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Guia
de
Estudo
Preparar os testes
Português
10.º ano
GESTP10_20174167_TEXTO_Parte1_4PCImg.indd 1 03/07/2018 10:31ÍNDICE
Parte I
Preparação ao longo do ano
1. Como estudar Português
62. Testes de avaliação
93. Verbos de instrução utilizados em
questionários
11Parte II · Teoria e prática
1. Oralidade
13Compreensão do Oral
13Documentário
14Exercício resolvido | Resolve tu!
15Reportagem
16Exercício resolvido | Resolve tu!
17Anúncio publicitário
18Exercício resolvido | Resolve tu!
19Expressão Oral
20Apreciação crítica
20Exercício resolvido | Resolve tu!
21Síntese
22Exercício resolvido | Resolve tu!
23Quadro-síntese (Compreensão do Oral,
Expressão Oral)
242. Leitura
26Relato de viagem
27Exercício resolvido | Resolve tu!
28Artigo de divulgação científica
32Exercício resolvido | Resolve tu!
33Exposição sobre um tema
38Exercício resolvido | Resolve tu!
39Apreciação crítica
43Exercício resolvido | Resolve tu!
44Cartoon
51Exercício resolvido | Resolve tu!
513. Escrita
54Exposição sobre um tema
55Exercício resolvido | Resolve tu!
56Apreciação crítica
60Exercício resolvido | Resolve tu!
61Síntese
65Exercício resolvido | Resolve tu!
66Quadro-síntese (Leitura, Escrita)
704. Educação Literária
72Poesia trovadoresca
721. Contextualização histórico-literária
721.1. Época medieval
721.2. Géneros da poesia trovadoresca
73Cantigas de amigo
731. Representação de afetos e emoções
732. Espaços medievais, protagonistas e
circunstâncias
743. Linguagem, estilo e estrutura
74Exercício resolvido | Resolve tu!
75Cantigas de amor
801. Representação de afetos e emoções
802. Espaços medievais, protagonistas e
circunstâncias
803. Linguagem, estilo e estrutura
80Exercício resolvido | Resolve tu!
81Cantigas de escárnio e maldizer
861. Representação de afetos e emoções
862. Linguagem, estilo e estrutura
86Exercício resolvido | Resolve tu!
87Quadro-síntese
92Fernão Lopes,
Crónica de D. João I
931. Crónica de D. João I
931.1. Contexto histórico: a crise de 1383-1385
931.2. Capítulos 11, 115 e 148
941.3. Atores (individuais e coletivos)
941.4. Afirmação da consciência coletiva
951.5. Linguagem e estilo de Fernão Lopes
95Exercício resolvido | Resolve tu!
96Quadro-síntese
99Gil Vicente
1001. Contextualização histórico-literária
1001.1. Gil Vicente, pai do teatro português
1001.2. Época de Gil Vicente
1002. Características do texto dramático
100Farsa de Inês Pereira
1011. Enredo e estrutura interna
1012. Caracterização das personagens
e relações entre elas
1023. Farsa: natureza da obra
1044. Representação do quotidiano
1045. Dimensão satírica
104Exercício resolvido | Resolve tu!
105Quadro-síntese
112ÍNDICE
Auto da Feira
1131. Enredo e estrutura interna
1132. Auto: natureza da obra
1133. Caracterização das personagens
e relações entre elas
1144. Representação do quotidiano
1155. Dimensão religiosa
115Exercício resolvido | Resolve tu!
116Quadro-síntese
121Luís de Camões, Rimas
1221. Contextualização histórico-literária
1222. Temas da lírica camoniana
1233. Linguagem, estilo e estrutura
1243.1. Discurso pessoal e marcas de
subjetividade
1243.2. Soneto: características
1243.3. Métrica (redondilha e decassílabo)
1243.4. Lírica tradicional e inspiração clássica
1253.5. Recursos expressivos
125Exercício resolvido | Resolve tu!
126Quadro-síntese
133Luís de Camões, Os Lusíadas
1341. A epopeia: natureza e estrutura da obra
1342. Visão global: conteúdo de cada canto
1353. Imaginário épico
1364. Reflexões do poeta
136Exercício resolvido | Resolve tu!
137Quadro-síntese
145História Trágico-Marítima
1461. Contexto histórico: naufrágios nos
séculos XVI e XVII
1462. História Trágico-Marítima: características
1463. “As terríveis aventuras de Jorge de
Albuquerque Coelho (1565)”: aventuras e
desventuras dos Descobrimentos
146Exercício resolvido | Resolve tu!
147Quadro-síntese
1495. Gramática
151O português: génese, variação e
mudança
1511. Principais etapas da formação
e da evolução do português
1512. Processos fonológicos
1523. Etimologia
1534. Geografia do português no mundo
153Exercício resolvido | Resolve tu!
154Lexicologia
156Exercício resolvido | Resolve tu!
156Classes de palavras
158Exercício resolvido | Resolve tu!
160Formação de palavras
161Exercício resolvido | Resolve tu!
162Funções sintáticas
1641. Funções sintáticas ao nível da frase e
internas ao grupo verbal
1642. Funções sintáticas internas ao grupo
nominal
1653. Funções sintáticas internas ao grupo
adjetival
165Exercício resolvido | Resolve tu!
166Coordenação e subordinação
1711. Orações coordenadas
1712. Orações subordinadas
1712.1. Orações subordinadas adverbiais
1722.2. Orações subordinadas substantivas
1722.3. Orações subordinadas adjetivas
172Exercício resolvido | Resolve tu!
173Semântica
1781. Valor temporal
1782. Valor aspetual
1783. Valor modal
178Exercício resolvido | Resolve tu!
179Texto e interação discursiva
1821. Relações intratextuais
1822. Conectores discursivos
1823. Registos de língua
1834. Atos de fala
1835. Dêixis
183Exercício resolvido | Resolve tu!
