WISC-III
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler
Escala de Inteligência de Wechsler
para Crianças - III
para Crianças - III
Direcção Regional de Educação
Direcção Regional de Educação
–
–
Funchal
Funchal
24, 25 e 26 de Maio de 2012
24, 25 e 26 de Maio de 2012
Rute Pires
Rute Pires
Faculdade de Psicologia
WISC-III
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Origens
Origens
1949
1949 –
– WISC (D. Wechsler)
WISC (D. Wechsler)
1971
1971
–
–
Adaptação Portuguesa (J. Ferreira Marques )
Adaptação Portuguesa (J. Ferreira Marques )
1974
1974 –
– WISC-R (D. Wechsler)
WISC-R (D. Wechsler)
1991
1991 –
– WISC-III
WISC-III (A.
(A. Prifitera)
Prifitera)
2003
2003
–
–
Adaptação Portuguesa (M. Simões / CEGOC)
Adaptação Portuguesa (M. Simões / CEGOC)
Amostra de
Amostra de 1354 sujeitos,
1354 sujeitos, idades entre
idades entre 6
6 e
e 16
16 anos,
anos, represe
representativa da
ntativa da
população portuguesa nas variáveis: idade, sexo, nível escolar, área de
população portuguesa nas variáveis: idade, sexo, nível escolar, área de
residência, localização geográfica
residência, localização geográfica
WISC-III
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Conceito de Inteligência de Wechsler
Conceito de Inteligência de Wechsler
“Capacidade “Capacidade global do indivíduo para actuar com finalidade, pensar racionalmente e proceder global do indivíduo para actuar com finalidade, pensar racionalmente e proceder
com eficiência em relação ao
com eficiência em relação ao ambiente.ambiente.”” (W (Wechsler, 194echsler, 1944)4)
A inteligência é A inteligência é mais do mais do que uma soma que uma soma de aptidões. O de aptidões. O comportamento inteligente comportamento inteligente depende dadepende da
configuração
configuração de aptidões qualitativamente diferenciadas e apenas parcialmente de aptidões qualitativamente diferenciadas e apenas parcialmente independentes.
independentes.
A A inteligência inteligência é é uma uma manifestação manifestação da da personalidade. personalidade. O O comportamento comportamento inteligente inteligente éé
determinado por
determinado por factores não intelectivosfactores não intelectivos: traços de personalidade, motivação, factores: traços de personalidade, motivação, factores emocionais (e.g.,
emocionais (e.g., ansiedadeansiedade))……
A A inteligênciainteligência desenvolve-se ao longo de toda a vidadesenvolve-se ao longo de toda a vida: as aptidões emergem e atingem a: as aptidões emergem e atingem a
maturidade em idades diferentes e o desenvolvimento da inteligência prossegue para além da maturidade em idades diferentes e o desenvolvimento da inteligência prossegue para além da adolescência.
adolescência.
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Conceito de Medida da Inteligência de Wechsler
Escalas individuais, constituídas por diversos subtestes que fazem apelo a
diferentes facetas da inteligência, e.g., percepção, memória, raciocínio abstracto…
Escalas divididas em duas partes: Verbal e Realização
Índice de medida: QI Padronizado
Vários níveis de resultados: Resultados Globais (QIs); Resultados Factoriais (IFs);
Resultados Normalizados Padronizados (Subtestes)
Aferição e estudo metrológico em grandes amostras
Necessidade da WISC-III
Actualização dos dados normativos
Aumento progressivo dos resultados médios no desempenho dos sujeitos,
principalmente nas medidas de realização
Caso português mais grave: WISC-R não adaptada para Portugal
Alterações dos materiais e dos procedimentos de administração com o objectivo de
facilitar a adaptação do sujeito à situação de teste
Introdução da cor, alteração da ordem de aplicação dos subtestes, introdução de
novos itens mais fáceis e mais difíceis, substituição de itens desactualizados)
Idades de aplicação
Aplicação individual
Crianças dos 6 anos e 0 meses aos 16 anos, 11 meses e 30 dias
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Tempo de administração
1h/1h30m: 10 subtestes obrigatórios
+ 10/15 m: 3 subtestes opcionais
Aplicação preferencial numa única sessão
É possível dividir a aplicação em duas sessões, desde que o intervalo não seja
superior a uma semana
Condições de administração
Recomenda-se a aplicação frente-a-frente
É possível optar por uma organização do espaço diferente, mas há que assegurar:
Facilidade de acesso aos materiais de teste;
Materiais de teste fora do alcance visual do sujeito até que sejam necessários;
Cadeira e mesa adequadas à realização das tarefas;
Posicionamento que permita a observação das respostas e comportamento do
sujeito
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Parte Verbal Parte Realização
2. Informação 1. Completamento de Gravuras
4. Semelhanças 3. Código
6. Aritmética 5. Disposição de Gravuras
8. Vocabulário 7. Cubos
10. Compreensão 9. Composição de Objectos
12. Memória de Dígitos (opcional) 11. Pesquisa de Símbolos (opcional) 13. Labirintos (opcional)
Os
Resultados Brutos
são convertidos em
Resultados Padronizados
, cuja
distribuição tem
média 10
e
desvio-padrão 3
(Manual WISC-III, 2003, tabela 36, pp. 259-280)
Os
somatórios dos RP
dos 5 subtestes obrigatórios da parte verbal, dos 5
subtestes obrigatórios da parte de realização e dos 10 subtestes obrigatórios são
convertidos, respectivamente, em
QI Verbal
,
QI Realização
e
QI Escala
Completa
, cuja distribuição tem
média 100
e
desvio-padrão 15
(Manual WISC-III, 2003,WISC-III
Os subtestes
Memória de Dígitos
,
Labirintos
e
Pesquisa de Símbolos
são
opcionais.
Se o examinador optar pela sua aplicação para obter uma amostra mais ampla
das aptidões do sujeito, não os deve incluir no cálculo dos QI.
