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Organizaçaõ e Funcionamento das Escolas Secundárias: estudo caso Escola Técnica João Varela

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CURSO DE LICENCIATURA EM ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE EMPRESAS

Mindelo, 2014

ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS ESCOLAS SECUNDÁRIAS

Estudo Caso: Escola Técnica João Varela

(2)

Maria da Luz Silva i

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S

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ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS

ESCOLAS SECUNDÁRIAS

Estudo Caso Escola Técnica João Varela

Monografia apresentada à Universidade do Mindelo para a obtenção do grau de licenciatura em Organização e Gestão de Empresas

ORIENTAÇÃO: Eng.º Emanuel Almeida Spencer

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Maria da Luz Silva ii DEDICATÓRIA

A minha querida filha Márcia Lopes da Silva, por ter suportado a minha ausência durante esta jornada a São Vicente, todos os fins-de-semana e que me deu muita coragem para continuar.

A minha querida mãe Rosa Gomes que está sempre ao meu lado apoiando, dando amor, carinho e muita atenção.

Ao meu querido pai que desde criança me dizia, “Estuda porque é a única herança que eu te posso deixar.”

A todos os meus colegas de curso pelo apoio e moral.

Ainda a todas as pessoas que de uma forma ou de outra me incentivaram a alcançar esse objectivo.

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Maria da Luz Silva iii EPÍGRAFE

“É na luta quotidiana, no dia-a-dia, mudando passo a passo, que a quantidade de pequenas mudanças numa direcção oferece a possibilidade de operar uma grande mudança.” (GADOTTI, 1992)

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Maria da Luz Silva iv

AGRADECIMENTOS

Antes de mais quero endereçar os meus agradecimentos às pessoas mais importantes da minha vida, a minha família e em especial aos meus pais, pelo apoio que sempre me deram, pela educação, pelos valores e coragem que me incutiram nos momentos mais difíceis deste percurso.

Durante este percurso várias pessoas de uma forma ou de outra contribuíram para a realização deste trabalho, entre essas pessoas queria agradecer ao meu coordenador de curso Eng.º Emanuel Spencer pelas sábias directrizes, ao António Teixeira e ao Fernando Henrique Lima, pelo apoio e colaboração dispensados.

Ainda dirijo o meu sincero reconhecimento à Universidade do Mindelo, pela oportunidade oferecida, aos Docentes do Curso pelos ensinamentos, à Direcção da Escola Técnica do Porto Novo, pela disponibilização dos dados necessários para o desenvolvimento deste trabalho e bem como a todos os inquiridos pela colaboração. A todos os meus colegas do curso.

Enfim, de forma muito especial a todos que, directa ou indirectamente me apoiaram neste percurso, com toda a sinceridade,

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Maria da Luz Silva v

RESUMO

Estudar a organização e o funcionamento de uma escola, é uma forma de conhecer os seus processos e consequentemente apresentar pontos fortes e fracos ligados à sua gestão com o intuito de contribuir para melhorar, de certa forma, os serviços que presta.

Com este trabalho, pretende-se demonstrar que o desenvolvimento de estudos frequentes, referentes ao funcionamento e organização de qualquer instituição, neste caso da Escola Técnica João (ETJV), contribui para melhorias no que concerne aos objectivos delineados pela instituição em estudo.

As escolas secundárias, como qualquer organização educativa, vivem em função da participação dos actores nelas envolvidos, das interacções que se estabelecem, bem como do impacto nas comunidades onde se inserem, assim partindo desse pressuposto, delineou-se para a pesquisa, um quadro conceptual formado pelos seguintes vectores: órgãos de gestão e professores. Assim, foram escolhidos como partes integrantes da amostra, os elementos dos órgãos de gestão e os professores da ETJV, mais habilitados para apresentarem informações relevantes acerca da Gestão e da Organização da referida escola.

Constatou-se que o envolvimento dos professores e demais colaboradores na organização e funcionamento da escola é limitado e que mudanças e melhorias na organização e funcionamento de uma escola reflectem na sua qualidade de ensino.

Com a realização deste trabalho, pretende-se contribuir de forma modesta para o conhecimento da organização e funcionamento da ETJV no Concelho do Porto Novo

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Maria da Luz Silva vi

ABSTRACT

Study organization and the functioning of a school is a way to know its processes, consequently present the strong and weak points connected to its management with the purpose to improve in a certain way the services that renders.

It’s intended here to show that the development of frequent studies referring to the operation and organization of any institution in this case of “Escola Secundaria João Varela” contributes to the improvements concerning the objectives outlined.

The secondary schools, like any other educational organization, subsist from the participation of the actors who are involved in it, from the established interactions, as well from the impact of the community where it is inserted.

Under this assumption, was outlined for research a conceptual chart formed by the following vectors: management organs, teachers and students.

In this work shall be made bibliographic researches, sites consulting and field study where questionnaires will be applied, guided to docents of the “Escola Secundária João Varela” an interviewing guide directed to the Headmaster of the school and some individuals holders of information related to the school under study.

With this work it is intended to contribute in a modest way to the knowledge of the organization and functioning of “Escola Secundária João Varela” of Porto Novo Town Hall.

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Maria da Luz Silva vii

ÍNDICE

RESUMO ... v ABSTRACT ... vi ÍNDICE DE FIGURAS ... ix LISTA DE TABELAS ... x LISTA DE ABREVIATURAS ... xi INTRODUÇÃO ... 1 1.1 - Introdução ... 1 1.2 - Enquadramento do Tema ... 2 1.3 - Problema de Pesquisa ... 2 1.4 - Hipóteses de Pesquisa. ... 3 1.5 - Objectivos do Trabalho ... 3 1.6 - Justificação do Tema ... 4 1.7 - Estrutura do Trabalho ... 5 CAPÍTULO I - METODOLOGIA... 7 2.1. Tipo de Pesquisa ... 7 2.2. Definição da Amostra... 9

2.3. Método de Colecta de Dados ... 9

2.4. Os Questionários ... 11

2.5 - As Entrevistas ... 12

2.6 - As Observações ... 13

CAPITÚLO II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ... 14

3.1. A Organização das Escolas ... 14

3.1.1. O Ensino e a Educação ... 14

3.1.2. Origem do Ensino e da Educação ... 16

3.1.3. As Escolas Secundárias Enquanto Organização... 17

3.1.4. Os Modelos Organizativos das Escolas Secundárias... 21

3.1.5. A Liderança nas Organizações Escolares ... 24

3.1.6. A Organização Pedagógica nas Escolas Secundárias ... 25

3.1.7. Implicações da Autonomia na Organização e Funcionamento das Escolas ... 26

3.1.8. Novas Tendências na Concepção da Organização das Escolas ... 28

3.2. Organização das Escolas em Cabo Verde ... 31

3.2.1. Origem do Ensino em Cabo Verde... 31

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Maria da Luz Silva viii

3.2.3. A Educação Pré-escolar... 34

3.2.4. O Ensino Básico ... 35

3.2.5. O Ensino Secundário ... 37

3.2.6. O Modelo Organizativo das Escolas Secundárias em Cabo Verde ... 38

CAPITÚLO III - ESTUDO DE CASO: A ESCOLA TÉCNICA JOÃO VARELA ... 43

4.1. A Evolução Histórica da ETJV ... 43

4.2. Caracterização da ETJV ... 44

4.3. A Organização da ETJV ... 45

4.3.1. O Director da Escola ... 46

4.3.2. O Subdirector Pedagógico... 48

4.3.3. O Subdirector Administrativo e Financeiro ... 50

4.3.4. O Subdirector para Assuntos Sociais e Comunitários ... 51

4.3.5. O Subdirector Técnico ... 51

4.3.6. O Conselho Pedagógico ... 52

4.3.7. A Coordenação das Disciplinas ... 52

4.3.8. O Director da Turma ... 54

4.3.9. O Secretário... 56

4.3.10. Os Serviços Administrativos e Financeiros da ETJV ... 57

4.3.11. O Vogal Representativo dos Pais e Encarregados de Educação ... 58

4.4. Análise da Organização e Funcionamento da ETJV... 59

4.4.1 - Os Discentes ... 59

4.4.2. A Docência ... 60

4.4.3. Os Docentes e a Organização Pedagógica na ETJV ... 63

4.4.4 - Os Docentes e a Responsabilidade de Avaliação na ETJV... 65

4.4.5 - Os Docentes e o Projecto Político Pedagógico da ETJV ... 70

4.4.6. Os Docentes e a Tomada de Decisão na ETJV ... 74

4.4.7 - O Relacionamento da Direcção da ETJV com os Docentes ... 79

4.4.8 - O Relacionamento da ETJV com a Comunidade Externa ... 80

4.5 - A ETJV NA PROCURA DE UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE ... 84

