residual

Extraordinária

2-

Classificação da Competência Tributária

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Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

* Exceto contribuições para custeio do sistema previdenciários dos servidores e COSIP

3)

Competência

Cumulativa

: Ocorre quando determinado ente

acumula

competências que, normalmente, seriam de outra

esfera. Isso acontece em duas situações:

i)

Criação de Territórios Federais: a União acumula os

impostos estaduais e, se não houver divisão em municípios, os

impostos municipais;

ii)

DF acumula impostos que seriam municipais (ISS, IPTU e

ITBI).

União

Empréstimos CompulsóriosCIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) •Contribuições Sociais*II (Imposto de Importação) • IE (Imposto de Exportação) •IR

(Imposto sobre a renda e proventos de qualquer

natureza) •IPI

(Imposto sobre Produtos Industrializados) • IOF (Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos e valores mobiliários) •ITR (Imposto sobre Propriedade Territorial Rural) •IGF

(Imposto sobre Grandes Fortunas)

Estados e DF

ITCMD (Imposto sobre transmissão causa mortis

e doação, de quaisquer bens ou direitos) •ICMS (Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre a de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicações) •IPVA (Imposto sobre a propriedade de veículos automotores)

DF e Municípios

IPTU (Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana) •ITBI (Imposto sobre a transmissão intervivos, por ato oneroso, de bens

imóveis e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia,

bem como cessão de direitos à sua aquisição)

ISS

(Imposto sobre serviços de qualquer natureza, definidos em lei complementar) •COSIP (Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública)

(10)

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4)

Competência

Residual

: Poder da

União

de criar

novos

impostos

e contribuições da seguridade social além dos casos previstos na

Constituição, devendo respeitar os seguintes requisitos:

O STF entende que a necessidade de inovação do fato gerador

e base de cálculo relativos à contribuição da seguridade social residual deve

ser analisada somente em relação às demais contribuições da seguridade

social, não havendo impedimento para que sejam semelhantes a de impostos.

5)

Competência

Extraordinária

: Poder da

União

para instituir

novo

imposto

em caso de

guerra

ou sua iminência

. Não há requisitos

relativos à sua estrutura, podendo ter qualquer fato gerador,

inclusive o mesmo de outro imposto já existente. De acordo com o

art. 154, II, da CF, deve ser gradativamente extinto cessadas as

causas de sua criação.

Nesse ponto é interessante fazermos uma comparação entre impostos

extraordinários de guerra e empréstimos compulsórios, já que ambos podem

ser criados em caso de guerra externa ou sua iminência.

REQUISITOS para o exercício da competência residual

Instituição por Lei Complementar Inovaçãoquanto ao fato gerador e base de

cálculo

Respeito ao princípio da não cumulatividade

IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO

DE GUERRA

Compete à União

Lei Ordinária

Podeser cumulativo

Qualquer Fato Gerador ou Base de

Cálculo

Deve ser provisório

Podeser cobrado de imediato (exceção à Anterioridade)

(11)

Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

O quadro abaixo resume aspectos importantes sobre a classificação da

competência tributária.

Competência Comum Privativa Cumulativa Residual Extraordinária

União Taxas Contribuições de Melhoria Contribuição Previdenciária (servidores respectivos)

II, IE, IPI, IOF, IR, ITR, IGF Em Territórios Federais acumula impostos estaduais e, não havendo municípios, impostos municipais Novos impostos e contribuições da seguridade social Novos impostos em caso de guerra ou sua iminência – Impostos Extraordinários de Guerra. Estados ICMS, IPVA, ITDC DF Idem a Estados Acumula impostos municipais (ISS, IPTU e ITBI) Municípios ISS, IPTU, ITBI

(FCC / AFR SP / 2009) Em relação à competência

tributária, cabe

a) à União instituir impostos sobre: I) importação de produtos estrangeiros;

II) propriedade territorial rural; III) doação de quaisquer bens e direitos.

IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO

• Não respeita anterioridade anual e nonagesimal

• Temporário

• Pode ser instituído por lei

ordinária

Não hánecessidade de devolução • União pode usar recursos

arrecadados com qualquer despesa pública

EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

(em caso de guerra)

• Não respeita anterioridade anual e nonagesimal

• Temporário

• Deve ser instituído por lei complementar

Necessário devolver recursos arrecadados

• Receita de arrecadação vinculada

(12)

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b) aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I) transmissão

causa mortis; II) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre

prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de

comunicação; III) propriedade de veículos de qualquer natureza.

c) aos Municípios instituir impostos sobre: I) propriedade territorial urbana e

rural; II) serviços de qualquer natureza não compreendidos na competência

tributária dos Estados, definidos em lei complementar; III) doação de

quaisquer bens e direitos.

d) aos Estados instituir impostos sobre: I) propriedade predial territorial e

urbana; II) transmissão inter vivos a qualquer título, por ato oneroso ou

gratuito de quaisquer bens e direitos; III) serviços de qualquer natureza.

e) à União instituir impostos sobre: I) importação de produtos estrangeiros;

II) propriedade territorial rural; III) os impostos estaduais em território

Federal e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os

impostos municipais.