Caso algum dos subtestes obrigatórios seja invalidado ou não possa ser aplicado, os
subtestes Memória de Dígitos e Labirintos substituem, respectivamente, um dos
subtestes verbais e um dos subtestes de realização e neste caso, são utilizados no
cálculo dos QI.
O subteste Pesquisa de Símbolos é necessário para o cálculo do Índice Factorial
Velocidade de Processamento. Este subteste, apenas, poderá substituir o subteste
Código.
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
ÍNDICES FACTORIAIS
Compreensão Verbal
Conhecimento verbal e
raciocínio verbal
Organização Perceptiva
Raciocínio não verbal,
percepção visual,
estruturação espacial,
coordenação visuo-motora e
atenção
Veloc. de Processamento
Velocidade mental e motora
na resolução de problemas
de natureza visual
Informação
Completamento Gravuras
Código
Semelhanças
Disposição Gravuras
Pesquisa de Símbolos
Vocabulário
Cubos
Compreensão
Composição Objectos
WISC-III
Cálculo da idade-teste
Útil quando se quer comparar os resultados obtidos na WISC-III com as normas por
idade de outras provas.
A tabela 44
(Manual WISC-III, 2003, p. 289)apresenta, para cada subteste, os resultados
brutos equivalentes a diversas idades-teste.
A idade-teste média obtém-se somando as idades-teste correspondentes aos
diferentes subtestes e dividindo pelo número total de subtestes.
A idade-teste mediana obtém-se ordenando as idades-teste por ordem crescente e
procurando o valor central.
Os subtestes Pesquisa de Símbolos, Memória de Dígitos e Labirintos não devem ser
utilizados no cálculo das idades-teste média e mediana.
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Classificação Qualitativa dos Resultados Médios
13 – Limite superior da Média
12 – Zona Superior da Média
11 – Média
10 – Média
9 – Média
8 – Zona Inferior da Média
7 – Limite Inferior da Média
WISC-III
Percentil
QI
Percentil
QI
99
135
50
100
97
128
40
96
95
125
30
92
90
119
25
90
80
113
20
87
75
110
10
81
70
108
5
75
60
104
3
72
1
65
In Manual da Escala de Inteligência de Wechsler par a Crianças (WISC), adaptação portuguesa de J.H. Ferreira Marques (1970)
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Relação QI-Percentil
WISC-III
WAIS-III
QI
Classificação
Classificação
130 ou mais
Muito superior
Muito superior
120 - 129
Superior
Superior
110 - 119
Médio Superior
Médio Superior
90 - 109
Médio
Médio
80 - 89
Médio Inferior
Médio Inferior
70 - 79
Inferior
Inferior
69 ou menos
Muito Inferior
Muito Inferior
WISC-III
Diferenças entre QI Verbal e de Realização
Uma diferença de
13 pontos
entre QIV e QIR é estatisticamente significativa para o
nível de significância 0.05
Mas uma diferença pode ser significativa do ponto de vista estatístico e ser muito
frequente na população…
A maioria das referências bibliográficas considera que uma diferença significativa
que ocorra numa
frequência igual ou inferior a 15%
da amostra de aferição é
já suficientemente rara para permitir uma interpretação clínica
Quanto mais rara for uma determinada diferença na população, maior a
segurança na interpretação patológica do desvio
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Interpretação das diferenças entre QI Verbal e QI Realização
1. Meio sociocultural (QIV>QIR)
2. Dificuldades de aprendizagem (QIV<QIR)
3. Variáveis emocionais (QIV>QIR)
4. Perturbações neurológicas (QIV<QIR ou QIV>QIR )
5. Delinquência (QIV<QIR)
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
16
Subteste
Saturação em g WISC-III*
Informação
.78
Boa
Semelhanças
.77
Boa
Aritmética
.76
Boa
Vocabulário
.80
Boa
Compreensão
.68
Moderada
M. Dígitos
.47
Pobre
Comp. Gravuras
.60
Moderada
Código
.41
Pobre
Disp. Gravuras
.53
Moderada
Cubos
.71
Boa
Comp. Objectos
.61
Moderada
Pesquisa Símbolos
.56
Moderada
* Kaufman, A.S., & Lichtenberger, E.O. (2000). Essentials of WISC-III and WPPSI-R Assessment. New York: John Wiley & Sons.
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WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Informação
Avalia a aquisição de conhecimentos gerais: a aprendizagem e a qualidade da
recuperação da memória a longo prazo
É uma excelente medida de inteligência cristalizada
Não faz apelo a conhecimentos especializados, mas está muito dependente do
ambiente e das oportunidades de aprendizagem das crianças
A curiosidade, a abertura à experiência e o interesse pelo meio envolvente
contribuem para a aquisição de uma boa base de conhecimentos gerais
Resultados Baixos
Meio sociocultural desfavorecido, insuficiente domínio da língua e pouca experiência
da cultura ocidental
Perturbações na leitura (e.g., Dislexia, perfil ACID)
Depressão
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WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Semelhanças
Avalia a formação de conceitos verbais
“Em que é que são semelhantes uma banana e uma maçã”? Para desempenhar a tarefa – qual a
categoria mais geral e mais abstracta a que pertencem dois conceitos – a criança tem de identificar as características essenciais e negligenciar as que são acessórias.
A capacidade de categorização é um mecanismo adaptativo fundamental que permite organizar o
mundo físico e social, identificando a regularidade que existe na diversidade.
Esta prova permite obter informações clínicas interessante, já que as respostas podem
corresponder a níveis distintos de desenvolvimento cognitivo: a. nível concreto (a banana e a maçã têm casca); b. nível funcional (a banana e a maçã servem para comer); c. nível abstracto (a banana e a maçã são frutos).