CONCLUSÃO ... 86

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 94

(10)

Maria da Luz Silva ix

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 3.1 – Organograma do sistema de ensino ... 34 Figura 4.1 – Organograma da Escola Secundária João Varela ... 46

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Maria da Luz Silva x

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Alunos por ano de estudo e concelho ... 32

Tabela 3.2 – situação do ano lectivo no Pré - escolar ... 35

Tabela 3.3 – Evolução dos efectivos no EBI ... 37

Tabela 4.1 – Opções em cada via de ensino ... 45

Tabela 4.2 – Distribuição dos Coordenadores ... 54

Tabela 4.3 – Distribuição dos alunos por ano de estudo ... 60

Tabela 4.4 – Distribuição dos professores segundo o nível de formação e sexo ... 62

Tabela 4.5 – Instrumentos de avaliação aplicados pela ETJV ... 67

Tabela 4.6 – Recomendações da Direcção da escola para os casos de fraca avaliação ... 69

Tabela 4.7 – Distribuição dos instrumentos de avaliação utilizados ... 69

Tabela 4.8 – Importância que os professores atribuem ao PPP ... 71

Tabela 4.9 – Existência ou não de um PPP na ETJV... 73

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Maria da Luz Silva xi

LISTA DE ABREVIATURAS

CA- Contabilidade e administração CC- Construção civil

CT - Classificação Trimestral EBI - Ensino Básico Integrado EE- Electricidade e electrónica ES - Ensino Secundário

ES- Económico-social

ETJV - Escola Técnica João Varela GEP - Gabinete de Estudos e Planeamento IG- Informática de gestão

INE - Instituto Nacional de Estatística LBSE - Lei de Bases do Sistema Educativo MED - Ministério da Educação e Desporto OEA - Outros Elementos de Avaliação PAPEF - Perdeu Ano Por Excesso de Faltas PGI - Prova Geral Interna

PGN - Prova Geral Nacional PPP - Projecto Político Pedagógico PR - Prova de Recurso

RGPH - Recenseamento Geral da População e Habitação RH - Recursos Humanos

SP - Subdirector Pedagógico TS - Teste Sumativo

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Maria da Luz Silva 1

INTRODUÇÃO

1.1 - Introdução

O estudo que se pretende apresentar tem como tema: “A Escola Secundária Técnica João Varela, organização e funcionamento” e consiste num estudo de caso sobre a organização e o funcionamento das escolas secundárias em Cabo Verde, recaindo sobre a Escola Técnica João Varela (ETJV), situada na cidade do Porto Novo.

Para tal, foram realizadas pesquisas bibliográficas e em sites diversos, onde vários autores debruçam sobre o tema, foram analisadas a Lei de bases do sistema educativo cabo-verdiano, o Estatuto do pessoal docente, os Anuários da Educação, os regulamentos e entrevista dirigidas a pessoas individuais, tendo sido também realizada uma entrevista ao Director dessa referida escola e inquiridos alguns docentes.

Tendo em conta as transformações ocorridas a nível mundial, uma das preocupações actuais dos gestores educativos de Cabo Verde, deve recair sobre a estrutura e funcionamento das organizações, visto que permite o crescimento e a maturação de uma estrutura organizacional sustentável e responsável, capaz de alcançar os propósitos do lema do Ministério da Educação, “Juntos por uma Educação de qualidade”.

Foram vários os motivos que nos levaram a optar pelo estudo do tema, sendo um dos principais, o facto de o autor trabalhar nesta área da educação durante vários anos e ter constatado algumas fragilidades na organização bem como no funcionamento das escolas.

Como todos sabemos é reconhecido universalmente o valor que a educação assume, como “passaporte” para a entrada na sociedade pós-moderna, marcada pelas profundas e sucessivas mudanças, ou seja caminho pela globalização.

(14)

Maria da Luz Silva 2 Este trabalho irá demonstrar o papel e a importância das escolas secundárias em Cabo Verde, neste caso concreto a escola secundária João Varela, retratando ainda a sua organização e funcionamento bem como o contributo da mesma para o desenvolvimento da educação no concelho e no país.

1.2 - Enquadramento do Tema

Situado no atlântico, a cerca de 650 km da costa oeste africana, o arquipélago de Cabo Verde é constituído por dez ilhas, com uma população residente aproximadamente de 492 mil habitantes, sendo a maioria do sexo feminino, concentrando-se 90% do total em quatro das nove ilhas habitadas (Santiago, S. Vicente, Santo Antão e Fogo)

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a população é essencialmente jovem, com uma idade média de 26,8 anos, cerca de 54%, tem idade inferior a 25 anos e destes 62% vive no meio urbano. A taxa de fecundidade média das famílias cabo-verdianas é de 4,2 filhos por mulher.

Ainda no contexto demográfico a INE prevê um aumento da população residente em Cabo verde, principalmente devido a diminuição da taxa de mortalidade. Com o crescimento da população demonstra-se cada vez mais a necessidade de investir na melhoria das condições no sector da educação, principalmente na organização e funcionamento das escolas secundárias do país.

1.3 - Problema de Pesquisa

É inquestionável que a organização e funcionamento de uma escola tem implicações directas em todos os aspectos que dizem respeito à vida dessa instituição.

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Maria da Luz Silva 3 As relações estabelecidas entre todos os actores que fazem parte da escola, são fundamentais para definir o seu sucesso/insucesso, quer a nível de satisfação dos seus clientes a quem presta serviço, quer a nível dos resultados obtidos pelos seus alunos.

Na tentativa de tentar compreender a dinâmica de uma organização e particularmente o funcionamento da ETJV, levantamos as seguintes questões:

A organização e funcionamento da escola reflectem na sua qualidade de ensino e aprendizagem?

Qual a participação dos professores e outros colaboradores na organização e funcionamento da escola?

1.4 - Hipóteses de Pesquisa.

Hipótese 1: As mudanças e melhorias na organização e funcionamento de uma escola reflectem sempre na qualidade do ensino proporcionado.

Hipótese 2: O envolvimento dos professores e demais colaboradores na organização e funcionamento da ETJV é limitado.

1.5 - Objectivos do Trabalho

Objectivo geral

Constitui o objectivo geral deste trabalho, conhecer e entender a organização e o funcionamento das Escolas Secundárias em Cabo Verde, particularmente da Escola Secundária Técnica João Varela.

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Maria da Luz Silva 4

Objectivos específicos

Estudar mudanças e melhorias na organização e funcionamento das escolas secundárias e suas influencias na qualidade de ensino;

Identificar as principais limitações na gestão das Escolas Secundárias, que possam dificultar o sistema de ensino secundário em CaboVerde, através do caso ETJV; Demonstrar que o clima entre os colaboradores de uma escola, influencia tanto na sua

organização e funcionamento como no processo de ensino e aprendizagem;

Procurar reconhecer a forma e o grau de participação dos pais e encarregados de educação junto da ETJV.

