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ORDENAÇÃO DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS PARA PEQUENOS E MÉDIOS LATICÍNIOS DO AGRESTE PERNAMBUCANO: UMA APLICAÇÃO DO MODELO MULTICRITÉRIO ADITIVO COM VETO

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ORDENAÇÃO DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS PARA

PEQUENOS E MÉDIOS LATICÍNIOS DO

AGRESTE PERNAMBUCANO: UMA APLICAÇÃO

DO MODELO MULTICRITÉRIO ADITIVO COM

VETO

Djuri Tafnes Vieira (UFPE )

djuri_vieira@hotmail.com

Marina Dantas de Oliveira Duarte (UFPE )

marina@ufpe.br

A atividade de laticínios vem crescendo no Brasil devido a vários fatores. No Agreste Pernambucano a situação não é diferente, porém, pequenos e médios produtores apresentam dificuldades de gestão, o que dificulta alcançar qualquer nível de sustentabilidade. Este trabalho se propõe avaliar o contexto geral desses laticínios, e após uma estruturação do problema avalia alternativas que auxiliariam os laticínios a alcançar a sustentabilidade. Para a avaliação foi utilizado o modelo multicritério aditivo com veto para a problemática de ordenação, e o resultado foi um ranking das alternativas, de acordo com o contexto e as preferências de um decisor especialista da área.

Palavras-chaves: Laticínios; Modelo Multicritério Aditivo com Veto; Problemática de Ranking.

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1. Introdução

No Brasil, a atividade de produção de lácteos vem crescendo, seja devido a incentivos governamentais, ao uso de novas tecnologias, ao aumento do poder de compra da população ou devido ao aumento da demanda. Em Pernambuco, no Agreste Pernambucano, a situação não é diferente: o Arranjo Produtivo Local (APL) desta região também vem se desenvolvendo. Contudo, dificuldades nas mais diversas áreas de gestão estão presentes em laticínios de pequeno e médio porte (ROCHA, 2013; GOVERNO..., 2012; IBGE, 2014). Os pequenos e médios produtores, como empresas familiares, possuem, por exemplo, dificuldades na implantação de tecnologias, pois estas possuem altos custos, o que dificulta o investimento. Sendo assim, o poder competitivo desses laticínios frente a grandes produtores locais e a produtores de outros estados, que competem em custo e em qualidade, se torna pequeno, o que leva esses pequenos laticínios a terem muitas dificuldades de sobreviver no mercado.

A preocupação com o desempenho dos laticínios é, de fato, importante, pois os alimentos processados, compostos elementarmente por leite, são produtos altamente perecíveis e devem ser mantidos sob vigilância e analisados em todas as etapas, até a chegada ao consumidor (JERÔNIMO ET AL, 2012; MCGEE, 2003).

Além das dificuldades na produção e na gestão administrativa, há ainda um fator agravante: a agressão da atividade ao meio ambiente. Por ser o leite um alimento carregado de matéria orgânica e com grande poder poluidor, existe uma forte necessidade de tratar e destinar adequadamente seus efluentes (JERÔNIMO ET AL, 2012).

Outro aspecto que deve ser levado em consideração é o uso da água. Por ser uma atividade que requer um grande uso de água, é fundamental gerir seu uso adequadamente, em especial no contexto do nordestino, onde a disponibilidade de água é um fator crítico, e pode impactar direta e fortemente a produção, principalmente em períodos de estiagem ou seca (EM..., 2013).

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Citando brevemente as principais dificuldades dos pequenos e médios laticínios do Agreste Pernambucano, é possível observar grandes oportunidades para trabalhar alternativas que auxiliem esses produtores a se desenvolverem econômica, social e ambientalmente. Muitas vezes, pequenas ações e alternativas são capazes de trazer melhoras na eficiência de algum processo, bastando apenas uma orientação no sentido de escolher aquelas alternativas que mais podem trazer benefícios para aquele contexto.

