Grupo I
Grupo I
Apresenta as tu
Apresenta as tuas respostas de as respostas de forma bem eforma bem estruturada.struturada.
A
A
Lê o poema de Ruy Belo.
Lê o poema de Ruy Belo.
5 5 10 10 15 15
O Portugal Futuro
O Portugal Futuro
O portugal futuro é um paísO portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharã
as profundas crianças desenharão a o a gizgiz
esse peixe da infância que vem na
esse peixe da infância que vem na enxurradaenxurrada
e me parece que se chama sável
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e
portugal será e lá serei felizlá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e
ter a oeste o mar e a espanha a lestea espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à
e na avenida que houver à beira-marbeira-mar
pode o tempo m
pode o tempo mudar será verãudar será verãoo
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro
edificar sobre ele o portugal futuro
BELO, Ruy, 2004. “País Possível”. In
BELO, Ruy, 2004. “País Possível”. InTodos os Poemas II Todos os Poemas II .. 2.ª ed. Lisboa: Assírio & Alvim (p.
2.ª ed. Lisboa: Assírio & Alvim (p. 147) (1.ª ed.: 2000)147) (1.ª ed.: 2000)
1.
1. Caracteriza oCaracteriza o “portugal futuro” “portugal futuro” , conforme descrito nos versos 1 a 6 e atendendo ao valor, conforme descrito nos versos 1 a 6 e atendendo ao valor
simbólico das referências ao
simbólico das referências ao “pássaro”“pássaro” (v. 2)(v. 2)e àse às “crianças”“crianças”(v. 4)(v. 4).. 2.
2. Interpreta o sentido dos versos 7 a 16, considerando a relação que estabelecem com osInterpreta o sentido dos versos 7 a 16, considerando a relação que estabelecem com os
anteriores.
anteriores.
3.
B Lê o excerto d’Os Maias. 5 10 15 20 25
Eram quatro horas, o sol curto de inverno tinha já um tom pálido. Tomaram a tipoia. No Rossio, Alencar, que passava, que os viu –
parou, sacudiu ardentemente a mão no ar. E então Carlos exclamou, com uma surpresa que já o assaltara essa manhã no Bragança:
– Ouve cá, Ega! Tu agora pareces íntimo do Alencar! Que
transfor-mação foi essa?
Ega confessou que realmente agora apreciava imensamente o Alen-car. Em primeiro lugar, no meio desta Lisboa toda postiça, Alencar per-manecia o único português genuíno. Depois, através da contagiosa in-trujice, conservava uma honestidade resistente. Além disso, havia nele lealdade, bondade, generosidade. O seu comportamento com a sobri-nhita era tocante. Tinha mais cortesia, melhores maneiras que os novos. Um bocado de piteirice1não lhe ia mal ao seu feitio lírico. E, por fim, no
estado a que descambara a literatura, a versalhada do Alencar tomava relevo pela correção, pela simplicidade, por um resto de sincera emo-ção. Em resumo, um bardo2infinitamente estimável.
– E aqui tens tu, Carlinhos, a que nós chegámos! Não há nada, com
efeito, que caracterize melhor a pavorosa decadência de Portugal, nos últimos trinta anos, do que este simples facto: tão profundamente tem baixado o carácter e o talento, que de repente o nosso velho Tomás, o
homem da Flor de Martírio, o Alencar de Alenquer, aparece com as pro- porções de um génio e de um justo!
Ainda falavam de Portugal e dos seus males, quando a tipoia parou. Com que comoção Carlos avistou a fachada severa do Ramalhete, as janelinhas abrigadas à beira do telhado, o grande ramo de girassóis
fa-zendo painel no lugar do escudo de armas!
QUEIRÓS, Eça de, 2015.Os Maias. Porto: Porto Editora (pp. 722-723) (1.ª ed.: 1888)
1.embriaguez;2. poeta.
4. Relaciona a “transformação”(ll. 5-6)de Ega com a crítica de costumes desenvolvida n’Os Maiase
anunciada no subtítulo do romance.
5. Justifica a “comoção” (l. 24) de Carlos ao chegar ao Ramalhete, tendo em conta o momento da ação e o valor simbólico daquele espaço.
Grupo II
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.
Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida. Lê atentamente o texto. 5 10 15 20 25 30 35
Portugal é o tema favorito dos portugueses. Somos caso único no mundo: outros povos preocupam-se com as suas vidas públicas ou privadas. Assuntos banais em existências banais. Nós, os portugueses, vivemos obcecados com temas mais metafísicos. A nossa alma. A nossa
identidade. O nosso destino comum. Portugal é a nossa amante. A nossa neurose. E alguns sábios, confrontados com o cenário, afirmam seriamente que é tudo um problema de autoes-tima: os portugueses são melancólicos como o seu fado e olham medrosamente para o espe-lho, só para confirmarem que ainda existem.
Por favor, não acreditem numa só palavra. O problema dos portugueses não é a falta de autoestima. É o excesso. Só por excesso de autoestima se compreende o namoro constante de Portugal consigo próprio.
A culpa é do passado. A história portuguesa, por necessidade ou vocação, foi uma história de megalomania. E de grandeza. Pior: de insólita grandeza. Como é possível ser um pequeno país no extremo ocidental da Europa e ter dividido o mundo com Espanha no século XV?