Resultados Baixos
Domínio insuficiente da língua
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Aritmética
Avalia a compreensão verbal, a memória de trabalho, a atenção e concentração e o raciocínio numérico
(conceptualização e cálculo mental)
Os conhecimentos matemáticos exigidos são do nível do 1º Ciclo do Ensino Básico: adição, subtracção,
multiplicação e divisão, fracções e percentagens
Desempenho muito influenciado por variáveis não-intelectuais, e.g., ansiedade
A capacidade de atenção/concentração e a capacidade para lidar com sequências de informação
intervêm na realização da prova:
Perfil Bannatyne (1974): Aptidão Espacial (Cubos, Composição de Objectos e Completamento de
Gravuras) > Aptidão de Conceptualização Verbal (Compreensão, Semelhanças e Vocabulário) > Aptidão Sequencial (Memória de Dígitos, Aritmética e Código)
Outros processos que intervêm na realização da prova: 1. Capacidade de leitura/compreensão do
enunciado do problema; 2. Capacidade para transformar o enunciado verbal num enunciado matemático (pressupõe conhecimentos matemáticos)
Resultados Baixos
Domínio insuficiente da língua
Vocabulário
Avalia a extensão de vocabulário e o grau de elaboração de conceitos e de
pensamento abstracto
Wechsler (1944) considerava Vocabulário uma excelente medida de inteligência
geral, reveladora das capacidades de aprendizagem e da qualidade dos processos
de pensamento
Medida de inteligência cristalizada, depende do meio sociocultural da criança e da
riqueza das interacções verbais com o ambiente
Resultados Baixos
Domínio insuficiente da língua
Falta de oportunidades de aprendizagem
Problemas auditivos ou de expressão oral
Psicoses
20WISC-III
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Compreensão
Avalia conhecimentos e atitudes sobre convenções sociais e morais
Wechsler (1944) considerava Compreensão como um teste de
“senso
comum”, fonte de informações clínicas sobre a
personalidade, mais do que sobre a inteligência
É uma medida de inteligência cristalizada, cujo desempenho
pressupõe educação familiar e escolar
Compreensão e Disposição de Gravuras informam sobre a
qualidade do funcionamento social das crianças?
22
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Memória de Dígitos
Permite apreciar a qualidade do controlo da atenção e da memória de trabalho, embora não seja
uma boa medida de inteligência
Tomando como referência o modelo da memória de trabalho de Baddeley (1986), as duas tarefas
que compõem o subteste fazem apelo a mecanismos diferentes:
A recuperação de dígitos em sentido directo exige a repetição mental de uma sequência de
números e implica o sistema fonológico/articulatório
A recuperação de dígitos em sentido inverso junta a este processo uma segunda tarefa que
envolve a inversão da posição dos dígitos na sequência. Implica tanto o sistema fonológico/articulatório quanto o administrador central. Esta tarefa é muito mais exigente que a primeira. Em média, as pessoas conseguem recordar mais dois dígitos em sentido directo do que em sentido inverso
Resultados Baixos
Problemas auditivos e problemas ao nível da expressão oral Problemas de atenção
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Completamento de Gravuras
Avalia o reconhecimento visual e a identificação de formas
familiares
É uma tarefa de discriminação visual que exige diferenciação entre
o essencial e o acessório
É uma medida de memória a longo prazo de informação visual
Resultados Baixos
Problemas visuais
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Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Código
Avalia a capacidade de aprendizagem de uma tarefa nova num curto espaço de tempo
É a única tarefa de aprendizagem da WAIS-III. A rapidez de execução da tarefa depende da
facilidade e da qualidade da aprendizagem realizada e esta é influenciada pela memória visual imediata. A realização da tarefa depende, igualmente, da atenção e concentração e de adequadas capacidades de coordenação visuo-motora
Resultados Baixos
Problemas visuais
Problemas de atenção (podem diminuir consideravelmente a velocidade de execução e afectar a
memória de trabalho e consequentemente a aprendizagem das associações entre símbolos e dígitos)
Código não deve ser utilizado com pessoas iletradas A ansiedade prejudica o desempenho
O perfeccionismo prejudica o desempenho
É uma prova muito sensível às perturbações neurológicas
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Disposição de Gravuras
Avalia a inteligência geral na resolução de situações sociais. Implica compreensão do todo a
partir da análise das partes, capacidades de planeamento e compreensão de sequências temporais e de relações de causa-efeito.
A realização com sucesso exige a compreensão de cada imagem, a distinção entre o essencial e
o acessório e a integração do fundamental numa sequência coerente
A flexibilidade mental favorece a realização bem sucedida da tarefa A leitura de BD facilita a realização da tarefa
Algumas crianças verbalizam a história enquanto a constroem. A saturação no factor verbal
confirma que a prova é uma medida de processos verbais sequenciais
Resultados Baixos
Problemas visuais Dificuldades motoras
26
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Cubos
Avalia a inteligência não verbal . Depende de capacidades de análise visuo-espacial, de raciocínio sobre
relações espaciais, de coordenação visuo-motora e de trabalho sob pressão do tempo
Possibilita a observação de processos cognitivos: que estratégias de resolução de problemas são
utilizadas?
A estratégia analítica consiste numa análise da figura que leva à sua decomposição em unidades
elementares e posterior síntese do todo
A estratégia global é uma estratégia de ensaio e erro
A estratégia sintética consiste na decomposição da figura em agrupamentos de cubos – estruturas
parciais – que são posteriormente sintetizadas na figura tridimensional final
Do ponto de vista do desenvolvimento, a estratégia global diminui da infância para a idade adulta e as
estratégias analíticas e sintéticas aumentam. A partir dos 50 anos verifica-se um progressivo retorno à estratégia global
Resultados Baixos
Problemas visuais
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WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Composição de Objectos
Avalia a capacidade para compreender o todo a partir da análise das
partes, a coordenação visuo-motora e as capacidades de planeamento
Proporciona informação clínica: estratégias de abordagem da tarefa –
analítica ou global –; características de perseveração; gestão da frustração;
capacidade crítica; capacidade para trabalhar sob pressão
A realização de puzzles e a flexibilidade mental facilitam a realização da
tarefa
Resultados Baixos
Problemas visuais
Dificuldades motoras
28
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Pesquisa de Símbolos
Avalia a capacidade para processar rapidamente estímulos de natureza visual.