Comentários

A CF/88 estabeleceu competência privativa para instituição de impostos,

determinando quais deles cada ente da Federação pode criar nos arts. 153,

155 e 156. A questão exige apenas a literalidade dessa distribuição de

competências. Vejamos os erros das alternativas.

Alternativa A – Imposto relativo à doação de quaisquer bens e direitos (ITCD)

é de competência dos estados e DF.

Alternativa B – O candidato menos atendo poderia marcar essa opção, mas o

IPVA, de competência dos estados, incide sobre veículos automotores e não

veículos de qualquer natureza.

Alternativa C – Há dois erros. Aos municípios cabe o Imposto sobre

propriedade territorial urbana, mas o ITR, sobre propriedade territorial rural,

cabe à União. O ITDC é de competência dos estados.

Alternativa D – Todos os impostos apresentados são de competência municipal

e do DF, não dos estados.

Alternativa E – Correta. II e ITR são de competência privativa da União.

Impostos estaduais em territórios federais, além de municipais, quando não

forem divididos em municípios, são de competência cumulativa da União,

prevista no art. 147 da CF. Gabarito: E

2.1 – BITRIBUTAÇÃO E BIS IN IDEM

Esses dois conceitos estão relacionados ao conteúdo sobre competência

tributária e são de grande importância em nosso estudo.

Bis in idem

Ocorre quando

o mesmo ente tributante

exige

diferentes tributos do mesmo contribuinte com base no mesmo fato gerador.

(13)

Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

Em princípio

, não é inconstitucional

. Um exemplo é o caso da tributação do

lucro pela União com o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e com a

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Bitributação

Ocorre quando

entes tributantes diversos

exigem

tributos do mesmo contribuinte com base no mesmo fato gerador

. É vedada

em nosso ordenamento jurídico, o que é consequência do próprio regime

constitucional de distribuição de competências. No entanto, a Constituição

admite bitributação nos casos do empréstimo compulsório e do imposto

extraordinário em caso de guerra externa ou sua iminência, cujos fatos

geradores podem estar compreendidos ou não na competência tributária da

União.

Outro caso apontado pela doutrina em que pode haver legítima

bitributação é aquele que envolve países diferentes, especialmente no que se

refere à tributação da renda. Quando um brasileiro recebe rendimentos por

um trabalho realizado no exterior pode ser que os dois países relacionados

cobrem imposto de renda, exceto se houver um tratado internacional entre

eles regulando esta situação.

A Constituição Federal estabelece as competências tributárias, mas

também impõe uma série de limitações ao poder de tributar. Os Princípios

Constitucionais Tributários são as principais ferramentas de proteção aos

contribuintes.

3.1 – Princípio da legalidade

Este princípio está relacionado ao preceito maior de que ninguém é obrigado a

fazer ou deixar de fazer em algo senão em virtude de lei (CF, art. 5º, II). Ele

está previsto na CF, art. 150, I, e determina o seguinte:

Bis in idem Mesmo ente tributante

cobra tributos sobre mesmo fato gerador Não éinconstitucional

Ex: IRPJ e CSLL

Bitributação Entes tributantes diversos cobram tributos sobre mesmo fato gerador

Inconstitucional (em regra)

Exceções - CF permite: empréstimo compulsório e

IEG

(14)

Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

A Constituição Federal determina explicitamente a necessidade de

previsão legal para instituição e majoração de tributos, porém o preceito

também é aplicado em relação à sua redução devido ao princípio da separação

dos poderes. Se ao Legislativo cabe criar e fixar o valor de cobrança dos

tributos, uma modificação posterior desse valor deve ocorrer por ato do

mesmo Poder.

A possibilidade de alteração das alíquotas de II, IE, IOF e IPI e de

redução ou restabelecimento das alíquotas da CIDE-Combustíveis pelo Poder

Executivo justifica-se pelo caráter extrafiscal desses tributos. Para que os

administradores possam utilizá-los como instrumentos de controle da

economia, a Constituição Federal concedeu esse poder ao Executivo. As

modificações podem ser feitas, por exemplo, por decreto presidencial. Os

limites e condições dessas alterações devem ser fixados em lei.

No caso do ICMS monofásico sobre combustíveis, as alíquotas são

definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, conforme

previsto na CF, art. 177, § 1º, I, b.

3.2 - Princípio da irretroatividade

É vedado aos entes da Federação cobrar tributos em relação a fatos

geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver

instituído ou aumentado (CF, art. 150, III, a). Visa garantir a segurança

jurídica dos contribuintes.

INSTITUIR, MAJORAR e REDUZIR tributos somentemediante lei..

Exceções:

Alíquotas

Alteração: II, IE, IOF, IPI Definição: ICMS monofásico sobre combustíveis Redução e restabelecimento: CIDE-Combustíveis

Atenção!

Perceba que não há exceção ao princípio da legalidade no

que se refere à criação de impostos. As exceções referem-se, somente,

à sua majoração e redução.

(15)

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3.3 – Princípio da anterioridade

Também conhecido como princípio da não surpresa, está previsto na CF,

art. 150, III, “b” e “c”, e divide-se em:

Anterioridade anual: Proíbe a cobrança do tributo no mesmo

ano da publicação da lei que o instituir ou majorar.