184Recursos expressivos
188Parte III – Testes de Avaliação
Teste de Avaliação 1
– Poesia trovadoresca
191Teste de Avaliação 2
– Fernão Lopes,
Crónica de D. João I
196Teste de Avaliação 3
– Gil Vicente,
Farsa de Inês Pereira | Auto da Feira
201Teste de Avaliação 4
– Luís de Camões,
Rimas
207Teste de Avaliação 5
– Luís de Camões,
Os Lusíadas
212Teste de Avaliação 6
– História
Trágico-Marítima
217Parte IV – Soluções
22216
Reportagem
A reportagem é um género textual produzido na esfera jornalística. Tem como foco
um tema da atualidade, de interesse geral, que é tratado de forma exaustiva, em
profundidade, com base na observação direta e na recolha de dados. A
reporta-gem pode ser:
•
impressa (divulgada por escrito na imprensa);
•
televisiva (divulgada na televisão, associando texto, som e imagem);
•
radiofónica (divulgada na rádio, associando texto e som).
Características temáticas
Variedade de temas Baseia-se na apresentação pormenorizada de um tema ou acontecimento, sobre qualquer área da realidade. Multiplicidade de
intervenientes, meios e pontos de vista
Resulta de uma multiplicidade de intervenientes (repórter, testemunhas), meios (formatos, suportes) e pontos de vista (repórter, pessoas envolvidas).
Informação seletiva Apresenta informação que depende do poder de seleção e organização dos dados recolhidos pelo repórter e da sua forma de interpretar os factos.
Relação entre o todo e as partes
A coerência da reportagem depende da relação entre o todo e as partes (forma como cada um dos tópicos abordados e pontos de vista expressos se articula com o sentido global).
Características estruturais e linguísticas
Estrutura interna
Embora não possua uma estrutura rígida, a reportagem tende a ser constituída por:
• secção introdutória (apresentação do tema, partindo de informação que suscite o interesse do destinatário); • desenvolvimento do tema;
• conclusão (fecho do tema, reforçando ideias-chave, por exemplo).
Diversidade de registos
Diversidade de registos
• alternância da 1.ª pessoa ou 3.ª pessoa
• estilo cuidado, mas acessível, tendo em conta o público-alvo (público vasto e heterogéneo)
• marcas de subjetividade (quando o repórter e os restantes intervenientes transmitem a sua opinião)
Exercício
resolvido
Resolve
tu!
OralidadeTEORIA
GES TP10 © P ort o E di tora GESTP10_20174167_TEXTO_Parte2Oral_5PCImg.indd 16 03/07/2018 15:5317
1.
Visiona a reportagem “A Palavra do Ano 2017 é «incêndios»”.
1.1. Identifica os intervenientes na reportagem, explicitando a sua função e/ou ponto de vista.
Interveniente Função / Ponto de vista Voz off
(1.ª intervenção) Função: importânciaapresentar o tema, contextualizando a sua
Repórter Função: conduzir entrevistas sobre a razão de a palavra
“incêndios” ter sido a mais votada 1.º grupo de
pessoas entrevistadas
Função: dar opinião sobre o facto de a palavra “incêndios” ter sido eleita pelos portugueses
Ponto de vista predominante: 2017 foi um ano de incêndios, trágico para Portugal
Voz off
(2.ª intervenção) Função: portugueses (“afeto”)apresentar a segunda palavra mais votada pelos 2.º grupo de
pessoas entrevistadas
Função: dar opinião sobre o facto de a palavra “afeto” ter sido a segunda palavra mais votada pelos portugueses Ponto de vista predominante: o PR teve uma ação pautada pelo afeto em 2017
Outro ponto de vista: os incêndios representam uma situação mais marcante do que a ação do PR Voz off
(3.ª intervenção) Função: concluir a reportagemapresentar a 3.ª palavra mais votada (“florestas”);
Exercício
resolvido
1.
Visiona a reportagem “Neve volta a pintar de branco a vila de Montalegre” e
realiza o mesmo exercício.
Interveniente Função / Ponto de vista / Situação testemunhada Voz off (1.ª intervenção) Função: David Teixeira (representante da Proteção Civil) Ponto de vista: Situação testemunhada: Voz off (2.ª intervenção) Função:
Turistas Situação testemunhada:
Voz off (3.ª intervenção) Função:
Resolve
tu!
Entre a imagem (situação filmada) e a linguagem verbal se estabelece uma relação de complementaridade? Ambas remetem para a beleza da neve, incitando o turismo. Reparaste que… Dica Visiona as reportagens duas vezes: • na primeira, tenta apreender o seu sentido global; • na segunda, foca-tenos aspetos referidos no questionário (função, ponto de vista ou situação
testemunhada pelos intervenientes). “A Palavra do Ano 2017 é «incêndios»”, Porto Canal, 2018
“Neve volta a pintar de branco a vila de Montalegre”, Porto Canal, 2017
GESTP10-2 Reportagem
1
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1.
Lê o texto.
Na luz matutina e fria das quatro horastenho diante de mim um espetáculo único, quatro ilhas saindo do mar ao mesmo tempo – a Graciosa dum verde muito tenro acabando dum lado e do outro em penhascos decorativos; a Terceira muito ao longe quase desvanecida; e a meu lado, por trás do biombo violeta de S. Jorge, que se estende ao comprido nas águas, o cone do Pico aguçado até ao céu, transparente como se fosse de cristal. Isto frio, nítido e ao mesmo tempo irreal, num céu de esmalte onde se
destacam a buril as linhas regulares do Pico, com uma
nuvenzinha quase pousada na extremidade. É só num ponto e passa num instante, porque o navio não para – é no instante em que o Pico se revela erguido até ao céu e as manchas violetas das ilhas têm a cor passada da nuvem que vai desfazer-se – enquanto a Graciosa ali perto se mostra toda verde.
BRANDÃO, Raul (2011). As ilhas desconhecidas. Lisboa: Quetzal [p. 24]. 5
10
1.1. Seleciona a opção que te permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.
1.1.1. Ao longo do texto predomina
a. o relato de um percurso feito entre a Graciosa e o Pico.
b. o relato da passagem de um navio.
c. uma descrição de carácter geográfico.
d. uma reflexão motivada pelo entardecer.