1.6 - Justificação do Tema

O propósito do trabalho é estudar um aspecto muito importante nos dias de hoje que é a organização e funcionamento, neste caso concreto da Escola Secundária Técnica João Varela, pelo facto da educação constituir um dos pilares mais importantes para o desenvolvimento de qualquer país.

Segundo Grilo (1999) a educação é um trabalho colectivo que nos deveria mobilizar, sobretudo para mostrar as coisas boas que nós fazemos nas escolas.

Assim a experiência profissional da autora, ao longo de vários anos, enquanto docente no ensino secundário, permitiu questionar e reflectir no que concerne a organização e funcionamento das escolas secundárias em Cabo Verde, em particular da ETJV, que ao longo de vários anos vem dando o seu contributo no sector da educação, enfrentando vários problemas no que diz respeito à sua organização e funcionamento.

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Maria da Luz Silva 5 Ainda a ideia deste trabalho, é procurar demonstrar que há necessidade de contar com recursos humanos aptos para actuar de forma a ser possível implementar melhorias na organização e no funcionamento de uma escola, que visam a melhoria da sua qualidade de ensino/aprendizagem.

Outro aspecto que nos despertou a atenção, foi o desagrado de alguns professores em relação a determinadas questões relacionadas com a organização e funcionamento da ETJV, que julgamos ser de extrema importância e que deverão ser revistos, pelo facto de poderem de certa forma, contribuir para o insucesso da referida escola.

De realçar que independentemente das motivações apresentadas, a problemática da organização e funcionamento das escolas secundárias, estimulou em nós a necessidade de realizar a investigação sobre o assunto e tentar compreender melhor o tema em estudo.

1.7 - Estrutura do Trabalho

O estudo está estruturado em quatro capítulos e com os seguintes conteúdos:

A parte introdutória do trabalho onde também se apresenta os objectivos gerais e específicos, as hipóteses da pesquisa para além de se procurar demonstrar a relevância do tema.

O Capítulo I relativo a metodologia utilizada para o desenvolvimento da investigação;

O Capitulo II apresenta uma teorização sobre a organização, adaptável ao contexto escolar, sem deixar perder de vista o contexto cabo-verdiano.

O Capítulo III descreve e ostenta o estudo de caso, a escola Secundária Técnica João Varela em Porto Novo, apresenta os dados e a análise dos resultados, as considerações finais e conclusivas, relacionando-as com os objectivos propostos e sugerindo propostas e sugestões

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Maria da Luz Silva 6 que visam um conjunto de melhorias na organização e funcionamento da Escola em particular e da educação em geral, sem se esquecer de fazer referência as limitações do estudo e bem como sugerir recomendações para novas pesquisas.

A Conclusão que sintetiza as principais conclusões da monografia, realçando um conjunto de recomendações e as limitações do estudo.

Resta-nos ambicionar que o resultado desta investigação, sobre a problemática de gestão e de organização, possa contribuir com elementos que permitam pensar melhor o funcionamento da ETJV

.

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Maria da Luz Silva 7

CAPÍTULO I - METODOLOGIA

Segundo Lakatos e Marconi (2002), “ … a selecção da metodologia está relacionada de forma intrínseca ao problema a ser estudado, dependendo de factores como a natureza do fenómeno, do objecto da pesquisa e de outros elementos encontrados no campo de investigação”.

A metodologia para o desenvolvimento deste trabalho assentou-se essencialmente na pesquisa bibliográfica e documental, visando um aprofundamento teórico sobre o tema em estudo e bem como a procura de uma interpretação nova, complementada ainda pela realização de um estudo de caso na Escola Técnica do Porto Novo, que teve como essencial suporte, a interacção com os principais colaboradores desta referida escola.

2.1. Tipo de Pesquisa

Gil (1991) afirma que, embora as pesquisas geralmente apontem para objectivos específicos, estas podem ser classificadas em três grupos: estudos exploratórios, descritivos e explicativos. Um trabalho é de natureza exploratória quando envolver levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram (ou tem) experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão. Possui ainda a finalidade básica de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias para a formulação de abordagens posteriores.

Dessa forma, este tipo de estudo visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto, a fim de que esse possa formular problemas mais precisos ou criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores (GIL, 1999). As pesquisas

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Maria da Luz Silva 8 exploratórias, segundo Gil (1999) visam proporcionar uma visão geral de um determinado facto.

A pesquisa adoptada para o desenvolvimento deste trabalho, incidiu num estudo de caso referente a uma escola secundária localizada na cidade do Porto Novo, ilha de Santo Antão. Tal pesquisa tem um carácter qualitativo e exploratório, pois, de acordo com Cassel e Symon (1994), refere-se à utilização de métodos geralmente associados ao levantamento e à análise de um texto escrito ou falado ou, ainda, uma observação directa de comportamento pessoal.

Yin (2005) afirma que os estudos de casos caracterizam-se pela observação directa dos acontecimentos contemporâneos, dentro do seu contexto da vida real, principalmente quando os limites entre o fenómeno (teoria) e o contexto prático (real) ainda não estão bem definidos.

Para o desenvolvimento deste estudo, foram utilizadas diversas técnicas (métodos) para a colecta de dados, tais como entrevistas, pesquisa documental e observação participante.

Para Fontana e Frey (2005), na entrevista, o entrevistador deverá apoiar-se num itinerário de entrevista relativamente aberto, o que possibilita maior amplitude do que outros métodos existentes de natureza qualitativa. Por sua vez, conforme Bardin (2002), a pesquisa documental pode ser realizada a partir de qualquer registo escrito ou em meio magnético usado como fonte de informação. Por fim Tedlock (2005), diz que na observação participante, o pesquisador acompanhará o comportamento das pessoas e desenvolve conversações com alguns ou com todos os participantes destas situações, além de descobrir interpretações que os mesmos têm sobre os acontecimentos observados.

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Maria da Luz Silva 9

2.2. Definição da Amostra

De acordo com Hill1 do ponto de vista estatístico, população ou universo é um conjunto de valores de uma variável sobre a qual pretendemos tirar. Contudo em ciências sociais, é usual termos apenas um valor da variável para cada caso pelo que o tamanho de uma população definida de modo estatístico é normalmente igual ao número total de casos para os quais pretendemos tirar conclusões.

Segundo o mesmo autor os casos podem ser pessoas singulares, famílias, empresas conselhos, ou qualquer outro tipo de entidade para o qual o investigador pretende retirar conclusões a partir da informação fornecida.

Para Hill (2009), “a amostra do universo tem razão de ser quando muitas vezes o investigador não tem tempo, nem recursos suficientes para recolher e analisar dados para cada um dos casos do universo”. Assim, o que o investigador pode fazer, na maioria das situações, é analisar os dados da amostra e extrapolar as conclusões para o universo.

Para este estudo, o universo inquirido, ou seja, a amostra foi de 80 professores e o método probabilístico utilizado, foi o da amostragem aleatória simples, em que todos tiveram a mesma probabilidade de serem inquiridos para o estudo e, ser assim possível garantir uma amostra representativa da população.

2.3. Método de Colecta de Dados

A colecta de dados é a etapa em que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas seleccionadas e que para Lakatos e Marconi (2001); “[…] é uma tarefa demorada que

1

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Maria da Luz Silva 10 exige do pesquisador muita paciência, um cuidadoso registo dos dados e de um bom preparo anterior”.

Durante o estudo, foram utilizadas diversas técnicas (métodos) para a colecta de dados, tais como entrevistas, pesquisa bibliográfica e documental e ainda foram feitas algumas observações no campo em estudo.

Alguns autores divulgam que pesquisa documental e pesquisa bibliográfica são sinónimas.

