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O FINANCIAMENTO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS E AS DIFICULDADES DE ACESSO AO CRÉDITO: UM LEVANTAMENTO NA REGIÃO METROPOLITANA DE FLORIANÓPOLIS - SC

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O FINANCIAMENTO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

E AS DIFICULDADES DE ACESSO AO CRÉDITO: UM LEVANTAMENTO NA

REGIÃO METROPOLITANA DE FLORIANÓPOLIS - SC1

Jaqueline Salm2

Resumo: As Micro e Pequenas Empresas tem relevante participação na economia e na geração de novos empregos no Brasil, porém ainda enfrentam muitas dificuldades para o seu crescimento e financiamento. O objetivo desse estudo é apresentar as principais características das MPES no Brasil, suas dificuldades no acesso ao crédito e como elas se financiam. Realizou-se uma pesquisa exploratória, de abordagem quantitativa, e de campo, onde utilizou-Realizou-se de uma amostra não probabilística de 32 empresas, a fim de obter maior conhecimento sobre o tema. Os resultados destacaram que a principal finalidade para obter crédito foi para capital de giro, que as principais dificuldades das MPES são as altas taxas de juros e as exigências de garantias, e que a principal razão dada pelos bancos para não conceder o financiamento é que as empresas eram muito novas. Conclui-se que o crédito é um dos principais fomentadores das MPES, porém elas ainda enfrentam muitas barreiras para o seu financiamento.

Palavras-chave: Crédito. Financiamento. Sebrae. MPES.

1. INTRODUÇÃO

Todos os dias, muitos empreendedores concretizam suas ideias de negócio através das Micro e Pequenas Empresas (MPES). A desburocratização administrativa e jurídica para abertura de pequenos negócios, assim como a simplificação dos tributos são benefícios que facilitam o grande número de novas MPES.

Segundo dados do Sebrae-SP (2018), No Brasil, as micro e pequenas empresas têm relevância considerável em diversos setores do mercado. A criação diária de novos estabelecimentos fomenta a economia, gera novos empregos, tem grande participação no PIB e contribui diretamente para o crescimento do país, pois representam a maioria da produção criada anualmente.

1 Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Administração da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. 2019. Orientador: Prof. José Carlos Vieira, Mestre. 2 Acadêmica do curso de Administração da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail:

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Entretanto, a facilidade em abrir um negócio próprio nem sempre é a mesma para continuar e manter em crescimento as MPES, muitas delas estão limitadas por uma série de fatores, e o acesso ao crédito é um dos principais limitadores no desenvolvimento de uma organização.

Para Silva (2008) o crédito é um valor emprestado em confiança de seu pagamento. Após uma análise cuidadosa da capacidade de pagamento do tomador, o valor é concedido para o investimento no negócio. Porém obter crédito, para as micro e pequenas empresas pode ser um processo complexo, pois muitas não possuem as informações necessárias ou as garantias solicitadas no momento do financiamento. A pessoalidade da empresa, o pouco tempo de mercado e a falta de capacidade de pagamento, por já terem gasto a maioria do seu capital no investimento inicial, são fatores que dificultam o acesso ao crédito.

A partir do exposto, o problema que norteia o presente trabalho é: Conhecer quais as principais dificuldades que as MPES enfrentam no acesso ao crédito e como elas se financiam. Diante disso, o objetivo deste estudo é apresentar a importância das MPES no Brasil e também destacar as suas principais dificuldades no acesso ao crédito. O artigo apresenta, também, um esboço sobre a análise de crédito e como ela é feita.

Como justificativa, o tema abordado foi escolhido com a finalidade de demonstrar, de que forma as MPES se financiam, e como buscam o crédito, mesmo diante de tantas dificuldades.

A pesquisa realizada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) em 2017, intitulado: O financiamento das MPES no Brasil, norteou o desenvolvimento e a aplicação do questionário para apresentação e comparação dos resultados. O artigo das autoras Krauter e Sousa (2016), intitulado Um Estudo sobre o Financiamento nas Micro, Pequenas e Médias Empresas no Estado de São Paulo, também colaborou para a análise dos resultados. Porém, apesar da relevância que esses estudos trazem para as MPES, destacando sua importância na economia e principalmente as dificuldades que elas enfrentam em busca de crédito, são poucas as pesquisas acadêmicas que abordam o tema do presente estudo.

O Sebrae (2014) reconhece que, na abordagem sobre o seguimento das MPES e sua importância para a economia, há uma grande escassez de informações e estatísticas atualizadas e coerentes, acarretando na dificuldade para criação de novas políticas de incentivo ao crescimento desses setor e uma lacuna de conhecimento nesta área.

A fim de atingir o objetivo proposto, inicialmente será apresentada uma pesquisa bibliográfica, onde foi possível definir as MPES, caracterizar e apresentar dados e informações de relevância sobre o cotidiano das MPES no Brasil. Após foram citadas as principais

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dificuldades de acesso ao crédito, e posteriormente será demonstrado o resultado da aplicação de uma pesquisa realizada com micro e pequenas empresas a fim de evidenciar sobre suas dificuldades de acesso ao crédito e como elas se financiam. E por fim, serão apresentadas as considerações finais e as principais conclusões sobre o estudo realizado.