1.1.2. A única expressão que não localiza os acontecimentos no espaço é
a. “Na luz matutina e fria das quatro horas” [l. 1].
b. “muito ao longe” [l. 4].
c. “a meu lado” [l. 5].
d. “ali perto” [l. 14].
1.1.3. O carácter literário do relato é reforçado pelo emprego
a. da ironia e do eufemismo.
b. da metáfora e da comparação.
c. da personificação e da enumeração.
d. da aliteração e do eufemismo.
1.1.4. A única expressão que ilustra o discurso pessoal é
a. “tenho diante de mim um espetáculo único” [ll. 1-2].
b. “a Terceira muito ao longe quase desvanecida” [ll. 4-5].
c. “com uma nuvenzinha quase pousada” [ll. 9-10].
d. “É só num ponto e passa num instante” [ll. 10-11].
X
X
Recorda estes recursos expressivos nas páginas 188-189.
X
X
Exercício
resolvido
Descrição de quatro ilhas: Graciosa, Terceira, São Jorge, PicoComparação Metáfora Localização dos acontecimentos no tempo (madrugada) Formas de 1.ª pessoa Nota O discurso pessoal é marcado pelas formas de 1.ª pessoa (determinantes, pronomes, verbos).
Resolve
tu!
Leitura GES TP10 © P ort o E di tora GESTP10_20174167_TEXTO_Parte2Lei_4PCImg.indd 28 02/07/2018 13:0729
1.
Lê o texto.
Um relato de José Luís Peixoto na Coreia do Sul
Cheguei a Insadong também a pé, mas através de quilómetros de túneis subterrâneos. Seul tem uma imensa rede de centros comerciais debaixo de terra. Como uma segunda cidade, a distância desses túneis pode facilmente ser comparada à extensão das ruas à superfície. Nestas avenidas de neve no inverno, esse abrigo faz muita falta. Já para o visitante estrangeiro, como eu, depois de horas à deriva, entrando em lojas aleatórias ou numa das maiores livrarias de Seul, que também existe num desses subterrâneos, é muito fácil não reconhecer os caminhos quando se regressa à superfície. Ainda assim, perder-me numa cidade de absoluta segurança, como Seul, é um prazer infantil, é uma promessa de descobertas que, também como Seul, não terminam.
PEIXOTO, José Luís, in Volta ao Mundo, 21/12/2015, https://www.voltaaomundo.pt [consult. 09/01/2018]. 5
10
1.1. Seleciona a opção que te permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.
1.1.1. O texto resulta da articulação entre
a. o relato de um trajeto e uma reflexão sobre o urbanismo de Insadong.
b. a descrição de Seul e considerações de carácter político.
c. o relato de um percurso e a crítica à insegurança nas ruas.
d. a descrição de Insadong e a recordação do passado longínquo.
1.1.2. O texto surge estruturado com base numa relação de
a. analogia.
b. causa-consequência.
c. contraste.
d. equivalência.
1.1.3. “Cheguei a Insadong também a pé” [l. 1] classifica-se como um segmento
a. narrativo.
b. descritivo.
c. dialogal.
d. reflexivo.
1.1.4. Na última frase, o tom apreciativo é marcado
a. pelo léxico valorativo.
b. pela ironia.
c. pelo vocabulário técnico.
d. pelos tempos verbais.
1.1.5. A única expressão que ilustra o discurso pessoal é
a. “Cheguei a Insadong também a pé” [l. 1].
b. “esse abrigo faz muita falta” [l. 5].
c. “é muito fácil não reconhecer os caminhos quando se regressa à superfície” [ll. 7-8].
d. “é uma promessa de descobertas que […] não terminam” [ll. 9-10].
Dica
Pode haver alíneas apenas parcialmente corretas. Seleciona a única que é totalmente verdadeira.
Recorda estas relações intratextuais na página 182.
Resolve
tu!
Insadong Relato de viagem2
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2.
Lê um excerto de um relato de viagem de Gonçalo Cadilhe.
Nós ao contrário em Varanasi
A Índia não é feita para passear. […]
Gostaria de passear, mas não existe um passeio. Há buracos, bueiros abertos, saneamento por completar. Os parques e jardins estão degradados, os carros não respeitam os peões, os riquexós ainda menos, as ilhas pedonais não fazem parte do planeamento urbano. O espaço falta.
O conceito é absurdo – passear, como quem areja, como quem faz exercício físico, como quem namora. Na Índia, ninguém passeia. Caminha-se com um objetivo: fechar um negócio, encontrar um trabalho, arranjar um matrimónio, visitar um templo. Caminhar não é passear.
A vida é precária, a existência compartimentada em castas, subcastas, preconceitos e deveres familiares.
A condição humana é regularmente atroz, a morte uma aspiração. Aspira-se a uma melhor reencarnação ou, talvez um dia, ao desaparecimento total, ao fim do ciclo das transmigrações da alma, ao Nirvana. Há um atalho para se chegar mais rapidamente ao Nirvana: morrer em Varanasi.
Passeio em Varanasi, no único pedaço da cidade e talvez de toda a Índia onde passear parece fazer sentido. Passear como quem medita, ao longo da margem do Ganges, o mais sagrado e um dos mais poluídos rios do mundo. Passear como quem pensa na vida e na morte, entre pedaços de corpos ainda por arder nas fogueiras da cremação, bosta a secar, lixo por todo o lado, moscas também, os edifícios a desagregarem-se com os séculos, um ou outro cadáver a boiar, um calor infernal, um cheiro revoltante. E, no entanto, é verdade que a Índia é metafísica e espiritual.