O conceito de documento ultrapassa a ideia de textos escritos e/ou impressos. O documento como fonte de pesquisa tanto pode ser escrito como não escrito, tais como filmes, vídeos, slides, fotografias ou posters. Esses documentos são utilizados como fontes de informações, indicações e esclarecimentos facultando valiosos conteúdos para elucidar determinadas questões e servir de prova para outras, de acordo com o interesse do pesquisador (FIGUEIREDO, 2007). Tendo em vista essa dimensão, fica claro existir diferenças entre pesquisa documental e pesquisa bibliográfica.

Embora a pesquisa documental ser muito próxima da pesquisa bibliográfica, mas o elemento diferenciador está na natureza das fontes: a pesquisa bibliográfica remete para as contribuições de diferentes autores sobre o tema, atentando para as fontes secundárias, enquanto a pesquisa documental recorre a materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou seja, as fontes primárias. No entanto, chamamos a atenção para o facto de na pesquisa documental, o trabalho do pesquisador requerer uma análise mais cuidadosa, visto que os documentos, geralmente, não passam antes por nenhum tratamento científico.

Concretamente para este estudo, a pesquisa documental foi realizada tendo como suporte alguns documentos, em meio electrónico e em papel, disponibilizados pelo Ministério da

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Maria da Luz Silva 11 Educação e Desporto (MED), pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pela ETJV. Esses documentos auxiliaram muito na verificação das práticas educativas e de gestão sobre este estudo de caso. Complementarmente, foi pesquisado na internet, através de sites de buscas e portais de base de dados académicos, teses, dissertações e trabalhos diversos que relatam sobre o assunto em estudo.

Por fim, a observação participante, consistiu num exame presencial dos principais acontecimentos ocorridos e advenientes do funcionamento, permitindo através desta técnica de colecta de dados, identificar as principais limitações da gestão, que possam vir a dificultar o sistema de ensino em Cabo Verde.

A pesquisa procurou focalizar no corpo docente e nos dirigentes da ETJV (principais actores envolvidos), integrando primordialmente os seguintes aspectos: caracterização desses actores no que diz respeito ao envolvimento e participação, ambiente de trabalho, liderança bem como formas de gestão e de actuação.

2.4. Os Questionários

Segundo Richardson (1999), o questionário além de ser mais comum dos instrumentos de colecta de dados, geralmente cumpre pelo menos as funções de descrever as características e medir determinadas variáveis de um grupo social e considerar que todo o aspecto incluído no questionário constitui uma hipótese, devendo portanto, ser possível de defender.

“É importante, que as perguntas sejam claras e precisas, isto é, formuladas de tal forma que todas as pessoas interrogadas as interpretam da mesma maneira”(Quivy, 1998).

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Maria da Luz Silva 12 Para Gil (1999), em sua definição “ […] questionário é uma das técnicas de colecta de dados e é composto por questões escritas apresentadas aos detentores de dados, para a obtenção de opiniões, percepções, interesses, situações vivenciadas, entre outros”.

Para esta pesquisa, elaborou-se um conjunto de questionários que foram aplicados juntos dos dirigentes e professores que afectos à ETJV. A utilização desta técnica foi de grande relevância, visto que permitiu recolher informações pertinentes sobre a organização e funcionamento da escola sobre os comportamentos, as relações, bem como opiniões e sugestões em relação a organização e funcionamento da escola.

Foram aplicados 80 questionários num universo de 134 docentes, representando assim grande parte dos professores que compõem o corpo docente da escola.

Com a preocupação de obter informação confiável e fidedigna, optou-se por proceder a uma distribuição pessoal a cada um dos inquiridos, fornecendo ao mesmo tempo informações sobre o modo de preenchimento e sobre a necessidade de transparência sinceridade nas respostas, reforçando assim as informações que acompanharam os questionários, visto que os questionários foram formulados com base em questões de respostas fechadas e também abertas.

2.5 - As Entrevistas

De acordo com os objectivos da pesquisa, e a título complementar, recorreu-se à técnica de entrevista não estruturada, numa fase exploratória da pesquisa para recolher informações verbais relevantes para a compreensão dos sentidos e preocupações de alguns actores educativos, num contexto mais concreto.

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Maria da Luz Silva 13 Assim, com base num guião devidamente elaborado (ver anexos), foram entrevistadas algumas pessoas conhecedoras do assunto em estudo, nomeadamente, o Director, o Subdirector pedagógico, e alguns professores da ETJV, bem como pessoas idóneas, no concelho do Porto Novo, com o objectivo de analisar as suas vivências junto da escola, de modo a obter informações consideradas pertinentes sobre o tema e alcançar os objectivos traçados.

2.6 - As Observações

A observação foi também, no nosso entender, uma forma preciosíssima utilizada para a colecta de dados, aproveitando a experiência da autora e o facto de enquanto docente da respectiva escola, ter sido possível ocupar uma grande parte do tempo, na sala dos professores, em conversas informais com os docentes, visando o desenvolvimento deste trabalho.

Assim a sala dos professores da ETJV, foi um espaço de extrema importância para observações, uma vez que ali foram recolhidas informações que se afiguraram muito importantes e de grande significado para se alcançar os objectivos delineados para o desenvolvimento deste trabalho.

Ainda em relação às observações levadas a cabo, aproveitou-se também a participação em várias reuniões decorridas na escola, nomeadamente as dos membros da direcção, dos coordenadores, dos directores de turmas e dos professores e bem como a realização de algumas visitas durante o decorrer das aulas e durante os intervalos, de modo a ser possível recolher informações complementares e que se revelaram difíceis de serem obtidas através de outros métodos.

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Maria da Luz Silva 14

CAPITÚLO II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

3.1. A Organização das Escolas

Pesquisar sobre a organização e o funcionamento das escolas secundárias, exigiu o esclarecimento prévio sobre alguns conceitos, de forma a compreender melhor essa área de gestão e bem como constituir o referencial teórico de suporte ao desenvolvimento deste tema. Embora serem vários os conceitos associados, mas optamos por precisar em primeiro lugar os conceitos de educação e ensino, realçando as suas origens e só depois incidir de forma muito particular sobre as diferentes vertentes da organização escolar.

3.1.1. O Ensino e a Educação

Falar das escolas, pressupõe falar do ensino e da educação, assim para compreender a

organização e o funcionamento de uma escola, convêm em primeiro lugar clarificar esses dois

conceitos, que constituem a razão da existência das escolas.

Existe uma grande variedade de estudos, pesquisas e teorias relacionadas com a aprendizagem

humana, onde de uma forma geral, tende-se a confundir o conceito do ensino com o conceito

da educação. Entretanto, referem a diferentes dimensões e enfoques de uma mesma realidade,

ou seja o ensino faz parte de um campo de conhecimento mais amplo chamado educação.

Podemos definir assim o ensino como “organização do ambiente onde pessoas se

inter-influenciam directa ou indirectamente com o objectivo de atingir, através de actividades

variadas, resultados previamente determinados.”2 Mas, a educação é, porém, um conceito

mais complexo, ou seja diz respeito ao desenvolvimento humano, em suas trajectórias de

vida, desde o momento de seu nascimento até a sua morte.

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Maria da Luz Silva 15 Segundo LIBÂNEO (2004, p.222),

“A educação é um conceito amplo que se oferece ao processo de desenvolvimento unilateral da personalidade, envolvendo a formação de qualidades humanas: físicas, morais, intelectuais e estéticas tendo em vista a orientação da actividade humana na sua relação com o meio social, num determinado contexto de relações sociais.”

Para DEMO (1996) a educação não é só ensinar, instruir, treinar, domesticar, mas sobretudo formar a autonomia do sujeito histórico competente, uma vez que o educando não é o objectivo de ensino, mas sim sujeito do processo, parceiro de trabalho.