O presente estudo, contribui para ampliação do conhecimentos sobre o tema, e as informações e dados apresentados tem a finalidade de tornar-se fonte para novas pesquisas.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 DEFINIÇÃO DAS MPES

Segundo Fabretti (2006, p.36) “A empresa é uma unidade econômica, que, combinando capital e trabalho, produz ou faz circular bens ou presta serviços, com finalidade de lucro”.

Para o Sebrae-NA e Dieese (2013) um fator importante de apoio às micro e pequenas empresas é o critério que classifica o tamanho da empresa, permitindo que através do limites estabelecidos as empresas possam usufruir de benefícios e incentivos previstos em legislações. O mesmo ainda define as micro e pequenas empresas pelo número de pessoas ocupadas. Já o Portal Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (1999) adota o critério de classificação de acordo com a receita bruta anual, valores esses atualizados no Decreto nº 5.028/2004, de 31 de março de 2004.

Portanto, as MPES podem ser classificadas a partir de dois critérios diferentes: pelo número de pessoas ocupadas na empresa ou pela receita bruta anual. Conforme explicados nos quadros 1 e 2:

Quadro 1 – Critério de classificação do porte das MPES por: pessoas ocupadas.

PORTE ATIVIDADES ECONÔMICAS

Serviço e Comércio Indústria

Microempresa Até 09 pessoas ocupadas Até 19 pessoas ocupadas

Pequena Empresa De 10 a 49 pessoas ocupadas De 20 a 99 pessoas ocupadas

Fonte: SEBRAE-NA e DIEESE, 2013

Quadro 2 – Critério de classificação do porte das MPES por: receita bruta anual.

PORTE Receita bruta

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Microempresa Igual ou inferior a R$ 360.000,00

Pequena Empresa Superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00

Fonte: Portal Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, [2018]

2.2 CARACTERISTICAS DAS MPES

Segundo dados divulgados pelo Sebrae-SP (2018), no Brasil existem 6,4 milhões de estabelecimentos, sendo que as MPES representam 99% desse total. As MPES também respondem por 52% dos empregos formais no país, isso constitui 16,1 milhões de trabalhadores com carteira assinada. O Sebrae ainda destaca, que os pequenos negócios respondem por mais de um quarto do Produto Interno Bruto, representando 27% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.

As principais características das MPES, segundo apresentação dos principais resultados Sebrae-SP (2006) são:

• Produtos e serviços de baixo preço unitário; • Predominam vendas ao consumidor final; • Atendem necessidades básicas da população:

• Alimentos e bebidas;

• Vestuário, calçados e móveis; • Moradia (construção e reforma). • Escalas de produção muito baixas:

• Capital, insumos, materiais, mão-de-obra, etc. • Tecnologia de domínio público.

O Sebrae, também destaca, que em 2004, 56% das MPES estavam atuando no comércio, 30% em serviços e 14% na indústria.

“As maiores taxas de expansão de MPES podem ser encontradas nos segmentos de atividades associadas à modernização da sociedade e à sofisticação da demanda na economia.” (SEBRAE-SP, 2006).

Portanto é possível destacar que as MPES são pequenas organizações, com poucos funcionários e possuem estrutura simples e geralmente a liderança cabe a uma única pessoa, o proprietário. Tem facilidade de entrada no mercado, porém encontram uma grande concorrência. Possuem dificuldades de sobrevivência, e na sua maioria não sobrevivem mais de dois anos. As MPES representam o maior número do total de empreendimentos no Brasil e são responsáveis por contribuir expressivamente na geração de empregos.

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2.3 MPES NA ECONOMIA BRASILEIRA

Segundo dados divulgados em 2014 pelo Sebrae-MT, em 2011 o Sebrae apurou que em 10 anos, os valores gerados pelos pequenos negócios saltaram de R$ 144 bilhões para R$ 599 bilhões, em valores da época no Brasil. Ainda destacou que as MPES são as principais geradoras de riquezas no comércio, representando 53,4% do PIB do setor, na indústria tem participação de 22,5% e no setor de serviços, 36,3% tem origem dos pequenos negócios.

O Sebrae em 2014, desenvolveu um estudo sobre a importância das MPES para a economia brasileira entre os anos de 2009, 2010 e 2011, tomando como base as pesquisas anuais setoriais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

As seguintes informações foram destacadas neste estudo quanto à realidade nacional das MPES:

• As MPES representaram no ano de 2011 aproximadamente 98% e 99% do total de empresas formalizadas;

• As MPES representavam 44% dos empregos formais e aproximadamente 70% dos empregos gerados no comércio;

• Em 2011 cerca de 50% das remunerações do setor formal do comercio foram pagas pelas MPES;

• A participação das MPES desde 1985 vem crescendo, neste ano representavam 21%, em 2001 já eram 23,2% e em 2011 chegaram a representar 27% quanto a sua participação no valor adicionado3 do conjunto de atividades pesquisadas

(PIB);

• Em 2011, serviços e comercio representavam 19% do valor adicionado em quanto a indústria representava 7,8%.

