"Agricultura familiar: construindo uma agenda com
visão de futuro”
(Agropensa/EMBRAPA) – Dez/2013
O “Campo” vai bem? Para
quem? – percepção sobre o
contexto da Agricultura Familiar.
sergio.martins@uffs.edu.br
sergio@ens.ufsc.br
sergiormartins51@gmail.com
O contexto da percepção:
Universidade Federal da Fronteira Sul
• UFFS: gênese e inserção
• Compromisso Institucional: Agricultura Familiar e
Agroecologia;
• A nucleação de grupos de pesquisa:
– Mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável; – Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental;
– Curso de Especialização em Agricultura Familiar (apoiado pela FAO);
UFSC: Programa de Pós-Graduação em EngenhariaAmbiental: Tecnologias para Saneamento Rural (Manejo dejetos);
O contexto da percepção Rede
CONSAGRO
• Rede de Construção de Conhecimento para Avaliação
de Sustentabilidade em Agroecossistemas :
Agricultura
Familiar, Sustentabilidade, Agroecologia);
• Repensa/CNPq: EPAGRI, UFFS, UFPEL, EMBRAPA, ITFPR, UFMG,
UFPA: dissertações e teses;
• Fórum da Água (Instituições ensino, pesquisa, Prefeituras,
movimentos sociais, organizações de agricultores;
• Tecnologias Sociais para a Gestão da Água: UFSC, EMBRAPA,
EPAGRI, UNIVERSIDADES... (apoio PETROBRAS AMBIENTAL).
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Projetos Repensa CNPq
• Avaliação de sustentabilidade de
agroecossistemas hortícolas, com base de
produção na Agroecologia e na Agricultura
Familiar, no oeste da região Sul do Brasil;
• Construção e qualificação da sustentabilidade
de agroecossistemas em propriedades
Agrícolas Familiares.
CAMPO VAI BEM! PRODUTORES
COMEMORAM ANO RECORDE EM VENDA.
(DC 07/12/3013)
Produto Produção Exportação Observação Suínos 800 mil ton 180 mil ton
US$346 milhões
Japão, China SC: 1/3 da
exportação do Brasil Aves 3 milhões ton US$257 milhões
Milho 3,3 milhões ton R$30,00/sc
7,5 ton/ha
Leite 2,7 bilhões lt 200 mil propriedades
5º produtor nacional 40% prioridade leite R$1,13 lt
Soja 1,5 milhões scs
Trigo R$40,00/sc
Agroindústria Sobra emprego
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Cenário otimista
• Crescimento de até 18% em 2013;
• Cenário positivo para 2014 (mercado interno e
externo aquecidos)
• Possibilidade de SC: exportação de carne (de
180mil ton para 380mil ton);
Características AF (Oeste Catarinense)
• Numero estabelecimentos: 80% • Integrados suínos: 70%
• Modelo de produção: “policultura hierarquicamente subordinada à suinocultura” ... sistemas de cultivo de milho, feijão e soja de modo
complementar à produção de suíno. Testa et al. (1996) .
• Descapitalização de grande parcela das unidades familiares, diminuindo as oportunidades de trabalho e intensificando o êxodo rural: fragilidade dos principais pilares que servem de base para o desenvolvimento rural: o
capital social e a qualidade ambiental (Mello e Marques, 2007).
• Diferentes padrões de articulação entre AF, agroindústria e território: processo de co-evolução com predominância, embora variável por cadeia, das redes verticais (commodities). Mior (2010).
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Área plantada com lavouras temporárias (Mil ha) Rebanho suíno (Mil cabeças)
Evolução do rebanho e da área com lavouras no
Oeste de SC
(MIRANDA, C.R.; EMBRAPA Suínos e Aves)Cenário cético: o que está oculto
• Agroindústria produz mais com menor
número de agricultores familiares integrados;
• O significado da modernização acelerada da
agroindústria: velocidade diferenciada com
capacidade de resposta do agricultor;
• Êxito econômico da agroindústria x êxodo dos
integrados.
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A percepção sobre o problema: o
“Campo” vai bem? Para quem?
• Risco da agricultura Familiar integrada se
desintegrar: problema da sucessão! Jovens
não querem ficar no campo (testemunham o
trabalho penoso e a falta de futuro);
• Quem alimentará as integradoras?
