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UFCD - 7214 - Abordagem Biológica, Psicológica, Social e Cognitiva Do Envelhecimento

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(1)

Abordagem Biológica,

Psicológica, Social e Cognitiva do

Envelhecimento

(2)

Detalhe da UFCD:

7214 – Abordagem Biológica, Psicológica, Social e Cognitiva do

Envelhecimento

Designação da UFCD:

Abordagem Biológica, Psicológica, Social e Cognitiva do Envelhecimento

Código:

7214

Carga Horária:

50 Horas

Objetivos:

Identificar os conceitos e princípios fundamentais sobre o processo

de envelhecimento;

Identificar os problemas de saúde mais comuns no idoso e suas

consequências;

Identificar alterações na autonomia e funcionalidade e seu impacto

na qualidade de vido do idoso;

Identificar as redes sociais de apoio e os serviços de

institucionalização.

Conteúdos:

Principais alterações biológicas do envelhecimento:

 Alterações estruturais:

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o Músculos, ossos e articulações;

o Pele e tecidos subcutâneos.

 Alterações funcionais:

o Sistema cardiovascular;

o Sistema respiratório;

o Sistema renal e urinário;

o Sistema gastrointestinal;

o Sistema nervoso e sensorial;

o Sistema endócrino e metabólico;

o Sistema imunitário;

o Ritmos biológicos e sono.

 Implicações das alterações funcionais na prestação de

cuidados pessoais.

Problemas de saúde mais comuns no idoso:

 Doenças cardiovasculares;

 Diabetes;

 Doenças reumáticas;

 Perturbações mentais e comportamentais;

 Alterações da visão;

 Alterações cognitivas.

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 Perturbações mentais e comportamentais devidos ao abuso

de substância psicoativa;

 Esquizofrenia, perturbações esquizotípicas e perturbações

delirantes;

 Perturbações do humor;

 Síndromes comportamentais associadas a disfunções

fisiológicas e a fatores físicos.

Alterações na autonomia e funcionalidades e impacto na qualidade

de vida do idoso:

 Quedas;

 Imobilidade;

 Depressão.

Aspetos psicológicos do envelhecimento:

 Modificação das funções cognitivas;

 Os afetos e a sexualidade nos idosos;

 Envelhecimento emocional e suas caraterísticas;

 Aspetos psicológicos de risco no idoso.

Aspetos sociais do envelhecimento:

 Evolução histórica do conceito de idoso;

 A perspetiva de outras culturas;

 A interpretação individual e social das várias fases do ciclo da

vida;

(5)

Redes de apoio:

 As pessoas idosas e o meio ambiente;

 A diversidade do meio ambiente;

 A família e a comunidade.

As instituições formais:

 Caracterização e natureza das instituições formais;

 Institucionalização das pessoas de idade;

 A vida quotidiana nas instituições.

Referenciais de Formação:

(6)

Índice:

1. Processo de Envelhecimento: Aspetos Psicológicos e Sociais ... 1

1.1. Evolução Histórica do Conceito de Idoso ... 5

1.2. Atitudes, Mitos e Estereótipos Associados à Velhice ... 7

1.3. Fases do Ciclo de Vida do Idoso ... 11

2. Principais Alterações Biológicas do Envelhecimento ... 12

2.1. Alterações Estruturais do Envelhecimento ... 13

2.2. Alterações Funcionais do Envelhecimento ... 15

2.2.1. Sistema Cardiovascular ... 16

2.2.2. Sistema Respiratório ... 17

2.2.3. Sistema Renal e Urinário ... 18

2.2.4. Sistema Gastrointestinal ... 19

2.2.5. Sistema Nervoso e Sensorial ... 20

2.2.6. Sistema Endócrino e Metabólico ... 21

2.2.7. Sistema Imunitário ... 22

2.3. O Sono no Idoso ... 23

3. Problemas de Saúde Mais Comuns no Idoso... 27

3.1. Doenças Cardiovasculares ... 27

3.2. Diabetes no Idoso ... 29

3.3. Doenças Reumáticas ... 31

3.4. Alterações da Visão e da Audição ... 32

3.5. Aptidões Cognitivas ... 33

4. Perturbações Mentais e Comportamentais no Idoso ... 36

4.1. Demência ... 38 4.2. Doença de Alzheimer ... 40 4.3. Esquizofrenia ... 43 4.4. Depressão ... 44 4.5. Perturbações Delirantes ... 46 4.6. Perturbações de Ansiedade ... 48 4.7. Perturbações Somatoformes ... 49

4.8. Perturbações Devidas ao Abuso de Substância Psicoativa ... 50

5. Quedas no Idoso ... 51

6. Sexualidade na Terceira Idade ... 54

7. A Família Enquanto Rede Informal de Suporte ... 58

8. Redes Formais de Apoio ao Idoso ... 60

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“A melhor sala de aula do mundo

está aos pés de uma pessoa idosa."

(8)

1. Processo de Envelhecimento: Aspetos Psicológicos e Sociais

A vida adulta é de todas as fases do ciclo de vida, a mais longa e a mais propícia a mistérios na nossa sociedade e provavelmente na generalidade da história humana (Levinson, 1978, in Marchand, 2005).

Ao progressivo envelhecimento demográfico tem vindo a corresponder uma longevidade crescente, que traduz uma conquista importante da humanidade. Esta ocorre principal e significativamente nas sociedades mais desenvolvidas, que devido ao progresso socioeconómico e do avanço da ciência e da tecnologia têm vindo continuadamente a criar condições de vida favoráveis ao aumento da esperança média de vida (Alves, 2013).

O envelhecimento corresponde a uma fase progressiva do ciclo vital de qualquer organismo que sofra a influência do tempo. Representa um conjunto de alterações que ocorrem no nosso corpo, como consequência do tempo vivido (Pinhel, 2011).

O processo de envelhecimento é progressivo e degenerativo, caracterizado por uma menor eficiência funcional, com enfraquecimento dos mecanismos de defesa face às variações ambientais e perda de reservas funcionais. É universal e intrínseco, ou seja, não é determinado por fatores ambientais, apesar de ser influenciado por eles (Pinhel, 2011).

Simões (2006, in Pinhel, 2011) refere que envelhecer não significa necessariamente algo negativo. Muito pelo contrário, é um momento de transformação e de aprendizagem das fases anteriores a novas descobertas.

“Saber envelhecer é a grande sabedoria da

vida”.

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Costa (2002, in Pinhel, 2011) salienta que o envelhecimento é um facto inerente à vida humana, desta forma, acontecerá a todos, sem distinção de classe social, crença ou ideologia política. Podemos retardá-lo ou mascará-lo, mas nunca impedi-lo.

Desta forma, a literatura (Geithner & McKenney, 2010) apresenta-nos trêstipos de envelhecimento:

Normal: Que se refere ao envelhecimento e às suas alterações funcionais que

não são resultado de doenças;

Patológico: Que se refere aos efeitos da idade resultantes de perturbações

ambientais, mutações genéticas e acidentes da natureza;

Ótimo: Quando existe preservação da capacidade funcional e da qualidade de

vida.

Cardão (2009, in Pinhel, 2011) refere que a velhice é uma etapa da vida marcada pela

longevidade

,

que embora tenha o processo

de envelhecimento como pano de fundo, não se confunde com este. Envelhecer não é ser idoso, é ir sendo mais velho dentro de um processo complexo de desenvolvimento entre o momento em que nasce e o momento em que morre, sendo inerente a todos os seres vivos.

Fontaine (2000 in Marchand, 2005) concebe o envelhecimento como um processo que não se reduz a perdas, mas antes a uma interação contínua entre fenómenos biológicos, psicológicos e sociais, que provoca alterações no organismo à medida que a idade cronológica aumenta. Do ponto de vista biopsicossocial, pode dizer-se que não se envelhece, da mesma forma, ao mesmo ritmo e pela mesma idade cronológica.