Depende da atenção, concentração, da velocidade motora e do controlo visuo-motor
É muito sensível às perturbações neurológicas
Memória de Dígitos e Pesquisa de Símbolos são as provas mais afectadas em casos
de perturbação da atenção, associada ou não à hiperactividade.
Resultados Baixos
Problemas visuais
Ansiedade / pressão do tempo
Problemas de atenção
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Labirintos
Avalia a rapidez e a precisão do controlo visuo-motor
De um ponto de vista clínico informa sobre o controlo e o planeamento do
comportamento e sobre a adaptação social
Proporciona poucas informações úteis sobre processos cognitivos e é uma
30
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Dislexia / Perturbações da Aprendizagem / Perturbações da Atenção
Perfil Bannatyne: Aptidão Espacial (Cubos, Composição de Objectos e Completamento de
Gravuras) > Aptidão de Conceptualização Verbal (Compreensão, Semelhanças e Vocabulário) > Aptidão Sequencial (Memória de Dígitos, Aritmética e Código)
Os disléxicos obtêm melhores resultados nos subtestes da categoria Espacial, resultados
intermédios nos subtestes da categoria Conceptual e piores resultados nos subtestes da categoria Sequencial
Perfil ACID: Aritmética, Código, Informação e Memória de Dígitos
Perfil SCAD: Pesquisa de Símbolos, Código, Aritmética e Memória de Dígitos
OP > SCAD: ocorre com maior frequência em crianças com Dislexia, Perturbações da
Aprendizagem e da Atenção do que em crianças “normais” (dado que ICV é uma medida de inteligência cristalizada, a diferença entre CV e SCAD não diferencia crianças com perturbação de crianças”normais”)
Informação a ser utilizada com prudência, obrigatoriamente integrada com outros dados
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Deficiência Mental
O diagnóstico de DM pressupõe a simultaneidade de um funcionamento intelectual
significativamente inferior à média (QI < 70) e de défices em duas ou mais áreas de competência adaptativa (i.e., comunicação, cuidados próprios, vida social …), que se manifestam durante o desenvolvimento DM Ligeira (QI 55 – 69) DM Moderada (QI 40 – 54) DM Severa (QI 25 – 39) DM Profunda (QI < 25) Etiologia QI < 50 – etiologia orgânica
QI > 50 – sem perturbações neurológicas ou físicas evidentes; meio sociocultural desfavorecido
Padrão característico
QIV < QIR
Subtestes mais difíceis: Vocabulário, Informação, Semelhanças e Aritmética
32
WISC-III
Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Perturbação de Hiperactividade com Défice da Atenção
Presença
de,
pelo
menos,
6
sintomas
de
desatenção
ou
de
hiperactividade/impulsividade
ou
dos dois, para se realizar o diagnóstico de PHDA
tipo predominantemente desatento, tipo predominantemente hiperactivo-impulsivo ou
tipo combinado, respectivamente
Os sintomas surgem antes dos 7 anos, são desadaptativos em relação ao nível de
desenvolvimento, provocam dificuldades em, pelo menos, dois contextos,
perturbando o funcionamento social, laboral ou académico
Resultados baixos em IVP e nos subtestes Memória de Dígitos e Aritmética
Estudo de Caso
Nome: Carolina
Idade: 13 anos e 6 meses
Escolaridade: 7º ano do 3º Ciclo do Ensino Básico
Família: irmã gémea, irmão com 17 anos, mãe professora do ensino especial e pai técnico de informática
Pedido/Objectivo do exame
Clarificação da natureza das dificuldades de aprendizagem, de mobilização da atenção e
concentração.
O pedido de avaliação é efectuado pela mãe, por recomendação da psicóloga da escola e é motivado
pela possibilidade da Carolina vir a reprovar, pela segunda vez, no 7º ano de escolaridade.
O seu percurso escolar é descrito como “regular, mas com dificuldades”. Na opinião da mãe, a má
preparação ao nível do 1º Ciclo é responsável pelas actuais dificuldades, que se agravaram no ano anterior pelo facto da irmã gémea ter partido uma perna e ter ficado impedida de frequentar a escola durante o 2º período. O acidente e a operação subsequente foram vividos por toda a família com grande sofrimento.
A mãe considera a Carolina “muito nervosa e insegura. Quando está a estudar e vê que não
consegue parece que bloqueia.” A este respeito a Carolina diz: “eu estudo, a minha mãe sabe. Quando ela me faz perguntas eu sei responder, mas nos testes não me consigo lembrar das coisas e
Estudo de Caso
Gravidez e Infância
Gravidez desejada, não planeada. Por serem filhos únicos desejavam ter mais do que um filho, mas
meses antes da gravidez, a mãe tinha sido submetida a uma intervenção cirúrgica, na qual lhe foi retirado um dos ovários e os médicos não consideravam provável que conseguisse voltar a engravidar. Apesar do desejo, “saber que estava grávida de gémeos foi um choque. ”
Gravidez de alto risco com vómitos, mal-estar permanente e ameaças de aborto a partir das 24
semanas. Esteve duas vezes internada, no último internamento permaneceu no hospital até ao parto.
Parto de cesariana, às 38 semanas. Uma infecção respiratória obrigou a Carolina a estar na
incubadora durante cinco dias.
A infecção respiratória não teve consequências, embora a mãe considere que a Carolina sempre foi
mais frágil do que a irmã. “É mais franzina, sempre comeu menos, embora nunca tenha rejeitado a alimentação. Tem uma grande tendência para as alergias, principalmente as que se relacionam com a pele.”
Dormiu sempre bem e atingiu os marcos do desenvolvimento psicomotor na idade esperada.
Estudo de Caso
Acontecimentos relevantes
No ano passado, o avô paterno e o avô materno da Carolina faleceram.
O avô paterno faleceu por doença crónica prolongada e o avô materno faleceu em
casa e inesperadamente, no dia em que a família festejava o seu aniversário.