Com este trabalho propomos abordar o problema enfrentado pelos pequenos e médios laticínios do Agreste Pernambucano, objetivando o desenvolvimento sustentável destes. Para a estruturação do problema utilizaremos a técnica Value-Focused Thinking (KEENEY, 1992), que gerará critérios e alternativas, os quais serão utilizados para ordenar as alternativas da melhor para a pior, de acordo com a estrutura de preferências de um decisor, que atua na indústria de laticínios local e é conhecedor do seu contexto e processos. Essa avaliação será feita utilizando um método multicritério, e para este caso faremos uso do modelo aditivo com veto para a problemática de ordenação.

2. A sustentabilidade e suas fases

O conceito de sustentabilidade surgiu devido ao impacto que as atividades humanas no ambiente natural. Assim, usar recursos naturais de maneira a não comprometer a capacidade das gerações futuras atenderem suas necessidades foi um dos primeiros conceitos de sustentabilidade, o qual se baseia em três eixos fundamentais: crescimento econômico, preservação ambiental e equidade social, que devem estar em equilíbrio (SEIFFERT, 2011). Sustentabilidade é um conceito multidimensional e polêmico, o que implica que nem sempre será possível maximizar todos os seus objetivos ao mesmo tempo, e por isso é fundamental a gestão desse aspecto, que requer uma análise dos conflitos oriundos de suas características (MUNDA, 2008).

A maneira como as organizações consideram o aspecto sustentável pode ser observada através de estágios que tendem a uma evolução crescente. Jabbour e Santos (2011) classificam três estágios como sendo os mais marcantes. O estágio mais básico da sustentabilidade tende a ser bastante reativo, quando a organização reage basicamente às legislações ambientas, controlando apenas aqueles aspectos (processos, produtos) que tendem a gerar penalidades. O

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segundo nível, intermediário, tem uma abordagem mais proativa, de prevenção, onde as práticas e processos são controlados como um todo, e não em pontos específicos. Já o terceiro e mais avançado estágio de gestão ambiental é também proativo, pois está presente em nível estratégico, mas trata o aspecto ambiental como fonte de estratégia e vantagem competitiva. Para propormos alternativas sustentáveis, portanto, é importante observar o contexto da organização e o nível de sustentabilidade em que se encontra.

3. Aspectos da indústria de laticínios

Os produtos lácteos são altamente perecíveis e os cuidados para evitar sua contaminação são fundamentais. O leite, principal matéria-prima, se contamina principalmente após a ordenha, quando entra em contado com o ar, equipamentos e/ou utensílios. Claramente, a qualidade final do leite cru e seus derivados estão ligados diretamente a esta contaminação inicial, a qual pode aumentar de acordo com a temperatura e o tempo até a pasteurização.

Assim, podendo ser o leite um veículo de micro-organismos patogênicos nocivos ao homem, é fundamental controlar todas as etapas do processo e as condições de higiene que podem impactar diretamente na qualidade do produto final e a população consumidora, que pode sofrer as consequências caso consuma um produto fora dos padrões microbiológicos aceitáveis, gerando casos e surtos de doenças transmitidas por alimentos que foram contaminados por micro-organismos deteriorantes e patogênicos (JERÔNIMO ET AL, 2012; SILVA, 2011).

Os resíduos que podem ser gerados em decorrência das atividades da indústria de laticínios é também um fator preocupante. Os resíduos gerados podem ser sólidos, líquidos e/ou de emissão atmosférica. Por tais motivos o controle dos processos produtivos e alternativas de reciclagem e reuso desses resíduos são importantes para reduzir o impacto da atividade no meio ambiente (SILVA, 2011).

Os principais resíduos líquidos gerados são três: o soro, o leitelho e o leite ácido. O soro, em geral, recebe um foco maior, tanto pela quantidade gerada (nove litros por queijo produzido) e potencial poluidor, quanto pelas diversas possibilidades de reutilização, gerando produtos que podem ser comercializados. Esses efluentes líquidos possuem valores nutritivos e cargas

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orgânicas significativas, não devendo ser descartados como efluentes convencionais, e sim tratados e/ou reaproveitados. Dentre algumas opções para a reutilização do soro do leite, por exemplo, podemos citar a fabricação de ricota, utilização do soro para alimentação animal, fabricação de soro concentrado e soro em pó, dentre outros possíveis subprodutos (JERÔNIMO ET AL, 2012).

