Departamento de Matem´atica
Bioengenharia e Bioqu´ımica 2a Frequˆencia de C´alculo I 11 de Janeiro de 2019 Ano lectivo 2018/2019 Dura¸c˜ao: 2 horas
1) Seja f a fun¸c˜ao definida por
f(x) = x2(2 ln x − 5) .
a) Estude a monotonia da fun¸c˜ao f e determine, caso existam, os pontos de extremo local de f .
b) Estude as concavidades de f e determine, caso existam, os pontos de inflex˜ao de f . 2) Mostre que
x <(1 + x2) arctg x < x + x3 para qualquer x > 0
3) Use a regra de Cauchy para calcular lim x→0 sen2(2x) sen (4x) − 4x + x2. 4) Calcule a) Z xcos x + s arcsen5x 1 − x2 dx; b) Z −4
tg x − 1dx; (Sugest˜ao: fa¸ca a substitui¸c˜ao tg x = t); c)
Z 2
0
1
x2− 2x + 2dx; (Sugest˜ao: fa¸ca a substitui¸c˜ao x = t + 1).
5) Calcule a ´area da regi˜ao do plano limitada pela curvas de equa¸c˜ao y= 2x2 − 2
e
y = x2+ x.
6) Calcule o comprimento da curva dada pelo gr´afico da fun¸c˜ao f : [0, e −1] → R definida por f(x) = 1
8ln (x + 1) − x
1) Seja f a fun¸c˜ao definida por
f (x) = x2(2 ln x − 5) .
a) Estude a monotonia da fun¸c˜ao f e determine, caso existam, os pontos de extremo local de f . b) Estude as concavidades de f e determine, caso existam, os pontos de inflex˜ao de f .
1a) O dom´ınio de f ´e o conjunto
Df = {x ∈ R: x > 0} = ]0, +∞[ e a primeira derivada de f ´e dada por
f′ (x) = x2(2 ln x − 5)′ = x2′ (2 ln x − 5) + x2(2 ln x − 5)′ = 2x (2 ln x − 5) + x2 2 x = 2x (2 ln x − 5) + 2x = 2x (2 ln x − 5 + 1) = 2x (2 ln x − 4) = 4x (ln x − 2) . Ent˜ao f′ (x) = 0 ⇔ 4x (ln x − 2) = 0 ∧ x ∈ Df ⇔ (4x = 0 ∨ ln x − 2 = 0) ∧ x ∈ ]0, +∞[ ⇔ (x = 0 ∨ ln x = 2) ∧ x ∈ ]0, +∞[ ⇔ x = 0 ∨ x = e2 ∧ x ∈ ]0, +∞[ ⇔ x = e2 e do quadro de sinais x 0 e2 4x − 0 + + + ln x − 2 N.D. N.D. − 0 + f′ (x) N.D. N.D. − 0 + f (x) N.D. N.D. ց Min ր
conclui-se que a fun¸c˜ao f ´e decrescente em0, e2, ´e crescente em e2, +∞ e tem um m´ınimo local no ponto x = e2.
1b) Calculando a segunda derivada de f tem-se f′′ (x) = (4x (ln x − 2))′ = (4x)′ (ln x − 2) + 4x (ln x − 2)′ = 4 (ln x − 2) + 4x1x = 4 ln x − 8 + 4 = 4 ln x − 4, o que implica que
f′′
(x) = 0 ⇔ 4 ln x − 4 = 0 ∧ x ∈ Df ⇔ ln x = 1 ∧ x ∈ ]0, +∞[ ⇔ x = e ∧ x ∈ ]0, +∞[ ⇔ x = e .
Assim, fazendo um quadro de sinais tem-se
x 0 e
4 ln x − 4 N.D. N.D. − 0 +
f (x) N.D. N.D. ∩ P.I. ∪
o que permite concluir que f tem a concavidade voltada para baixo em ]0, e[, tem a concavidade voltada para cima em ]e, +∞[ e tem um ponto de inflex˜ao em x = e.
2) Mostre que
x < (1 + x2) arctg x < x + x3 para qualquer x > 0
2) Sejam x um n´umero positivo qualquer e f : [0, x] → R a fun¸c˜ao definida por f (t) = arctg t.
A fun¸c˜ao f ´e cont´ınua em [0, x] e ´e diferenci´avel em ]0, x[ (ali´as ´e diferenci´avel em [0, x]) e f′
(t) = 1 1 + t2.