Opondo-se ao marido, não quis que os filhos assistissem às cerimónias fúnebres.
Simultaneamente, sente-se magoada pelo facto dos filhos não falarem do avô
“Nunca me perguntaram se eu estava bem, nunca falam dele... Foram
completamente insensíveis (chora)”.
A mãe da Carolina está muito deprimida. Embora tenha tido o apoio do marido, sente
que o marido acha que a vida é assim e que ela tem de superar.
WISC-III
Estudo de Caso
WISC-III
RP RP
Informação 4 Completamento de Gravuras 5
Semelhanças 9 Código 9
Aritmética 5 Disposição de Gravuras 6
Vocabulário 5 Cubos 6
Compreensão 7 Composição de Objectos 7
(Memória de Dígitos) (7) (Pesquisa de Símbolos) (12)
QI V 70 QIR 75 QIEC 68 ICV 74 IOP 73 IVP 103 36
Matrizes Progressivas de Raven
Matrizes Progressivas de Raven – – SPM SPM
Resultado > Percentil 25Resultado > Percentil 25
Tempo de Resposta –Tempo de Resposta – 30 30’’
Figura Complexa de Rey
Figura Complexa de Rey
Cópia: Entre o Centil 60 e o Cópia: Entre o Centil 60 e o Centil 70Centil 70
Tipo ITipo I
TempoTempo – – 6 6’’ < < Centil Centil 1010
Memória: Entre o Centil 70 e o Memória: Entre o Centil 70 e o Centil 75Centil 75
Tipo ITipo I
Teste de
Teste de Bender-SantuBender-Santuccicci
Resultado situado entre a mediana dos 12 anos (59) e a dos 14 anos (63)Resultado situado entre a mediana dos 12 anos (59) e a dos 14 anos (63)
Estudo de Caso
Análise e interpretação da WISC-III
Análise e interpretação da WISC-III
1. Análise do QI da Escala Completa1. Análise do QI da Escala Completa
QIEC = 68QIEC = 68 Eficiência intelectual global situada no limite superior do nívelEficiência intelectual global situada no limite superior do nível Muito InferiorMuito Inferior
(69 ou menos) (69 ou menos)
Intervalo Intervalo de Confiade Confiança nça (95%): 63-8(95%): 63-800
2. Análise do QIV e QIR2. Análise do QIV e QIR
QIV = 70QIV = 70 Inteligência verbal situada no limite inferior Inteligência verbal situada no limite inferior do níveldo nível Inferior Inferior (70-79)(70-79)
Intervalo de Confiança (95%): 65-79Intervalo de Confiança (95%): 65-79
QIR = 75QIR = 75 Inteligência visuo-espacial situada no nívelInteligência visuo-espacial situada no nível InferiorInferior
Intervalo de Confiança (95%): 69-87Intervalo de Confiança (95%): 69-87
Tabelas 45 e 46 do manual da WISC-III (pp. 291-292):Tabelas 45 e 46 do manual da WISC-III (pp. 291-292):
Comparação QIV/QIR = 70Comparação QIV/QIR = 70 – – 75 = 5 75 = 5
A diferença entre QIV e QIR não é estatisticamente significativa (<12.9 pontos) A diferença entre QIV e QIR não é estatisticamente significativa (<12.9 pontos)
O QIEC é um bom representante da eficiência intelectual O QIEC é um bom representante da eficiência intelectual da Carolinada Carolina
Estudo de Caso
Estudo de Caso
38 38
Análise e interpretação da WISC-III
Análise e interpretação da WISC-III
3. Análise dos Índices Factoriais3. Análise dos Índices Factoriais
CV = 74CV = 74 NívelNível Inferior Inferior de conhecimentos verbais e raciocínio verbal de conhecimentos verbais e raciocínio verbal
OP = 73OP = 73 NívelNível Inferior Inferior de raciocínio não verbal, organização perceptiva e atenção de raciocínio não verbal, organização perceptiva e atenção
VP = 103VP = 103 Velocidade mental e motora na resolução de problemas de natureza visualVelocidade mental e motora na resolução de problemas de natureza visual
situada no nível
situada no nível MédioMédio
Tabelas 45 e 46 do manual da WISC-III (pp. 291-292):Tabelas 45 e 46 do manual da WISC-III (pp. 291-292):
Comparação CV/OP = 74Comparação CV/OP = 74 – – 73 = 1 73 = 1
Diferença sem significado estatístico Diferença sem significado estatístico (<13.8)(<13.8)
Comparação CV/VP = 74Comparação CV/VP = 74 – – 103 = 29 103 = 29
Diferença comDiferença com significado estatísticosignificado estatístico (>16.4) e(>16.4) e clínicoclínico (diferenças iguais ou superiores (diferenças iguais ou superiores
a 29 ocorrem em apenas 13.5% da amostra de aferição) a 29 ocorrem em apenas 13.5% da amostra de aferição)
Comparação OP/VP = 73Comparação OP/VP = 73 – – 103 = 30 103 = 30
Diferença comDiferença com significado estatísticosignificado estatístico (>17.4) e(>17.4) e clínicoclínico (diferenças iguais ou superiores (diferenças iguais ou superiores
a 30 ocorrem em apenas 7.9% da amostra de aferição) a 30 ocorrem em apenas 7.9% da amostra de aferição)
Estudo de Caso
Estudo de Caso
39 39
Análise e interpretação da WISC-III
Interpretação dos Índices Factoriais
Quando há sobreposição entre ICV/IOP e QIV/QIR, a interpretação dos IF faz
pouco sentido…
Faria sentido interpretar ICV e IOP se QIV e QIR estivessem baixos por causa de
uma nota anormalmente baixa em Aritmética ou Código, respectivamente. Nestes
casos, o ICV reflectiria melhor a Inteligência Cristalizada e o IOP a Visualização
Geral.
IVP tem poucos estudos que o validem… Apresentará alguma relação com a
atenção, tendo-se verificado que baixava nos casos de perturbação de atenção
(Grégoire, 2001).