Anterioridade nonagesimal: Publicação da lei que instituir ou

aumentar tributo deve ser feita pelo menos 90 dias antes de sua

exigência.

Quando a surpresa for vantajosa para o contribuinte, como a redução

ou extinção de um tributo, não há que se falar no princípio da anterioridade,

podendo produzir efeitos imediatos.

Em regra, os tributos submetem-se a ambos os tipos de anterioridade,

mas há exceções para cada um deles. Vejamos no quadro abaixo.

EXCEÇÕES

AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE

Anual

Nonagesimal

II, IE, IPI, IOF

II, IE, IOF

Imposto Extraordinário de Guerra

Imposto Extraordinário de Guerra

Empréstimos

Compulsórios

(casos de guerra / calamidade pública)

Empréstimos

Compulsórios

(casos de guerra / calamidade pública)

Contribuição para Seguridade Social

IR

ICMS

Monofásico

(restabelecimento de alíquotas)

Base de Cálculo - IPVA

CIDE-Combustíveis

(restabelecimento de alíquotas)

Base de Cálculo - IPTU

Perceba que em relação ao IPVA e IPTU a exceção refere-se somente à

base de cálculo, pois as Fazendas Estaduais e Municipais costumam realizar a

revisão dos valores dos automóveis e imóveis ao final do ano.

É muito importante decorar as informações do quadro acima, pois esse

assunto costuma ser bastante cobrado em provas. Para facilitar a

memorização, é interessante buscar o sentido dessas exceções. No caso dos

impostos – II, IE, IOF, IPI -, por exemplo, a ressalva justifica-se pelo caráter

extrafiscal deles. Note que as alterações em relação ao IPI devem respeitar a

anterioridade nonagesimal.

(16)

Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

Exceções

à

anterioridade

anual

e nonagesimal

(podem ser exigidos imediatamente) • II • IE • IOF • Empréstimo Compulsório (guerra / calamidade)

• IEG (Imposto Extraordinário de Guerra)

Exceções

somente

à

anterioridade

nonagesimal

(devem respeitar anual)

• IR

• Base de Cálculo IPVA

• Base de Cálculo IPTU

Exceções

somente

à

anterioridade

anual

(devem respeitar nonagesimal)

• IPI

• Contribuições para Seguridade Social • ICMS Monofásico

• CIDE-Combustíveis

(FCC / Agente Legislativo SP / 2010) Submete-se

integralmente aos princípios da legalidade, anterioridade anual e anterioridade

nonagesimal o imposto sobre

a) os produtos industrializados

b) a renda e proventos de qualquer natureza

c) a transmissão de bens causa mortis e doação

d) a propriedade de veículos automotores

e) a propriedade territorial urbana

Comentários

Alternativa A – O IPI é exceção aos princípios da anterioridade anual e da

legalidade, pois o Poder Executivo pode alterar suas alíquotas, atendidas as

condições e limites estabelecidos em lei, conforme CF, art. 153, § 1º.

Alternativa B – O IR é exceção à anterioridade nonagesimal.

Alternativa C – O ITCMD submete-se integralmente aos três princípios

mencionados.

Alternativa D – A alteração da base de cálculo do IPVA é exceção à

anterioridade nonagesimal.

Alternativa D – A alteração da base de cálculo do IPTU é exceção à

anterioridade nonagesimal. Gabarito: C

(17)

Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

Anterioridade e Medida Provisória

A Constituição Federal permite a adoção de medida provisória em

matéria tributária, exceto nas hipóteses em que se exige lei complementar.

Normalmente, nos casos de instituição ou majoração de tributos por MP será

utilizada a data de sua publicação como referência para o princípio da

anterioridade.

Contudo, o art. 62, § 2º da CF/88 traz uma regra especial: a medida

provisória que crie ou majore impostos, exceto II, IE, IPI, IOF e IEG, só

produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em

lei até o último dia daquele em que foi editada. Portanto, nesses casos, a

anterioridade anual terá por referência inicial a publicação da lei de

conversão da medida provisória. As exceções relativas a II, IE, IPI, IOF e

IEG significam que a MP que os instituir ou majorar produz efeitos imediatos.

Anterioridade x Anualidade

Volta e meia as bancas tentam fazer uma

pegadinha

com o Princípio

da Anualidade, que não está mais em vigor. Este princípio, que não se

confunde com o da anterioridade, determinava que a criação e majoração de

tributos deviam estar previstas na Lei Orçamentária para poderem ser

cobradas no ano seguinte.

3.4 – Princípio do não confisco

Decorrência da garantia à propriedade privada, prevista no art. 5º, XXII

e XXIII da CF, o CTN determina a proibição de utilizar tributo com efeito de

confisco no art. 150, IV. Não há um parâmetro pré-determinado do que seria

um tributo confiscatório. Tal análise é feita pelo Poder Judiciário, caso a caso,

quando provocado por algum contribuinte.

Entende o STF que a identificação do efeito confiscatório deve ser feita

em função da totalidade da carga tributária, mediante verificação da

capacidade de que dispõe o contribuinte para suportar a incidência de todos os

tributos que deverá pagar, dentro de um determinado período, à mesma

pessoa política que os houver instituído. O princípio do não confisco não deve

ser confundido com impenhorabilidade dos bens do devedor, pois assim não

haveria garantias aos credores.

