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Reabilitação: manutenção, uso, durabilidade e vida útil

PREVISÃO DA VIDA ÚTIL DOS REVESTIMENTOS DE FACHADA

Jorge de Brito, Pedro Lima Gaspar e Ana Silva

(1) Professor Catedrático, Departamento de Engenharia Civil, Arquitectura e Georrecursos, IST, jb@civil.ist.utl.pt (2) Professor Auxiliar, Faculdade de Arquitectura, UTL, pmgaspar@fa.utl.pt

(3) Mestre em Engenharia Civil, IST, anasilva931@msn.com

RESUMO

Nas últimas décadas, tem-se assistido a uma crescente preocupação com a sustenta-bilidade económica e ambiental do sector da construção. Deste modo, surge a necessidade de conceber os edifícios com critérios de durabilidade, verificando-se assim um aumento no interesse relativo à previsão da vida útil de referência dos elementos e materiais de construção, em condições de utilização.

No presente estudo, aborda-se uma metodologia geral de previsão da vida útil dos revestimentos de fachada. Esta metodologia baseia-se no levantamento, através de ins-pecções visuais, do estado de degradação dos revestimentos de fachada, modelando a sua degradação ao longo do tempo. A metodologia proposta, inicialmente validade através da análise dos rebocos exteriores correntes, foi já aplicada num conjunto de trabalhos de investigação em revestimentos de fachada (revestimentos cerâmicos aderentes em facha-da, revestimentos de parede em pedra natural, revestimentos de superfícies pintadas em paredes exteriores, sistemas de isolamento térmico pelo exterior (ETICS)).

Além desta metodologia, é ainda abordada a modelação estatística da previsão da vida útil dos revestimentos de fachada. As ferramentas estatísticas utilizadas dão uma indicação de quais os factores mais relevantes para explicar a degradação dos revestimen-tos de fachada, permitem incorporar a noção de incerteza e fornecem uma visão probabi-lística da sua durabilidade e vida útil.

Palavras-chave: previsão da vida útil, revestimentos de fachada, modelação estatís-tica.

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I.INTRODUÇÃO

Todos os edifícios, apesar de serem, regra geral, considerados bens de grande longe-vidade, iniciam um processo contínuo de degradação, a partir do momento em que são construídos - uma evolução normalmente lenta e quase imperceptível no início, mas que acelera ao longo do tempo, durante a fase de utilização [Gaspar 2002].

Os revestimentos, por constituírem a “pele” dos edifícios, servem de primeira protec-ção da estrutura, possuindo, na maioria dos casos, uma vida útil menor. De facto, os re-vestimentos são os elementos da construção mais sujeitos aos agentes de degradação. O seu desempenho tem consequências directas na percepção dos utilizadores em relação ao ambiente construído. Na realidade, as intervenções ao nível da fachada podem decorrer da vontade ou necessidade de melhorar o desempenho dos edifícios.

A previsão da vida útil permite um conhecimento mais aprofundado da durabilidade dos elementos da construção. Através dos estudos de previsão da vida útil, é possível de-finir o instante no qual é necessário actuar e, assim, evitar os custos elevados associados a reparações urgentes. Deste modo, pode-se definir, de forma informada, estratégias de manutenção e reparação dos elementos estudados.

A previsão da vida útil serve assim um objectivo mais abrangente, o de adoptar solu-ções mais sustentáveis e racionais (mais económicas, mais eficientes, com mais qualidade, maior segurança, com melhor manutenção, menos poluentes), tornando possível perce-ber como actuar face a um parque construído vasto e envelhecido.

No âmbito da previsão da vida útil, destacam-se aqui duas metodologias distintas: os métodos determinísticos e os métodos estatísticos. Os métodos determinísticos baseiam-se no estudo dos factores de degradação que afectam os elementos estudados, na com-preensão dos seus mecanismos de actuação e, por fim, na sua quantificação traduzida em funções de degradação. Estes métodos têm a vantagem de serem fáceis de implementar, sendo capazes de ultrapassar as lacunas existentes na informação disponível. No entanto, a maior crítica de que estes métodos são alvo prende-se com o facto de serem demasia-dos simplistas para modelarem a realidade.

A utilização dos métodos estatísticos na previsão da vida útil tem vindo a aumentar nos últimos anos. Estes métodos implicam, por vezes, um tratamento estatístico complexo e a sua utilização depende da quantidade de dados disponíveis, sendo necessários tantos mais dados quanto maior a complexidade do fenómeno que se pretende modelar estatis-ticamente. No entanto, através destes métodos, é possível incluir nos modelos de previ-são da vida útil a noção de risco e incerteza, fornecendo uma viprevi-são probabilística dos fe-nómenos de degradação.