As dificuldades ao nível da mobilização da atenção são uma das queixas da
Carolina, que, contudo, apresenta o seu melhor desempenho neste indicador.
Estudo de Caso
Análise e interpretação da WISC-III
4. Análise Intra-individual
A média individual do João nos 12 subtestes que constituem a WISC-III é de 18,
muito superior à média dos rapazes da sua idade. Porém, o seu desempenho
num dado subteste é de 12. Este resultado, embora se situe na zona superior da
média do grupo etário do João poderá sinalizar uma vulnerabilidade do seu
funcionamento cognitivo…
A média individual da Maria nos 12 subtestes que constituem a WISC-III é de 8,
traduzindo, globalmente, uma eficiência intelectual na zona inferior da média.
Porém, o seu desempenho num dado subteste é de 14 e este resultado superior à
média do seu grupo etário poderá sinalizar uma potencialidade do seu
funcionamento cognitivo…
Estudo de Caso
Análise e interpretação da WISC-III
4. Análise Intra-individual
Homogeneidade = média dos 12 subtestes = 6.8
Pesquisa de Símbolos é uma
Potencialidade (6.8 – 12 = 5.2 > 5.18;
Uma diferença de 5 ou mais pontos entre Pesquisa de Símbolos e a
média dos 12 subtestes ocorre em menos de 5% da amostra de
aferição)
Diferença entre o resultado de cada subteste e a média de resultados
em conjuntos de subtestes (Manual WISC-III, tabela 47, pp. 293-296)
Estudo de Caso
Análise e interpretação da WISC-III
4. Análise Intra-individual
Diferenças de
4 ou mais pontos
são estatisticamente significativas ao nível de
significância de .05
Semelhanças difere significativamente de Informação, Aritmética e Vocabulário; Pesquisa de
Símbolos difere significativamente de todos os subtestes, excepto de Código e Semelhanças; Código difere significativamente de Completamento de Gravuras, Aritmética, Vocabulário e Informação
Escala Completa: 12 – 4 = 8 60.1% Parte Verbal: 9 – 4 = 5 64.7%
Parte Realização: 12 – 5 = 7 44.5%
Significância das diferenças entre pares de subtestes (Manual WISC-III,
tabelas 48-49, pp. 297-298)
Frequência da dispersão dos resultados entre subtestes (Manual
WISC-III, tabelas 50, pp. 299)
Análise e interpretação da WISC-III
5. Análise Inter-individual
6. Análise Qualitativa
Código: Traçado negligente com enganos corrigidos
Composição de Objectos e Cubos: Precipitada; estratégia de ensaio-erro; incapacidade
para lidar com a frustração; padrão de desistência (e.g., dá a tarefa por terminada antes do tempo, sem realizar qualquer junção correcta)
Disposição de Gravuras, Semelhanças, Vocabulário: Padrão de respostas heterogéneo:
sucesso em itens mais difíceis, insucesso em itens fáceis
Vocabulário: Item 10. Baleia, R: “um animal”; Item 15. Isolar, R: “Ficar sozinha”
Memória de Dígitos: 8 ou mais dígitos repetidos em sentido directo ocorre em 9.2% da
amostra de aferição; 3 ou mais dígitos repetidos em sentido inverso ocorre em 96.7%; diferenças de 5 ou superiores ocorrem apenas em 2.5%.
Aritmética: Dificuldades no raciocínio (divisão) e no cálculo mental (não sabe a tabuada)
Informação: Item 12. Lusíadas?, R: “Eça de Queiroz”; Item 17. Pôr-do-Sol?, R: “Este”; Item 18.
Comparação do desempenho da criança com os resultados médios das crianças
da sua idade: x = 10, dp = 3
Comparação MPS/ WISC-III
P25 = QI 90
limite inferior do nível Médio.
Diferença de 22 pontos entre WISC-III (QIEC = 68) e MPS (QI= 90)
Esta superioridade poderá ser explicada através da interferência de factores
específicos verbais ou da interferência de variáveis emocionais no
funcionamento cognitivo.
Embora o QIV não seja elevado, os resultados médios obtidos em
Semelhanças e Compreensão e a heterogeneidade do padrão de respostas às
MPS (sugestiva de falhas pontuais de atenção) permitem levantar a hipótese
da interferência de uma perturbação emocional no funcionamento cognitivo.
MPS
A
B
C
D
E
1
1
1
1
1
1
1
0
1
1
1
1
0
1
1
1
1
0
1
0
1
1
1
1
0
1
1
0
1
0
0
0
1
1
0
1
0
1
0
0
1
0
1
1
0
1
1
1
1
0
1
1
0
0
0
0
1
0
0
0
Estudo de Caso
Discrepâncias
RO
10
9
6
9
3
RE
11
9
7
8
2
46Figura Complexa de Rey
Cópia
O tipo de cópia e a precisão da reprodução confirmam a
inexistência de dificuldades ao nível da organização perceptiva e da
estruturação espacial.
A sua reprodução revela, no entanto, falhas pontuais de atenção
(ver elemento 8).
Memória
O resultado obtido na reprodução de memória indica inexistência de
limitações mnésicas.
Figura Complexa de Rey
–Cópia
Estudo de Caso
Estudo de Caso
Teste de Bender-Santucci
O resultado total situado entre a mediana dos 12 anos e a dos 14 anos revela
capacidades grafo-perceptivas adequadas à idade.
Resultados parciais:
Aos 12 anos os modelos de mais difícil realização são o IV, II e o I
Aos 14 anos os modelos de mais difícil realização são o IV e o I
Modelo I Modelo II Modelo III Modelo IV Modelo V
12 anos 11 11,5 12 15 13
14 anos 11 13 11 16 14
A Carolina obtém o seu pior resultado no modelo III, o mais fácil de realizar em todas
as idades, estando o seu desempenho ao nível dos 8 anos.
Desempenhos adequados são obtidos nos modelos I, II e V.