Questões da AF integrada:
Desintegração familiar (relacionamento familiar: tempo?);
Deixam de produzir alimentos de consumo familiar;
Risco da atividade é da responsabilidade do agricultor;
O agricultor deixa de ser agricultor: perda da autonomia e
auto-estima;
Perda de biodiversidade dos agroecossistemas (monocultivo);
Incertezas quanto ao futuro; perda da auto-estima;
Distanciamento da empresa com relação as aspirações e
necessidades das famílias;
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Os impactos (causas/consequencias)
• Disparidade regional: IDH de países desenvolvidos à países
subdesenvolvidos;
• Impactos pelo uso de agrotóxicos na região (solo, água,
biodiversidade, saúde humana, saúde ambiental);
• Questão dos dejetos da suinocultura: contaminação de
águas superficiais e subterrâneas;
• Incertezas quanto ao futuro: perda da auto-estima, perda
dos saberes locais;
A agricultura Familiar não integrada:
principais demandas
• A questão da sucessão: tão ou mais contundente, a falta de perspectiva, o êxodo que não para.
• Agricultores não sentem suas demandas atendidas pelos Serviços de ATER (descompassos com planos de trabalho dos Escritórios Regionais): despreparo para soluções alternativas;
• Agricultores sem respostas para questões de produção (manejo solo, água, biodiversidade, plantas espontâneas, equipamentos para aliviar trabalho penoso, sementes, mudas);
• Agricultores não percebem preocupação com a qualidade de vida da família (soluções centradas nos produtos, e sem visão sistêmica da propriedade e da saúde ambiental);
• Limitações quanto aos aspectos de comercialização;
• Limitações: saúde, educação, laser, transporte, saneamento; martinss@brturbo.com.br
Demandas sócio-culturais
• Legislação: questões tributárias (facilitar mercado),
adequação a agroindústria: serviços de inspeção, código
florestal;
• Valorização do saber local: uso e , valorização dos sistemas
produtivos locais, resgate histórico do agricultor (perpetuar
conhecimento acumulado);
• Ordenamento e regularização fundiária;
• Relações familiares: gênero e inter-geração;
Demandas ambientais
• A importância das matas ciliares: proteção das águas; qualidade,
conservação e disponibilidade dos recursos hídricos; armazenamento;
• Saneamento ambiental (saneamento rural): interfaces com espaço
urbano; contaminação hídrica;
• Preservação da biodiversidade: uso e aproveitamento econômico de
espécies alimentícias e medicinais;
• Saúde do solo: conservação, qualidade, ciclagem de nutrientes;
• Controle biológico de pragas e doenças;
• Importância da biodiversidade;
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Demandas tecnológicas
• Manejo agroecológico: necessidade de assistência técnica;
• Rotação, compostagem, adubação verde, cobertura morta,
consorciação, obtenção de sementes,
• Competição tecnológica do agronegócio: inovação
tecnológica:;
• Inclusão digital;
• Uso de insumos internos: redução de custos
Demandas econômicas
• Gestão e organização: Controle administrativo e financeiro; metas., planos de ação, registro de procedimentos;
• Comercialização e função sociocultural: relações entre agricultor e consumidor; canais de comercialização (“me ajudem a comercializar: as questões técnicas eu aprendo e faço”).
• Certificação: divulgação de produtos, diversificação de produtos e atividades;
• Valorização de produtos coloniais e agroindústria familiar: vantagem competitiva sem atravessador (canais de curta distancia);
• Soberania alimentar; produção de alimentos com qualidade, livre de contaminantes: saúde do agricultor e do consumidor.
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Grandes questões
• Sucessão Familiar;
• Cooperação: visão macro, estratégia para longo
prazo e fortalecimento do “local” em sua relações
com o “global”;
• Quem são os sujeitos das Agriculturas Familiares:
complexidade sociocultural (povos indígenas,
quilombolas, integrados, não integrados,
pescadores artesanais, assentados da RA);
Desenvolvimento rural: co-evolução?
(Mior, L.C., 2010):
• Convergências e conflitos nas relações entre AF,
agroindústria e o território;
– Processos globais (verticais) x processos locais (horizontais)
– Importância da valorização local: diversificação, incorporação
socioeconômica da produção e agroindústria familiar, cultura
local (saber fazer), auto-estima, insumos e matéria-prima
local e regional;
– Fortalecimento das redes sociais: relacionamento com outros
agentes da cadeia produtiva (produtor/consumidor);
– Sistemas agroecológicos de produção;
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