O estudo também ressalta a importância das MPES para a economia em todas as dimensões e atividades desenvolvidas no Brasil. Conforme quadro a seguir:

3 Segundo os conceitos adotados no Sistema de Conta Nacionais do Brasil, que seguem as recomendações internacionais, o valor adicionado corresponde à produção das diversas atividades econômicas que é valorada a preços básicos, ou seja, excluindo-se o valor de impostos sobre produtos, margens de distribuição. Esta medida da produção é a forma de avaliar a contribuição das diversas atividades econômicas à formação do Produto Interno Bruto. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Estudos e Pesquisas/Participacao das micro e pequenas empresas.pdf. Acesso em: 20 maio 2018.

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Quadro 3 – Participação das MPES na economia brasileira no período de 2009-2011

SETOR VARIAVEIS

Valor adicionado Número de Empresas Pessoal ocupado Gastos com pessoal

Serviços 36,30% 98,10% 43,50% 27,80%

Comércio 53,40% 99,20% 69,50% 49,70%

Indústria 22,50% 95,50% 42% 25,70%

Fonte: SEBRAE, 2014

Por meio deste estudo, é possível realçar a participação relevante que as MPES possuem na economia brasileira, as empresas de pequeno porte são fundamentais para a economia de um país em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Entretanto, os altos índices de mortalidade precoce das MPES, compromete um crescimento ainda maior no número de empresas.

2.4 SOBREVIVÊNCIA/ MORTALIDADE DAS MPES

Segundo estudo realizado pelo Sebrae (2016), entre os principais resultados, destacou-se a maior taxa de sobrevivência das empresas com até 2 anos de atividade, passando de 54,2% da empresas nascidas em 2008, para 76,6% nas empresas nascidas em 2012.

Complementar a taxa de sobrevivência destacou, portanto a redução na taxa de mortalidade das empresas com até dois anos, caindo de 45,8% nas empresas nascidas em 2008, para 23,8% nas empresas nascidas em 2012.

O estudo de Sebrae (2016), ainda frisa que:

Entre os fatores que levaram a esse resultado, destacam-se a expansão dos MEI e o aumento do PIB brasileiro no período, ambos favorecidos pelo aumento do rendimento médio real dos trabalhadores, em especial do SM, a tendência à redução média das taxas de juros, a queda da taxa de desemprego na economia e a melhoria da legislação em favor dos pequenos negócios, no período entre 2008 e 2014.

Embora a pesquisa apresente um melhor índice das taxas de mortalidade e sobrevivência das MPES, ainda é possível destacar as dificuldades que as mesmas possuem em se manterem abertas. Chiavenato (2007, p.15) cita que “nos novos negócios, a mortalidade prematura é elevadíssima, pois os riscos são inúmeros e os perigos não faltam.” Diante dessa afirmação, ele aponta possíveis causas para a mortalidade nas empresas, conforme tabela a seguir:

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Tabela 1 – As causas mais comuns de falhas no negócio.

Inexperiência - 72 %

Incompetência do empreendedor Falta de experiência de campo Falta de experiência profissional Experiência desiquilibrada Fatores econômicos - 20 % Lucros insuficientes Juros elevados Perda de mercado Mercado consumidor restrito Nenhuma viabilidade futura

Vendas Insuficientes - 11 % Fraca competitividade Recessão econômica Vendas Insuficientes Dificuldade de estoques Despesas excessivas - 8 % Dividas e cargas demasiadas

Despesas operacionais Outras causas - 3 % Negligencia Capital insuficiente Clientes insatisfeitos Fraudes Ativos insuficientes Fonte: Chiavenato, 2007.

Chiavenato (2007) realça que um dos aspectos que torna um negócio bem sucedido é o seu capital financeiro, que deve está adequado para tocar o negócio. “Dinheiro ou crédito são também fundamentais.” Chiavenato (2007, p. 20)

Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae-SP (2014), intitulado de Causa Mortis: o sucesso e o fracasso das empresas nos primeiros cinco anos de vida, o principal motivo pra o fechamento da empresa, na visão dos empreendedores, é a falta de capital ou lucro.

Nenhuma empresa sobrevive sem Capital, e o acesso ao crédito em instituições financeiras pode facilitar na hora de obter recursos para o nascimento ou crescimento de um negócio.

2.5 CONCEITO DE CRÉDITO

O conceito para crédito pode ter variados significados, dependendo da situação em que é aplicada, para Silva (2008, p. 45) “Crédito consiste na entrega de um valor presente mediante uma promessa de pagamento”, portanto a abertura de crédito é uma constante

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insegurança, por se tratar de uma promessa de pagamento, a qual você pode ofertar seu bem, sem ter a certeza do retorno.

Para uma empresa, fornecer crédito vai além de fazer uma venda de bens ou serviços, faz parte de seu patrimônio, segundo Schrickel (1997, p. 25), crédito é toda disposição que alguém tem para ceder parte de seu patrimônio temporariamente a um terceiro, tendo a expectativa de que essa parte volte a sua posse após um determinado tempo, em seu valor integral.