A educação existiu desde sempre. O processo educativo na sua acepção mais clássica, remonta aos velhos tempos, desde os primórdios da humanidade, em que o homem sempre viveu e vive em comunidade. Contudo a verdade é que, a educação se transfere de geração em geração, como dados adquiridos dos mais velhos para os mais novos. Nesta linha, Durkheim (2001:52) define a educação como “(…) uma acção exercida pelas gerações adultas sobre os que ainda não se encontram amadurecidos para a vida social. Ela tem por objectivo suscitar e desenvolver na criança um certo numero de condições físicas intelectuais e morais que dela reclamam, seja a sociedade política, no seu conjunto, seja o meio especial a que ela se destina particularmente (…)”.

De acordo com o conceito defendido por DURKHEIM (2001) a educação consiste num meio de socialização das novas gerações, por isso para ele, é considerada como um facto social, pois a educação não é feita individualmente, como os filósofos imaginavam, mas sim é o colectivo que faz essa formação para as novas gerações.

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Maria da Luz Silva 16

3.1.2. Origem do Ensino e da Educação

Nos alvores da Humanidade, o ensino, ou a educação, estavam centrados na família, grupo com relações de parentesco, que ultrapassava o casal e os descendentes. Não só os progenitores mas toda a comunidade participava neste processo de ensino aos mais novos.

Com a sedentariedade, o crescimento dos sistemas religiosos e a complexidade da vida familiar, social económico e político, surge uma classe sacerdotal especializada na formação dos seus elementos e sua preparação para os rituais e cerimoniais. Nasceu a filosofia, a partir das cosmologias desenvolvidas, bem como da literatura baseada em narrativas que era necessário fazer passar de geração em geração. Este desenvolvimento do ensino ganhou consistência e um elevado nível cultural e científico com os Egípcios, Mesopotâmicos, Hebreus e também na Índia e na China. Neste último espaço geográfico criou-se mesmo o primeiro sistema geral de educação, apesar de não ser extensível à maior parte da população. 3

No último milénio antes de Cristo, Gregos e Romanos desenvolveram um tipo de ensino inicialmente com uma vertente militar mas depois cada vez mais individualizado, humanista e prático. Os Gregos privilegiaram um sistema de ensino, pela primeira vez, que assentava mais em princípios científicos e filosóficos do que em religiosos ou espirituais.

Segundo a literatura, as primeiras formas de ensino surgiram aproximadamente 4.000 a.C., com os Sumérios. Alguns estudiosos da temática acreditam que pertencessem a uma etnia vizinha dos egípcios. Seu legado e sua importância à humanidade tem como referencial o período por volta de 3.200 a.C., pois já tinham uma escrita construída com desenhos, mais primitiva que a dos egípcios (hieróglifos). A invenção da escrita possibilitou os sumérios o armazenamento do conhecimento e a possibilidade de trasferi-lo a outros.

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Maria da Luz Silva 17 No seculo IV a.C, surgiam as primeiras escolas, locais onde mestres ensinavam gramática, excelencia, fisica, musica, poesia, mas não existiam salas de aula nos moldes actuais. Esse modelo durou seculos e, apenas no seculo XII surgiria, na Europa, as primeiras escolas nos moldes actuais, com crianças nas carteiras e professores em salas de aula, sobre a responsabilidade das instituiçoes de caridade, católicas, que ensinavam a ler, escrever, contar e junto transmitiam as liçoes do catecismo. Assim os espaços para o desenvolvimento do ensino e da educação foram organizando, passando a ser temas de estudos diversos.

3.1.3. As Escolas Secundárias Enquanto Organização

Estudar uma escola secundária enquanto organização, implica perceber em primeiro lugar o motivo da existência das organizações (implicitamente o motivo da existência de uma escola secundária) e bem como conceber as organizações segundo o ponto de vista de diferentes autores.

Para Coelho (2004) as organizações existem, porque todos precisamos de bens e serviços para viver e são as organizações as responsáveis por produzir esses bens e serviços. Portanto as organizações existem para atender às necessidades e desejos da sociedade e do mercado.

Nem sempre houve a necessidade de se juntar pessoas e recursos a fim de produzir bens ou serviços para atender a sociedade, contudo nos tempos contemporâneos, as organizações ganharam complexidade e volume, tendo sido obrigadas a expandir e a melhorar, a cada dia, impulsionadas pela alta competitividade e exigências da sociedade.

De acordo com Chiavenato (2002) para que uma organização possa existir deve atender aos seguintes pré-requisitos: existirem pessoas aptas a se comunicarem, actuarem de forma conjunta e atingirem um objectivo comum.

(30)

Maria da Luz Silva 18 É interessante ressaltar a observação de Maximiano (2004), em relação às organizações, ou seja, “as organizações são grupos sociais deliberadamente orientados para a realização dos objectivos, que, de forma geral, se traduzem no fornecimento de produtos e serviços”. Desse modo, se evidencia que uma organização não é um grupo aleatório de pessoas que estão juntas ao acaso. Ela se estabelece consciente e formalmente para atingir certos objectivos que seus membros não estariam capacitados a atingirem sozinhos.

Entretanto, para uma organização ser bem sucedida no alcance de seus objectivos, é necessária a actuação de gestores capazes de satisfazerem as demandas internas e externas no que diz respeito ao tipo e porte da instituição gerida. Nesse sentido, Maximiano (2004) diz: “os gestores das organizações desempenham papéis, funções e tarefas planeadas e estruturadas para obter resultados operacionais que garantam a sobrevivência das organizações em harmonia com o ambiente externo e com as condições internas”.

Teixeira (2011), concebe as organizações como sistemas naturais e propõe fundamentos alternativos para as suas interpretações. Assim de acordo com este autor, as organizações não são coisas, não tem realidade ontológica, mas são ideias, conjuntos de crenças contidas na mente humana, artefactos culturais, que os indivíduos vão assumindo no seu relacionamento uns com os outros, ou seja as organizações são fantasias colectivas que existem somente na imaginação dos indivíduos.

A caracterização da organização é muito complexa, segundo as várias abordagens, pois existem muitas propostas de definição, diferenciando-se de acordo com as perspectivas analíticas dos seus autores. Assim no que concerne às perspectivas organizacionais, e do ponto de vista de gestão, Bilhim (2001: 11), faz uma análise profunda em termos teórico-conceptuais destacando as seguintes perspectivas:

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Maria da Luz Silva 19 Perspectiva técnica, ligada à teoria dos sistemas, na qual a gestão é encarada como um

instrumento racional destinado ao cumprimento de objectivos.

Perspectiva política, associada à teoria de acção, em que, quer o processo de organização, quer o processo de gestão são percepcionados como processos sociais, enfatizando-se os mecanismos de negociação para gestão e regulação de conflitos. Perspectiva crítica, associada à teoria marxista, segundo a qual a gestão da

organização é vista como um mecanismo de controlo destinado a explorar a mais-valia, embora associada à libertação de uma visão distorcida da realidade social.

Já do ponto de vista de Neves (2000), as organizações podem ser concebidas de seguinte forma:

A organização como uma máquina administrativa fechada e “cientificamente” constituída, fundada na organização científica do trabalho, nos princípios da burocracia, no conceito do Homo economicus, na clara separação entre quem pensa e quem executa, na unidade de comando e no principio da justa remuneração da pessoa. Nesse caso, o objectivo fundamental do aperfeiçoamento da organização é a máxima eficiência. Os seus principais percursores são Taylor, Fayol, Weber.

A organização como máquina administrativa fechada e não só “cientificamente” construída, mas também psicológica e socialmente “lubrificada”, baseada não só nos princípios enunciados anteriormente como também nos contributos da teoria das relações humanas (motivação e necessidades do homem) e da psicologia social (liderança e dinâmica do grupo). Nesse sentido podemos entender a organização como sistema fechado e o principal papel da administração é conseguir motivar as pessoas e os grupos. Mayo, Macgregor, Maslow e Herzberg são teóricos mais importantes destes conceitos de organização e administração.