(10)

Não se podem vincular todas as dificuldades que caracterizam o modo de vida dos

idosos a fatores sociais, uma vez que os fatores

biológicos e psicológicos são fulcrais na

capacidade de adaptação do idoso às novas

realidades, tendo uma relevância crucial no

processo de envelhecimento

(Pimentel, 2005). Infere- se então, que

envelhecimento e velhice não são sinónimos, pois

nem só as pessoas idosas envelhecem (Marchand, 2005).

Envelhecer é um processo natural que não é sinónimo de doença. Cardão (2009 in Pinhel, 2011) refere que o envelhecimento bem sucedido implica a capacidade de o idoso se adaptar às mudanças do meio ambiente, sendo a atividade física um fator importante, pois permite preservar a funcionalidade e o sentimento de valor próprio. Distinguem-se, assim três parâmetros do envelhecimento bem-sucedido: baixo risco de doenças, ou incapacidades, funcionamento físico e mental elevado e interesse ativo pela vida (Rowe e Kanh, 1999 in Melo, 2012). Simões (2006 in Pinhel, 2011) salienta que o grande desafio de envelhecer com saúde é fazer com que somente as mudanças normais do envelhecimento ocorram,

minimizando as limitações. Este refere que os idosos de hoje não só são mais saudáveis, mas também mais instruídos e sê-lo-ão cada vez mais no futuro.

Além das alterações da componente física

podem-se verificar modificações nas reações emocionais do idoso, como o acumular de perdas e separações, solidão, isolamento e

marginalização social. As principais

características de um envelhecimento emocional pautam-se pela redução da tolerância aos

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depressão, sintomas hipocondríacos, autodepreciativos, de passividade, conservadorismo de caráter e de ideias, e acentuação de traços obsessivos (Sousa, 1998 in Cardoso, 2009).

Podemos considerar a morte como a maior das crises que o idoso enfrenta. Na terceira idade as perdas aceleram-se, sendo que o tempo para a sua superação é significativamente menor. Pode ocorrer, que o idoso se sinta incapacitado ou demasiado fragilizado para enfrentar as perdas, instalando-se assim uma crise patológica. Mesmo considerando que envelhecer e adoecer não sejam sinónimos, existem determinados acontecimentos que são mais frequentes em idosos, nomeadamente:

 Momento trágico (viuvez, reforma, etc.);  Rutura a nível pessoal, familiar e social;  Dificuldade em adaptar-se;

 Espera emocional negativa (desilusão com a vida, insónias, depressão);

 Alteração do grupo de amigos.

A velhice traz consigo a perspetiva de morte. A perda de amigos, familiares e de pessoas de referência social reforça o carácter de finitude, o qual ganha maior incidência ao longo do processo de envelhecimento. Quando existe um acontecimento grave, que envolva aspetos físicos, mentais e sociais, e que gera sofrimento, a morte passa a ser não só uma probabilidade como também uma alternativa (Pinhel, 2011).

De acordo com Schroots e Birren (1980 in Melo, 2012) o processo de envelhecimento apresenta três componentes:

 Biológica: Que resulta da vulnerabilidade crescente e de uma maior probabilidade de morrer, a que se chama senescência;

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Envelhecer é um processo dinâmico, inevitável e irreversível, habitualmente lento e progressivo, mas individualizado, já que as pessoas não envelhecem da mesma forma nem ao mesmo tempo. Desta forma, o ser saudável deixa de estar relacionado com a idade cronológica e passa a ser entendido como a capacidade do organismo em responder às necessidades da vida quotidiana, assim como, a capacidade e a motivação física e psicológica para continuar à procura de novas conquistas pessoais e familiares (Melo, 2012).

A passagem para a velhice é variável de acordo com o tipo de ocupação, os países, os sistemas sociais e as épocas históricas. A entrada na reforma e os 65 anos deixaram de ser um indicador rigoroso para sinalizar o início da velhice, considerando-se atualmente a existência de processos de envelhecimento individuais e diferenciados de pessoa para pessoa, em linha de trajetórias de desenvolvimento a que cada um esteve sujeito ao longo da sua vida (Paul e Fonseca, 2005 in Alves, 2013).

1.1.

Evolução Histórica do Conceito de Idoso

Nos tempos pré-históricos a velhice terá sido extremamente rara. O idoso insere-se na História com um texto egípcio do ano 2450 A.C., sendo frequentemente referenciado no Antigo Testamento.

No período que antecede Platão o tratamento filosófico dado à velhice era predominantemente negativista, na medida em que a observação dos seus efeitos negativos não era acompanhada pelo incitamento em viver esse período da melhor forma possível (Gomes e Viegas, 2007 in Melo, 2012).

Platão (427- 347 a.C.) considerava o resultado do processo de envelhecimento como uma continuidade da vida de jovem e adulto, numa lógica de que se envelhece como se viveu.

Já Aristóteles (384-322 a.C.) refere-se à quarta idade como sendo a da senilidade, com deterioração generalizada das capacidades. A deterioração do corpo a

(13)

Até ao século XVII, apenas 1% da população vivia mais de 65 anos, aumentando para aproximadamente 4% no século XIX (Hamilton, 2010 in Melo, 2012).

Para Costa (2002) as definições de envelhecimento e de idoso continuarão a evoluir com o desenvolvimento, no entanto, o que é dado como certo, é que a sua utilização implica relações com o tempo. O envelhecimento teve, pois, ao longo da história, diversas conotações, que variaram em função dos valores atribuídos ao idoso pela sociedade, e do papel atribuído no âmbito do seu contexto cultural e social.

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1.2. Atitudes, Mitos e Estereótipos Associados à Velhice

Com a transformação da sociedade, que recorrentemente valoriza a produtividade, a juventude e a beleza, os idosos tornaram-se num grupo vulnerável propício à exclusão por parte dos mais jovens, sendo por vezes vítimas de discriminação, de representações sociais e de estereótipos.

Desta forma, o idoso é percecionado, muitas das vezes, como alguém cansado, doente e improdutivo, podendo estas avaliações negativas tornar-se símbolo da própria identidade, levando a que este as considere verídicas (Almeida & Cunha, 2003 in Neves, 2012).

Atualmente é concebida uma generalização de todos os idosos, originando estereótipos, que comprometem a sua participação ativa na sociedade (Mennocchi, 2009 in Neves, 2012). Consequentemente têm-se gerado falsas crenças relativamente aos idosos, que se devem à falta de compreensão e desconhecimento por parte da população em geral sobre esta faixa etária, contribuindo para isolar e acelerar o processo de envelhecimento, gerando um abandono crescente, quer pela família quer pela sociedade (Castro, 2007 in Neves, 2012).

A exagerada valorização da juventude, contribui igualmente para encarar a velhice como estando associada à invalidez e à morte, gerando, muitas vezes o isolamento do idoso (Elsner, Pavan & Guedes, 2007 in Neves, 2012)

Eis alguns dos estereótipos mais frequentemente associados ao idoso:

ESTEREÓTIPOS FACTOS

O idoso é confuso e desinteressado em relação ao mundo.

Os idosos manifestam interesse pelo que os rodeia, gostam de estar atualizados e de aumentar o seu conhecimento. Apenas um número reduzido sofre de

alguma doença que o incapacite

cognitivamente.

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dos outros. em qualquer das diversas etapas da vida. Muitos idosos cuidam de si, vivendo ativos e saudáveis. O fato de a maioria dos idosos ter alguma doença não significa que sejam incapazes de ser autónomos.

Os idosos são senis (memória deficiente, são desorientados ou dementes).