3.5 – Princípio da não limitação ao tráfego

Previsto no art. 150, V, da CF, esse princípio proíbe que tributos

intermunicipais e interestaduais estabeleçam limitações ao tráfego de pessoas

ou bens, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias

conservadas pelo Poder Público. Não se está impedindo a existência de

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tributos sobre a circulação, como é o caso do ICMS em relação a mercadorias

e serviços, mas é exigida razoabilidade na tributação. Com relação à ressalva,

devemos lembrar que, atualmente, ela não se justifica, já que a cobrança de

pedágio ocorre pelo regime de tarifa, que não é tributo. Ainda assim, por

óbvio, os valores do pedágio não podem ser abusivos para não ferir a garantia

da liberdade de locomoção (art. 5º, XV, CF/88).

3.6 - Princípio da isonomia

O art. 150, II, proíbe que se estabeleça tratamento desigual entre

contribuintes que se encontrem em situações equivalentes, vedada

qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles

exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos,

títulos ou direitos. A forma de concretização desse princípio depende do

caráter vinculado ou não vinculado dos tributos:

Assim, contribuintes igualmente beneficiados por um determinado

serviço público pagarão o mesmo valor relativo a taxas, de modo que a

isonomia seja garantida. Já em relação a impostos, que são tributos não

contraprestacionais, esse princípio concretiza-se pela aferição da capacidade

contributiva: arcarão com a mesma carga tributária contribuintes que

manifestarem a mesma condição de contribuir, seja por meio da renda

(imposto de renda) ou de bens (ex: IPVA).

Capacidade contributiva x pessoalidade x progressividade

Como vimos, a capacidade contributiva é o critério que permite a

concretização do princípio da isonomia no caso dos impostos. Tal conduta

decorre da seguinte previsão constitucional:

“Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão

graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à

administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses

objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o

patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.” (CF,

art. 145, §1º)

Em primeiro lugar é preciso que nos lembremos da distinção entre

impostos reais – aqueles que consideram, essencialmente, características

PRINCÍPIO DA ISONOMIA Tributos vinculados (taxa / contribuição de melhoria) Critério da contraprestação (ou custo-benefício) Tributos não vinculados (impostos) Critério da capacidade contributiva

(19)

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objetivas do bem ou evento relacionado à cobrança tributária, como o ICMS -

e impostos pessoais – que levam em conta aspectos subjetivos do fenômeno

tributário, como o IR.

Pois bem, devido à redação não muito clara do dispositivo constitucional

acima citado, sempre houve muita confusão na doutrina e na jurisprudência a

respeito dos conceitos de pessoalidade e capacidade contributiva. Muitas vezes

entendeu-se que somente impostos de caráter pessoal estariam sujeitos ao

princípio da capacidade contributiva, mas esse não é o entendimento que vem

se consolidando no STF. A capacidade contributiva é a própria essência de

qualquer imposto, pois é justamente algum evento de demonstração dessa

capacidade a origem do fato gerador dos impostos. Conclusão: alguns

impostos terão caráter pessoal (sempre que possível), mas todos deverão

respeitar o princípio da capacidade contributiva.

Superada essa controvérsia, vamos analisar outra a ela relacionada. A

polêmica agora é sobre a possibilidade ou não de aplicação da técnica da

progressividade a todos os impostos. Por essa técnica a proporção do imposto

a ser pago, isto é, sua alíquota, aumenta de acordo com o crescimento da

base de cálculo. Isso acontece com o Imposto de Renda, por exemplo, em que

o percentual do tributo a ser pago varia de acordo com faixas de rendimentos.

Para ilustrar, segue a tabela para cálculo do IR da pessoa física relativa ao

ano-calendário de 2014.

Tabela Progressiva para o cálculo anual do Imposto sobre a Renda da

Pessoa Física a partir do exercício de 2015, ano-calendário de 2014*

Base de cálculo anual (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do

imposto (R$) Até 21.453,24 - - De 21.453,25 até 32.151,48 7,5 1.608,99 De 32.151,49 até 42.869,16 15,0 4.020,35 De 42.869,17 até 53.565,72 22,5 7.235,54 Acima de 53.565,72 27,5 9.913,83

Perceba que há um duplo agravamento da carga tributária. O

contribuinte com rendimento maior paga mais por sua base de cálculo já ser

maior e, ainda, porque a alíquota aplicada é superior.

Havia duas correntes sobre esse assunto. A primeira considerava a

progressividade mera decorrência do princípio da capacidade contributiva, o

que autorizaria sua aplicação a todos os impostos. A outra, que era seguida

pelo STF, entendia que a alíquota fixa já atenderia àquele princípio, uma vez

que o valor do tributo devido variaria em razão do aumento da base de

cálculo. Para essa corrente, o duplo agravamento provocado pela

(20)

Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

progressividade só seria permitido nas hipóteses previstas na Constituição

Federal: IR, IPTU e ITR. Esse entendimento justificou a edição da súmula 656

pelo STF: “É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o

imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis (ITBI) com base no valor

venal do imóvel.”