Mas crédito, não é apenas significativo para quem o concede, mas também para quem o obtém, a este propósito, Silva (2008, p. 48) destaca: “O crédito de que alguém dispõe, portanto, é sua capacidade de obter dinheiro, mercadoria ou serviço mediante compromisso de pagamento num prazo tratado”.

2.6 CONCESSÃO DE CRÉDITO

Toda concessão de crédito se inicia tendo as informações adequadas sobre o tomador de crédito, a respeito, Silva (2008, p.122) escreve “A obtenção de informações confiáveis e o competente tratamento das mesmas constituem uma base sólida para uma decisão de crédito segura”.

Após o recebimento das informações necessárias, devem ser aplicadas as técnicas da análise de crédito. “A habilidade de pagar é de suma importância, pois é ela que oferece elementos objetivos e quantificados de convencimento que ajudam a emprestar ou não. (SCHRICKEL, 1997, p. 45).

2.6.1 Análise Subjetiva para Concessão de Crédito

A análise subjetiva tem como base, o conhecimento adquirido pelo analista de crédito, Santos (2015, p. 41) destaca:

A análise subjetiva, ou caso a caso, é baseada na experiência adquirida dos analistas de crédito, no conhecimento técnico, no bom senso e na disponibilidade de informações (internas e externas) que possibilitem diagnosticar se o cliente possui idoneidade e capacidade de gerar receita para honrar o pagamento das parcelas do financiamento.

Na análise subjetiva são abordados os Cs de crédito: “As informações que são necessárias para a análise subjetiva da capacidade financeira dos clientes são tradicionalmente conhecidas como Cs do Crédito: caráter, capacidade, capital, colateral e condições.” (SANTOS, 2015, p. 39).

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2.6.2 Análise Estatística para Concessão de Crédito

É um dos métodos mais utilizados para análise de crédito em grande demanda, as técnicas estatísticas estão baseadas em uma pontuação de crédito.

A pontuação de crédito é um instrumento estatístico desenvolvido para que o analista avalie a probabilidade de que determinado cliente venha a tornar-se inadimplente no futuro. Trata-se de um modelo de avaliação de crédito baseado em uma formula estatística desenvolvida em base em dados cadastrais, financeiros, patrimoniais e de idoneidade dos clientes. (SANTOS, 2015, p. 177).

O rating é um sistema de pontuação de crédito. “O rating é apresentado por meio de um código ou classificação que fornece uma graduação de risco.” (SILVA, 2008, p. 62). O autor também afirma que a classificação do cliente possibilita identificar o risco que está sendo assumido, as expectativas quanto a inadimplência, bem como a necessidade de garantias na negociação.

Quanto menor o provisionamento, menor o risco. Sendo assim, a classificação AA não apresenta provisionamento para crédito de liquidação duvidosa, e a classificação H é o seu oposto, conforme podemos visualizar na tabela abaixo:

Tabela 2 - Classificação de Risco.

Classes de Risco AA A B C D E F G H

Provisionamento 0,00% 0,50% 1,00% 3,00% 10% 30% 50% 70% 100%

Fonte: Silva, (2008, p. 57)

2.7 OS RISCOS DE CRÉDITO

A preocupação com a liberação de crédito é pertinente, e sempre haverá elementos de incerteza sobre o pagamento de um crédito concedido. Para diminuir essas incertezas no momento da liberação, somente é possível “mensurando cuidadosamente as necessidades e a capacidade do cliente, para certificar-se de que o financiamento está bem ajustado.” (CAOUETTE, 1999, p. 1).

A capacidade de pagamento do tomador está relacionada diretamente ao risco de crédito, segundo Silva (2008, p. 29):

Cada vez que um banco concede um empréstimo ou um financiamento está assumindo o risco de não receber, ou seja, o cliente pode não cumprir a promessa de pagamento. As razões que levam o cliente ao não-cumprimento da promessa podem estar relacionadas ao seu caráter, a sua capacidade de gerir os negócios, aos fatores externos adversos ou a sua incapacidade de gerir caixa.

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O risco de crédito estará presente em todas as transações que envolvem pagamento futuro de um bem ou serviço, não há crédito sem risco, porém o risco deve ser mínimo e compatível ao negócio. (SCHRICKEL, 1997).

2.8 ACESSO DAS MPES AO MERCADO DE CRÉDITO

Sebrae-AP (2014): “O crédito, que estimula o nascimento de novos negócios, a implementação de inovação e tecnologia dentro da empresa e o aprimoramento da capacidade gerencial.”

O acesso ao crédito é um dos maiores desafios das empresas no país atualmente, principalmente quando se trata das MPES, as dificuldades de acesso ao crédito aumentam. O Relatório de Economia Bancária e Crédito do Banco Central do Brasil (2017) apontou que, as concessões de crédito as empresas tiveram queda de 2,7 %, e o saldo da carteira de crédito das MPES em 2017 teve redução de 13% em relação a 2016 e 29% em relação a 2015.

O Portal do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES (2018) divulgou uma pesquisa realizada pelo Sebrae, com 6.886 empreendedores em todo país em 2016, 83% dos pequenos negócios não recorreram a empréstimos bancários, “O custo do dinheiro, a burocracia e a exigência excessiva de garantias pelos bancos fazem com que os empreendedores busquem outras fontes para financiar seus negócios” afirma o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.