Estudos demonstram que existe uma preservação do intelecto e de outras funções mentais no envelhecimento normal, continuando o idoso apto a aprender e a memorizar.

Investigações demonstram que um grande número de idosos mantém laços de amizade, permanecem em contacto estreito com a família e participam regularmente em atividades sociais.

Os idosos vivem sós e na infelicidade.

Centros de convívio e universidades de terceira idade têm sido procurados pelos mais velhos para realizarem atividades de socialização e de aprendizagem.

Muitos idosos estão institucionalizados.

A maioria dos idosos estão em casa ao cuidado da família, de si mesmos e/ou de instituição de apoio. Só uma pequena

percentagem reside em ambiente

institucional.

Os idosos não se interessam pela atividade sexual.

Os idosos gostam de partilhar carinho, afeto e amor. O interesse sexual do idoso é maior do que se pensa e do que eles

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Os idosos são inúteis para a sociedade e incapazes no trabalho.

mais assíduos ao trabalho, sofrem menos acidentes e têm um rendimento mais constante relativamente a trabalhadores mais jovens. Apesar da diminuição da perceção e da velocidade de reação, a maioria geralmente desempenha as suas funções tão bem quanto os jovens.

Os idosos são conservadores e incapazes de mudar.

É verdade que as pessoas quando envelhecem são mais estáveis, contudo os idosos não recusam totalmente a mudança. As pessoas possuem suficiente

plasticidade cognitiva, afetiva e

emocional para assimilar os processos

adaptativos impostos pela velhice,

podendo enriquecer e modificar os seus

comportamentos. Quando surgem

situações novas, são capazes de se adaptar a elas, tão bem quanto os outros.

Os idosos são todos iguais.

Pelo contrário, à medida que o ser humano envelhece, diferencia-se dos outros sob diversos aspetos (humor, personalidade, modo de vida, filosofia pessoal, etc.). A velhice é um período vivenciado de forma diversificada nas diferentes classes sociais e, o ritmo de envelhecimento é diferente de indivíduo para indivíduo.

É quase impossível para a maioria dos idosos aprender algo novo.

Os idosos têm plenas condições para aprender, porém com velocidade mais reduzida, podendo demorar mais tempo a assimilar novas informações.

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Os idosos tendem a ser mais religiosos com a idade.

tende a ser mais religiosa que os jovens,

porém, para muitas pessoas,

independentemente da idade recorrem a Deus como recurso emocional para lidarem com os seus problemas.

A maioria destes estereótipos refletem o desconhecimento acerca do processo de envelhecimento, influenciando a forma como a sociedade interage com a pessoa idosa e até a maneira como o idoso encara a sua situação pela dificuldade em reconhecer e desenvolver as suas potencialidades (Neves, 2012).

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1.3. Fases do Ciclo de Vida do Idoso

O envelhecimento dá origem a uma diminuição da capacidade da adaptação e de resposta às variadas solicitações criadas ao idoso, havendo consequentemente uma instabilidade do equilíbrio homeostático, que conduz a uma maior facilidade em adoecer, conduzindo assim a um aumento da dependência do idoso (Melo, 2012).

A etapa da velhice subdivide-se em várias fases:

A primeira corresponde à fase de

entrada na velhice e abarca o período dos 60-70 anos;

 A segunda corresponde a uma fase intermédia entre os 70 - 75/80 anos;

 A terceira e última fase a partir dos 75/80 anos.

Todavia, a subdivisão mais utilizada regula-se apenas por duas fases: os " jovens idosos " - desde a entrada até aos 75/80 anos e os " grandes idosos " a partir dos 75/80 anos até à morte. A esta última fase, denominada por 4ª idade associa-se uma progressiva e acentuada deterioração

das capacidades biológicas, psicológicas e sociais do indivíduo e sobre ela recai um ponto de vista extremamente negativo.

Na 4ª idade há uma grande probabilidade de o indivíduo se transformar numa pessoa senil, aumentando assim as possibilidades de entrada definitiva numa instituição de apoio especializado (Marchand, 2005).

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2. Principais Alterações Biológicas do Envelhecimento

As modificações fisiológicas que se produzem no decurso do envelhecimento resultam de um conjunto de interações entre os vários fatores intrínsecos e extrínsecos e manifestam-se através de mudanças estruturais e funcionais.

Cada sistema tem o seu período de envelhecimento, sendo este gradual e heterogéneo. As alterações não se dão todas ao mesmo tempo, sendo umas mais evidentes e incidentes do que outras. Seja qual for o mecanismo e o tempo de envelhecimento celular, este não atinge simultaneamente todas as células, tecidos, órgãos e sistemas. Desta forma, é de primordial importância conhecer as alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento e saber identificar as síndromes geriátricas, de forma a prevenir o bem-estar do idoso (Cardoso, 2009).

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2.1. Alterações Estruturais do Envelhecimento

Ao longo do envelhecimento, o idoso vai sofrendo alterações ao nível da composição global corpórea, tais como:

 Redução da massa magra, a qual tem maior atividade metabólica, verificando-se simultaneamente o aumento da quantidade de tecido adiposo, considerando-se metabolicamente menos ativo;

 Aumento da massa gorda e percentagem de gordura corporal principalmente na região central do corpo;  Redução do metabolismo basal;

 Aumento do risco de obesidade e doenças crónicas;  Diminuição do tamanho da fibra muscular;

 Diminuição da força, velocidade e potência;

 Limitações funcionais nas atividades da vida diária;  Redução da massa óssea;

 Redução da cartilagem que cobre as extremidades ósseas (que provoca a osteoporose, o aumento do risco de quedas, a osteoartrite e a dor ao movimentar-se).

Segundo Rossi e Sader (Freitas et al., 2002 in Geithner & McKenney, 2010),

ocorrem modificações anatómicas na coluna vertebral, que causam uma redução na

estatura, aproximadamente de 1 a 3 cm por cada década. Após os 50 anos de idade inicia-se a atrofia óssea, ou seja, a perda de massa óssea que poderá levar a fraturas.

A cartilagem articular torna-se menos resistente e menos estável sofrendo um processo degenerativo. Ocorre diminuição lenta e progressiva da massa muscular, sendo o tecido gradativamente substituído por colagénio e gordura. As alterações no sistema osteoarticular provocam a perda do equilíbrio corporal do idoso, reduzindo a amplitude dos movimentos e modificando a marcha.

O envelhecimento modifica a atividade celular na medula óssea, ocasionando um reabastecimento inadequado de osteoclastos e osteoblastos e também um

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desequilíbrio no processo de reabsorção e formação óssea, resultando em perda óssea.

Existe também a tendência de aumentar de peso verificando-se o aumento do tecido adiposo e a perda de massa muscular e óssea. A distribuição da gordura corporal acentua-se mais no tronco e menos nos membros. Dessa forma, a gordura abdominal eleva o risco para doenças metabólicas, sarcopenia e declínio de funções (HUGHES et al., 2004 in Cardoso, 2009).

O aumento da gordura corporal total e a diminuição do tecido muscular podem ocorrer principalmente devido à diminuição da taxa de metabolismo basal e do nível de atividade física (Cardoso, 2009).

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2.2. Alterações Funcionais do Envelhecimento

O envelhecimento compreende uma série de alterações ao nível das funções orgânicas e mentais devido exclusivamente aos efeitos da idade avançada sobre o organismo, o que limita o processo de manutenção do equilíbrio homeostático, originando um declínio gradual das capacidades funcionais.

Consequentemente, um organismo envelhecido, quando submetido a situações de stress, poderá apresentar dificuldades em manter a sua homeostase e, desta forma, manifestar uma sobrecarga funcional, a qual poderá culminar em processos disfuncionais, uma vez que há o comprometimento dos sistemas endócrino, nervoso e imunológico (Jacob et al, 1994 in Teixeira, 2006).