II. METODOLOGIA GERAL

Gaspar [2002], Gaspar & Brito [2008] e Gaspar [2009], com base noestudo da degra-dação de rebocos correntes em fachadas, definiram uma metodologia geral de previsão da vida útil dos elementos da construção. Esta assenta na modelação da perda de desempe-nho dos elementos ao longo do tempo, estimando a durabilidade destes para determina-do nível mínimo de desempenho. Para tal, são feitos levantamentos da ocorrência de anomalias (através de um extenso trabalho de campo, com recurso a inspecções visuais), por tipo de anomalia, por área opaca afectada e por condição. A metodologia adoptada permite definir um índice numérico, designado de severidade da degradação, que permite

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definir o estado de degradação das fachadas inspeccionadas de acordo com a expressão (1):

A kk k A S n n an    

, (1)

Onde: S - representa a severidade da degradação da fachada, normalizada, expressa em percentagem; An - a área de fachada afectada por uma anomalia n, em m2; kn -

cons-tante de ponderação das anomalias n, em função da sua condição, tomando os valores pertencentes ao espaço K = {0, 1, 2, 3, 4}; ka,n - constante de ponderação do peso relativo

das anomalias detectadas, definido em função do custo de reparação das anomalias, em que ka,n Є R+; k - constante de ponderação igual ao nível de condição mais elevada da

de-gradação de uma fachada de área A; A - área da fachada, em m2.

Conhecendo a idade das fachadas ou a data das mais recentes intervenções nestas, é possível expressar graficamente o processo de degradação através do conjunto de pontos definidos pelos pares (x, y), onde as abcissas (x) correspondem à variável “idade” e as ordenadas (y) à variável “severidade da degradação” para a amostra estudada. Através de uma análise de regressão simples (não linear), é possível determinar os parâmetros da equação que melhor se ajusta à amostra, correspondente à curva média de degradação da amostra. Na Figura 1, ilustra-se a curva de degradação correspondente ao caso concreto dos rebocos correntes, para uma amostra de 100 casos de estudo [Gaspar, 2009].

Figura 1 - Curva média de degradação da amostra

O quadrado do coeficiente de correlação momentânea do produto de Pearson (R2) permite avaliar o grau de explicação do modelo. No presente caso, R2 toma o valor de aproximadamente 0,86, o que significa, grosso modo, que 86% da variabilidade encontra-da para y (severiencontra-dade) é explicaencontra-da por x (iencontra-dade do revestimento), devendo-se os restantes 14% a outros factores.

Apesar da relativa simplicidade do conceito de vida útil, esta é extremamente difícil de prever ou simular através de modelos pois depende da definição de critérios de aceita-ção, variáveis em função da época, do lugar, do avaliador e, de facto, de todo o contexto social, económico, político, estético, ambiental ou normativo que enquadra o julgamento sobre a construção [Gaspar 2009]. Admitindo um nível máximo de degradação entre 20% a 25%, obtém-se uma vida útil estimada entre 20 e 25 anos.

A metodologia descrita, também designada como método gráfico, fornece indicações indispensáveis para a quantificação de factores no âmbito de métodos factoriais. De facto, o método factorial, inicialmente proposto e descrito pelo Architectural Institute of Japan, corresponde a uma matriz de uma metodologia de previsão da vida útil, onde é possível integrar tanto diferentes formas de quantificação ou de expressão dos factores e

subfac-Tempo (anos) S e v e ri d a d e d a d e g ra d a çã o y = 0,000006x3-0,000223x2+0,011785x R2=0,859823

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tores de durabilidade como distintos modos de produção de resultados, desde valores absolutos até distribuições estatísticas de resultados. O método factorial, devido à sua flexibilidade e a uma relativa facilidade de aplicação, tornou-se uma das principais meto-dologias preconizadas, sendo a base da norma internacional para a durabilidade, já parci-almente publicada [ISO 15686: 2000]. Este método consiste determinação de uma vida útil estimada a partir da vida útil de referência multiplicada por uma série de factores adaptados a condições específicas de cada caso, tal como indicado na expressão (2).