Estudo de Caso
Estudo de Caso
Estudo de Caso
Personalidade
TSCS-2 – Escala do Autoconceito de Tennessee Teste de Rorschach
Teste de Apercepção Temática (TAT) Teste de Desenho da Família de Corman
Perturbação afectiva de natureza depressiva, associada a níveis baixos de autoestima e de
confiança em si, particularmente no que se refere à percepção das suas capacidades intelectuais.
A Carolina tem lidado com estes afectos negativos através do recurso a uma estratégia
defensiva de evitamento dos conteúdos emocionais.
Esta estratégia de simplificação da realidade interna e externa tem consequências quer ao
nível dos relacionamentos interpessoais, que não são fonte de gratificação, quer ao nível do funcionamento cognitivo, originando modos pouco sofisticados e vagos de apreensão da realidade, com as consequentes imprecisões ao nível dos processos de tomada de decisão.
O insucesso escolar é apenas a faceta visível de um processo de maturação psíquica que
Matrizes Progressivas Coloridas , Matrizes Progressivas Standard,
Matrizes Progressivas Avançadas
Autor: John C. Raven
Para as MPC existem normas portuguesas para crianças dos 6 aos
11 anos (Simões, 2000)
Testes de raciocínio lógico - abstracto
Muito saturados em factor g
Saturados, também, no factor organização perceptiva
Testes sensíveis à deterioração mental
Testes de Factor g / WISC-III
T. Factor g / E. Wechsler
Os resultados tendem a ser concordantes
No caso dos resultados serem discordantes é possível levantar as seguintes hipóteses:
T. Factor g > E. Wechsler
Intervenção de factores não intelectuais (motivação, atenção, concentração,
características de personalidade)
Intervenção de factores específicos verbais na eficiência demonstrada na E. W echsler
Factor g < E. Wechsler
Deterioração mental
Dificuldades na organização perceptiva
Dificuldades na mobilização da atenção
Motivação
Dificuldades na resistência à distracção
PROVA DE ORGANIZAÇÃO
GRAFO-PERCEPTIVA (1967)
Adaptação do Teste de Bender
Autores: Hilda Santucci e Marie-Germaine Pêcheux
Útil na avaliação de crianças em idade escolar:
Identifica dificuldades na organização visuo-motora; estas são muitas vezes
responsáveis por dificuldades na aprendizagem e/ou problemas de
comportamento.
Normas francesas para crianças dos 6 aos 14 anos
Dos 4 aos 6 anos
Baby Bender
Normas portuguesas para crianças dos 6 aos 11 anos da autoria de A.
Castro Fonseca (1994)
Estímulo 2
Estímulo 4
PROVA DE ORGANIZAÇÃO
GRAFO-PERCEPTIVA (1967)
Material
5 modelos
Folha A4 (disposição horizontal)
Lápis (não permitir a utilização de régua ou borracha) Folha de cotação e grelhas de correcção
Tempo de realização
6 minutos
Critérios de realização
A nota 3 é reservada para as realizações raramente conseguidas aos 6 anos.
A nota 1 é atribuída às reproduções que são conseguidas pela maior parte das crianças de 6
anos.
A nota 2 é atribuída aos casos intermédios.
O ritmo do desenvolvimento grafo-perceptivo é mais intenso entre os 6 e os 10 anos (com uma
evolução acentuada dos 6 para os 7 anos).
Entre os 10 e os 14 anos verifica-se um abrandamento progressivo do ritmo do desenvolvimento
PROVA DE ORGANIZAÇÃO
GRAFO-PERCEPTIVA
Considerações sobre a interpretação
Comparação do resultado global obtido com o nível intelectual global
Eficiência grafo-perceptiva muito inferior ao nível de eficiência intelectual
perturbação da função visuo-motora
Nos casos em que há suspeita de deficiência mental, uma eficiência grafo-perceptiva
superior ao nível de eficiência intelectual permite pôr em causa o diagnóstico de
debilidade (Estudos revelam que na maioria dos casos de deficiência mental o
resultado do Bender é inferior ao nível intelectual obtido).
Análise dos resultados parciais, do grau de dificuldade de cada modelo e
Figura Complexa de Rey
(1959)
Autor: André Rey
Figura geométrica complexa sem significado aparente. A sua
realização gráfica é fácil, mas a sua estrutura é suficientemente
complexa para exigir uma actividade perceptiva analítica e
organizadora.
Figura A – aplica-se a partir dos 8 anos [Normas portuguesas para
crianças dos 6 aos 11 anos, autoria de M. Simões et al. (1997)]
Figura B – aplica-se dos 4 aos 7 anos (Pode aplicar-se a adultos
com forte suspeita de DM)
Permite avaliar Organização perceptiva e Memória visuo-espacial
(indirectamente fornece dados sobre a eficiência intelectual).
FCR Fig. B
Figura Complexa de Rey
Análise da Cópia
Informa sobre a organização perceptiva e o desenvolvimento intelectual.
A análise da Cópia tem em consideração 3 aspectos: Precisão da Cópia,
Tipo de Cópia e Tempo de Realização.
Precisão da Cópia
Para cada elemento
Correcto
Bem colocado = 2 pontos Mal colocado = 1ponto
Deformado ou incompleto mas reconhecível
Irreconhecível ou ausente = 0
Bem colocado = 1 pontos
Figura Complexa de Rey
Tipo de Cópia (Osterrieth, 1945)
Tipo I – Construção sobre a armadura
O sujeito começa o desenho pelo grande rectângulo central, que funciona como a
estrutura do desenho, em relação ao qual agrupa os outros elementos da figura.
É o tipo de cópia dominante nos adultos. Está, no entanto, presente desde os 4
anos, aumentando lentamente até atingir uma frequência máxima na idade adulta.
Tipo II – Detalhes englobados na armadura
O sujeito começa o desenho por um detalhe ligado ao grande rectângulo (e.g., cruz
superior esquerda) ou traça o grande rectângulo englobando em simultâneo um detalhe. A restante reprodução é feita em função do rectângulo enquanto “armadura”.