Para Lemes Júnior (2002) o sistema público deficiente no país, também agrava a situação das empresas em busca de crédito, pois o Governo utiliza de grande parte do recurso financeiro interno, aumentando as restrições a linhas de crédito e elevando também as taxas de juros. “O Banco Central do Brasil tem dificuldade de praticar uma adequada política monetária, pois o Governo não é neutro no processo e sim o principal tomador do mercado financeiro” (LEMES JÚNIOR, 2002, p.256)

As MPES também enfrentam uma análise de crédito criteriosa, na sua busca por crédito, que é feita pelos bancos e, na sua grande maioria, é a principal justificativa para não concessão do crédito.

2.9 LINHAS DE CRÉDITO PARA AS MPES

Uma empresa pode optar por utilizar o capital próprio, que é formado por recursos dos proprietários, ou pode utilizar de capital de terceiros que é formado por recursos financeiros

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onerosos: como as linhas de crédito ofertadas pelos bancos, e por recursos financeiros não onerosos: como o pagamento de fornecedores a prazo (LEMES JÚNIOR; PISA, 2010).

A grande maioria das MPES iniciam suas atividades com capital próprio, porém, ao longo do tempo, o investimento inicial precisa ser complementado. Para uma empresa prosperar e crescer são necessários investimentos e inovações, e isso, muitas vezes demanda um alto custo de investimento.

No país atualmente existem três tipos de linhas de créditos para as MPES, cujas características estão descritas na tabela a seguir:

Tabela 3 – Linhas de crédito disponíveis para as MPES.

Tipo Características

Para investimento e/ ou investimento fixo

O capital destinado à aquisição de máquinas e/ou equipamentos e obras civis indispensáveis à implantação, modernização,

funcionamento ou ampliação da empresa.

Para capital de giro Recurso destinado à compra de mercadorias, reposição de estoques, despesas administrativas, etc.

Capital de giro associado ao investimento ou

investimento fixo

A parcela de recursos destinada a cobrir as despesas que a

empresa terá com investimentos realizados. Ou seja, se a empresa financiou uma máquina, poderá necessitar de matéria-prima para a produção – neste caso, será financiado o capital de giro.

Fonte: SEBRAE, 1999

O crédito tem por finalidade fomentar a empresa, tornando-a mais competitiva e permanente no mercado. Uma solução para os empreendedores são as linhas de crédito, ofertadas por diversos bancos, para finalidades diferentes.

As opções de financiamentos dividem-se em dois grupos: as de curto prazo e as de longo prazo.

O financiamento de curto prazo, se destina ao financiamento do capital de giro, e possui maturidade de até um ano (SANTOS, 2010).

Para o financiamento de curto prazo, Santos (2010) cita algumas alternativas de fontes de financiamento disponíveis no mercado:

a) Crédito comercial: prazo de pagamento concedido através do financiamento com fornecedores.

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b) Crédito automático em conta corrente: tipo conta garantida, para garantir os déficits. Onde possui vantagens de utilizar apenas o valor exato que é necessitado e/ ou quando a empresa tem disponível uma aplicação a fazer com prazo menor. c) Desconto de duplicatas: Quando as taxas de juros estão elevadas, é significativa

a diferença entre a taxa de desconto e o custo efetivo.

d) Factoring: o risco é assumido pela factor, que financia a empresa vendedora. e) Vendor: o cliente paga a prazo para uma instituição financeira e a empresa

vendedora recebe a vista.

O financiamento de longo prazo, geralmente se destina para o investimento do negócio. Segundo Lemes Júnior (2002) têm prazo de um a sete anos e tem como principais formas de financiamento:

1. Capital Próprio: são recursos internos gerados por lucros retidos;

2. Capital de terceiros: são recursos externos sob a forma de endividamento; 3. Capital próprio: recursos externos sob forma de ações.

Para Santos (2010) o BNDES é a principal fonte de financiamento de longo prazo no Brasil, porém destaca também, que existe uma grande variedade de linhas de créditos, com diferente prazos, custos e formas de pagamento.

Lemes Júnior (2002), cita quais são as principais fontes de financiamento do BNDES: BNDES – Exim, FINAME Especial, Leasing FINAME, FINAC (Financiamento ao Acionista), PROGER (Programa de Geração de Renda) E MIPEM (Programa de Apoio à Micro e Pequena Empresa, o autor também destaca os Bancos como fonte de financiamento: Bancos comerciais, Bancos de investimento e Bancos Múltiplos.

É possível destacar que existem diversas linhas de crédito, e cabe a cada empresa, verificar qual o tipo de capital é mais indicado para a sua necessidade e levando em consideração qual a melhor ocasião para utilização dos recursos. E para facilitar a aprovação do crédito é necessário ter um planejamento, já que existem variadas condições para a concessão do crédito, e a sua administração.