Pelo Teorema do valor m´edio de Lagrange, existe c ∈ ]0, x[ tal que f (x) − f (0) x − 0 = f ′ (c) ⇔ arctg x − arctg 0x = 1 1 + c2 ⇔ arctg x x = 1 1 + c2. Ent˜ao 0 < c < x ⇒ 0 < c2 < x2 ⇒ 1 < 1 + c2 < 1 + x2 ⇒ 1 + x1 2 < 1 1 + c2 < 1 ⇒ 1 + x1 2 < arctg x x < 1 ⇒ 1 + xx 2 < arctg x < x ⇒ x < (1 + x2) arctg x < (1 + x2)x ⇒ x < (1 + x2) arctg x < x + x3, o que prova o pretendido.
3) Use a regra de Cauchy para calcular lim x→0 sen2(2x) sen (4x) − 4x + x2. 3) Como lim x→0 sen2(2x) sen (4x) − 4x + x2 = sen2(2 · 0) sen (4 · 0) − 4 · 0 + 02 = sen2(0) sen (0) − 0 + 0 = 02 0 = 0 0, aplicando a Regra de Cauchy resulta que
lim x→0 sen2(2x) sen (4x) − 4x + x2 = limx→0 sen2(2x)′ (sen (4x) − 4x + x2)′ = lim x→0 2 sen(2x) (sen(2x))′ 4 cos(4x) − 4 + 2x = lim x→0 2 sen(2x) (2 cos(2x)) 4 cos(4x) − 4 + 2x = lim x→0 4 sen(2x) cos(2x) 4 cos(4x) − 4 + 2x = lim x→0 2 sen(4x) 4 cos(4x) − 4 + 2x = 2 sen(4 · 0) 4 cos(4 · 0) − 4 + 2 · 0 = 2 sen(0) 4 cos(0) − 4 + 0 = 2 · 0 4 · 1 − 4 = 0 0,
pelo podemos aplicar novamente a regra de Cauchy e obtemos lim x→0 sen2(2x) sen (4x) − 4x + x2 = limx→0 (2 sen(4x))′ (4 cos(4x) − 4 + 2x)′ = lim x→0 2 · 4 cos(4x) 4(−4 sen(4x)) + 2 = lim x→0 8 cos(4x) −16 sen(4x) + 2 = 8 cos(4 · 0) −16 sen(4 · 0) + 2 = 8 cos(0) −16 sen(0) + 2 = 8 · 1 −16 · 0 + 2 = 8 2 = 4.
4) Calcule a) Z x cos x + s arcsen5x 1 − x2 dx; b) Z −4
tg x − 1dx; (Sugest˜ao: fa¸ca a substitui¸c˜ao tg x = t); c)
Z 2
0
1
x2− 2x + 2dx; (Sugest˜ao: fa¸ca a substitui¸c˜aox = t + 1).
4a) Usando o facto de a primitiva de uma soma de fun¸c˜oes ser a soma das primitivas das fun¸c˜oes, temos Z x cos x + s arcsen5x 1 − x2 dx = Z x cos x dx + Z s arcsen5x 1 − x2 dx. Na primeira primitiva, usando a f´ormula de primitiva¸c˜ao por partes
Z f′ (x)g(x) dx = f (x)g(x) − Z f (x)g′ (x) dx com f′ (x) = cos x e g(x) = x, obtemos Z x cos x dx = Z cos x · x dx = sen x · x − Z sen x (x)′ dx = x sen x + Z − sen x dx = x sen x + cos x + C. Para a segunda primitiva, que ´e imediata, resulta
Z s arcsen5x 1 − x2 dx = Z √ arcsen5x √ 1 − x2 dx = Z 1 √ 1 − x2 (arcsen x) 5/2 dx = (arcsen x) 7/2 7/2 + C = 2 7(arcsen x) 7/2+ C. Assim, Z x cos x + s arcsen5x 1 − x2 dx = Z x cos x dx + Z s arcsen5x 1 − x2 dx = x sen x + cos x +2 7(arcsen x) 7/2 + C.
4b) Fazendo a substitui¸c˜ao t = tg x, temos x = arctg t e, portanto, dx = (arctg t)′ dt = 1 t2+ 1dt. Assim, Z −4 tg x − 1dx = Z −4 t − 1 · 1 t2+ 1dt = Z −4 (t − 1)(t2+ 1)dt,
pelo que temos de calcular a primitiva de uma fun¸c˜ao racional. Tendo em conta que o grau do numerador ´e menor do que o grau do denominador, n˜ao ´e poss´ıvel fazer a divis˜ao. Al´em disso, o denominador tamb´em j´a est´a factorizado, pelo que temos de calcular n´umeros reais A, B e C tais que −4 (t − 1)(t2+ 1) = A t − 1+ Bt + C t2+ 1 . Daqui resulta que
A(t2+ 1) + (Bt + C)(t − 1) = −4 ⇔ At2+ A + Bt2− Bt + Ct − C = −4 ⇔ (A + B)t2+ (C − B)t + A − C = −4 e, portanto, A + B = 0 C − B = 0 A − C = −4 ⇔ A = −B C = B −B − B = −4 ⇔ —– —– −2B = −4 ⇔ A = −2 C = 2 B = 2 Assim, Z −4 tg x − 1dx = Z −4 t − 1 · 1 t2+ 1dt = Z −2 t − 1+ 2t + 2 t2+ 1dt = −2 Z 1 t − 1dt + Z 2t t2+ 1dt + 2 Z 1 t2+ 1dt = −2 ln |t − 1| + ln t2+ 1 + 2 arctg t + C = −2 ln |tg x − 1| + ln tg2x + 1 + 2x + C.