Já os resíduos sólidos podem ser divididos em dois grupos: podem ser lixo comercial (resíduos de escritórios, instalações sanitárias, refeitórios da indústria) ou de operações ligadas à produção industrial (sobras de matéria-prima e/ou produtos acabados, resíduos do tratamento de água e efluentes, embalagens defeituosas, papelão, plásticos, produtos com prazos vencidos devolvidos, embalagens de óleos lubrificantes, areia, gordura, lodo biológico, cinzas de caldeiras – quando usadas caldeiras à lenha). Este tipo de resíduo pode também ser reaproveitado ou tratado (SILVA, 2011).

4. Metodologia

Nosso objetivo para este trabalho será avaliar algumas alternativas, gerando um ranking que levará em consideração alguns critérios. As alternativas propostas são ações que poderiam ajudar laticínios de pequeno e médio porte da região do Agreste Pernambucano a alcançar algum nível de sustentabilidade para os aspectos econômico, social e ambiental. Assim, para avaliarmos as alternativas utilizaremos um método de decisão multicritério, especificamente o modelo aditivo com veto.

As alternativas e critérios foram construídos através da metodologia de estruturação de problemas Value-Focused Thinking, proposta por Keeney (1992), a qual se baseia no pensamento focado nos valores para se desenvolver alternativas e critérios que atinjam os objetivos definidos e estruturados baseados em uma perspectiva mais ampla, focada em valores fundamentais para o decisor, em um contexto específico.

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Fonte: Keeney, 1992

4.1. Métodos de Decisão Multicritério

Os métodos de decisão multicritério (MCDA) foram desenvolvidos visando auxiliar a tomada decisão para aqueles problemas que possuem vários critérios, muitas vezes conflitantes entre si, sob os quais alternativas serão avaliadas, indicando, ao final da aplicação, opções adequadas para o decisor, no contexto daquele problema. O processo da tomada de decisão, entretanto, não é limitado à avaliação e comparação de alternativas e/ou cursos de ação; para resultados satisfatórios e condizentes com as necessidades reais, deve-se elicitar com o decisor aquilo que pode ser insatisfatório, os conflitos existentes, os objetivos estratégicos, metas e critérios, bem como possíveis cursos de ação. Em suma, é um processo que deve envolver criatividade, focando em todo o processo, e não apenas no resultado final (ROY, 1996; BELTON, STEWART 2002; VINCKE, 1992; ALMEIDA, 2013b).

4.2. Modelo Aditivo com Veto aplicado à problemática de ordenação

O modelo aditivo é um modelo de agregação, onde todas as avaliações das alternativas em cada critério serão somadas em um valor global. Os modelos aditivos são compensatórios, e isso implica dizer que o desempenho de uma alternativa em um determinado critério pode ser compensado em outro critério. Supondo que uma alternativa apresente um desempenho ruim em um critério, e um desempenho muito bom em outro critério, as duas avaliações afetarão o resultado do valor global final da alternativa.

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É importante observar que muitas vezes, para o decisor, não há interesse em considerar uma determinada alternativa que apresente um desempenho abaixo de determinado valor para algum critério específico. Assim, o que o modelo aditivo com veto propõe é a utilização de vetos (limites para os quais se aceita ou rejeita-se uma alternativa), que, considerando o conceito de veto inferior, impedirá que alternativas com um desempenho indesejado em algum critério acabe sendo compensada em função de um desempenho muito positivo em outro critério. (ALMEIDA, 2013a).

Este modelo utiliza uma função veto para penalizar a avaliação de alternativas quando o desempenho para determinado critério é inaceitável. Uma das condições para o uso deste modelo aditivo é a condição de preferência de veto, quando o decisor sempre prefere rejeitar uma alternativa quando o valor de sua consequência tem desempenho pior que o veto, ou seja, um bom desempenho em um outro critério, gerando uma compensação, não persuade o decisor a aceitar tal alternativa.