Mas, para um olhar europeu, sob a forma de antítese e paradoxo. Afinal, onde é mais aguda a noção do efémero da existência, a noção da inevitabilidade da morte? Num sorriso injetado de botox ou num nariz carcomido pela lepra? Num centro histórico recuperado e protegido da especulação imobiliária ou num centro histórico arrasado e substituído por qualquer outra coisa que seja mais barata e mais prática? Numa igreja intacta, parada no tempo e no estilo em que foi construída, ou num templo milenário que perdeu toda a importância arquitetural com as sucessivas modificações, acrescentos, arranjos, incluindo o pvc, o alumínio, o betão e o aço? Varanasi, uma das cidades mais antigas do mundo, mais antiga que a própria civilização europeia, é precisamente o lugar onde as diferenças da civilização indiana melhor se expõem ao olhar europeu.
“Alguém me está sugerindo que tudo isto em que habito, carne e ar e hotel, não passa de um projeto de sarcófago?”, pergunta o escritor Giorgio Manganelli, no seu livro Esperimento con l’India. Tudo é transitório – a vida é, certamente; e quem sabe se a morte também não o é? Erguendo as suas estátuas, preservando as suas cidades, protegendo os seus museus, dogmatizando os seus cânones culturais, consolidando as suas certezas religiosas, acreditando na salvação eterna, a Europa tenta contrariar a passagem do tempo e a Índia entrega-lhe tudo.
CADILHE, Gonçalo, in Visão, https://visao.sapo.pt/ [consult. 11/05/2018, com supressões]. 5 10 15 20 25 30 35 40 Leitura GES TP10 © P ort o E di tora GESTP10_20174167_TEXTO_Parte2Lei_4PCImg.indd 30 02/07/2018 13:07
31
2.1. Seleciona a opção que te permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.
2.1.1. O texto resulta da articulação entre dois aspetos:
a. o relato de um percurso feito e a reflexão suscitada pela realidade observada.
b. a descrição de um espaço físico e o relato de acontecimentos his-tóricos associados a esse espaço.
c. a reflexão sobre questões de carácter social e político e o relato de um percurso em Varanasi.
d. a reflexão sobre a importância religiosa de Varanasi e a descrição minuciosa de monumentos religiosos visitados.
2.1.2. Para Gonçalo Cadilhe,
a. passear e caminhar são conceitos com sentido análogo.
b. passear tem um carácter utilitário, ao contrário de caminhar.
c. não é possível passear em nenhum local da Índia.
d. passear permite meditar.
2.1.3. O autor considera que a aspiração à morte é consequência
a. da precariedade da vida humana.
b. dos passeios junto ao rio Ganges.
c. dos contrastes entre os valores espirituais e materiais.
d. da inconsciência da transitoriedade da vida.
2.1.4. Gonçalo Cadilhe defende que a noção da inevitabilidade da morte
a. é mais forte no Ocidente do que na Índia.
b. ocorre, sobretudo, quando a vida é pautada pelo bem-estar físico.
c. é mais incisiva em contextos de pobreza extrema.
d. é recorrente quer na cultura ocidental, quer na cultura oriental.
2.1.5. Na expressão “um projeto de sarcófago” [l. 39] está presente
a. a metáfora.
b. a antítese.
c. a metonímia.
d. a anáfora.
2.1.6. No último parágrafo, o autor conclui que
a. nem a Europa nem a Índia lutam contra a efemeridade da vida.
b. a Europa e a Índia lidam de forma diferente com a transitoriedade da vida.
c. os monumentos religiosos da Índia são mais belos do que os eu-ropeus.
d. os europeus aceitam facilmente a inevitabilidade da morte. Relato de viagem
2
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Artigo de divulgação científica
O artigo de divulgação científica é um género textual que visa a divulgação do
conhecimento científico ou tecnológico a um público não especializado.
Os artigos de divulgação científica:
•
são textos de carácter expositivo em que se apresenta informação seletiva,
pautada pelo rigor e pela objetividade e marcada pela hierarquização das
ideias e pela explicitação das fontes;
•
são publicados em revistas de especialidade, destinadas ao grande público
ou em secções específicas de jornais e revistas generalistas;
•
abordam temas diversos, nas áreas das ciências exatas e naturais
(astrono-mia, biologia, botânica, ecologia, física, geologia, matemática, química,
zoolo-gia…), das ciências sociais e humanas (história, arqueologia, sociologia…) e da
tecnologia.
Entre as características estruturais e linguísticas mais previsíveis neste género
tex-tual, podemos destacar as seguintes:
Estrutura Características linguísticas
Elementos paratextuais • título (e subtítulos) • nome do autor
• imagens (fotografias, infografias, ilustrações), gráficos, esquemas • abertura (secção inicial, graficamente
destacada, em que se apresenta o tema) Corpo do artigo, constituído por • introdução
• desenvolvimento • conclusão
• Citações ou paráfrases do discurso dos cientistas entrevistados ou dos estudos analisados, seguidas de explicitação das fontes
• Simplificação de conceitos de difícil compreensão para o leitor comum, recorrendo a
−analogias* −explicitações −reformulações −exemplificações • Frases de tipo declarativo
• Verbos conjugados no presente (remetendo para acontecimentos atuais ou intemporais), no pretérito perfeito simples (relatando acontecimentos passados)
• Construções passivas • Vocabulário técnico
• Palavras/expressões que remetem para factos encarados como
−certos (cientificamente comprovados) −prováveis (hipóteses ainda por comprovar
cientificamente) Os artigos de divulgação científica se distinguem de outros textos jornalísticos pois: ❶ divulgam descobertas científicas (focando as etapas da descoberta, os métodos utilizados, os resultados obtidos…)? ❷ em geral, as citações neles presentes têm como origem entrevistas feitas a cientistas ou documentos por eles produzidos?
Sabias que…
As analogias nos artigos de divulgação científica podem ser feitas com base em
metáforas e comparações? *Sabias que…
Exercício
resolvido
LeituraTEORIA
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1.
Lê o texto.
Ciência
Primeiros homens modernos ibéricos queimavam
ossos de animais para se aquecerem
Investigadores analisaram sedimentos de diferentes períodos pré-históricos.
Os primeiros homens modernos ibéricos queimavam ossos de animais para se aquecerem devido ao frio glaciar que os privou há milhares de anos do uso da madeira como combustível, defende um estudo de peritos espanhóis.