O organismo envelhece como um todo, enquanto os seus órgãos, tecidos, células e estruturas subcelulares têm um envelhecimento diferenciado, sendo um fenómeno influenciado pela hereditariedade (Weineck, 1991 in Teixeira, 2006).

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2.2.1. Sistema Cardiovascular

O envelhecimento encontra-se associado a alterações estruturais cardíacas. Consideram-se as modificações mais importantes na estrutura e funcionamento cardiovascular: o aumento de gordura, a espessura fibrosa, a substituição do tecido

muscular por tecido conjuntivo e a calcificação do anel valvar (Pasi, 2006 in Geithner &

McKenney, 2010).

Verifica-se também uma redução do tempo de relaxamento e da complacência do miocárdio, o aumento da pressão arterial e a redução do fluxo sanguíneo. As paredes do ventrículo esquerdo aumentam de espessura, ocorrendo o depósito de

colagénio, da mesma forma que a aorta se torna mais rígida (Geithner & McKenney,

2010).

Nas artérias, ocorre o acumular de gordura (aterosclerose), a perda de fibra elástica e o aumento de colagénio. Desta forma, a função cardiovascular fica prejudicada, diminuindo a resposta de elevação de frequência cardíaca ao esforço ou estímulo, aumentando a disfunção diastólica do ventrículo esquerdo o que dificulta a ejeção ventricular. Consequentemente ocorre a diminuição da resposta às catecolaminas e a diminuição da resposta vascular ao reflexo recetor. Advém uma maior prevalência de hipertensão arterial sistólica isolada com um maior risco de

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2.2.2. Sistema Respiratório

As alterações determinadas pelo envelhecimento afetam desde os mecanismos de controlo até as estruturas pulmonares e extrapulmonares que

participam no processo de respiração.

Os pulmões mostram igualmente um declínio gradual da capacidade respiratória que passa de 165 litros aos 25 anos para 75 litros aos 85 anos (Firmino, 2006).

A musculatura da respiração enfraquece com o progredir da idade. Este

processo ocorre devido ao enfraquecimento dos músculos esqueléticos adicionado ao enrijecer da parede torácica, resultando na redução das pressões máximas inspiratórias e expiratórias, provocando um maior grau de dificuldade em respirar.

Desta forma, ocorre a diminuição da forca dos músculos respiratórios, da taxa de fluxo expiratório e da pressão arterial de oxigénio (Cardoso, 2009).

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2.2.3. Sistema Renal e Urinário

Recorrentemente ocorre uma diminuição da função renal em cerca de 50% das pessoas que atingem os 80 anos.

A atrofia da uretra e o enfraquecimento da musculatura pélvica associados à perda de elasticidade uretral e de colo vesical favorecem o aumento da frequência de incontinência urinária.

Desta forma, define-se a incontinência urinária como a eliminação involuntária de urina, em local e momento inadequado. Não se trata de uma doença, mas sim de um sintoma. Este problema aumenta com a idade, apesar do envelhecimento em si não ser causa de incontinência urinária.

Este problema é mais frequente nas mulheres do que nos homens e afeta cerca de 30% dos idosos que vivem em comunidade e 50% dos idosos institucionalizados (Terra, 2003 in Cardoso, 2009).

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2.2.4. Sistema Gastrointestinal

Segundo Alencar e Curiati (2002 in Cardoso, 2009), o sistema gastrointestinal, assim como os demais sistemas, sofre modificações estruturais e funcionais com o envelhecimento. As alterações ocorrem em todo o trajeto gastrintestinal.

Ocorrem alterações na cavidade oral, havendo perda do paladar, redução na secreção da lípase e insulina pelo pâncreas, diminuição da

metabolização de medicamentos pelo fígado, dificuldade de esvaziamento da vesícula biliar, diminuição da absorção de lípidos no intestino delgado. No cólon observa-se o enfraquecimento muscular.

No ânus são observadas alterações relacionadas com a

espessura. Existem alterações do colagénio e da força muscular, que diminuem a capacidade de retenção fecal volumosa. A isto acrescem-se alterações da elasticidade retal e da sensibilidade à sua distensão (Cardoso, 2009).

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2.2.5. Sistema Nervoso e Sensorial

Verifica-se a redução do tecido cerebral (10% entre os 30 e 90 anos), a diminuição de certas enzimas, recetores e neurotransmissores, a desmielinização, a diminuição da taxa de condução nervosa, a diminuição do controlo do sistema postural e reflexos posturais e a redução da capacidade coordenativa (Geithner & McKenney, 2010).

Durante o envelhecimento são várias as mudanças estruturais que ocorrem: ao nível do sistema nervoso, ocorre a diminuição do volume do sistema nervoso central (perda de neurónios e outras substâncias) e as fibras nervosas perdem a sua mielina – responsável pela velocidade de condução do estímulo nervoso (Straub et al., 2001 in. Teixeira, 2006).

Relativamente ao sistema sensorial, órgãos dos sentidos são extremamente importantes, não só para a vida relacional do sujeito como também para dar qualidade à sua existência. Quando a pessoa envelhece os 5 sentidos declinam em acuidade, trazendo maior prejuízo o campo da visão e da audição pois são os que maior importância tem na adaptação à vida quotidiana e ao nível relacional (Firmino, 2006).

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2.2.6. Sistema Endócrino e Metabólico

No decorrer do processo de desenvolvimento vão-se apresentando:

Falhas na regulação da homeostasia; Aumento dos níveis de insulina; Redução da sensibilidade a insulina; Redução dos níveis de GH e IGF;

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2.2.7. Sistema Imunitário

Com o aumento da idade, desenvolvem-se, por vezes, patologias infeciosas e alguns tipos de cancros. Estes problemas encontram-se, por vezes, associados à diminuição gradual das funções do sistema imunológico.

A deterioração da função imunitária associada ao processo de envelhecimento denomina-se de imunosenescência, que contribui de forma importante para uma maior mortalidade observada em adultos mais velhos, com maior incidência de infeções do sistema respiratório e urinário (Robinson et al., 2001 in Cardoso, 2009).

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2.3. O Sono no Idoso

O sono encontra-se estreitamente relacionado com a idade cronológica das

pessoas e apresenta mudanças significativas ao longo da vida.

Este carateriza-se por uma necessidade fisiológica, que tem como funções biológicas a restauração do organismo e a conservação

da energia, permitindo o equilíbrio físico e emocional.

O ser humano passa aproximadamente dois terços da sua existência a dormir.

Um idoso dorme cerca de seis horas ou menos, o seu sono é em grande parte

superficial, entrecortado, associado a múltiplos despertares (Mugeiro, 2010).

No entanto, dormir torna-se indispensável e fundamental para a homeostasia do organismo, pelo que, a má qualidade de sono no idoso, dá origem a:

 Aumento da ansiedade e da irritabilidade;  Diminuição da capacidade intelectual;  Perda de memória e de reflexos;

 Depressão e reações emocionais adversas;

 Aumento do índice de massa corporal, desenvolvimento da obesidade e diabetes;

 Diminuição do sistema imunitário;

 Aumento de doenças respiratórias ou alérgicas, cardiovasculares;  Pior desempenho nas tarefas.

À medida que se envelhece, o sono torna-se mais fragmentado, com interrupções do tempo de sono, o que provoca sonolência excessiva ao longo do dia e diminuição do estado de alerta.

(31)

horas de sono no período de 24 horas, devido à diminuição da quantidade total de horas de sono (alteração do ritmo biológico).

Mudanças sociais e fisiológicas do envelhecimento contribuem para a alteração do padrão normal do sono, tais como: as mudanças no padrão social e familiar, a diminuição do ciclo de amizades e a inatividade física e profissional.