Contudo, no julgamento do RE 562.045, em 2013, o Supremo

apresentou novo entendimento acerca da progressividade dos

impostos ao considerar constitucional a aplicação dessa técnica em relação

ao ITDC, ainda que sem previsão expressa na CF/88. Leve essa decisão para

sua prova!

3.7 – PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS DIRIGIDOS À UNIÃO

O art. 151 da CF, em seus incisos I, II, e III, institui princípios aplicáveis

especificamente à União.

O Princípio da Uniformidade Geográfica

proíbe

a União de instituir

tributo que

não seja uniforme em todo o território nacional

ou que

implique

distinção

ou

preferência

a estado, DF ou município. Mas admite-se a

concessão

de

incentivos

fiscais

para

promover

equilíbrio

do

desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país, o que

atende a um dos objetivos fundamentais do Estado brasileiro: reduzir as

desigualdades regionais (CF, art. 3º, III).

O Princípio da Uniformidade da Tributação da Renda

veda

à União

tributar a renda das obrigações da dívida pública

dos estados, DF e municípios

bem como a

remuneração e proventos

dos respectivos agentes públicos em

níveis superiores ao que fixar para suas obrigações e para seus

agentes. Obrigações da dívida pública são dívidas que o Poder Público

assume com o setor privado por meio da emissão de títulos públicos em

contrapartida ao pagamento de juros. Sobre o rendimento com juros incide

Imposto de Renda, de competência federal. Caso não houvesse essa proibição

e os rendimentos sobre títulos emitidos pela União fossem menos tributados,

haveria uma preferência dos particulares por esses títulos.

Princípios Tributários da União Uniformidade Geográfica Uniformidade de Tributação da Renda Vedação às Isenções Heterônomas

(21)

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O Princípio da Vedação às Isenções Heterônomas proíbe a União de

instituir isenções de tributos da competência dos Estados, DF e

municípios. Assim, somente quem é competente para instituir o tributo

poderá conceder isenções. O texto constitucional, no art. 156, § 3º, II, prevê a

possibilidade de a União, por meio de Lei Complementar, conceder isenção do

ISS nas exportações, o que é entendido por alguns como uma exceção à regra

geral da vedação às isenções heterônomas. Outros entendem que se trata de

caso de não incidência. De todo modo, há um caráter heterônomo nessa

desoneração, que foi efetivada pela LC 116/2003, art. 2º, I. Há outra previsão

constitucional (art. 155, § 2º, XII, e) que permite a União promover

desoneração de ICMS na exportação, mas esse dispositivo não possui mais

eficácia depois da EC 42/2003, que ampliou ao máximo os casos de imunidade

relativos a exportações que abrangeriam o campo de incidência do imposto.

(CESPE / TJDFT / 2008 - adaptada) Considerando o

disposto no art. 151, inciso III, da CF, segundo o qual é vedado à União

instituir isenções de tributos da competência dos estados, do DF ou dos

municípios, julgue o item a seguir.

A celebração de tratado internacional com cláusula que prevê exoneração

tributária não é equivalente à instituição de isenção de tributo estadual pela

União e, portanto, essa isenção de imposto estadual não viola a CF.

C. Certo

E. Errado

Comentários

As limitações ao poder de tributar se aplicam às relações jurídicas internas da

União, não às relações internacionais das quais a República Federativa do Brasil

é parte. Assim, a vedação às isenções heterônomas não se aplica ao caso de

celebração de tratados internacionais com cláusula de exoneração tributária. O

item está correto.

Atenção!

Conforme entendimento do STF, a proibição de isenções

heterônomas não se aplica à República Federativa do Brasil, incidindo,

unicamente, no plano das relações institucionais domésticas que se

estabelecem entre as pessoas jurídicas de Direito Público interno. Assim,

nada impede que o Estado Federal brasileiro celebre tratados

internacionais§2º com cláusulas de exoneração tributária relativas a

tributos locais, como ISS ou ICMS. (RE 543.943/PR)

(22)

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3.8 – PRINCÍPIO TRIBUTÁRIO DIRIGIDO AOS ESTADOS, DF E

MUNICÍPIOS

Note que esse princípio, previsto no art. 152 da CF, aplica-se

internamente com o objetivo de preservar o pacto federativo. Não se aplica ao

comércio internacional, em que é possível estabelecer diferenças de acordo

com a origem ou destino das mercadorias.

Não discriminação pela procedência ou destino

É probidoestabelecer diferença

tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua

(23)

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1) (FCC / TCE-SP/2013) Uma coisa é poder de legislar, desenhando o perfil

jurídico de um gravame ou regulando os expedientes necessários à sua

funcionalidade; outra é reunir credenciais para integrar a relação jurídica, no

tópico do sujeito ativo. (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito

Tributário. 23 ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 271).

O trecho transcrito faz alusão, respectivamente, a:

a) capacidade tributária passiva e competência tributária.

b) capacidade tributária passiva e capacidade tributária ativa.

c) competência tributária e obrigação tributária.

d) capacidade tributária ativa e obrigação tributária.

e) competência tributária e capacidade tributária ativa.

Comentários

“Uma coisa é poder de legislar, desenhando o perfil jurídico de um gravame ou

regulando os expedientes necessários à sua funcionalidade”: refere-se à

competência tributária, poder atribuído pela Constituição Federal aos entes

para que criem, por meio de leis, os tributos nela previstos.