Para chegarem a esta conclusão, investigadores da Universidade do País Basco analisaram sedimentos de diferentes períodos pré- -históricos das jazidas de Labeko Koba (Guipúzcoa), Esquilleu (Cantábria) e Coimbre (Astúrias).
A par de sedimentos enegrecidos pelo fogo, os especialistas encontraram restos de ossos de animais, como bisontes e cabras, queimados.
Segundo um dos peritos, Álvaro Arrizabalaga, os invernos rigorosos obrigaram os homens pré-históricos a usarem ossos de animais como combustível depois de extraírem o tutano, um alimento “muito nutritivo” de que não abdicavam.
Na altura, a paisagem da região que corresponde à atual Península Ibérica “era própria do atual norte da Escandinávia”, onde havia pouca madeira, sublinhou o arqueólogo, citado pela agência noticiosa espanhola Efe.
DN/Lusa, in Diário de notícias, 17/12/2017, https://www.dn.pt [consult. 09/01/2018]. 5
10
15
20
1.1. Seleciona a opção que te permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.
1.1.1. O texto divulga conhecimentos da área da
a. zoologia.
b. paleontologia.
c. arqueologia.
d. botânica.
1.1.2. No primeiro parágrafo, apresenta-se
a. uma síntese da principal conclusão a que se chegou no estudo di-vulgado.
b. os métodos de investigação utilizados.
c. uma citação retirada do estudo dos cientistas.
d. uma paráfrase do discurso da agência de notícias Efe.
1.1.3. A expressão “como bisontes e cabras” [l. 12] tem um intuito
a. exemplificativo. b. contra-argumentativo. c. retificativo. d. reformulativo.
X
X
X
Vocabulário técnico da área da arqueologia Síntese da principal conclusão do estudo divulgado Identificação da fonte Identificação da fonteExercício
resolvido
DicaEm geral as fontes são explicitadas junto às citações ou sínteses do discurso citado. Consulta a página 55.
Artigo de divulgação científica
2
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1.
Lê o texto.
Ciência
Novo método consegue identificar autismo nas crianças
Cientistas criaram um novo método de análise de biomarcadores metabólicos que permite identificar se uma criança tem autismo, facilitando o diagnóstico do dis-túrbio neurológico.
O método desenvolvido por investigadores do Instituto Politécnico de Rensselaer, nos Estados Unidos, tem por base concentrações de substâncias específicas numa amostra de sangue, revela um estudo publicado esta quinta-feira na revista PLOS Computational Biology.
As substâncias (metabolitos) são produzidas por processos metabólicos, um deles conhecido por transulfuração, que estão alterados nas crianças com autismo. Os processos metabólicos são necessários à formação, ao desenvolvimento e à renovação das células.
Os cientistas usaram amostras de sangue de 83 crianças com autismo e de 76 crianças neurotípicas (sem qualquer distúrbio psíquico significativo) com idades entre os três e os dez anos.
Os dados recolhidos foram trabalhados com o auxílio de modelos matemáticos avançados e de ferramentas de análise estatística, permitindo identificar corretamente 97,6 por cento das crianças autistas e 96,1 por cento das neurotípicas (que têm processos metabólicos um pouco diferentes das autistas).
Os autores da investigação ressalvam que são necessários mais estudos e pretendem perceber se possíveis tratamentos que manipulem os processos metabólicos poderão interferir nos sintomas do autismo, um distúrbio neurológico que aparece na infância e se caracteriza por comportamentos repetitivos e restritivos e dificuldade de interação social e comunicação.
As causas exatas do autismo continuam desconhecidas e o seu diagnóstico exige uma equipa multidisciplinar de médicos.
in Jornal de Notícias, 16/03/2017, https://www.jn.pt [consult. 09/01/2018]. 5
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25
1.1. Seleciona a opção que te permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.
1.1.1. O texto classifica-se como artigo de divulgação científica, pois
a. um cientista pertencente a uma equipa transdisciplinar apresenta a sua opinião fundamentada sobre o autismo.
b. relata-se pormenorizadamente um projeto de investigação sobre o autismo nas crianças.
c. comunica-se uma descoberta científica a um público especiali-zado na área da Biologia Computacional.
d. divulga-se a um público não especializado uma descoberta cientí-fica recente.
1.1.2. Na abertura do texto, destacada a negrito [ll. 1-3],
a. refuta-se a informação apresentada no título.
b. sintetiza-se a descoberta científica a desenvolver no artigo.
Dica
Antes de responderes, elimina as opções falsas e as que estão apenas parcialmente corretas.
Resolve
tu!
Instituto Politécnico de Rensselaer (EUA) Leitura GES TP10 © P orto E di tora GESTP10_20174167_TEXTO_Parte2Lei_4PCImg.indd 34 02/07/2018 13:0735
c. citam-se os cientistas responsáveis pela investigação.
d. apresenta-se um ponto de vista crítico.
1.1.3. No primeiro parágrafo do corpo do texto [ll. 4-7],
a. complementa-se a informação já apresentada, acrescentando dados sobre os responsáveis pela investigação e a fonte utilizada.
b. apresenta-se informação completamente nova.
c. reitera-se a informação apresentada no título e na abertura, fo-cando-se as consequências do estudo neurológico feito.
d. focam-se os processos metabólicos analisados durante o pro-cesso de investigação.
1.1.4. Na linha 8, os parêntesis são utilizados para
a. explicar o significado de um termo técnico.
b. especificar um termo técnico desconhecido do leitor comum.
c. delimitar um ponto de vista pessoal.
d. apresentar um exemplo que ilustre o que foi dito anteriormente.
1.1.5. O método de recolha e análise de dados utilizado
a. é sintetizado no primeiro e segundo parágrafos [ll. 4-11].
b. é explicitado no terceiro e no quarto parágrafos [ll. 12-18].
c. é referido no penúltimo parágrafo [ll. 19-23].
d. não é referido no corpo do texto.
1.1.6. Pode considerar-se que o último parágrafo tem uma função de fecho, na medida em que
a. constitui uma síntese do que foi dito no desenvolvimento.
b. remete para os limites da investigação.
c. apresenta outras investigações já em curso.
d. corrobora a validade incontestável do estudo apresentado.