Dois limiares diferentes devem ser estabelecidos para a criação da função veto zi , que permite

aplicarmos o modelo aditivo com veto às problemáticas de escolha e ordenação:

Limiar superior de veto (ui): menor valor de desempenho da alternativa vi(a) aceitável

para o decisor, de maneira a beneficiar tais alternativas colocando-as nas primeiras colocações do ranking, independente do desempenho da alternativa em outro critério;

Limiar inferior de veto (li): valor máximo de desempenho da alternativa vi(a), a qual o

decisor está certo de rejeitar, independente da performance da alternativa em outro critério, ou seja, uma alternativa com o valor igual ou inferior ao limiar inferior de veto será penalizada com as últimas posições do ranking.

Teremos, então, três possibilidades: para um valor vi(a) igual ou abaixo do limiar inferior o

decisor rejeita a alternativa. Já uma alternativa com um valor vi(a) igual ou acima do limiar

inferior o decisor optará por duas alternativas:

Para alternativas com valor vi(a) igual ou acima do limiar superior, a alternativa será

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  n i i i i a kv a v 1 ) ( )

( , dado que zi(a)=1 para todo i.

Onde:

vi(a) é a função valor da alternativa a no critério i;

n é o número de critérios;

ki é a constante de escala para o critério i.

 Caso o valor da alternativa esteja entre o limiar inferior e o limiar superior, uma

função veto zi com valores entre 0 e 1 é considerada, para valores de vi(a) entre li e ui.

Para cada critério i assume-se uma função veto zi que reduz o valor do valor global da

alternativa quando vi(a) < ui. A função veto para a alternativa a é dada por zi(a):

               i i i i i i i i i i i u a v li se l u l a v u a v se l a v se a z ) ( , ) ( ) ( , 0 ) ( , 1 ) (

O problema abordado neste trabalho envolve a problemática de ordenação, onde o decisor está interessado em obter a posição relativa de cada alternativa do conjunto inteiro de alternativas. Contrariamente à problemática de escolha, onde a função veto rejeita a alternativa, a problemática de ordenação deverá rejeitar a posição da alternativa vetada no

processo de ranqueamento. Para essa problemática uma função veto ri(a) é aplicada para cada

critério:

i i i a z a k

r( ) ( )

A função veto zi(a) será pesada pela constante de escala ki, em todos os critérios, para aquela

alternativa que está sendo vetada,e será agregada para gerar o índice de veto r(a) para a alternativa a, como a seguir:

  n i i a r a r 1 ) ( ) (

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Se o índice r(a) apresentar valor 1, a alternativa é aceitável para todos os critérios,

considerando zi(a) para todo i. Se o valor do índice se apresentar entre 0 e 1, a alternativa está

sendo vetada em algum critério. E, caso o valor do índice seja 0, o desempenho da alternativa é inaceitável em todos os critérios.

Para a problemática de ranking, o índice r(a) será agregado ao modelo aditivo para gerar o modelo aditivo com veto, como segue:

  n i i iv a k a r a v 1 ) ( ) ( ) (

4.3. Constantes de escala: procedimento de trade-offs

As constantes de escalas são valores atribuídos aos critérios de acordo com a importância de cada critério e o desempenho das alternativas. Com esses valores relativos será possível avaliar as alternativas e gerar um valor global para cada uma.

Para este trabalho utilizaremos os procedimentos estabelecidos por Keeney e Raiffa (1976), que é baseado em ‘trocas’ (trade-offs). Neste procedimento são apresentadas ao decisor as melhores e piores consequências em cada critério, onde ele comparará os desempenhos e indicará qual critério apresentaria melhor desempenho caso o valor da alternativa fosse do pior valor para o melhor valor. Ele ordenará os critérios sucessivamente, de acordo com as comparações, até que os critérios sejam todos ordenados.

O segundo passo não é mais em relação às preferências entre os critérios, e sim sobre valores que gerarão indiferença entre eles. Nesta segunda etapa, basicamente, pergunta-se ao decisor: “para qual valor de consequência no critério x, há indiferença entre essa consequência e a consequência máxima do critério y?”. Através desse procedimento, juntamente com os anteriores, obteremos as equações e inequações suficientes para obtermos as constantes de escala, o que é facilitado por termos a informação de que a soma das constantes de escala deve ser sempre igual a um.