(32)

Maria da Luz Silva 20 A organização como Maquina administrativa aberta e sensível às alterações do meio,

sendo aqui entendida sobretudo como estrutura que se adapta às necessidades e exigências do meio. A teoria sistémica encontra aqui a sua aplicação e visa sobretudo a eficácia. Não interessa apenas que a máquina administrativa funcione internamente bem do ponto de vista técnico e humano mas também que realize funções adequadas às necessidades e exigências do meio. Á perfeição técnica e humana dos processos junta-se a necessidade da adequação dos resultados. Os maiores defensores deste modo de conceber a organização são Lawrence e Perrow.

A organização como “Organismo” administrativo aberto ao meio e a si mesmo, do ponto de vista técnico e humano. Este conceito de organização acolhe no seu seio novas e promissoras noções tais como as de: jogo, estratégia, controlo de zonas de incerteza organizacional, interesse, poder, conflito, cultura organizacional, ambiguidade, regateio, participação, etc. À contingência técnica veio juntar- se a contingência humana. Os teóricos deste conceito são Crozier, Weick, March e Ouchi.

Para entender uma escola secundária enquanto organização, consideramos aqui as ideias de Lima (2010, p. 49),

“Compreender a escola como organização educativa especializada exige a consideração da sua historicidade enquanto unidade social artificialmente construída e das suas especificidades em termos de políticas e objectivos educacionais. A escola é uma realidade organizacional, como uma qualquer unidade social com uma perspectiva histórica e cultural com processos de acção, dependentes da intervenção humana em termos de constituição, como também em termos de manutenção e reprodução”.

Segundo Libaneo (2004: 57) para conhecer melhor as escolas é necessário conhecer a sua natureza e configuração, enquanto organização enraizada na sociedade, a sua débil articulação, a sua problemática tecnológica e por outro lado, é imprescindível ter em conta o carácter único, irrepetível, dinâmico, cheio de valores de cada escola.

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Maria da Luz Silva 21 Dentro de uma organização existem vários tipos de etapas a ultrapassar e diversos tipos de pessoas, exigindo assim uma boa relação interpessoal e respeito um pelo outro. Neste contexto uma escola secundária é uma organização complexa onde se desenvolve múltiplos processos, suportados pelo relacionamento entre alunos, professores, funcionários da escola, pais e encarregados de educação e demais membros da comunidade em geral, com objectivos diferentes, mas visando a mesma finalidade.

3.1.4. Os Modelos Organizativos das Escolas Secundárias

Sendo a escola uma organização que precisa ser assumida por todos os segmentos que a compõem, desde os que nela trabalham até a comunidade a que serve, é fundamental que possui um modelo de organização que permita a participação de todos esses segmentos, tanto nas tomadas de decisão, quanto no desenvolvimento e avaliação das acções decididas.

A escola enquanto realidade complexa pode ser melhor compreendida pelas diferentes imagens ou modelos organizacionais e de acordo com Lima (2010: 186), podemos distinguir três tipos de modelos a saber:

A escola como empresa: associa-se o conceito de organização hierárquica, com tarefas definidas, articuladas e estandardizadas, controladas fundamentalmente pelos modos como os trabalhadores desempenham as suas tarefas, em comparação com uma melhor maneira de as realizar. Há uma clara separação entre quem pensa e quem executa e o seu objectivo central é o da eficiência, ou seja, o da consecução do melhor rendimento ao menor custo.

A escola como burocracia: acolhe ainda aspectos como estabelecimento de educação e ensino fortemente dependente do Poder Central (regulamenta o seu funcionamento, favorecendo assim, o desenvolvimento de procedimentos rotineiros e previsíveis, de

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Maria da Luz Silva 22 relações humanas uniformes e impessoais e de uma pedagogia uniforme), a razão técnico-burocrático, a crença na eficácia do controlo formal da escola e a convicção da concretização do princípio da igualdade de todos os educandos perante a lei.

A escola como democracia: entende-se geralmente o estabelecimento de ensino cuja administração prevalece como preocupação fundamental a defesa da natureza participativa dos processos de tomada de decisão e, por esta via, a obtenção de consensos colegialmente partilhados. Da aceitação de princípio, de que as decisões devem ser tomadas por consenso a “condenação”, ao silêncio ou ao ostracismo social, do “desvio” dos que eventualmente não conseguiram ou não puderam, por razões teóricas ou de interesse, concordar com as decisões tomadas.

Do ponto de vista de administração e gestão, o modelo organizativo das escolas secundárias assenta em três áreas fundamentais de gestão onde todos os projectos, actividades, serviços e órgãos se enquadram, se sistematizam ou se agrupam. Assim, seja qual for a escola o seu modelo organizativo baseia-se nas 3 seguintes áreas ou subdirecções como são habitualmente conhecidas: Pedagógica, Administrativa e Financeira Assuntos Sociais.

A área Pedagógica: é a área de gestão onde se enquadram todas as actividades, projectos, recursos órgãos e serviços directamente relacionadas com o ensino e a educação, ou seja é onde se despoleta todo o potencial humano dos utentes de um estabelecimento de ensino. De realçar que o acto educativo e o acto de ensinar e aprender não podem ser exclusivos desta área, assim numa escola secundária, todos acabam por ter responsabilidades na educação e no ensino perante o aluno ou a sociedade. Todos deverão preocupar com as prioridades fundamentais da escola, tanto no respeitante às questões a resolver, como ao nível das opções pedagógicas a tomar como linhas de orientação para delimitar os problemas, para sistematizar as preocupações, as necessidades e anseios, (Alves, 2003).

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Maria da Luz Silva 23

A área Administrativa-financeira: compreende fundamentalmente a gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros, sendo a área que condiciona decisivamente as opções que se pretendam tomar não só no que diz respeito utilização de recursos humanos, mas também financeiros. Essa área deverá proceder de forma atenta, racional e articulada com as vertentes Pedagógico e Assuntos Sociais. O fundamental tanto numa escola como numa empresa é que os seus recursos humanos agrupados em serviços, órgãos de gestão ou de apoio, associações ou turmas, independentemente dos seus antecedentes, capacidades e interesses pessoais, sejam coordenados na procura de metas comuns. Quanto melhor forem articulados os recursos, melhor funcionarão os serviços e as instituições e, com maior facilidade, uma escola poderá enfrentar os desafios e oportunidades que se lhe colocam (Brito, 1998).

A área dos Assuntos Sociais e Comunitários: tem o papel de procurar minimizar as carências das escolas através de várias parcerias, nomeadamente, dinamizar as relações com parceiros económicos, culturais, sociais e institucionais, para a mobilização de recursos que visam apoiar a concretização de projectos da escola e ainda apoiar e dinamizar actividades de acção social e escolar, bem como de orientação escolar e profissional dos alunos, em ligação com os organismos vocacionados.

É de salientar que o desenvolvimento equilibrado das três vertentes fundamentais da gestão da escola será o melhor (mas não o mais fácil) percurso a trilhar, considerando os inúmeros problemas a resolver e as dificuldades surgidas no envolvimento de todos os intervenientes, na grande tarefa de gestão participativa do estabelecimento de ensino (Brito, 1998).

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Maria da Luz Silva 24

3.1.5. A Liderança nas Organizações Escolares

Uma organização escolar, não consegue funcionar se não existir uma liderança clara, pelo que nesse caso deve-se destacar claramente a figura do Director da Escola, enquanto motor e orientador de todos os processos que suportam a escola enquanto organização.

A liderança possui, na sua perspectiva, um paradoxo: ninguém pode arrebatá-la directamente. É um presente que só pode ser dado por outros e que surge quando os colaboradores a reconhecem, porque ser líder não tem qualquer sentido sem que os outros façam a opção de seguir o mesmo caminho. Ter seguidores aliados e voluntários é algo que diferencia claramente um líder de um não-líder.