No entanto, as perturbações do sono podem dever-se a outro tipo de causas:  Problemas ou conflitos familiares;

 Más notícias;

 Medicação com efeitos no padrão normal de sono;

 Falta ou excesso de alimentos ou líquidos à hora de deitar;  Ambiente com luz ou ruídos excessivos;

 Parceiro de quarto com hábitos de sono diferentes.

Em geral, a arquitetura do sono sofre as seguintes modificações com o envelhecimento:

 O tempo total de sono durante a noite é reduzido, pois os cochilos diurnos são frequentes e prolongados;

 Diminuição do sono profundo;

 Diminuição do limiar do despertar devido ao ruído (mais pronunciado na mulher);

 Aumento do período de latência para o início do sono (mais de 30 minutos em cerca de 32% das mulheres e 15% nos homens);

 Redução da duração total do sono;

 Maior número de transições de um estágio de sono para outro e para a vigília;

(32)

No entanto, consoante as causas dos problemas de sono, há soluções e fatores que favorecem um sono confortável e tranquilo, nomeadamente:

 Comer ou beber algo ligeiro antes de deitar (quando não existe contraindicação médica);

 Gozar de um ambiente calmo, obscurecido e sem ruído, à temperatura adequada;

 Evitar assistir a programas de televisão violentos ou situações excessivamente dramáticas;

 Ouvir música suave e ler um texto agradável;  Evitar discussões ou debates empolgantes;  Tomar a medicação prescrita.

Insónia

Um dos principais distúrbios do sono é a insónia (dificuldade em adormecer ou em manter o sono, ou a sensação de que o sono que se teve foi insuficiente).

Insónia não é apenas não dormir ou dormir pouco. Há quem durma pouco e não se queixe durante o dia. Falamos de insónia quando o facto de se dormir pouco tem consequências negativas durante o dia: fadiga, cansaço fácil, ardência nos olhos, irritabilidade, ansiedade, fobias, incapacidade de concentrar-se, dificuldades de atenção e memória, mal-estar e sonolência.

A insónia tem efeitos psíquicos e sociais, mais do que biológicos. Um dos riscos que acarreta para as pessoas mais velhas é o de terem acidentes, uma vez que, passam o dia menos despertas e atentas.

A insónia é mais frequente nas mulheres do que nos homens, e também nas pessoas que vivem sós.

Causas da insónia:

 A insónia pode ser causada por substâncias que ingerimos. A cafeína e a teína, o álcool, os corticoides e outros medicamentos podem causar transtornos do sono.

(33)

 A insónia pode também ser causada pelas dores e incómodos associados a doenças crónicas das pessoas idosas (doenças das articulações, asma, problemas cardíacos, digestivos ou urinários, bronquite, entre outros).

Mas a insónia verifica-se também em pessoas que não têm qualquer doença. O

stress é suficiente para causá-la em qualquer idade, e mais acentuadamente nas

pessoas mais velhas.

Acontecimentos penosos como a morte de um amigo, perda do cônjuge, perda do espaço social, dificuldades financeiras, sentimentos de abandono, limitações físicas próprias da idade, mudanças no estatuto social ou perceção da própria condição de saúde podem causar distúrbios do sono.

As três situações de saúde mental mais associadas à insónia na pessoa idosa são:

 Ansiedade: Esta dificulta o adormecer e pode levar a que a pessoa acorde várias vezes durante a noite;

 Depressão: Uma consequência da depressão pode ser acordar cedo ou dormir demais;

 Demência: quando ainda em estágios iniciais, pode haver muitas vezes inversão do ciclo circadiano (dia-noite/ sono-vigília).

A insónia pode ainda ter causas ambientais. As pessoas que se deitam tarde, ou ficam a ver televisão ou a ler até de madrugada, podem ficar com o ciclo do sono desregulado. Este tipo de insónia adquirida afeta pessoas que trabalham em turnos noturnos ou que atravessam frequentemente fusos horários, como os pilotos de avião.

(34)

3. Problemas de Saúde Mais Comuns no Idoso

Para Hoeman (2000 in Cardoso, 2009) viver mais tempo aumenta as probabilidades em 80% de contrair uma ou mais doenças crónicas, bem como limitações físicas incapacitantes. Acrescenta ainda que em muitos casos é difícil de distinguir se se tratam de alterações decorrentes do processo de envelhecimento ou se são manifestações patológicas.

3.1. Doenças Cardiovasculares

Algumas alterações biológicas esperadas na pessoa idosa com o envelhecimento ocorrem no sistema cardiovascular. Quando o idoso é submetido a um esforço, ocorre uma diminuição na capacidade do coração, de aumentar o número e a força dos batimentos cardíacos. Com o envelhecimento, ocorre também a redução da frequência cardíaca em repouso, o aumento do colesterol e da tensão arterial (Zaslavsky & Gus, 2002).

Ocorre um decréscimo do batimento cardíaco máximo, associado à idade, que decorre da frequência cardíaca máxima, pois esta diminui de 6 a 10 batimentos por minuto (Zaslavsky & Gus, 2002).

O miocárdio, com o envelhecimento, apresenta regiões com fibrose, depósito de lipofuscina e substância amiloide. Já no endocárdio, é produzido um depósito de lípidos e cálcio nas válvulas, com frequentes depósitos sucessivos. Tanto no pericárdio como no endocárdio, ocorre um aumento do colagénio (proteína de tipo fibrosa que tem maior concentrações na pele, ossos e tendões).

Com o envelhecimento, acontece a atrofia, com degeneração, das fibras musculares no miocárdio, assim como a hipertrofia das fibras que restam. Verifica-se um aumento do sistema de colagénio e de depósitos de gordura e substâncias amiloides (Zaslavsky & Gus, 2002).

Já nas grandes artérias ocorre uma perda da componente elástica determinando, assim, uma maior rigidez da parede. Essa perda de elasticidade nas paredes arteriais representa comummente uma condição descrita como

(35)

Nos estádios mais avançados da vida, a arteriosclerose pode provocar: ataques cardíacos, anginas e acidentes vascularcerebrais. Estes podem ser provocados por mudanças normais da idade, influências ambientais e fatores genéticos.

O envelhecimento estabelece algumas

modificações estruturais, pois leva à

diminuição da reserva funcional,

estabelecendo um limite para a performance durante a atividade física. Desta forma, a atividade física moderada e regular atua significativamente na prevenção de algumas doenças cardiovasculares, como a doença cardíaca isquémica, os AVCs, a hipertensão e as doenças vasculares periféricas.

A quantidade média de sangue bombeada a partir do coração, passa de 5 litros por minuto, aos 20 anos, para 3.5 litros por minuto aos 75 anos. Representa um declínio de cerca de 0.7% ao ano. No jovem adulto o número de batimentos cardíacos pode atingir as 220 pulsações por minuto mas, no indivíduo com 65 anos a frequência máxima não passa dos 160 batimentos por minuto. A frequência cardíaca máxima que se pode atingir vai decrescendo um batimento cardíaco por ano (Firmino, 2006).

(36)

3.2. Diabetes no Idoso

A Diabetes Mellitus é uma doença crónica que se caracteriza por uma elevada taxa de glicose (açúcar) no sangue e por uma falta parcial ou total de insulina. Esta doença é bastante frequente na população idosa (ocorre em 20% acima dos 70 anos), no entanto, é pouco diagnosticada e tratada nesta idade. A grande maioria dos diabéticos tem mais de 45 anos (Zaslavsky & Gus, 2002).

O aparecimento da doença com o envelhecimento poder-se-á dever a uma predisposição genética ou a um conjunto de outros fatores como: o aumento de peso; a falta de atividade física; stress; infeções; grandes cirurgias ou medicação.