5. Aplicação

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As dificuldades dos pequenos e médios laticínios do Agreste Pernambucano passam pela gestão da produção, gestão de custos, gestão administrativa, o que culmina com a dificuldade de se manter no mercado. Pôde-se observar, contudo, que ações e ferramentas simples poderiam gerar grandes melhorias para esses laticínios.

Desta forma, este trabalho propõe-se a desenvolver um ranking de alternativas que podem auxiliar os laticínios a desenvolver algum nível de sustentabilidade, nos seus três eixos fundamentais. As alternativas que avaliaremos a seguir foram desenvolvidas através da técnica Value-Focused Thinking, proposta por Keeney (1992), e as informações para o desenvolvimento dessas alternativas foram obtidas através de visitas técnicas a laticínios da região e reuniões com conhecedores dos processos, do contexto local e também das dificuldades que os pequenos laticínios enfrentam na região em relação a aspectos econômicos, sociais e ambientais.

Os critérios e alternativas foram revisados pelo decisor, que foi também um dos especialistas consultados. É válido ressaltar que devido à dificuldade do decisor para valorar o desempenho das alternativas em cada critério, as avaliações intracritério foram obtidas utilizando escalas verbais de 5 pontos.

5.2 Modelo Aditivo com Veto para a problemática de ordenação

5.2.1. Vetos

Para obtermos o veto é necessário elicitar para o decisor quais os critérios nos quais ele considera necessário penalizaria alternativas com desempenhos indesejáveis, colocando-as em posições finais do ranking. Assim, além de indicar quais critérios deverão conter vetos, deve-se indicar também os valores desdeve-ses vetos.

Utilizamos uma escala variando de um a cinco (1-5) para avaliar as alternativas em todos os critérios (exceto o critério Lucro Líquido), com cada número representando as seguintes avaliações:

Tabela 1 – Significados dos números na escala de cinco pontos (exceto para o critério Lucro Líquido) 1. Nenhum impacto

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11 3. Médio Impacto

4. Alto impacto 5. Altíssimo impacto

Fonte: dados da aplicação

O critério Lucro Líquido apresentou uma nomenclatura diferente para os valores da escala de cinco pontos, pois consideramos importante representar os desempenhos negativos daquelas alternativas que geravam custos. A nomenclatura para este critério é mostrada na tabela a seguir:

Tabela 2 – Significados dos números na escala de cinco pontos para o critério Lucro Líquido

1. Impacto negativo alto 2. Impacto negativo baixo 3. Neutra (não há impacto) 4. Impacto positivo baixo 5. Impacto positivo alto

Fonte: dados da aplicação

Para os critérios em que se decidiu estabelecer vetos, os valores superior e inferior dos vetos estão explicitados na Tabela 3. O limite superior é o valor a partir do qual a alternativa com desempenho igual ou superior a este terá sua posição beneficiada no ranking, enquanto que o limite inferior é valor em que alternativas com esse valor ou menos são penalizadas tendendo para as últimas posições do ranking.

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Tabela 3 – Critérios com veto e seus respectivos valores

Impacto Na Satisfação Dos Clientes

Limite superior: 3 Limite inferior: 1

Lucro Líquido

Limite superior: 3 Limite inferior: 2

Redução De Impacto No Meio Ambiente

Limite superior: 2 Limite inferior: 1 Fonte: dados da aplicação

O critério de Impacto na Satisfação dos Clientes possui limite superior igual a 3, o que implica dizer que alternativas com desempenho nesse critério igual ou superior a três serão beneficiadas no ranking final. Já para o critério de Redução do Impacto no Meio Ambinte, o limite superior é 2, ou seja, alternativas com desempenho igual ou acima de “Baixo Impacto” serão beneficiadas. Para estes dois critérios o limite inferior o mesmo, igual a um, ou seja, alternativas com esse valor (Nenhum Impacto) serão penalizadas no ranking final.

O critério lucro líquido, que possui uma escala de avaliação diferente, recebeu um veto inferior de valor 2, o que implica dizer que alternativas com Impacto Negativo Alto ou Baixo serão penalizadas no ranking.