VUE = VUR ∙ A ∙ B ∙ C ∙ D ∙ E ∙ F ∙ G (2)

Onde, segundo a norma ISO 15686 [2000]: VUE - vida útil estimada; VUR - vida útil de referência; A - factor relacionado com a qualidade dos materiais; B - factor relacionado com o nível de projecto; C - factor relacionado com o nível de execução; D - factor relacio-nado com as condições do ambiente interior; E - factor relaciorelacio-nado com as condições do ambiente exterior; F - factor relacionado com as condições de uso; G - factor relacionado com o nível de manutenção.

A metodologia desenvolvida foi validada através da comparação dos resultados da vida útil estimada através dos dois métodos propostos, o método gráfico e o método fac-torial. A taxa de sucesso das estimativas, para o caso dos rebocos correntes, foi bastante significativa. As metodologias propostas demonstraram ser fáceis de aplicar (por oposição a outras, mais rigorosas, mas mais complexas), funcionando como um instrumento de apoio à manutenção e gestão do património edificado.

II. APLICAÇÃO DA METODOLOGIA GERAL

A metodologia de previsão da vida útil proposta por Gaspar [2002], Gaspar & Brito [2008] e Gaspar [2009], inicialmente desenvolvida para os revestimentos de rebocos cor-rentes, estabeleceu um modelo de enquadramento que permitiu a sua posterior adapta-ção a outros tipos de revestimentos de fachada, tais como:

 revestimentos cerâmicos aderentes em fachada (117 casos de estudo) [Borda-lo 2008; Galbusera 2012];

 revestimentos de parede em pedra natural (269 casos de estudo) [Silva 2009; Silva et al. 2011a; Emídio 2012];

 revestimentos de superfícies pintadas em paredes exteriores (200 casos de es-tudo) [Chai 2011];

 sistemas de isolamento térmico pelo exterior (ETICS) [Ximenes 2012].

No caso dos revestimentos cerâmicos aderentes, constatou-se, para os 117 casos ana-lisados, que as curvas de degradação obtidas podiam ser de dois tipos, lineares e convexas (Figura 2). Por os patamares de degradação terem um intervalo crescente à medida que o nível de degradação das fachadas aumenta, teoricamente a curva convexa é mais adequa-da para representar a evolução dos revestimentos cerâmicos. Da análise dos coeficientes de correlação, observou-se que os valores obtidos foram muito baixos, indicando que es-tas curvas não são estatisticamente relevantes. Este facto indica que a amostra analisada não é capaz de tipificar uma degradação para os revestimentos cerâmicos, estando os valores excessivamente dispersos para retirar qualquer conclusão sobre a sua evolução. Isto pode significar que os revestimentos cerâmicos em análise estão afectados de

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dife-rentes factores que provocam difedife-rentes tendências de evolução criando consequente-mente esta dispersão.

A aplicação da metodologia geral aos revestimentos pétreos foi realizada inicialmente para 120 casos de estudo [Silva 2009], que incluíam casos fixados directa e indirectamente ao suporte. Posteriormente, esta amostra foi complementada com mais casos de estudo tornando-se numa amostra de 169 casos [Silva et al. 2011a]. No entanto, na amostra ana-lisada, apenas 27 casos correspondiam a fixação indirecta ao suporte; tratando-se de edi-fícios recentes (com idades inferiores a 15 anos) e cuja curva de degradação não apresen-tava relevância estatística, afigurou-se mais interessante analisar apenas os casos de fixa-ção directa ao suporte (excluindo os restantes casos dos estudos que se seguiram). Reali-zada a análise de regressão simples e definida a curva de degradação para os revestimen-tos pétreos (Figura 3), obtém-se um R2 de aproximadamente 0,82 o que revela que esta é estatisticamente relevante. Admitindo um nível máximo de degradação de 20%, obtém-se uma vida útil estimada de aproximadamente 68 anos.

O trabalho de Emídio [2012], em fase final, centra-se na aplicação do método factorial para a estimativa da vida útil de revestimentos pétreos. A autora procurou, em primeiro lugar, complementar a amostra de Silva [2009] e Silva et al. [2011a], contabilizando tam-bém os casos de revestimentos pétreos com fixação indirecta ao suporte. Na amostra ana-lisada, constatou-se que, dos 269 revestimentos estudados, 15 apresentavam uma execu-ção deficiente; analisando as curvas de degradaexecu-ção obtidas de acordo com o nível de exe-cução, verificou-se que os valores de R2 obtidos são relativamente elevados quer para os casos de boa execução quer nos casos de execução deficiente. Além do factor C, relativo ao nível de execução, Emídio [2012] procura ainda definir todos os outros factores e sub-factores que influenciam a durabilidade dos revestimentos pétreos, através do método factorial. Este estudo aborda ainda diferentes metodologias para a determinação da vida útil estimada para cada ponto da amostra, através do método gráfico, que permitirá a validação dos resultados obtidos pelo método factorial.