1.1.7. Está presente uma construção passiva em
a. “As substâncias […] são produzidas por processos metabólicos” [l. 8].
b. “que aparece na infância” [l. 22].
c. “As causas exatas do autismo continuam desconhecidas” [l. 24].
d. “o seu diagnóstico exige uma equipa multidisciplinar” [ll. 24-25].
1.1.8. A forma verbal “ressalvam” [l. 19] sugere que os cientistas encaram as conclusões a que chegaram como
a. certas.
b. provisórias.
c. vagas.
d. improváveis.
Artigo de divulgação científica
2
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1.
Lê o artigo de divulgação científica, cujos parágrafos se encontram
desorde-nados.
Investigação
Descobertas formas de vida desconhecidas em grutas na
Antártida
2 aconteceram junto ao Monte Erebus, um vulcão ativo situado na ilha Segundo o estudo divulgado na revista Polar Biology, as pesquisas Ross, um lugar rodeado por grutas de gelo.
4
Apesar da nova descoberta, Laurie Cornell, também coautor, da Universidade de Maine, explica que não há garantias de que esses animais e plantas ainda vivam na atualidade e que, por isso, “o próximo passo é procurar organismos vivos. Se existirem, abre-se a porta para um incrível novo mundo”.
3
Dentro dessas grutas as temperaturas rondam os 25 graus. “Pode estar mesmo quente lá dentro. Podes usar uma t-shirt e estares confortável”, disse o coautor do estudo, Ceridwen Fraser, da Universidade Nacional Australiana, situada em Camberra.
1 a animais e plantas desconhecidos no interior de grutas na Antártida, Um grupo de cientistas descobriu amostras de ADN correspondentes onde se pode andar com uma t-shirt e não sentir frio.
in Jornal de Notícias, 13/09/2017, https://www.jn.pt/ [consult. 11/05/2018, adaptado].
1.1. Ordena os parágrafos conforme a seguinte progressão temática:
1
Síntese da descoberta feita pelos cientistas
2
Apresentação do contexto de investigação
3
Especificação de um aspeto da descoberta
4
Reflexão sobre os limites da investigação e perspetivas de investigação futura
1.1.1. Justifica a tua opção, com base em elementos textuais.
No primeiro parágrafo, sintetiza-se a descoberta feita, referindo os
investigadores responsáveis pela investigação (“um grupo de cientistas”) e a descoberta propriamente dita, fazendo analogias com o dia a dia (“descobriu
amostras de ADN […] sentir frio.”). Depois, indica-se o local em que a
investigação foi realizada (segundo parágrafo). Por fim, no terceiro e quarto parágrafos, citam-se dois dos investigadores: primeiro, Ceridwen Fraser (“coautor do estudo”), que apresenta informação mais genérica e relacionada com o saber comum; depois, Laurie Cornell (“também coautor”), que expõe informação mais específica (limites da investigação) e “fecha” o texto, sugerindo perspetivas de investigação futuras.
Dica
Sublinha as expressões que se referem aos tópicos identificados e anota os tópicos ao lado dos parágrafos. Assim, será fácil reordenares os segmentos. Contexto de investigação Pormenor da descoberta Descoberta feita pelos cientistas Limites da investigação Perspetivas de investigação futura
Exercício
resolvido
Resolve
tu!
Dica
O advérbio “também” ajuda-te a ordenares corretamente os parágrafos 3 e 4, pois mostra que se vai referir uma nova fonte (o coautor foi referido no parágrafo anterior). Leitura GES TP10 © P ort o E di tora GESTP10_20174167_TEXTO_Parte2Lei_4PCImg.indd 36 02/07/2018 13:07
37
1.
Lê outro artigo de divulgação científica, cujos parágrafos também se
encon-tram desordenados.
Ciência
A catástrofe que extinguiu dinossauros influenciou as aves
Há 66 milhões de anos, um meteorito atingiu a Terra e provocou a extinção dos dinossauros. Um estudo agora divulgado tenta explicar como o impacto influenciou o tipo de aves que existem hoje.
No estudo, foi feita a relação evolutiva entre as 10 mil espécies de aves que existem hoje e concluiu-se que os sobreviventes do cataclismo foram as aves que viviam no solo. "As análises mostraram que o passado ancestral de todos os pássaros que vivem hoje, e todas as linhagens de aves que atravessaram o período Cretáceo, eram, provavelmente, terrestres", resumiu.
De acordo com o especialista, os antepassados das aves que conhecemos hoje e que têm como habitat as árvores só começaram a voar até aos ramos quando as florestas renasceram após o cataclismo.
1
A extinção dos dinossauros continua a intrigar a comunidade científica e tem sido motivo de vários estudos, um dos quais tenta explicar como o cataclismo que aconteceu há milhões de anos influenciou o tipo de aves que existem hoje.
No artigo que foi publicado esta quinta-feira na revista Current
Biology, os cientistas explicam que apenas as aves que viviam em terra
sobreviveram às consequências do impacto, ao contrário do que aconteceu com as espécies que viviam nas árvores. A destruição massiva das florestas em todo o mundo, resultante do impacto, levou a que essas aves ficassem sem habitat, explicam os autores do estudo.
De acordo com o trabalho desenvolvido pela equipa liderada por Daniel Field, paleontólogo da Universidade de Bath, no Reino Unido, a destruição causada pelo meteorito que atingiu a Terra há 66 milhões de anos afetou a evolução das aves. […]
A análise de amostras de fósseis desse período, que foram recolhidas na Nova Zelândia, Japão, Europa e América do Norte, levaram os investigadores a concluir a destruição das florestas no final do período Cretáceo e a extinção das aves que tinham como habitat as árvores.
DN/LUSA, in Diário de Notícias, 24/05/2018, https://www.dn.pt/ [consult. 30/05/2018, adaptado e com supressões].