5.2.2. Critério e suas constantes de escala

A Tabela 4 mostra os critérios utilizados e suas respectivas constantes de escala, calculados de acordo com a preferência do decisor, de acordo com o procedimento de trade-offs:

Tabela 4 – Critérios e suas constantes de escala Constantes de

Escala

Critérios

0,550464 Lucro líquido

0,137616 Impacto na satisfação dos clientes

0,103212 Impacto na eficiência do processo

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0,051606 Impacto na gestão dos processos internos

0,025803 Impacto positivo sobre as condições de trabalho

0,049993 Redução da contaminação dos produtos lácteos

0,012498 Redução de impacto no meio ambiente

Fonte: dados da aplicação

5.2.3. Alternativas e suas colocações no ranking

Tendo em mãos os critérios, suas constantes de escala, os vetos que serão utilizados e as avaliações do desempenho das alternativas obtidas com base em informações de entrevistas e visitas técnicas, obteve-se através da aplicação do modelo o valor global de cada alternativa e o ranking das alternativas.

A Tabela 5 mostra todas as alternativas que foram consideradas, sendo um total de trinta e seis. Além das alternativas, mostramos o ranking obtido com o modelo aditivo com veto, ou seja, usando vetos para penalizar alternativas com desempenho indesejável e beneficiar alternativas com desempenho positivo, e mostramos também a posição de cada alternativa caso não tivéssemos utilizado os vetos, ou seja, caso tivéssemos utilizado apenas o modelo aditivo convencional.

A alternativa colocada em primeiro lugar foi “Estabelecer padrões de qualidade”. Podemos perceber que caso tivéssemos utilizado o modelo aditivo convencional, sem veto, a alternativa também estaria em primeira colocação, o que indica que esta alternativa obteve ótima pontuação nos critérios, independentemente dos vetos.

Na comparação dos dois rankings obtidos, para o modelo com veto e para o modelo convencional, observa-se que seis alternativas apresentam posição igual, o que mostra que o veto não alterou a posição dessas alternativas, mas influenciou na posição de todas as demais. Podemos ressaltar que a alternativa em última posição foi a de “Utilizar mecanismos de tratamento”. Apesar de ser uma alternativa muito importante para os laticínios, pois estes possuem grande poder poluidor, ela tem um custo que muitos laticínios não apresentam condições de arcar, seja por deficiências na gestão de custos ou outras atividades. Porém, é importante observar que principalmente as primeiras alternativas possuem impacto positivo na Redução do Impacto no Meio Ambiente (critério de avaliação), o que já é um avanço

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importante para laticínios de pequeno e médio porte, que em geral não apresentam níveis avançados de sustentabilidade.

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Tabela 5 – Alternativas utilizadas e seu ranking com veto e sem veto