“outra é reunir credenciais para integrar a relação jurídica, no tópico do sujeito

ativo”: refere-se à capacidade tributária ativa, atribuição administrativa de

cobrar e fiscalizar os tributos. Gabarito: E

2) (FCC / NeR TJ PE/ 2013) A competência tributária

a) é delegável por lei, como no caso do Imposto Territorial Rural − ITR, em

que a União pode delegar a competência para os Municípios que assim

optarem.

b) não pode deixar de ser exercida, razão pela qual, a União tem obrigação

constitucional de instituir todos os impostos de sua competência.

c) é renunciável nos casos expressamente autorizados pela Constituição

Federal, como no caso do Imposto sobre Grandes Fortunas, que era de

competência da União.

d) é exclusiva em relação a todos os tributos, devendo cada ente se limitar a

instituir os tributos expressamente previstos na Constituição Federal ou em

lei.

e) é indelegável em qualquer situação, não podendo o ente renunciá-la ou

transferi-la a outro ainda que por lei.

Comentários

(24)

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Alternativa A – “

é delegável

por lei”. Não precisa continuar a ler o restante da

afirmativa, pois sabemos que a competência tributária é indelegável.

Alternativa B – Incorreta, pois a competência tributária é facultativa.

Alternativa C – Incorreta, pois a competência tributária é irrenunciável.

Alternativa D – A competência tributária não é exclusiva em relação a todos os

tributos, há casos de competência comum, como as taxas, cumulativa, etc.

Além disso, cada ente só pode instituir os tributos expressamente previstos na

Constituição, pois as leis não podem ampliar a competência tributária.

Alternativa E – Correta. Gabarito: E

3) (FCC / AJ TRF5/ 2013) Sobre competência legislativa em matéria

tributária, é correto afirmar:

a) A União tem sempre competência exclusiva para instituir contribuição social

para seguridade social de todos os serviços públicos dos entes da Federação.

b) Os entes da Federação têm competência comum para instituir contribuição

de intervenção no domínio econômico.

c) A competência para instituição de impostos vem discriminada na

Constituição Federal para cada um dos entes da Federação.

d) A competência para instituição de imposto residual é privativa da União,

muito embora seja cabível delegação desta competência aos

Estados-membros e Distrito Federal mediante lei complementar.

e) A competência para instituição do ITR é de competência da União, mas a

Constituição Federal admite expressamente a delegação desta competência

aos Municípios, nos termos de lei complementar que regulamente as hipóteses

e forma de delegação.

Comentários

Alternativa A – Incorreta, pois cada ente da Federação tem competência para

instituir contribuição, cobrada de seus respectivos servidores, para custeio, em

benefícios deles, do regime previdenciário. (CF, art. 149, § 1º)

Alternativa B – Incorreta, pois a contribuição de intervenção no domínio

econômico é de competência exclusiva da União (CF, art. 149, caput)

Alternativa C – Correto, a Competência Tributária é o poder atribuído pela

Constituição a cada ente político para instituição de tributos, entre os quais

os impostos.

Alternativa D – Incorreta, pois as competências tributárias são indelegáveis.

Alternativa E – Mesmo erro da alternativa anterior, pois a competência é

indelegável. O que a Constituição permite é a delegação da capacidade

tributária ativa, o poder para fiscalizar e cobrar os impostos. Gabarito: C

(25)

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4) (CESPE / AFRE ES /2013) O cometimento a pessoa de direito privado,

como os bancos, do encargo de arrecadar tributos

a) constitui ato de delegação de competência, de acordo com a legislação

tributária vigente.

b) constitui delegação da capacidade tributária passiva.

c) constitui ato legal em que se atribui apenas a capacidade de arrecadar, não

cabendo fiscalização ou cobrança do tributo.

d) não pode ser revogado unilateralmente.

e) pode ser anulado, e não revogado, visto que a revogação tem de ser feita

por mútuo consentimento.

Comentários

Conforme art. 7º, caput e §3º, do CTN, a competência tributária é indelegável,

mas não se confunde com o encargo de arrecadar tributos, que pode ser

cometido a pessoas de direito privado, como os bancos. Tal atribuição pode

ser revogada a qualquer tempo por ato unilateral da pessoa jurídica de direito

público que a tenha conferido (CTN, art. 7º, § 2º). Portanto, eliminamos as

alternativas “a”, “d” e “e”. O ato de arrecadar tributos também não se

confunde com capacidade tributária ativa, que é a função administrativa de

cobrar e fiscalizar os tributos e é privativa de pessoas jurídicas de direito

público, nem com a capacidade tributária passiva, própria dos contribuintes,

de quem tem o dever de pagar o tributo. Portanto, correta a assertiva C.

Gabarito: C

5) (ESAF/ ATRFB/ 2012) Analise as proposições a seguir e assinale a opção

correta.

I. Se a Constituição atribuir à União a competência para instituir certa taxa e

determinar que 100% de sua arrecadação pertencerá aos Estados ou ao

Distrito Federal, caberá, segundo as regras de competência previstas no

Código Tributário Nacional, a essas unidades federativas a competência para

regular a arrecadação do tributo.