1.1. Ordena os parágrafos conforme a seguinte progressão temática:
1
Apresentação/problematização da questão científica a abordar
2
Síntese da descoberta feita pelos cientistas
3
Apresentação de uma conclusão a que se chegou com a investigação
4
Explicitação da conclusão anteriormente apresentada
5
Referência ao contexto de recolha de dados
6
Síntese final do estudo feito
1.1.1. Justifica a tua opção.
Resolve
tu!
Artigo de divulgação científica
2
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Exposição sobre um tema
A exposição sobre um tema visa a transmissão objetiva e ordenada de
informa-ção sobre determinado tema (ciência, história, literatura, política, desporto…):
•
a informação é apresentada de forma clara, dando conta do raciocínio
se-guido, desenvolvendo o tema de modo esclarecedor e demonstrando o que
é dito com factos concretos (e não pontos de vista pessoais);
•
tem como características o carácter demonstrativo, a elucidação evidente
do tema (fundamentação das ideias), a concisão e a objetividade.
As exposições têm ainda especificidades ao nível da estrutura e das
característi-cas linguísticaracterísti-cas, que contribuem para o seu carácter demonstrativo:
Estrutura Características linguísticas
Estrutura tripartida*
• introdução (apresentação do tema) • desenvolvimento do tema, recorrendo a
explicações e exemplos • conclusão (fecho do texto) ** Elementos paratextuais • Título (e subtítulos) • Notas de rodapé
• Bibliografia (lista de obras consultadas) • Esquemas, tabelas, quadros (com ou sem
legenda) • …
• Frases de tipo declarativo • Conectores
• Construções passivas
• Vocabulário específico, associado ao tema abordado
• 3.ª pessoa gramatical • Verbos conjugados
−no presente do indicativo (referência a situações atuais, genéricas ou intemporais) −no pretérito perfeito do indicativo
(referência a acontecimentos passados) • Expressões que remetem para o tempo e o
espaço em que se fala (deíticos) Ex.: aqui, agora, neste momento, antigamente, no futuro
Os conectores articulam com precisão as diferentes partes de uma exposição.
Ex.:
Água e aquático pertencem à mesma família de palavras, mas, no contexto do
funcionamento do português contemporâneo ou de outra fase anterior, não se considera que o segundo vocábulo seja formado a partir do primeiro.
Não obstante o adjetivo aquático ser da família de palavras de água, é necessário ter em conta que transitou do latim ao português por via erudita: aquatĭcus > aquático. É no âmbito do funcionamento do latim que o adjetivo aquatĭcus pode ser analisado como derivado, com base no aquat- de aquātus, a, um, particípio passado do verbo
aquāri (“prover-se de água”); este, por sua vez, deriva de aqua, aquae, ou seja, “água”.
Sem se impor o conhecimento da história de cada vocábulo para identificar uma família de palavras, a linguística contemporânea considera que é frequente um radical, um sufixo ou outros morfemas se apresentarem com mais de uma forma; será este, portanto, o caso da família de palavras de água, que inclui alguns membros cujo radical é aqu- (aquático, aquoso), e não agu- (aguadeiro).
ROCHA, Carlos, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/ [consult. 24/04/2018]. Nota*
Nem sempre os textos de carácter expositivo são constituídos por estas três partes. É o que acontece, por exemplo, com os verbetes enciclopédicos.
Dica**
Na conclusão de uma exposição, pode-se, por exemplo: • sintetizar as ideias mais relevantes; • apresentar informação de carácter globalizante;
• abrir perspetivas sobre o tema…
Exercício
resolvido
Oposição Alternativa
Oposição não impeditiva (= apesar disso) Mudança de perspetiva Explicação adicional Conclusão Leitura
TEORIA
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1.
Lê o texto.
A água é o único composto químico a estar presente na Terra
simultaneamente sob forma sólida (os glaciares), líquida (os oceanos) e gasosa (as nuvens). Estes três estados desempenham importantes papéis no funcionamento desta Terra, que é justamente designada por planeta azul ou planeta da água.
A hidrosfera pode ser subdividida em três reservatórios : o oceano, os glaciares polares e a água doce continental. O volume destes três reservatórios difere muitíssimo: 97 por cento da água de superfície encontra-se no oceano; os 3 por cento que restam são constituídospor água doce, três quartos da qual estão retidos nos gelos polares.
A água doce dos continentes é composta essencialmente pelas águas
subterrâneas, superfícies freáticas profundas e superficiais. A água de superfície, aquela que vemos, que utilizamos e que marca a nossa vida quotidiana constitui um pequeníssimo volume do total: a água dos lagos representa a décima milésima parte da água terrestre de superfície, a água contida na atmosfera, a centésima milésima, e a água dos rios e ribeiras, a milionésima.
Todavia , tanto em geoquímica como nas outras disciplinas, a importância de um reservatório não é exclusivamente função das suas dimensões, mas também do ritmo a que ele se renova, ou seja, da sua dinâmica. Temos assim que a duração média de permanência de uma molécula de água no oceano é de 40 000 anos , enquanto na atmosfera é de apenas uma semana .
ALLÈGRE, Claude (1996). Ecologia das cidades, ecologia dos campos (trad. Maria João Reis). Lisboa: Instituto Piaget [pp. 99-100].
Verbos no presente
(valor intemporal) Expressão que remete para o espaço em que o autor se encontra 5 Todo → Parte Construções passivas 10 Dados quantitativos 15 Vocabulário técnico 20 Contraste
1.1. Seleciona a(s) opção(ões) que te permite(m) obter afirmações corretas.
1.1.1. A objetividade e o carácter demonstrativo do texto são evidenciados
a. pela expressão de pontos de vista pessoais.
b. pela apresentação de exemplos que ilustram o que é dito.
c. pela apresentação de dados quantitativos.
d. por frases de tipo interrogativo.
e. pela presença de vocabulário técnico.
f. por construções passivas.
g. por expressões que apontam genericamente para o espaço em que o autor se encontra.
h. por verbos no presente do indicativo, com valor intemporal.