2.10 PRINCIPAIS DIFICULDADES DE ACESSO AO CRÉDITO

A dificuldade de acesso ao crédito é para as MPES, um dos principais entraves para o crescimento e sobrevivência dos negócios. Para Amaral (1994), as MPES e o acesso ao crédito merecem crescente atenção, pois em sua maioria necessitam do capital de terceiros para o seu

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desenvolvimento. Amaral (1994) ainda destaca os principais fatores que dificultam o acesso das MPES as formas de financiamento, que podem se resumir em:

a) Altas taxas de Juros, que supera amplamente a rentabilidade da grande maioria dos pequenos negócios, tornando inviável qualquer tipo de endividamento. b) Excesso de formalidade e rigidez nas garantias impostas, com excesso de

burocracia, perde-se tempo com elaboração de documentos muitas vezes exigindo das pequenas empresas a mesma documentação exigida às empresas de grande porte, mesmo sabendo que a legislação beneficia as MPES a simplificação de seus registros. Quanto as garantias, pedem valores consideráveis sobre o montante do financiamento, além de pouca flexibilidade. c) É percebido um desinteresse por partes das instituições financeiras em conceder

crédito as MPES, pois envolve um potencial risco maior a concessão de crédito para empresas de pequeno porte do que de maior porte, e torna-se desfavorável o retorno financeiro sobre os custos operacionais correspondentes.

Segundo dados do Sebrae em O FINANCIAMENTO DAS MPES NO BRASIL” em 2017, pesquisa realizada com 6.889 empresas, que tem por objetivo identificar/monitorar como as MPES financiam seus negócios. A pesquisa destacou as principais dificuldades que as empresas encontraram para obter empréstimo novo, os fatores que receberam destaque foram, em ordem decrescente, a taxa de juros muito alta (48%), falta de garantias reais (20%), falta de avalista/ fiador (16%), documentação fiscal exigida (11%), documentação contábil exigida (10%), outras e nenhuma formam 28% dos pesquisados.

A pesquisa do Sebrae ainda destaca que, apenas 16% das empresas tentaram empréstimo novo, mas desses que tentaram, 82% (a maioria) encontrou dificuldades para obter empréstimo. As desculpas mais utilizadas pelos bancos para não conceder empréstimos foram: Conta corrente ou empresa muito nova, faltam linhas de créditos pra o perfil da empresa, inadimplência da empresa, faturamento da empresa muito baixo, insuficiência de garantias e a falta de documentos da empresa.

Segundo o Sebrae (2017):

As “insuficiências das empresas” são, de fato, características intrínsecas à muitos Pequenos Negócios, em especial, os mais novos e/ou os de menor porte, tais como falta de histórico (da empresa e/ou da relação com os bancos), falta de garantias, falta de recursos, baixo nível de atividade/movimentação, etc. Estas características esbarram muitas vezes nos critérios de seleção de clientes potenciais para os empréstimos bancários.

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Observa-se que a relação banco empresa, em geral dificulta o acesso ao crédito, o financiamento buscado pelas MPES, para seu crescimento ou sustento, não dispõe do apoio do setor bancário devido as exigências feitas para diminuir o risco na liberação do crédito. Neste contexto, muitas empresas que não encontram o financiamento que necessitam, encerram suas atividades devido à falta de recursos.

3. METODOLOGIA

Esta pesquisa pode ser classificada como bibliográfica, descritiva e de campo. Segundo Vergara (2000, p.48) é uma pesquisa bibliográfica, porque “é um estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado”.

Para Silva e Menezes (2000, p. 21), a pesquisa descritiva “visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento”.

A pesquisa é de campo ou levantamento quando é cometida por meio de investigação, que é definida por Kauark, Manhães e Medeiros (2010, p.28) “quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer”.

A pesquisa tem como abordagem a forma quantitativa, que “caracteriza-se pela formulação de hipóteses, definições operacionais das variáveis, quantificação nas modalidades de coleta de dados e informações, utilização de tratamentos estatísticos” (GRESSLER, 2004, p. 43).

O universo da pesquisa é constituído por MPES localizadas na região metropolitana de Florianópolis - SC. A amostra da pesquisa foi constituída por 32 MPES e foi utilizado a amostragem não probabilística, que é “aquela em que a seleção dos elementos da população para compor a amostra depende, ao menos em parte, do julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campo” (MATTAR, 2005, p. 271).

O instrumento de coleta de dados foi um questionário com 13 perguntas fechadas. Estes questionários foram enviados para 500 proprietários de MPES, que possuíam cadastro ativo em uma empresa Atacadista de Materiais para Construção. Para obter as respostas, foi enviado por e-mail o questionário em anexo, além da explicação de seu objetivo e sua finalidade. Obteve-se um índice de retorno de 6,4%, portanto foram respondidos 32 questionários e todos validos, pois apresentavam todas as questões respondidas. A coleta de dados foi realizado no período de 01/04/2019 a 10/06/2019.