Por inerência das suas funções, o director da escola deve posicionar como líder dos demais membros da comunidade educativa com quem trabalha., cabendo-lhe promover um clima favorável ao desenvolvimento do processo educacional e um ambiente de trabalho participativo. Segundo Myrtes Alonso:

“[…] não se pode olhar para o director e ver nele apenas um aplicador de leis ou alguém que se dedica a mobilizar os meios necessários para a escola. Deve sim, ser visto como um criador de novas atitudes, um profissional das relações humanas, fornecendo subsídios técnicos, pedagógicos e administrativos e, enquanto articulador político, deve conseguir transitar entre os diversos sectores, agregando pessoas, coordenando ideias e realizando em conjunto os objectivos

educacionais a que se propõe a instituição escolar.” (ALONSO, 1988, p.171)

Especialistas como Luck (2003 apud CORNIELLI, 2007, p. 23) esclarecem que “é do desempenho e da habilidade do gestor em influenciar o ambiente, que dependem em grande parte o ambiente e clima escolar, o desempenho do seu pessoal e a qualidade do processo ensino/aprendizagem.”

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Maria da Luz Silva 25 O Director deve saber criar em torno de si um clima aberto e seguro que permita que as pessoas troquem ideias e experiências. Com essa atitude, desperta maior senso de participação e valores comuns, fazendo com que cada um sinta que o seu envolvimento seja importante e que a sua contribuição seja respeitada e considerada.

A preocupação do director em desenvolver a iniciativa dos professores, deve acontecer através da promoção de um ambiente de trabalho favorável e consequentemente na criação de um espaço colectivo para o consenso e para o planeamento, devendo promover atitudes através de apoios nos domínios técnico, administrativo e sobretudo, pedagógico.

3.1.6. A Organização Pedagógica nas Escolas Secundárias

O principal objectivo das escolas secundárias, é que os alunos aprendam e tenham oportunidade de desenvolver o seu potencial e as habilidades necessárias para que possam participar activamente dos contextos sociais de que fazem parte, tanto aproveitando o seu acervo sociocultural e produtivo, como contribuindo para a sua expansão. Aprendizagem e formação dos alunos são, pois, o foco do trabalho escolar e neste sentido, a organização pedagógica é de extrema importância.

Segundo Castoriadis (1988), o pedagógico é da ordem do instituído e do instituinte, estando então relacionado ao modo como o grupo que compõe a escola se organiza regularmente, para entender e produzir a educação. Transita entre o individual e o colectivo, de modo dialéctico, elaborando-se e acontecendo quotidianamente na escola. Esses motivos levam Ferreira (2008) a defender que a organização pedagógica nas escolas, contrariando a tradição, deve acontecer a partir dos professores, sendo eles o principal sujeito da prática pedagógica, ao lado dos estudantes e dos demais sujeitos da dinâmica escolar. Para que isso aconteça, os

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Maria da Luz Silva 26 gestores/líderes das escolas, terão que renunciar parte de seu poder decisório implicando uma descentralização dos poderes através da delegação de algumas das suas competências.

Carnielli (2007) partilha desse princípio afirmando que quando a gestão da escola é compartilhada, há maior garantia de envolvimento dos profissionais colocando os seus conhecimentos e habilidades ao serviço de uma causa, contribuindo para se aproximar da missão.

A organização e a gestão pedagógica é de todas as dimensões da gestão escolar, a mais importante, pois está mais directamente envolvida com o foco da escola, que é o de promover a aprendizagem e a formação dos alunos. A organização pedagógica constitui assim como a dimensão para a qual todas as demais dimensões de uma escola se convergem, uma vez que representa a condição principal para que desenvolvem as competências sociais e pessoais, necessárias para a inserção proveitosa do formando na sociedade e no mundo, numa relação de benefício recíproco.

3.1.7. Implicações da Autonomia na Organização e Funcionamento das Escolas

Qualquer que seja ele o discurso hoje sobre as reformas da educação e do ensino, reconhece a sempre a importância da autonomia no que refere à gestão e funcionamento das escolas, mas todavia, não se constata uma ideia clara do significado dessa autonomia, abrindo assim espaço para interpretações diversificadas.

O conceito de autonomia para Barroso (1997, p.17) encontra-se etimologicamente ligado à ideia de auto-governo. Neste âmbito, a autonomia está intimamente ligada ao sentimento de governar por si próprio. Para este autor a autonomia é “um conceito relacional (somos sempre autónomos de alguém ou de alguma coisa) pelo que a sua acção se exerce sempre num contexto de interdependência e num sistema de relações”.

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Maria da Luz Silva 27 A autonomia é também um conceito que exprime um certo grau de relatividade: somos mais, ou menos, autónomos; podemos ser autónomos em relação a umas coisas e não o ser em relação a outras e nessa perspectiva, a autonomia é uma maneira de gerir e orientar as dependências dos indivíduos no seu meio social, de acordo com as suas próprias leis.”

Segundo Macedo (1991, p.132) “quanto mais são as trocas de energia, informação e matéria que um sistema estabelece com o meio, maior é a sua riqueza, a sua complexidade, as possibilidades de construção da autonomia”. Para esta autora a alma da autonomia das organizações escolares envolve a capacidade de efectuar trocas com os outros sistemas que envolvem a escola. Sendo assim, a autonomia da escola é algo que se vai construindo na inter-relação, pois, só assim a escola poderá criar a sua própria identidade.

Falar de autonomia no contexto escolar, pressupõe entender a escola como um organismo que de forma contínua pensa a si mesma, na sua missão de compromisso social e na sua estrutura, visando possibilitar uma maior eficácia e eficiência nas suas acções (Alarcão, 2001).

Na opinião de Formosinho (2000, p.150) “uma escola autónoma é uma escola que tem mais margem de manobra no desenvolvimento das suas actividades e projectos e na formulação do seu quadro de referência”. Esse quadro reflecte sobretudo prioridade das acções da escola, mas deve-se ter em consideração que as organizações escolares integram na maior parte das vezes, sistemas altamente estruturados e centralizados, que terão de reger conforme as regras e as normas produzidas pelo poder central.

Lima (1996, p.31) defende que “a escola não será apenas uma instância hetero-organizada para a reprodução, mas também uma instância autoorganizada para a produção de regras e tomada de decisões, expressão possível da actualização de estratégias e de usos de margens de autonomia dos actores”. Assim, uma gestão autónoma, deverá possuir estratégias viáveis para

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Maria da Luz Silva 28 a prática de uma gestão eficaz e eficiente de acordo com as necessidades e anseios de toda a comunidade escolar. Essa autonomia deverá ser um processo que procura democratizar as acções da gestão da escola nos seus mais variados aspectos.

Com a autonomia as escolas ficam revestidas de poder de decisão, tanto para elaborar e implementar os seus projectos, quanto para gerir as áreas administrativa, financeira, pedagógica etc. É certo, que essas responsabilidades que são transferidas por parte do poder central, devem representar uma autonomia alicerçada numa maior defesa da participação da comunidade educativa na gestão dos estabelecimentos de ensino.

Por outro lado, a autonomia não deve, ser encarada como um modo de diminuição das responsabilidades do Estado, mas sim o reconhecimento de que mediante certas condições, as escolas podem gerir melhor os recursos educativos. Nesta lógica é atribuída à comunidade educativa a capacidade de definirem, princípios, regras, finalidades, estratégicas e linhas orientadoras da acção da escola.

Assim a autonomia das escolas constitui, sem dúvida, um aspecto fundamental para a sua organização e funcionamento, cujo objectivo centra-se numa escola cada vez mais democrática e direccionada, visando garantir uma melhor qualidade de serviço público de educação. Essa autonomia exige, porém, que se tenha em consideração as diversas dimensões da escola, quer no que toca à sua organização interna quer na participação da sociedade civil.