Como foi possível ter dominado partes de África, da Ásia e do Brasil? Meu Deus: é como con-vidar um anão para jogar na NBA. E ele encestar. Portugal foi esse aristocrata improvável. E hoje, depois de perdido o Império, o aristocrata arruinado gosta de deambular pelos corredo-res envelhecidos do palácio. Não temos dinheiro para mandar consertar os candelabros. Mas ainda os temos. Nós, portugueses, gostamos intimamente desse masoquismo vaidoso.
Visitar Portugal é visitar esse palácio envelhecido. É visitar Lisboa, cidade sonolenta sob um sol divino, que desce como um gato até ao rio. Ou o Porto, cidade pétrea que emerge sob uma bruma matinal, como acontece em alguns sonhos de fadas ou elfos. Se passarem pelas duas cidades, estejam atentos aos contrastes: os lisboetas, mais festivos e calorosos nos seus temperamentos mediterrânicos; os portuenses, mais reservados, de carácter tipicamente atlântico; mas ambos orgulhosos das suas joias.
Lisboa é a cidade dos poetas: aqueles que cantaram o Tejo, como Camões; as sete colinas, como Cesário; o Chiado, como Pessoa. O Porto é a cidade dos burgueses: aqueles que vendem o vinho com o mesmo nome; que se passeiam pela Foz durante o dia; e que mergulham na velha Ribeira quando a noite cai. Mas Portugal não se reduz a duas cidades. Portugal é sobre-tudo uma língua de terra que se abre para o oceano. As praias, de onde partiam os barcos para o mundo, são hoje o porto de férias para o mundo que aqui vemos chegar. E a mesa portuguesa é o resultado perfeito dessa junção perfeita entre o trabalho do homem e os frutos do mar.
E se pensam que os portugueses esqueceram o céu, não se iludam: de norte a sul, este é um país semeado por casas de Deus, algumas pequenas, definitivamente rústicas. Mas teste-munho válido de que os portugueses sempre acreditaram que de nada vale ganhar o mundo quando se perde a eternidade.
1. No primeiro parágrafo, depois da tese que introduz o tema do artigo, o autor serve-se de (A) argumentos(ll. 1-3)e exemplos(ll. 4-7).
(B) juízos de valor(ll. 3-4)e argumentos(ll. 4-7). (C) exemplos(ll. 3-4)e um contra-argumento(ll. 4-7). (D) contra-argumentos (ll. 1-4)e exemplos(ll. 4-7).
2. Os processos de formação das palavras“megalomania” (l. 12)e“NBA”(l. 15)são, respetivamente, (A) composição e acrónimo.
(B) amálgama e sigla. (C) derivação e truncação. (D) composição e sigla.
3. A comparação usada nas linhas 14-15
(A) salienta as diferenças existentes entre Portugal e Espanha na época da expansão. (B) ridiculariza a decadência nacional no período pós-império marítimo.
(C) reforça a excecionalidade dos feitos portugueses no tempo dos Descobrimentos.
(D) intensifica a discrepância de condições de Portugal face à“África”e à“Ásia” (l. 14), no século XV.
4. A informação apresentada depois dos dois pontos, na linha 22, concorre, em termos de coerência textual, para o respeito pelo princípio
(A) da não tautologia. (B) da não contradição. (C) da relevância.
(D) de cortesia.
5. A única expressão que não desempenha a função sintática de complemento oblíquo é (A) “com temas mais metafísicos”(l. 3).
(B) “numa só palavra” (l. 8).
(C) “de deambular pelos corredores envelhecidos do palácio” (ll. 16-17). (D) “das suas joias” (l. 24).
6. As referências aos“poetas” “Camões”(l. 25),“Cesário” e “Pessoa”(l. 26)contribuem para a coesão (A) temporal.
(B) interfrásica. (C) referencial. (D) lexical.
7. Nas linhas 5 e 32, a palavra“que” é (A) um pronome em ambos os casos. (B) uma conjunção em ambos os casos.
(C) um pronome e uma conjunção, respetivamente. (D) uma conjunção e um pronome, respetivamente.
8. O nome “cenário” (l. 5), derivado do étimo latino scaenar ĭ u-, apresenta atualmente uma forma
idêntica à de “cenário”, adjetivo relativo a “ceia” e derivado do étimo latinocena-. Classifica as duas
palavras, considerando a sua origem e evolução.
9. Identifica a função sintática do constituinte“hoje o porto de férias para o mundo que aqui vemos
chegar” (l. 30).
10. Classifica a oração subordinada presente no excerto das linhas 21 a 24 e refere a função sintática que desempenha.
Grupo III
Relê o início do texto transcrito no grupo II:
Portugal é o tema favorito dos portugueses. Somos caso único no mundo: outros povos preocupam-se com as suas vidas públicas ou privadas. Assuntos banais em existências banais. Nós, os portugueses, vivemos obcecados com temas mais metafísicos. A nossa alma. A nossa
identidade. O nosso destino comum.
COUTINHO, João Pereira, 2012.Op. Cit.
Redige um texto de opinião em que defendas um ponto de vista pessoal sobre a perspetiva apresentada no excerto.
Escreve um texto bem estruturado, de duzentas a trezentas palavras, respeitando as marcas do género.
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2017/).
2. Desvios dos limites de extensão indicados implicam uma desvalorização.
Cotações
Grupo
Item
Cotação (em pontos)
I 1.a5. 5 x 20 pontos 100 II 1.a10. 10 x 5 pontos 50
III Item único
50