A diabetes no idoso apresenta frequentemente alguns sintomas, nomeadamente:  Perda de peso;  Muita sede;  Urina em grande quantidade e diversas vezes;  Fome em excesso;  Fadiga fácil;  Deterioração da acuidade visual;  Dormência ou formigueiro nas pernas;  Infeções constantes;

 Dificuldade de cicatrização das feridas.

A diabetes não controlada poderá causar: derrames cerebrais; ataques cardíacos, cegueira, amputação de membros, doenças renais e impotência sexual.

O paciente diabético deverá;

(37)

 Comer legumes ou verduras;  Beber muita água;

 Não ficar muitas horas seguidas sem se alimentar.

O exercício físico ajuda a controlar a diabetes porque melhora a tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina. As atividades físicas mais recomendadas para os idosos são a caminhada e os exercícios físicos realizados dentro de água, como a natação e a hidroginástica.

(38)

3.3. Doenças Reumáticas

Reumatismo é o nome comum para as doenças que afetam o sistema

músculoesquelético. Representam o conjunto de diferentes doenças que agridem o

aparelho locomotor, ou seja, ossos, articulações, cartilagens, músculos, tendões e ligamentos. Além disso, algumas doenças reumáticas podem comprometer outras partes e funções do corpo humano, nomeadamente os rins, coração, pulmões, olhos, intestino e até a pele (Zaslavsky & Gus, 2002).

É uma doença comummente encontrada em idosos. Existem mais de 100 tipos diferentes de doenças reumáticas, sendo as mais comuns: artrite reumatoide, artrose, tendinite, gota, dores na coluna, osteoporose, fibromialgia, lúpus, esclerose sistémica progressiva e a lombalgia.

Apesar de apresentarem como sintoma comum a dor nas articulações, cada tipo de doença reumática tem características próprias. Estas provocam dor e

incapacidade, limitando o idoso, mas raramente são fatais. Podem ser causadas ou

agravadas por fatores genéticos, traumatismos, obesidade, sedentarismo, stress,

ansiedade, depressão e alterações climáticas. Esse grupo de doenças não é

transmissível, não é contagioso e normalmente é acompanhado de dor (Zaslavsky &

Gus, 2002).

Eis alguns sintomas: dificuldade em se movimentar ou rigidez nas articulações

ao acordar; diminuição da flexibilidade da coluna ao calçar os sapatos; limitação ao

pentear-se; dificuldades em escovar os dentes; dor, inchaço e calor nas articulações.

As doenças reumáticas, assim como outras doenças crónicas,têm tratamento.

Se a doença for descoberta no início e tratada de forma adequada, o paciente

reumático poderá levar uma vida normal e sem dor, minimizando o risco de

(39)

3.4. Alterações da Visão e da Audição

A deterioração visual deve-se a modificações fisiológicas e alterações mórbidas (Cardoso, 2009). As causas mais frequentes que as determinam costumam corresponder a cataratas, glaucoma, degenerescência macular e retinopatia diabética. De acordo com Heath (1992 in Firmino, 2006) 50% dos indivíduos a partir dos 40 anos apresenta sinais de começar a desenvolver cataratas.

As alterações visuais que ocorrem com o avançar da idade são caracterizadas pela diminuição da acomodação, da acuidade, da sensibilidade às cores e da perceção em profundidade. A incidência dos problemas oculares e da cegueira aumenta progressivamente com a idade (Firmino, 2006).

Uma outra dificuldade que usualmente se observa corresponde ao declínio da perceção visual do movimento. A diminuição da acuidade visual pode limitar bastante uma pessoa nas atividades de vida diária, limitando também o contacto social, uma vez que a pessoa passa a ficar dependente de terceiros para se movimentar (Firmino, 2006).

No que respeita à audição, Plomp (1978 in Firmino, 2006) refere que 50% das pessoas acima dos 75 anos tem perda da acuidade auditiva. Segundo Nadol (1993 in Firmino, 2006) o declínio da audição é determinado por fatores genéticos e pela exposição que ocorreu ao longo da vida ao ruído excessivo e a substâncias ototóxicas.

Devido a este facto a pessoa vai perdendo a perceção às frequências elevadas, a capacidade de localizar sinais sonoros, de discriminar a origem de sons diferentes e

(40)

3.5. Aptidões Cognitivas

Segundo Park et al. (2001 in Cardoso, 2009), muitas evidências sugerem que adultos mais velhos têm maior dificuldade em reter e assimilar novas informações, e gradualmente as suas competências de raciocínio vão diminuindo. Em geral, os idosos são mais lentos para responder algumas tarefas cognitivas, e são mais suscetíveis ao rompimento da informação que adultos mais jovens.

As funções intelectuais também se alteram, verifica-se: a dificuldade nos

processos de aprendizagem e de

memorização, o que se relaciona com as

alterações químicas, neurológicas e

circulatórias que afetam a função cerebral; a diminuição da eficácia da oxigenação e

nutrição celular e a diminuição na

aprendizagem associada às insuficiências das sinapses e à disponibilidade de determinados neurotransmissores (Braver e Brach, 2002 in Teixeira, 2006).

Os estudos relativamente ao desempenho intelectual têm vindo a demonstrar que as aptidões cognitivas atingem o seu pico pela década dos 30 anos, continuam estáveis até à década dos 50 ou começo dos 60 e, a partir de então, começam a declinar. O declínio gera-se a partir dos 70 anos. No entanto, este não é uniforme para todas as funções cognitivas (Firmino, 2006).

Spar e La Rue (1998 in Firmino, 2006) mencionam, a respeito das funções intelectuais, os seguintes fatos:

 A capacidade de comunicar eficazmente mantém-se estável, no entanto, os idosos apresentam uma maior dificuldade em compreender mensagens longas e complexas e apresentam um discurso mais repetitivo;

(41)

 Os idosos evidenciam uma maior dificuldade nas tarefas de raciocínio que envolvem uma análise lógica e organizada de material abstrato ou não familiar;

 No desempenho de tarefas que implicam planear, executar e avaliar sequências complexas de comportamento os idosos costumam revelar-se mais lentos do que os jovens;

 Os idosos são mais lentos nos aspetos percetivos, mnésicos e cognitivos bem como nas funções motoras;

 Os idosos apresentam dificuldade em repartir a atenção por múltiplas tarefas ou em desviar a atenção de um para outro tópico.

Cohen (2005 in Firmino, 2006) refere que existem 2 tipos de inteligência: fluida e cristalina:

Inteligência Fluída: não depende exclusivamente de aprendizagem prévia. Tem a ver com a rapidez com que novas situações são apresentadas;

Inteligência Cristalina:

relaciona-se com a informação acumulada e o vocabulário adquiridos desde os tempos de escola como da vida quotidiana. Diz respeito à aplicação das aptidões e do conhecimento previamente adquirido para resolver os problemas.

Segundo aquele autor a inteligência fluida tende a declinar lentamente com a idade. Em contrapartida a inteligência cristalina frequentemente melhora ou expande-se com a idade.

(42)

pessoal, social ou profissional. Num estádio avançado, o idoso chega a apresentar esquecimentos para procedimentos vulgares como lembrar-se se tomou banho, se almoçou, ou mesmo reconhecer os seus próprios familiares (Cardoso, 2009).

(43)

4. Perturbações Mentais e Comportamentais no Idoso

A velhice é um período normal do ciclo vital caracterizado por algumas mudanças mentais e comportamentais. Perceber o limiar de diferenciação entre o estado normal e a presença de alterações na pessoa idosa, torna-se um processo complexo. Desta forma, alterações de memória, demência, depressão e alterações do sono são alguns dos distúrbios mais frequentemente encontrados na terceira idade (Koch & Rosa, 2001).