3.1.8. Novas Tendências na Concepção da Organização das Escolas

Actualmente o processo educacional não pode deixar de ignorar todas as imposições do mundo global, o que obriga os educadores, os formadores e todos os intervenientes em geral, a repensar as determinantes das teorias educativas e as formas de organização e funcionamento das escolas.

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Maria da Luz Silva 29 As novas tendências na concepção da educação são de índole integral, dado que o sistema educativo abrange hoje, o sistema escolar e outros sistemas e redes, onde se processa a formação. Neste contexto, Ambrósio (2001) alude que, todo o processo que suporta a educação e o ensino tem sido alvo de uma mudança planeada, que emerge de um pensamento reflexivo, inspirado na experiência, onde os contextos de pós-modernidade requerem a reinvenção do pensamento educativo e o ensino acaba por ser a consequência de uma nova ordem em construção nas sociedades pós-modernas, que se vai consolidando pela influência das grandes decisões políticas em torno das matérias de desenvolvimento social sustentado, nomeadamente a economia, o emprego e a gestão de recursos humanos.

A civilização ocidental (Europa e América do Norte), na sua essência constitui o palco onde germinou o novo paradigma da educação, cujo alargamento ou tendência, agora, se constata à escala mundial. Esse novo paradigma apresenta as linhas estratégicas para a construção, organização e funcionamento da nova escola – “escola de hoje e de futuro”, que procure resolver e responder os grandes desafios da educação.

Para que seja possivel dar resposta a esses desafios e contribuir adequadamente para as mudanças sociais e culturais impostas pelo mundo global, a escola terá de reflectir todo o impacto da globalização, onde se inclui para além dos alunos, todo o contingente de profissionais envolvidos e bem como os recursos financeiros implicados e toda a rede vasta de infra-estruturas que implica. Outros cenários nos quais se demarcam as novas fronteiras e horizontes de intervenção educativa prendem-se com o restabelecimento do sistema educativo a uma administração mais descentralizada e a abertura das escolas às comunidades envolventes, o combate ao insucesso e abandono escolar precoce e o combate às assimetrias regionais em torno da justiça social para o garante de uma educação para todos e para o desenvolvimento (Almeida, 2006).

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Maria da Luz Silva 30 A escola no contexto do mundo contemporâneo assume uma importância acrescida, como agente máximo de socialização e de formação permanente do percurso individual e social do homem. A necessidade de uma actualização contínua da escola nos nossos dias é mais do que evidente.

Do ponto de vista da evolução do fenómeno educativo, é um imperativo o reconhecimento da influência do sistema democrático nesse domínio. “A democracia, tem dado um cunho funcional às instituições onde se cultivam e se praticam actos educativos” (Silva, 2008). Nesse apsebto, é importante não esquecer do papel dos professores no processo da democracia nas escolas, pois são eles que no seu dia-a-dia lutam pela sobrevivência da escola, enquanto instituição promotora da educação.

Segundo Grilo (2009) é urgente repensar a lógica da organização e da intervenção escolar e com isso, os decretos, as leis, os regulamentos e as portarias devem traduzir-se em mecanismos enquadradores das práticas de gestão educativas que promovam as melhores soluções.

A crise financiera e quaisquer outros tipos de sintomas mundiais, não deixam de repercutir na esfera educacional e variam de país para país, de região para região e de sociedade para sociedade. Neste âmbito, é de referir os enormes esforços despendidos a nível global, no sentido de definir estratégias para o relançar do sistema educativo. Porém, os grandes problemas e necessidades humanas ainda carecem de intervenções socioeducativas continuadas.

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Maria da Luz Silva 31

3.2. Organização das Escolas em Cabo Verde

3.2.1. Origem do Ensino em Cabo Verde

Os primórdios do sistema educativo em Cabo Verde, remontam a publicação da Lei de Bases sobre Sistema Educativo (LBSE), Lei nº 103/III90 de 29 de Dezembro e como isso os padrões do sistema educativo colonial começaram lentamente a extinguir-se, formando, consequentemente uma nova geração de alunos, que por um lado teria livre acesso a educação, e por outro gozaria de uma nova mentalidade, atendendo as referências de carácter nacional que começaram a emergir. Entretanto ao longo dos anos, várias são as transformações que se têm ocorrido no sistema educativo de forma a torná-lo mais eficaz.

Enquanto capital do país, a cidade da Praia albergou a primeira escola primária do arquipélago, chamada então Escola Central (actualmente Escola Grande). Durante muito tempo foi a única escola primária a existir e só a partir da década de 1960 é que começaram a ser erigidas outras instalações para o ensino primário, noutros bairros da capital e noutras localidades da ilha. Em 2006, Praia já contava com mais de 30 escolas do Ensino Básico.

Praia também foi o primeiro sítio em Cabo Verde onde se instituiu o ensino secundário, com a criação do Liceu Nacional em 1861. No entanto as autoridades portuguesas não estavam interessadas em implementar o ensino secundário em Cabo Verde, e esse Liceu acabou por encerrar devido a dificuldades diversas, passando o ensino secundário a ser, posteriormente, ministrado no Seminário da Ribeira Brava em São Nicolau e, mais tarde do Liceu em Mindelo e somente em 1960 é que Praia voltaria a ter de novo uma escola secundária. Na década de 1990, com a massificação do ensino em Cabo Verde, foram construídos em todo o país vários edifícios para o funcionamento de escolas secundárias, registando uma forte expansão do

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Maria da Luz Silva 32 ensino secundário em Cabo Verde. Actualmente todos os concelhos do país possuem estabelecimentos para este nível de ensino.

Em termos de rede de ensino secundário público, Cabo Verde contava no ano lectivo 2010/2011, com 43 escolas secundárias, 3 anexos e 3 extensões, distribuídas, conforme Tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Alunos por ano de estudo e concelho

Concelhos Esc 7º Ano 8ºAno 9º Ano 10º Ano 11º Ano 12º Ano Total

Maio 1 180 174 134 89 86 45 708 Boa Vista 1 148 103 97 87 69 50 554 Brava 2 154 130 135 79 51 45 594 Mosteiros 1 315 185 189 101 95 59 944 Paul 1 180 166 95 114 88 109 752 Porto Novo 3 468 465 367 248 217 209 1974 Praia 12 3563 2678 2513 2033 1742 1593 14122 Rª G. Santiago 1 218 244 0 0 0 0 462 Rª Grande 2 491 453 396 313 216 274 2143 Sal 1 600 372 336 164 188 122 1782 Santa Catarina 4 1796 1170 1246 792 752 651 6407 São Salvador do Mundo 1 252 147 169 133 61 0 762 Santa Cruz 1 974 744 632 460 312 316 3438 S. Lourenço dos Órgãos 1 263 225 253 223 194 182 1340 São Domingos 1 511 388 431 207 204 171 1912 São Filipe 3 560 471 570 287 236 221 2345 Santa Catarina do Fogo 1 88 94 86 71 30 39 408 São Miguel 2 581 508 443 328 254 166 2280 Ribeira Brava 2 180 161 107 98 113 127 786 Tarrafal São Nicolau 1 153 129 91 66 40 23 502 São Vicente 5 1821 1385 1301 801 928 779 7015 Tarrafal 2 536 580 579 286 278 202 2461

Total Nacional 49 14032 10972 10170 6980 6154 5383 53691

Fonte – Ministério da Educação, Principais indicadores da educação 2010/2011

Dessa rede, a mais antiga escola secundária é o Liceu Ludjero Lima, antes Liceu Gil Eanes, na ilha de São Vicente, inaugurado a 19 de Novembro de 1917, e a mais nova situa-se em Santa Catarina do Fogo tendo entrado em funcionamento em Janeiro de 2011.

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