II. Embora seja indelegável a competência tributária, uma pessoa jurídica de

direito público pode atribuir a outra as funções de arrecadar e fiscalizar

tributos.

III. É permitido, sem que tal seja considerado delegação de competência,

cometer a uma sociedade anônima privada o encargo de arrecadar impostos.

a) As duas primeiras afirmações são corretas, e errada a outra.

b) A primeira é correta, sendo erradas as demais.

c) As três são corretas.

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e) As três são erradas.

Comentários

Item I – Contraria o disposto no CTN, art. 6º, parágrafo único, que determina:

“Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras

pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa

daquela a que tenham sido atribuídos.” Ou seja, não importa o destino da

arrecadação, a competência atribuída pela Constituição permanece inalterada.

Item II – Correto, conforme art. 7º, caput, do CTN.

Item III – Correto, conforme art. 7º, § 3º do CTN. O encargo de arrecadar

tributos pode ser atribuído a pessoas jurídicas de direito privado, como

bancos, e não se confunde com capacidade tributária ativa, muito menos com

competência tributária. Trata-se de mera função de receber os pagamentos

dos contribuintes e repassá-los a pessoa de direito público relacionada.

Gabarito: D

6) (FCC / AFTM SP/ 2012) Município Deixa pra Lá, não conseguindo,

hipoteticamente, exercer sua competência constitucional tributária para

instituir o ITBI no seu território, celebrou acordo com o Estado federado em

que se localiza, para que esse Estado passasse a exercer, em seu lugar, a

competência constitucional para instituir o referido imposto em seu território

municipal e, ainda, para que exercesse as funções de fiscalizar e arrecadar

esse tributo, recebendo, em contrapartida, um pagamento fixo anual, a título

de "retribuição compensatória".

Relativamente a essa situação, o Município Deixa pra Lá

a) não pode delegar sua competência tributária, nem suas funções de

arrecadar e de fiscalizar tributos de sua competência tributária a qualquer

outra pessoa jurídica de direito público, mas pode delegar as funções de

arrecadação às instituições bancárias públicas e privadas.

b) pode delegar sua competência tributária e suas funções de arrecadar e de

fiscalizar tributos a outra pessoa jurídica de direito público.

c) não pode delegar sua competência tributária a qualquer outra pessoa

jurídica de direito público, embora possa delegar as funções de arrecadar e de

fiscalizar tributos de sua competência tributária.

d) não pode delegar sua competência tributária, nem suas funções de

fiscalizar tributos a qualquer outra pessoa jurídica de direito público, embora

possa delegar suas funções de arrecadar tributos de sua competência

tributária.

e) não pode delegar sua competência tributária, nem suas funções de

arrecadar e de fiscalizar tributos de sua competência tributária a qualquer

outra pessoa jurídica de direito público.

(27)

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Comentários

A FCC contou uma historinha para te perguntar, nos fim das contas, sobre a

possibilidade ou não de delegar a competência tributária. Como você já está

cansado de saber, a competência tributária é indelegável, ao contrário da

capacidade tributária ativa. A única alternativa correta é a C. Gabarito: C

7) (FCC / AFTM SP / 2012) Admitindo-se que caiba apenas aos Estados

federados colocar à disposição da população um determinado serviço público

específico e divisível, e, admitindo-se, também, que, em decorrência de

omissão de alguns Estados, os municípios neles localizados resolvam, fora do

âmbito de suas respectivas atribuições, tornar esse serviço disponível às suas

respectivas populações, cobrando, em razão disso, taxas pelos serviços que

estão sendo colocados à sua disposição, conclui-se que a instituição dessa

taxa está em

a) desconformidade com a legislação, pois as taxas só podem ser cobradas

em razão de serviços efetivamente prestados e não meramente colocados à

disposição do munícipe.

b) desconformidade com a legislação, pois uma pessoa jurídica de direito

público não pode cobrar taxa por atividade que não esteja no âmbito de suas

respectivas atribuições.

c) conformidade com a legislação, desde que o Estado delegue sua

competência tributária para o município.

d) desconformidade com a legislação, pois a atividade desenvolvida pelo

município deve ser prestada gratuitamente, custeada pela receita geral de

impostos, já que os municípios não estão constitucionalmente autorizados a

cobrar taxa de espécie alguma.

e) conformidade com a legislação, pois, se o Estado não exerceu sua

competência

constitucional,

o

município

deve

fazê-lo,

cobrando,

consequentemente, as taxas cabíveis.

Comentários

Alternativa A – Incorreta, pois as taxas podem ser cobradas pela “utilização,

efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao

contribuinte ou posto à sua disposição.” (Art. 77 do CTN)

Alternativa B – Correta, pois um ente não pode assumir a competência

tributária de outro em razão de omissão. As taxas competem a União,

Estados, DF e municípios de acordo comas atribuições que lhes são outorgadas

pela CF, Constituições dos Estados, Leis Orgânicas e legislações compatíveis.

(Art. 80 do CTN)

(28)

Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

Alternativa D – Completamente equivocada, todos os entes podem instituir

taxa de acordo com suas atribuições.

Alternativa E – A competência tributária é indelegável por ação ou omissão.