Os primeiros sintomas de um quadro de demência no idoso são: esquecerem-se continuamente das coisas, colocá-las em lugares inadequados, perder-esquecerem-se em locais conhecidos, apresentar-se confuso, desconfiado ou assustado, perder o interesse em fazer coisas de que sempre gostou, não reconhecer pessoas, amigos, entre outros.

Muitas perturbações mentais em idosos podem ser evitadas ou atenuadas. Consequentemente, uma avaliação médica e psicológica torna-se necessária para o esclarecimento do quadro clínico apresentado pelo idoso (Cardoso, 2009).

Diversos fatores psicossociais de risco predispõem os idosos a perturbações mentais, nomeadamente:

 Perda de papéis sociais;  Perda da autonomia;

 Morte de amigos e parentes;  Declínio da sua saúde;  Isolamento social;  Restricões financeiras;

(44)

As perturbações mais comuns na terceira idade são: Demência; Doença de Alzheimer; Demência Vascular; Esquizofrenia; Depressão; Perturbação Bipolar; Perturbação Delirante; Perturbações de Ansiedade; Perturbações somatoformes;

(45)

Demência é um síndrome resultante da perturbação do cérebro, em geral de natureza crónica ou progressiva no qual se registam alterações de múltiplas funções nervosas superiores incluindo a memória, o pensamento, a orientação, a compreensão, o cálculo, a linguagem e o raciocínio. As perturbações das funções cognitivas são muitas vezes acompanhadas, e por vezes precedidas por deterioração do controlo emocional, do comportamento social ou da motivação. (ICD 10, WHO 1992 in Castro-Caldas & Mendonça, 2005).

4.1. Demência

O aumento da esperança média de vida contribui para uma vida quantitativamente mais longa. Este facto predispõe a população idosa, que vive atualmente em média mais 20 anos que há 40 anos atrás, em risco de desenvolver quadros neurodegenerativos, verificando-se uma maior incidência de demências. Desta forma, importa compreender o que é a demência.

Demência refere-se a um comprometimento cognitivo geralmente progressivo e irreversível. As funções cognitivas anteriormente adquiridas vão sendo gradualmente perdidas. Com o aumento da idade a demência torna-se mais frequente. Envolve entre 5 a 15% das pessoas com mais de 65 anos e aumenta para 20% nas pessoas com mais de 80 anos (Firmino, 2006).

(46)

Os fatores de risco conhecidos para a demência são: a idade avançada e um histórico familiar de demência.

Os sintomas de demência incluem:

 alterações na memória, na linguagem, na capacidade de orientação;

 perturbações de comportamento: como a agitação, a inquietação, raiva, violência e gritos;

 desinibição sexual e social;  Impulsividade;

 alterações do sono;  pensamento ilógico;  alucinações.

As causas de demência incluem lesões e tumores cerebrais, síndrome da imunodeficiência adquirida, álcool, medicamentos, infecções, doenças pulmonares crónicas e doenças inflamatórias. Por vezes as demências são causadas por doenças degenerativas primárias do sistema nervoso central e por doença vascular (Koch & Rosa, 2001).

As demências são classificadas em vários tipos, de acordo com o quadro clínico, sendo considerada a mais comum a doença de Alzheimer.

(47)

4.2. Doença de Alzheimer

De uma larga panóplia de demências destaca-se a doença de Alzheimer, sendo esta responsável por 50 a 70% de todos os casos (Castro-Caldas & Mendonça, 2005), convertendo-se num dos principais problemas de saúde. Estima-se que existam entre 15 a 20 milhões de pessoas com Alzheimer em todo o mundo (Figueiredo, 2007).

Trata-se de uma doença

neurodegenerativa progressiva e

irreversível com um aparecimento

insidioso, que pressupõe perdas de memória,

bem como um leque de distúrbios

cognitivos, comprometendo

assim a autonomia do idoso.

Consecutivamente produz mudanças

comportamentais e de personalidade,

assim como, deterioração do pensamento.

Representa um protótipo de demência degenerativa cortical, ou seja, clinicamente é acompanhada de perturbações cognitivas que envolvem a área da linguagem, as praxias e as gnosias, sintomas estes que vão predominando e ganhando uma linha de força ao longo de toda a evolução da doença (Figueiredo, 2007).

A sua prevalência aumenta gradualmente com a idade, tendo o seu pico de iniciação aos 60 anos, com rácios de incidência que duplicam a cada 5 anos até, pelo menos, aos 85 anos de idade.

Apesar de a idade ser o fator de risco com maior incidência, outros fatores como os genéticos (história familiar de doença de Alzheimer, apolipoproteína E4, outras alterações genéticas), ambientais (traumatismo cranioencefálico, exposição a

(48)

É considerada uma doença social na medida em que toda a família é atingida pela mudança de comportamento do idoso, pelo desconhecimento e pelos preconceitos existentes. Desta forma, um diagnóstico precoce revela-se crucial, pois

permite a atenuação dos sintomas da doença(Department of human health & human

services, 2009).

Os sintomas poderão ser melhor compreendidos ao longo de três etapas do seu desenvolvimento: ligeiro, moderado e severo, de acordo com o nível de comprometimento cognitivo e o grau de dependência do indivíduo. Saliente-se que esta divisão serve como orientação para perceber o processo de evolução da doença, para ajudar os cuidadores a manterem-se atentos a potenciais sintomas e para permitir o planeamento futuro. Não obstante, cada pessoa conviverá com a doença de forma diferenciada e distinta.

Numa fase inicial a pessoa pode ter dificuldades com a linguagem, apresentar significativa perda de memória, desorientar-se no tempo e no espaço, apresentar dificuldade em tomar decisões, carecer de iniciativa e motivação, manifestar sinais de depressão e agressividade e perder o interesse por atividades. No entanto, ainda é capaz de executar as atividades básicas do dia-a-dia, mantendo-se independente.

Numa fase moderada há um maior comprometimento intelectual e o paciente passa a necessitar de algum apoio no que concerne às atividades instrumentais e às atividades básicas do dia-a-dia.

Numa fase mais avançada, o paciente acaba por perder a sua autonomia e independência, necessitando de assistência integral (Figueiredo, 2007; Bottino et al., 2002).

Todavia, é de relevar que o diagnóstico em

vida do sujeito é um diagnóstico possível ou

provável, pelo que, um diagnóstico definitivo necessita de uma evidência histopatológica obtida por biópsia ou necropsia (Figueiredo, 2007; Bottino et

(49)

al., 2002).

Ainda não existe tratamento estabelecido que possa curar ou reverter a deterioração causada pela doença de Alzheimer, no entanto, as opções disponíveis visam atenuar as disfuncionalidades cognitivas e as alterações de comportamento, melhorando a qualidade de vida do paciente e da sua rede de suporte, com uma abordagem multidisciplinar. Entre as principais técnicas destacam-se: treino cognitivo, técnica para melhor estruturação do ambiente, orientação nutricional, programas de exercícios físicos, orientação e suporte psicológico aos familiares e cuidadores (Bottino et al., 2002).

(50)

4.3. Esquizofrenia

Esta doença vulgarmente tem início no final da adolescência ou idade adulta jovem e persiste para toda a vida. Segundo estudos diversos entre 12 a 15% das

esquizofrenias iniciam-se após os 40

anos. Cerca de 20% das pessoas com esquizofrenia não apresentam sintomas ativos aos 65 anos; 80% mostram graus variados de comprometimento. A doença torna-se menos acentuada à medida que o paciente envelhece (Firmino, 2006).

Sintomas incluem inibição social, comportamento excêntrico, pensamento

ilógico, alucinações e rigidez afetiva. Os idosos com esquizofrenia respondem bem ao tratamento com drogas antipsicóticas que devem ser administradas pelo médico com cautela (Firmino, 2006).