Figura 2 - Curva média de

degradação obtida para os revestimentos cerâmicos aderentes [Bordalo 2008]

Figura 3 - Curva média de

degradação obtida para os revestimentos pétreos [Silva

et al. 2011a]

Figura 4 - Curva média de

degradação obtida para as superfícies pintadas em

pare-des exteriores [Chai 2011] Quanto à aplicação da metodologia geral à previsão da vida útil das superfícies pinta-das em paredes exteriores, verificou-se que as curvas de degradação (linear e polinomial de segundo grau) obtidas (Figura 4), para os 200 casos analisados, apresentam valores de R2 relativamente elevados (R2 de 0.74 e 0.89, respectivamente). A curva polinomial é a que melhor corresponde ao padrão de degradação da amostra estudada. Neste caso, a variabilidade da degradação é explicada a 89% pelo modelo, ou seja, 89% da variabilidade de y (degradação) é explicada por x (idade da pintura) e 11% deve-se a outros factores.

y = 1.4945x R² = 0.3683 y = 0.015x2+ 0.8223x R² = 0.3894 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 0 20 40 60 S e v e ri d a d e d a d e g ra d a ç ã o ( % ) Tempo (anos) y = 9E-07x3- 5E-05x2+ 0.0021x R² = 0.8177 y = 0.0025x R² = 0.636 0% 10% 20% 30% 40% 50% 0 20 40 60 80 100 S e v e ri d a d e d a d e g ra d a ç ã o Tempo (anos) y = 0.002x2+ 0.0011x R² = 0.886 y = 0.025x R² = 0.7373 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 0 10 20 S e v e ri d a d e d a d e g ra d a ç ã o Tempo (anos)

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Admitindo um nível máximo de degradação de 20%, obtém-se uma vida útil estimada de aproximadamente 10 anos.

III. MODELAÇÃO ESTATÍSTICA

Nos últimos anos, tem-se vindo a demonstrar a aplicabilidade de diferentes tas estatísticas na previsão da vida útil dos revestimentos de fachada. O uso de ferramen-tas estatísticas alia o estudo da degradação dos revestimentos em condições reais de utili-zação com a elaboração de modelos matemáticos que permitem avaliar a sua durabilidade e vida útil e integrar a incerteza na determinação destes parâmetros.

A análise de regressão é uma das técnicas estatísticas mais utilizadas quando se quer explicar determinada realidade, tentando antever o comportamento da variável depen-dente em função do conhecimento das variáveis independepen-dentes. Com recurso a uma re-gressão múltipla linear, é possível determinar quais as características dos revestimentos de fachada (variáveis independentes) que mais contribuem para explicar a sua severidade da degradação (variável dependente). Procedendo a uma análise deste tipo para o caso dos revestimentos pétreos e utilizando 140 casos de estudo, Silva et al. [2011b] analisa-ram as características destes revestimentos que influenciam a sua severidade da degrada-ção. Foram assim analisadas 12 características: a idade; o tipo de pedra natural; a cor da pedra; o tipo de acabamento; a localização do revestimento; a exposição à humidade; a orientação; a acção vento - chuva; o tipo de utilização; a altura do edifício; a dimensão das placas pétreas; e a proximidade do mar. Os autores concluíram que a severidade da degradação deste tipo de revestimentos depende em primeira instância da idade das fa-chadas, em seguida da proximidade do mar, depois do tipo de acabamento da pedra natu-ral e, por fim, da área das placas pétreas que constituem o revestimento. Foi assim possí-vel obter uma expressão matemática que permite determinar a severidade da degradação para cada caso de estudo em função destas 4 variáveis. Com a utilização desta expressão e para um nível máximo de degradação de 20%, obtém-se uma vida útil estimada média de 77 anos, com um desvio padrão de 11,2 anos.