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O questionário foi dividido em dois blocos, sendo o primeiro contendo perguntas sobre a caracterização da empresa: nome, tempo de funcionamento, setor de atividade e número de empregados. O segundo bloco de perguntas levantava informações sobre o financiamento e ao acesso ao crédito pelas MPES, foram feitas perguntas sobre os tipos de financiamentos utilizados atualmente, se utilizou de empréstimos bancários no período de 2013 a 2018, se teve sua solicitação atendida, quais foram as principais dificuldades e a finalidade do empréstimo, além do retorno bancário quanto a negação do crédito, e para finalizar também foi questionado o que poderia ser feito para facilitar a obtenção de crédito. Conforme mostrado na Apêndice A.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Como citado anteriormente, a pesquisa dividiu-se em dois blocos, o primeiro bloco do questionário caracterizava as empresas respondentes. Quanto ao tempo de existência, a maior parte doas empresas respondentes possuíam menos de 10 anos de funcionamento, sendo 9 (28,1%) empresas da amostra com menos de 2 anos, 7 (21,9%) tinham entre 3 a 5 anos e 6 (18,8%) tinham de 6 a 10 anos. Empresas que tinham entre 11 a 20 anos eram 6 (18,8%), de 20 a 30 anos eram 2 (6,3%) e acima de 30 anos também eram 2 (6,3%) respondentes.

A pesquisa foi aplicada na região da grande Florianópolis, onde tivemos respondentes nas cidades de Biguaçu (8,7%), Florianópolis (15,2%), Palhoça (19,6%), São José (13,0%) e Santo Amaro da Imperatriz (13%).

A tabela 4 apresenta o porte das empresas respondentes segundo a classificação do Sebrae. Observa-se que 53,13% das empresas eram do setor de comércio e 65,63% da amostra eram Microempresas.

Tabela 4 – Classificação do porte das empresas respondentes

Porte

Atividade econômica

Indústria Comércio Serviços Total

N % N % n % n %

Microempresa 2 6,25 11 34,38 8 25 21 65,63

Pequena empresa 1 3,13 6 18,75 4 12,5 11 34,38

Total 3 9,38 17 53,13 12 37,5 32 100,00

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa.

O segundo bloco do questionário buscava informações sobre o financiamento das empresas. A primeira pergunta levantava quais os tipos de financiamento que a empresa estava

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utilizando no momento da pesquisa, o respondente podia assinalar mais de uma alternativa, e as opções de modalidade de financiamento foram baseadas na pesquisa do Sebrae (2017).

De acordo com o gráfico 1, a modalidade mais utilizada pelas empresas, era o pagamento de fornecedores a prazo (59,4%). O cartão de crédito (40,6%), os empréstimos em bancos privados (31,3%) e o cheque pré-datado e assim como a antecipação de recebíveis (28,1% cada), também eram modalidades muito utilizadas. Foi possível identificar, através do cruzamento de dados, que o cartão de crédito é uma modalidade de financiamento usada apenas pelas empresas com até 10 anos de funcionamento. Comparando os resultados com a pesquisa do Sebrae (2017), a modalidade mais utilizada pelas empresas era a mesma, o pagamento de fornecedores a prazo, em seguida vinha o cheque pré-datado. Para o Sebrae (2017) “Negociação de prazo com fornecedor, cheque pré-datado e cheque especial são os principais instrumentos de financiamento das MPE”.

Gráfico 1 – Tipos de financiamento que estava utilizando no momento da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados da pesquisa.

Nos últimos 5 anos (2013 – 2018) das 32 empresas da amostra, 19 (59,4%) solicitaram empréstimo ou financiamento bancário, porém 5 (26,3%) tiveram seu pedido negado e 2 (10,5%) receberam parte do valor solicitado, as demais 12 (63,2%) receberam o valor total. Comparando esse resultado a pesquisa realizada por Krauter e Souza (2016), 88% dos seus entrevistados receberam o valor integral e apenas 12 % parcial, não tendo nenhum

1,0% 0,0% 0,0% 9,4% 40,6% 28,1% 9,4% 15,6% 31,3% 25,0% 28,1% 59,4% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% microcrédito factoring leasing dinheiro de amigos/parentes cartão de crédito antecipação do contas a receber empréstimo em cooperativa de crédito empréstimos em bancos públicos empréstimos em bancos privados cheque especial cheque pré-datado pagamento de fornecedores a prazo

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pedido de empréstimo negado. A principal razão dada pelo banco para não conceder o empréstimo foi de que, a empresa era muito nova (42,5%) ou de que faltavam linhas de crédito para o perfil (26,2%) e a insuficiência de garantias (13%) também foi um das razões. Para o Sebrae (2017), as insuficiências das empresas são características pertencentes aos Pequenos Negócios, tais como falta de histórico, falta de garantias e recursos e baixa nível de movimentação. Essas características muitas vezes esbarram na escolha de clientes para concessão dos empréstimos.

Quanto a finalidade do empréstimo, podendo assinalar mais de uma opção, conforme o gráfico aponta, o capital de giro é o principal motivo para a solicitação do crédito pelas empresas (43,5%), em seguida vem a compra de matéria prima ou mercadoria (34,8%) e a ampliação do negócio (30,4%), em tempos de crise o refinanciamento de dívidas também se destaca como uma finalidade, e são as empresas que possuem acima de 5 anos de funcionamento que mais estão buscando essa opção.

Gráfico 2: Finalidade que solicitou o empréstimo

Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados da pesquisa.