Fatores de risco: hereditariedade (existe um risco acrescido quando existe história familiar de doença afetiva); género (predominam as mulheres); estado conjugal (maior número de pacientes solteiros); isolamento social (verifica-se que há uma associação entre o aparecimento da doença e o isolamento social, provocado quer pela viuvez, pela perda de amigos, pela reforma, pela mudança de habitação ou por outras causas); personalidade (os doentes com esquizofrenia tardia têm vindo a ser descritos como reservados, excêntricos, solitários, desconfiados e emocionalmente frios) (Firmino, 2006).

(51)

4.4. Depressão

Embora a doença possa afetar as pessoas em qualquer fase da vida, alguns estudos indicam que os sintomas são altamente prevalentes nas fases tardias da vida. A sua incidência anual tem tendência a aumentar com o evoluir da idade, com ratios de 17 por cada 1000 idosos com idades compreendidas entre os 70 e os 79 anos, aumentando para 44 por cada 1000 idosos de idades entre 79 a 85 anos (Firmino, 2006).

As depressões estão muitas vezes associadas com outras doenças médicas, cuja evolução agravam ou complicam. São por isso um importante fator de mortalidade, levando em muitos casos ao suicídio.

O indivíduo deprimido perde o interesse pelas atividades diárias e, com isso, podem surgir outros problemas de saúde, como diminuição da atividade, dificuldade em dormir ou de se alimentar e uma baixa autoestima.

Os cuidados consigo mesmo podem ajudar a pessoa a prevenir a depressão ou a contribuir para o tratamento. A prática de atividade física, um sono regular e o não consumo de álcool e drogas ajudam

a minimizar os sintomas da doença. O

relacionamento e interação com familiares e amigos torna-se fundamental em todo o processo (Koch & Rosa, 2001).

Os sintomas incluem:

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 Sensação contínua de fadiga ou cansaço;  Sentimento de reprovação ou culpabilidade;

 Sensação de abandono pelos familiares ou amigos próximos;  Estado de letargia ou agitação;

 Aumento ou diminuição do apetite, originando alterações de peso;  Queixas somáticas (como dores pelo corpo, ansiedade,...);

 Pensamentos frequentes de morte ou suicídio.

Poderão existir dificuldades de memória em idosos deprimidos, o que se denomina síndrome demencial da depressão que poderá ser confundida com a verdadeira demência. Além disso, a depressão poderá estar associada a uma doença física ou ao uso de medicamentos.

Vários fatores estão associados a sintomas depressivos como: limitações funcionais, doenças crónicas, isolamento social, problemas socioeconómicos, perturbações de memória, doença de Parkinson, acidentes vasculares e cerebrais, doenças crónicas ou cardiovasculares, hipotiroidismo, perda de parentes próximos, excesso de medicamentos, entre outros (Koch & Rosa, 2001).

(53)

4.5. Perturbações Delirantes

A época de início ocorre por volta da meia-idade, podendo atingir a velhice. Caracteriza-se pela existência de ideias

delirantes não bizarras, em regra

circunscritas e bem sistematizadas, cuja duração seja superior a um mês. Não se verifica alterações no comportamento, mantendo em regra, um funcionamento razoavelmente adequado (Firmino, 2006).

Os sintomas traduzem-se em alterações do pensamento de natureza persecutória (os pacientes crêem que estão a ser espionados, seguidos, envenenados

ou de algum modo assediados). Os delírios mais frequentes são os persecutórios, de

ciúme, erotomaníacos, somáticos ou de grandiosidade. Em regra, têm tendência à

cronicidade, uma vez que o tratamento é difícil, devido à resistência do doente em

tomar a medicação (Firmino, 2006).

Fatores de risco: personalidade (verifica-se que vivem sós e que apresentam uma personalidade de tipo paranoide ou esquizoide); fatores genéticos (observa-se uma incidência mais elevada de esquizofrenia nos familiares dos doentes com perturbação delirante); fatores socioeconómicos (o baixo nível socioeconómico tem sido associado à perturbação delirante) (Firmino, 2006).

As alterações do pensamento podem acompanhar outras doenças mentais que devem ser descartadas, tais como, a doença de Alzheimer, transtornos por uso de álcool, esquizofrenia, transtornos

(54)
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4.6. Perturbações de Ansiedade

Incluem transtornos de pânico, fobias, perturbações obsessivo-compulsivas, ansiedade generalizada, de stress agudo e de stress pós-traumático. Dos apresentados, os mais comuns são as fobias (Koch & Rosa, 2001).

As perturbações de ansiedade poderão iniciar-se no período intermediário da idade adulta, no entanto, algumas aparecem pela primeira vez após os 60 anos.

Em idosos a fragilidade do sistema nervoso autónomo pode explicar o desenvolvimento de ansiedade após um elemento stressor importante. A perturbação de stress pós-traumático é frequentemente mais severa nos idosos do que em indivíduos mais jovens, tendo em consideração a debilidade física e psicológica concomitante nos idosos (Koch & Rosa, 2001)..

As obsessões (pensamento, sentimento, ideia ou sensação intrusiva e persistente) e as compulsões (comportamento consciente e repetitivo como contar, verificar ou evitar um pensamento que serve para anular uma obsessão) podem aparecer pela primeira vez em idosos, embora seja possível encontrar esses sintomas em pessoas de outras faixas etárias (Koch & Rosa, 2001).

Poderão fazer-se representar por atos excessivos, fomentados pelo desejo de organização, rituais e pela necessidade excessiva de manter rotinas. Ou em compulsões, passando a verificar as coisas repetidamente, tornando-se geralmente inflexíveis e rígidos.

(56)

4.7. Perturbações Somatoformes

Este grupo inclui sintomas físicos (por exemplo dores, náuseas e tonturas) para os quais não pode ser encontrada uma explicação médica adequada e que são suficientemente sérios para causarem um sofrimento emocional ou prejuízo significativo, à capacidade do paciente para se adaptar a papéis sociais e ocupacionais.

Nesses transtornos, os fatores psicológicos são grandes contribuidores para o início, para a severidade e para a duração dos sintomas. Não são resultado de simulação consciente (Koch & Rosa, 2001).

A hipocondria é comum em pacientes com mais de 60 anos, embora o seja mais frequente entre as pessoas com 40 e 50 anos. Exames físicos repetidos são úteis, pois permitem garantir aos pacientes que eles não têm uma doença fatal. A queixa é real, a dor é verdadeira e percebida como tal pelo paciente. Ao tratamento, deve-se atribuir um enfoque psicológico ou farmacológico (Koch & Rosa, 2001).

(57)

4.8. Perturbações Devidas ao Abuso de Substância Psicoativa

Os pacientes idosos podem iniciar um quadro de dependência a uma droga ou inclusive à medicação. A dependência de álcool, geralmente, apresenta uma história de consumo excessivo que se iniciou em fases anteriores e frequentemente está associada a uma doença médica, principalmente doença hepática. Além disso, a dependência ao álcool está claramente associada a uma maior incidência de quadros demenciais (Koch & Rosa, 2001).

A dependência de substâncias como hipnóticos, ansiolíticos e narcóticos é comum. Os pacientes idosos permitem-se a abusar de ansiolíticos para o alívio da ansiedade crónica ou para garantirem uma boa noite de sono. O quadro clínico é variado e frequetemente inclui quedas, confusão mental, fraca higiene pessoal, depressão e desnutrição (Koch & Rosa, 2001).

Uma particularidade de tais dependências nesses pacientes é que tanto os medicamentos

quanto o álcool estão

relacionados com um maior número de quedas e fraturas, o que reduz significativamente a expectativa de vida do idoso após o incidente.

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