Uma vez que das doze características analisadas apenas quatro eram estatisticamente significativas, afigurou-se interessante proceder à análise das relações causais entre variá-veis, tentando assim perceber se as restantes variáveis contribuem de forma indirecta para a explicação da severidade da degradação. Para isso, utilizou-se uma análise de tra-jectórias, que se trata, grosso modo, de uma generalização da regressão múltipla linear. Este tipo de análise permite decompor a associação entre variáveis. Estabeleceram-se assim novos modelos de regressão, onde em cada um deles se introduz como variável dependente uma das variáveis consideradas como explicativas da severidade da degrada-ção. Esta análise permitiu assim obter uma fórmula matemática para determinar a severi-dade da degradação para cada caso de estudo em função da sua iseveri-dade, da localização do revestimento, da exposição à humidade, da orientação, da acção vento - chuva, da cor e tipo de pedra natural, do tipo de utilização e altura do edifício. Com a utilização desta expressão e para um nível máximo de degradação de 20%, obtém-se uma vida útil estima-da média de 77 anos, com um desvio padrão de 7,9 anos.

Existem ainda ferramentas estatísticas, como a regressão logística multinomial, que permite, por exemplo, representar a distribuição probabilística da condição da degradação das fachadas ao longo do tempo. Silva et al. [2011d] definem, para os revestimentos

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pé-treos, a probabilidade de pertencer a uma dada condição de degradação em função da idade dos revestimentos. A escala de condição de degradação adoptada compreende três níveis de degradação, correspondendo o nível 1 à condição mais favorável e o nível 3 à condição mais desfavorável (correspondendo ao limite de vida útil). Verifica-se que a pro-babilidade de um caso de estudo pertencer ao nível 3 de degradação aumenta ao longo do tempo, sendo praticamente inexpressiva até aos 50 anos. Verifica-se ainda que, a par-tir dos 70 anos, a probabilidade de um revestimento pétreo ter atingido o fim da vida útil é superior a 90%. O modelo proposto através da regressão logística multinomial classifica correctamente 81,4% dos casos analisados, o que assegura a validade estatística do mode-lo. Além disso, é ainda possível analisar a probabilidade da condição da degradação ao longo do tempo em função, por exemplo, dos agentes ambientais que contribuem para e fomentam a degradação dos revestimentos de fachada.

Outro dos métodos estatísticos que pode ser utilizado na previsão da vida útil dos re-vestimentos de fachada consiste nas redes neuronais artificiais (RNAs). As RNAs são con-cebidas de modo a “aprender” com um conjunto de dados de entrada e de saída perten-centes a um dado problema (amostra de aprendizagem), sendo capazes de generalizar e prever o comportamento de novos dados com base no conhecimento adquirido através da amostra de aprendizagem. Silva et al. [2011c] demonstraram a aplicabilidade desta ferra-menta na previsão da vida útil dos revestimentos pétreos. Utilizando como variáveis de entrada a idade dos revestimentos, o tipo de acabamento, a proximidade do mar e a área da placa pétrea, os autores exploram diferentes arquitecturas para a rede neuronal, selec-cionando aquela que apresenta um melhor desempenho global, em função de diferentes parâmetros estatísticos analisados. Concluídos os procedimentos de selecção da rede neuronal, é possível obter uma formulação explícita da severidade da degradação. Desta forma, e admitindo, uma vez mais, um nível máximo de degradação de 20%, obtém-se uma vida útil estimada média de 80 anos, com um desvio padrão de 9,3 anos.

IV. CONCLUSÕES

A metodologia geral de previsão da vida útil desenvolvida demonstrou ser viável e ex-pedita, mas exige algumas afinações. Esta metodologia, que assenta em inspecções visu-ais, pode ser aplicada a situações práticas, uma vez que a sua utilização é de fácil compre-ensão. A metodologia desenvolvida provou ser susceptível de ser aplicada a qualquer elemento da construção.

A modelação estatística da previsão da vida útil permite conhecer melhor um fenó-meno complexo como é a degradação das fachadas. Permite ainda determinar quais as características das fachadas que contribuem de forma mais significativa para explicar a sua degradação. Além disso, é possível compreender a forma como as diferentes caracte-rísticas se combinam e explicam entre si, hierarquizando-as. Os modelos estatísticos apre-sentados permitem obter uma obter fórmulas matemáticas, cuja aplicação pode ser es-tendida a outros casos e que permitem determinar a vida útil estimada para cada caso analisado.

Após a conclusão da definição dos diferentes modelos matemáticos para a previsão da vida útil por revestimento, importa analisar numa perspectiva global toda a fachada, procedendo à integração de diferentes modelos na previsão da vida útil global de facha-das compostas por mais do que um tipo de revestimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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