É um tipo acessório de cópia. Aparece aos 6 anos, desenvolve-se regularmente
até aos 12 anos onde atinge a frequência mais elevada para em seguida diminuir até à idade adulta.
Os tipos I e II são semelhantes por polarizarem o desenho em torno do rectângulo central. O tipo
Figura Complexa de Rey
Tipo de Cópia (Osterrieth, 1945)
Tipo III
– Contorno geral
O sujeito começa o desenho pela reprodução do contorno integral da figura sem
diferenciar explicitamente o rectângulo central. Obtém um “continente” no qual são colocados os detalhes interiores.
Tipo de cópia acessório que diminui depois dos 6 anos (embora aos 10 anos
assuma uma expressão razoável) e que é negligenciável na idade adulta.
Tipo IV
– Justaposição de detalhes
O sujeito justapõe os detalhes uns aos outros, procedendo por proximidade. Não há
elemento director da reprodução.
Tipo de cópia dominante dos 5 aos 10 anos. Na idade adulta assume uma
Figura Complexa de Rey
Tipo de Cópia (Osterrieth, 1945)
Tipo V – Detalhes sobre fundo confuso
O sujeito reproduz uma figura pouco ou nada estruturada na qual não se reconhece o
modelo mas onde certos detalhes do modelo são claramente reconhecidos.
Tipo de cópia dominante aos 4 anos. Diminui rapidamente, desaparecendo aos 8
anos.
Tipo VI – Redução a um esquema familiar
O sujeito assemelha a figura a um esquema que lhe é familiar (casa, barco, homem,
etc.)
Tipo de cópia bastante raro mas presente aos 4/5 anos e desaparecendo aos 6
anos.
Tipo VII – Garatujas
O sujeito produz uma garatuja onde não se reconhece nenhum elemento do modelo
nem a sua forma global.
Figura Complexa de Rey
CONSIDERAÇÕES SOBRE A CÓPIAA) Processos de cópia inferiores
a) Tipo de cópia inferior (em relação à idade) / Cópia pouco precisa:
Atraso do desenvolvimento intelectual => responsável por uma organização perceptiva e uma
coordenação visuo-motora deficientes.
Dificuldades específicas na organização perceptiva, estruturação espacial e coordenação
visuo--motora, quando o nível intelectual é normal.
Dificuldades de coordenação visuo-motora por falta de treino (N.C e treino escolar)
b) Tipo de cópia inferior (em relação à idade) / Cópia precisa e rica:
Tempo de cópia longo => sujeitos empenhados, mas com dificuldades na análise rápida e
racional das estruturas visuo-espaciais.
Tempo de cópia curto, traçado fácil e firme => sujeitos dotados para o desenho que copiam a
Figura Complexa de Rey
CONSIDERAÇÕES SOBRE A CÓPIA
B) Processos de cópia superiores
a) Tipo de cópia superior (em relação à idade) / Cópia precisa e rica:
Sujeitos empenhados, capazes de analisar e estruturar racionalmente
os dados visuo-espaciais (o tempo de cópia é normal ou longo).
b) Tipo de cópia superior (em relação à idade) / Cópia pouco precisa:
Tendência para realizar a cópia num tempo reduzido (à pressa), com
esquecimentos e imprecisões gráficas, embora a capacidade de
elaboração perceptiva seja evoluída (sujeitos dotados para o desenho).
Figura Complexa de Rey
Análise da reprodução de memória
A reprodução de memória realiza-se após a cópia, sem conhecimento prévio do
sujeito (intervalo de tempo não superior a 3 m).
Avalia-se segundo os parâmetros: Precisão da reprodução de memória e Tipo de
reprodução de memória
Resultados Baixos
Se a cópia foi normal = indicam dificuldades na memória visuo-espacial.
Se a cópia foi deficiente = traduzem as dificuldades de análise perceptiva e de
estruturação espacial já reveladas na cópia.
Nota: quando a reprodução de memória é muito pobre, mesmo que a cópia tenha sido
deficiente pode-se pensar em dificuldades de memória.
Figura Complexa de Rey
Considerações clínicas
Mudança da posição do modelo (90º)
Frequente nas crianças; com significado
nos adolescentes e adultos
Dificuldades intelectuais.
A partir dos 12 anos, os Tipos de Cópia V, VI e VII sugerem dificuldades intelectuais.
Reprodução com sobrecarga de elementos (adições), tendência para riscar espaços
brancos e tendência para repassar traços
Psicopatia.
________________________________
A reprodução de memória é geralmente consonante com o Tipo de Cópia mas
podem ocorrer regressões sobretudo nas crianças mais novas (< 7 anos).
Bibliografia
Cooper, S. (1995). The clinical use and interpretation of the Wechsler Intelligence Scale for
children (3rd ed.). Springfield: Charles Thomas Publisher.
Grégoire, J. (2000). L’évaluation clinique de l’intelligence de l’enfant . Théorie et pratique du
WISC-III . Sprimont: Mardaga.
Maganto, C., Amador, J. A., & González, R. (Coord.) (2001). Evaluación psicológica en la infancia
y la adolescencia: Casos práticos. Madrid: TEA Ediciones.
Prifitera, A., & Saklofske, D. (Eds.) (1998). WISC-III: Clinical use and interpretation.
Scientist- practitioner perspectives. New York: Academic Press.
Raven, J.C., Court,J.H., & Raven, J. (1996). Standard Progressive Matrices. Oxford: Oxford
Psychologists Press.
Rey, A. (1959). Manuel, Test de Copie d’une Figure Complexe. Paris: Les Editions du Centre de
Psychologie Appliquée.
Santucci, H., & Pêcheux, M.G. (1967). Épreuve d’organisation grapho-perceptive pour enfants de
6 à 14 ans. Neuchatel: Éditions Delachaux & Niestlé.
Wechsler, D. (2003). WISC-III, Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças – III. Manual.