RANKING COM VETO ALTERNATIVAS RANKING SEM VETO

1. A18: Estabelecer padrões de qualidade 1.

2. A3: Planejar mix de produtos 4.

3. A2: Prever demanda 5.

4. A17: Desenvolver planejamento gráfico das embalagens 6.

5. A7: Faturar pedidos antes da venda 7.

6. A6: Adquirir equipamentos de controle 2.

7. A5: Adquirir software de controle 3.

8. A21: Adequar-se à Instrução Normativa nº62 de2012 12.

9. A9: Manter registro de vendas 9.

10. A23: Formar preço dos produtos 13.

11. A24: Aumentar índice de produtividade da produção 8.

12. A4: Observar/registrar tendências de mercado 11.

13. A1: Melhorar comunicação com clientes 15.

14. A25: Padronizar execução das atividades 10.

15. A20: Conhecer origem da matéria prima 17.

16. A8: Fazer planejamento de compras 14.

17. A30: Manter parcerias com instituições de ensino e apoio à atividade 16.

18. A19: Conhecer composição físico-química da matéria prima 18.

19. A32: Reutilizar o soro do leite 20.

20. A36: Controlar uso da água 21.

21. A22: Desenvolver análise de custo 23.

22. A34: Racionalizar coleta de matéria prima 24.

23. A13: Manter registro de matéria prima 25.

24. A10: Manter registro de produção 26.

25. A14: Manter registro de compras 27.

26. A27: Desenhar cargos e funções 28.

27. A26: Construir índices de produtividade 29.

28. A12: Manter registro de clientes 32.

29. A11: Manter registro de fornecedores 31.

30. A28: Construir escalas de trabalho 33.

31. A15: Adequar durabilidade das embalagens 22.

32. A31: Estabelecer programas de treinamento 19.

33. A29: Estabelecer uso de EPI’s 30.

34. A35: Investir em maquinário 34.

35. A16: Comprar embalagens sustentáveis 35.

36. A33: Utilizar mecanismos de tratamento 36.

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6. Conclusões

Observando o contexto geral e as preferências do especialista, também decisor do problema, observou-se que seria relevante estabelecer vetos para alguns critérios específicos, permitindo a aplicação do modelo aditivo com veto ao problema abordado. O conceito de veto em modelos compensatórios se mostra bastante útil, pois permite transferir a informação obtida através do veto para a avaliação agregada global.

Através da comparação do desempenho das alternativas utilizando o modelo aditivo com veto e o uso do modelo aditivo convencional percebemos que ao estabelecer vetos para critérios muito importantes para o contexto e para o decisor, estes influenciaram a posição no ranking de trinta das trinta e seis alternativas propostas, beneficiando, obviamente, as alternativas que mais contribuiriam para os referidos critérios.

Percebe-se que o processo de elicitação é uma etapa delicada, pois a maioria dos decisores tem dificuldades para entender o conceito e real importância dos aspectos elicitados, além de algumas vezes mostrarem-se inseguros quanto aos valores de desempenho e importância relativa de critérios que fornecem. Tal fato torna fundamental a participação do analista, se para que o processo siga e não sejam geradas inconsistências nas avaliações.

REFERÊNCIAS

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BELTON, V.; STEWART, T. J. Multiple Criteria Decision Analysis. Klwer Academic Publishers., 2002. Em PE, seca causa morte de rebanho e derruba em 70% a produção de leite. G1 Pernambuco, 20 Março 2013. Disponivel em: http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2013/03/em-pe-seca-causa-morte-de-rebanho-e-derruba-em-70-producao-de-leite.html . Acesso em: 14 Janeiro 2014.

IBGE. Banco de dados Agregado. Acesso em 14 de Janeiro de 2014, disponível em Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA:

http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?c=1086&z=t&o=24&i=P

JABBOUR, C. J. C.; SANTOS, F. C. A. Evolução da gestão ambiental na empresa: uma taxonomia integrada à gestão da produção e de recursos humanos. In: NETO, J. A. Sustentabilidade e Produção: teoria e prática para uma gestão sustentável. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2011. p. 13-36.

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17 JERÔNIMO, C. E.; COELHO, M. S.; MOURA, F. N.; ARAUJO, A. B. Qualidade ambiental e sanitária das indústrias de laticínios do município de Mossoró-RN. Rev. Elet. em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental , mar-ago 2012, p. 1349-1356.

KEENEY, R. L. Value-Focused Thinking: a path to creative decisionmaking. Harvard University Press, 1992.

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MUNDA, G. Social Multi-Criteria Evaluation for a Sustainable Economy. Springer, 2008. ROCHA, D. D. Políticas públicas de fortalecimento dos APL: alternativa para interiorização do desenvolvimento no semiárido pernambucano. Acesso em 17 de Janeiro de 2014, disponível em Anais: Encontros Nacionais da Anpur: http://www.anpur.org.br/revista/rbeur/index.php/anais/article/view/4381. ROY, B. Multicriteria Methodology for Decision Aiding. Netherlands: Kluwer Academic Pulishers, 1996. SEIFFERT, M. E. B. Gestão ambiental: instrumentos, esferas de ação e educação ambiental. 2ª Edição. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2011.

SILVA, D. J. Resíduos na indústria de laticínios. Série Sistema de Gestão Ambiental. Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Tecnologia de Alimentos, Viçosa - MG, Janeiro 2011.

Referências

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