4c) Fazendo a substitui¸c˜ao x = t + 1, temos
dx = (t + 1)′
dt = dt.
Al´em disso, como t = x − 1, quando x = 0 temos t = −1 e quando x = 2 temos t = 1 e, por conseguinte, Z 2 0 1 x2− 2x + 2dx = Z 1 −1 1 (t + 1)2− 2(t + 1) + 2dt = Z 1 −1 1 t2− 2t + 1 − 2t − 2 + 2dt = Z 1 −1 1 t2+ 1dt = h arctg ti1 −1 = arctg 1 − arctg(−1) = π 4 − −π4= π 2.
5) Calcule a ´area da regi˜ao do plano limitada pela curvas de equa¸c˜ao y = 2x2− 2
e
y = x2+ x.
5) Calculemos os pontos de intersec¸c˜ao das duas par´abolas. Para isso temos de resolver o sistema ( y = 2x2− 2 y = x2+ x ⇔ ( ———– 2x2− 2 = x2+ x ⇔ ( ———– x2− x − 2 = 0 e, por conseguinte, temos de resolver a equa¸c˜ao
x2− x − 2 = 0 ⇔ x = −(−1) ±p(−1) 2− 4 · 1 · (−2) 2 · 1 ⇔ x = 1 ±√1 + 8 2 ⇔ x = 1 ± √ 9 2 ⇔ x = 1 ± 3 2 ⇔ x = −1 ∨ x = 2.
Assim, os pontos de intersec¸c˜ao das duas curvas s˜ao (−1, 0) e (2, 6). Representemos geometrica-mente a regi˜ao plana de que queremos calcular a ´area e calculemos a sua ´area:
x y −1 2 6 y = x2+ x y = 2x2− 2 A = Z 2 −1 x2+ x − (2x2− 2) dx = Z 2 −1 −x2+ x + 2 dx = − Z 2 −1 x2dx + Z 2 −1 x dx + 2 Z 2 −1 1 dx = − x3 3 2 −1 + x2 2 2 −1 + 2hxi2 −1 = − 2 3 3 − (−1)3 3 +2 2 2 − (−1)2 2 + 2 (2 − (−1)) = − 8 3 + 1 3 + 2 − 1 2 + 2 · 3 = −93 + 2 −12 + 6 = −3 + 8 −12 = 5 −12 = 9 2.
Logo a ´area da regi˜ao plana limitada pelas par´abolas de equa¸c˜ao y = 2x2− 2
e
y = x2+ x ´e igual a 9
6) Calcule o comprimento da curva dada pelo gr´afico da fun¸c˜ao f : [0, e −1] → R definida por f (x) = 1
8ln (x + 1) − x
2+ 2x .
6) O comprimento pretendido ´e dado por ℓ = Z e −1 0 q 1 + [f′(x)]2dx. Como f′ (x) = 1 8ln (x + 1) − x 2+ 2x ′ = 1 8 1 x + 1− (2x + 2) = 1 8(x + 1)− 2 (x + 1) , tem-se 1 +f′ (x)2 = 1 + 1 8(x + 1) − 2 (x + 1) 2 = 1 + 1 8(x + 1) 2 − 2 · 8(x + 1)1 · 2 (x + 1) + [2 (x + 1)]2 = 1 + 1 8(x + 1) 2 −12 + [2 (x + 1)]2 = 1 8(x + 1) 2 +1 2 + [2 (x + 1)] 2 = 1 8(x + 1) + 2 (x + 1) 2 , e, por conseguinte, ℓ = Z e −1 0 q 1 + [f′(x)]2dx = Z e −1 0 s 1 8(x + 1) + 2 (x + 1) 2 dx = Z e −1 0 1 8(x + 1) + 2 (x + 1) dx = 1 8ln(x + 1) + x 2+ 2x e −1 0 = 1 8ln(e −1 + 1) + (e −1) 2+ 2(e −1) − 1 8ln(0 + 1) + 0 2+ 2 · 0 = 1 8ln e + e 2 −2 e +1 + 2 e −2 − 18ln 1 + 0 + 0 = 1 8 · 1 + e 2−1 − 1 8 · 0 = 1 8 + e 2−1 − 0 = e2−7 8.