Gabarito: B

8) (FCC / AFR SP / 2009) A respeito da competência tributária, considere:

I. A competência tributária é o poder, conferido a determinado ente político,

por lei complementar específica, para aumentar tributos.

II. A competência tributária é indelegável. Porém, as funções de arrecadar ou

fiscalizar os tributos ou de executar leis, serviços, atos ou decisões

administrativas em matéria tributária podem ser delegadas por uma pessoa

jurídica de Direito Público a outra.

III. A competência tributária, que compreende a competência legislativa e a

capacidade tributária, é delegável.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I.

b) II.

c) III.

d) I e II.

e) I e III.

Comentários

Conforme comentado em aula (Pág. 6). Gabarito: B

9) (FCC / AFR SP / 2009) Em relação à competência tributária, cabe

a) à União instituir impostos sobre: I) importação de produtos estrangeiros;

II) propriedade territorial rural; III) doação de quaisquer bens e direitos.

b) aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I) transmissão

causa mortis; II) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre

prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de

comunicação; III) propriedade de veículos de qualquer natureza.

c) aos Municípios instituir impostos sobre: I) propriedade territorial urbana e

rural; II) serviços de qualquer natureza não compreendidos na competência

tributária dos Estados, definidos em lei complementar; III) doação de

quaisquer bens e direitos.

d) aos Estados instituir impostos sobre: I) propriedade predial territorial e

urbana; II) transmissão inter vivos a qualquer título, por ato oneroso ou

gratuito de quaisquer bens e direitos; III) serviços de qualquer natureza.

(29)

Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

e) à União instituir impostos sobre: I) importação de produtos estrangeiros;

II) propriedade territorial rural; III) os impostos estaduais em território

Federal e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os

impostos municipais.

Comentários

Conforme analisado em aula (Pág. 12). CF/88, arts. 153, 155 e 156.

Gabarito: E

10) (FCC / AFTM SP/2007) Relativamente à competência tributária e às

funções de arrecadação e fiscalização, é correto afirmar que

a) ambas sempre são delegáveis, dependendo de lei complementar federal.

b) a competência é delegável de uma pessoa jurídica de direito público para

outra, mas a atribuição das funções de arrecadação e de fiscalização é

indelegável.

c) a competência é indelegável de uma pessoa jurídica de direito público para

outra, mas a atribuição das funções de arrecadação e de fiscalização é

delegável.

d) tanto a competência como a atribuição das funções de arrecadação e de

fiscalização são indelegáveis de uma pessoa jurídica de direito público para

outra.

e) tanto a competência como a atribuição das funções de arrecadação e de

fiscalização são delegáveis de uma pessoa jurídica de direito público para

outra.

Comentários

Resolvemos essa questão com a literalidade do art. 7º do CTN: “A

competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de

arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões

administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de

direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.”

Gabarito: C

11) (FCC / AJ TRF2 /2007) No que diz respeito à competência legislativa, o

Código Tributário Nacional, dentre outras situações, dispõe que,

a) a competência tributária é sempre indelegável, abrangendo a atribuição

das funções de fiscalizar tributos ou de executar leis ou serviços de natureza

tributária.

b) a atribuição da função de arrecadar tributos implica que sua revogação seja

feita com prévio aviso, e por ato bilateral entre as partes.

(30)

Prof.ª. Juliana Migowski - Aula 01

c) a atribuição da função de fiscalizar tributos não compreende as garantias e

os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público

que a conferir.

d) o não-exercício da competência tributária a defere à pessoa jurídica de

direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.

e) não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de

direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos.

Comentários

Alternativa A – Incorreta, pois as funções de fiscalizar tributos ou de executar

leis ou serviços de natureza tributária fazem parte da capacidade tributária

ativa e são delegáveis.

Alternativa B – Incorreta, pois o art. 7º, § 2º do CTN, determina que a

atribuição da função de arrecadar tributos pode ser revogada a qualquer

tempo por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha

conferido.

Alternativa C – Contraria o art. 7º, § 1º do CTN. “a atribuição da função de

fiscalizar tributos

não

compreende as garantias e os privilégios processuais

(...)”

Alternativa D – Contraria o art. 8º do CTN. “o não-exercício da competência

tributária

não

a defere à pessoa jurídica de direito público diversa (...)”

Alternativa E – Correto, conforme o art. 7º, § 3º do CTN. Gabarito: E

12) (FCC / JE TJPE/2011) Em nosso sistema tributário, os impostos

designados residuais

a) podem ser instituídos por lei ordinária federal, desde que não sejam

cumulativos e tenham fato gerador e base de cálculo inéditos.

b) podem ser instituídos pela União, Estados ou Municípios, desde que não

sejam cumulativos e tenham fato gerador e base de cálculo inéditos.

c) podem ser instituídos por lei ordinária federal, desde que tenham fato

gerador e base de cálculo inéditos.

d) são de competência privativa da União e só podem ser instituídos mediante

lei complementar.

e) são instituídos para cobertura das despesas residuais orçamentárias.

Comentários

Os impostos residuais estão previstos no art. 154, I, da CF/88.

Alternativa A – “podem ser instituídos por

lei ordinária federal

(...)”. A CF

exige Lei Complementar.

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