1.1.2. As informações apresentadas ao longo do texto organizam-se
a. por ordem cronológica.
b. do todo para a parte.
c. da causa para a consequência.
d. com base em contrastes.
X
X
X
X
X
X
X
X
Exercício
resolvido
Exemplos (entre parêntesis)Recorda estas relações intratextuais na página 182.
Exposição sobre um tema
2
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Semântica
1. Valor temporal
Relaciona-se com a localização dos acontecimentos no tempo.
Formas de expressão do tempo
Flexão verbal (tempos verbais) Levantei-me às 7:00, mas ainda estou em casa.
Verbos auxiliares (ir, haver de) Vou estudar Ciências.
Advérbios/locuções adverbiais ou expressões
com valor temporal Levantei-me às 7:00, mas ainda estou em casa. Orações Coordenadas copulativas (com valor temporal) Levantei-mealmoço e finalmente , vesti-mesaí de casa, tomei o pequeno .
Subordinadas adverbiais temporais Depois de me levantar, vesti-me.
2. Valor aspetual
Relaciona-se com a forma como uma situação é perspetivada:
Apresenta-se como
terminada.
Reguei
o jardim.
Valor perfetivoApresenta-se como
não terminada.
Estou a regar
o jardim.
Valor imperfetivoApresenta-se como
atemporal/verdadeira
em qualquer situação.
A água
é
fundamental
para a vida.
Situação genéricaApresenta-se como
habitual.
Rego sempre
fim do dia.
o jardim ao
Situação habitualApresenta-se como
repetitiva, ocorrendo
com regularidade.
Tenho regado
o jardim
todas as semanas
.
Situação iterativa3. Valor modal
Relaciona-se com a atitude do enunciador (quem fala ou escreve) em relação ao
que diz e ao destinatário.
Expressão de certeza ou
probabilidade sobre o
con-teúdo de um enunciado.
O Rui regou o jardim.
Sei
que o Rui regou o jardim.
É provável que
o Rui tenha
regado o jardim.
Modalidade epistémicaExpressão de imposição/
obrigação ou permissão/
proibição.
Rui, rega/tens de regar
o
jardim.
Não saias
de casa já.
Modalidade deônticaExpressão de apreciação/
opinião sobre o conteúdo
de um enunciado.
Lamento
que as flores
tenham secado…
Modalidade apreciativaRelações de ordem cronológica • Simultaneidade – dois acontecimentos ocorrem ao mesmo tempo • Anterioridade – um acontecimento ocorre antes de outro
• Posterioridade – um acontecimento ocorre depois de outro Algumas formas de expressão do aspeto • Verbos auxiliares – costumar, começar a, acabar de, terminar de… • Advérbios – já, sempre, ainda, frequentemente, habitualmente, ultimamente… • Outras expressões –
duas vezes por dia, com frequência, durante todo o dia…
Algumas formas de expressão da modalidade
• Deôntica – faz, não
faças, tens de, deves, podes, é/não é necessário/preciso/ obrigatório/proibido/ permitido
• Epistémica – sei/
tenho a certeza de/ duvido que, deve/não deve, é possível/ provável/ certo que, talvez, decerto, certamente
• Apreciativa –
felizmente,
infelizmente, lamento que, é pena que, é bom/mau/ agradável/ desagradável que…; frases de tipo exclamativo (Que bonito!)
Exercício
resolvido
Nota Conteúdos constantes da versão provisória do documento de definição das Aprendizagens Essenciais para a disciplina de Português, 10.º ano. GramáticaTEORIA
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1.
Lê o texto.
Pinhal de Leiria
Este pinhal expressa a inteligência do rei D. Afonso III, responsável no século XIII pela sua plantação. A extensão do pinhal de Leiria continuou a crescer, sobretudo sob ordem do rei D. Dinis, intitulado por isso como o “Rei Lavrador” de Portugal. […]
Durante vários séculos, o pinhal de Leiria foi um dos “pulmões” de Portugal, visto que a sua extensão se mantinha praticamente intacta mesmo com o corte de árvores. A política implementada neste pinhal era que, por cada árvore cortada uma era plantada.
Mais do que esta importância natural e ambiental, o pinhal de Leiria teve também um papel de destaque num dos momentos-chave portugueses: os Descobrimentos. As caravelas e as outras embarcações foram construídas usando a madeira e o pez deste pinhal! […]
Ao visitar o pinhal de Leiria, pode ainda mergulhar na história passada visitando alguns fornos que tratavam a madeira utilizada nas caravelas ou usufruir de trilhos naturais por entre as imensas árvores aí presentes.
in Turismo do Centro, https://turismodocentro.pt/ [consult. 26/03/2018, com supressões]. 5
10
15
1.1. Seleciona a opção correta.
1.1.1. Nas linhas 1 a 4, está presente a modalidade
a. epistémica, veiculando-se certeza sobre o enunciado.
b. epistémica, transmitindo-se dúvida sobre o que é dito.
c. apreciativa, expressando-se uma opinião sobre o enunciado.
d. deôntica, exprimindo-se uma imposição.
1.1.2. O enunciado “Durante vários séculos, o pinhal de Leiria foi um dos
‘pul-mões’ de Portugal” [l. 5], tem um valor aspetual
a. perfetivo.
b. genérico.
c. imperfetivo.
d. iterativo.
1.1.3. No terceiro parágrafo, a modalidade apreciativa é expressa através
a. da expressão “Mais do que”.
b. dos adjetivos.
c. da frase exclamativa.
d. do nome “destaque”.
1.2. Reescreve o enunciado seguinte, expressando os valores semânticos indicados.
D. Dinis foi o Rei Lavrador.
a. Valor epistémico (dúvida): Creio que D. Dinis foi o Rei Lavrador. b. Valor apreciativo: Felizmente, D. Dinis foi o Rei Lavrador. c. Valor genérico: D. Dinis é o rei Lavrador.
X
X
X
Exercício
resolvido
Não há marcas de expressão de dúvida, apreciação ou imposição Valor epistémico de certezaA ação é dada como terminada Valor perfetivo Frase exclamativa Valor apreciativo Semântica