Para o Sebrae (2017) e para Krauter e Sousa (2016), a principal finalidade de empréstimo também foi para capital de giro, sendo 49% dos respondentes da pesquisa do Sebrae (2017) e 60,6% dos respondentes da pesquisa de Krauter e Sousa (2016).

Foi questionado as empresas que solicitaram empréstimo, quais foram suas principais dificuldades para obter crédito, podendo escolher mais de uma alternativa, citaram que a taxa de juros alta (57,8%), a falta de garantias (26,3%), a documentação exigida (21,8%) e a falta de avalista/ fiador (15,7%) eram suas maiores dificuldades. Para a pesquisa do Sebrae (2017) “Juros altos e falta de garantias continuam sendo as principais dificuldades”.

4,3% 17,4% 13,0% 30,4% 34,8% 43,5% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0%

desenvolvimento de novos produtos refinanciamento de dívidas compra de maquinas e equipamentos ampliação do negócio compra de matéria prima ou mercadorias capital de giro

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Gráfico 3: Principais dificuldades que encontrou durante a solicitação de empréstimo

Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados da pesquisa.

Das 13 (40,6%) empresas da amostra que não solicitaram empréstimo bancário no período de 2013 a 2018, podendo assinalar mais de uma opção, 66,7% justificaram que não necessitavam do empréstimo, 26,7% não gostavam de pagar juros, 16,2% não gostava de financiamentos e 6,7% dos respondentes citaram a burocracia como justificativa. A justificativa de que não necessitava do empréstimo, também foi a mais citada nas pesquisas do Sebrae (2017) e de Krauter e Sousa (2016). Para finalizar o questionário, foi perguntado na opinião do entrevistado, o que poderia ser feito para facilitar a obtenção de crédito, podendo assinalar mais de uma alternativa, obteve-se como principal resposta a redução das taxas e juros (82,1%), que vem em concordância com a principal dificuldade citada no momento de obter financiamentos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste estudo foi apresentar a importância das MPES no Brasil e quais suas principais dificuldades de acesso ao crédito e como se financiam. Com dados fornecidos pelo Sebrae, identificamos as MPES como pequenas organizações, com poucos empregados, porém que possuem uma grande relevância na economia brasileira, já que são a grande maioria dos estabelecimentos, além de um importante fomentador de empregos e que tem significativa participação no PIB.

O crédito é um dos principais agentes motivadores para o crescimento das MPES, como são pequenos negócio que muitas vezes iniciam com investimento de capital próprio, para se manterem e crescerem buscam o crédito de terceiros, através das linhas de financiamento disponíveis no mercado, porém enfrentam grandes dificuldades para obter crédito, devido ao pouco tempo de mercado e as faltas de garantias exigidas pelos bancos.

0,0% 57,8% 21,8% 15,7% 26,3% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% nenhuma dificuldade

taxa de juros alta documentação exigida falta de avalista/fiador falta de garantias

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A análise de crédito criteriosa feita pelas instituições financeiras no momento da concessão do crédito, a elevada burocracia e as garantias exigidas são ferramentas utilizadas pelos bancos para diminuir os riscos e a incerteza da concessão do crédito. As elevadas taxas de mortalidade e as causas citadas por Chiavenato (2007), como a inexperiência do empresário, podem ser argumentos utilizados pelos agentes financiadores para não querer conceder crédito as MPES.

Com os resultados da pesquisa pode-se evidenciar que as MPES na sua maioria recorrem ao crédito para o seu capital de giro, e também para investimento no negócio. Porém a modalidade mais utilizada de crédito ainda é o pagamento a prazo de fornecedores. A busca pelo financiamento muitas vezes é barrada pelo tempo de funcionamento e também pelas poucas opções de linhas de crédito para o perfil da empresa.

Das empresas que solicitaram financiamento, a principal dificuldade encontrada foi a alta taxa de juros, muitas vezes existente pela falta de linhas de crédito especificas para as MPES, e foi também a alta taxa de juros que as empresas citaram na pesquisa como uma das principais barreiras na busca pelo crédito. Isso pode ser justificado pela deficiência nas políticas públicas de estimulação ao crescimento das MPES.

O estudo contribuiu para alcançar maior conhecimento acerca do universo das MPES, a partir de suas dificuldade e de como se financiam foi alcançado, Sendo que no decorrer da pesquisa houve limitações quanto a amostra, devido os poucos respondentes alcançados, podendo ser justificado pelo receio que as empresas tem, em fornecer dados financeiros. O método de amostragem não probabilístico, utilizado para selecionar as empresas da amostra, também foi uma limitação, pois não é possível generalizar os resultados encontrados.

Conclui-se que apesar da importância do tema, ainda são poucos os estudos que abordam esse seguimento. Portanto, sugere-se que sejam feitas novas pesquisas e que a dificuldade de acesso ao crédito seja mais vezes abordado e discutido, principalmente com a intenção de criar novas linhas de crédito para a fomentação e desenvolvimento das MPES. Este estudo levantou informações que servem de base para novas pesquisas, pois as MPES carecem de informações sobre o tema, de novas políticas públicas e de maiores incentivos.

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