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Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Vigésima Primeira Câmara Cível

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Apelação Cível nº. 0312090-42.2012.8.19.0001

Apelante: COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS – CEDAE

Advogado: Dr. Luiz Carlos Zveiter

Apelado: ASSOCIAÇÃO DE OFICIAIS MILITARES

ESTADUAIS DO RIO DE JANEIRO – AME RJ Advogado: DR. Welington Dutra Santos

Relator: Desembargador ANDRÉ RIBEIRO

APELAÇÃO CÍVEL. OBRIGAÇÃO DE FAZER.

FORNECIMENTO DE ÁGUA. ENTIDADE SEM FINS

LUCRATIVOS. INDEVIDA MODIFICAÇÃO DE

CATEGORIA PARA “DOMICILIAR COMUM”.

SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. INCONFORMISMO DA CONCESSIONÁRIA QUE NÃO MERECE PROSPERAR. Associação de Oficiais Militares Estaduais do Rio de Janeiro. Controvérsia dos autos que se resume quanto a modificação do Regulamento dos Serviços Públicos de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Estado do Rio de Janeiro (Decreto nº 553/1976), que passou a ter a nova redação em seu art. 94, através do Decreto nº 24.791/1998. Exclusão das “associações desportivas, sociais ou recreativas” da categoria “sem fins lucrativos”. Julgados em Medida Cautelar e Ação Ordinária perante o Juízo da 5ª Vara de Fazenda Pública da Capital, transitado em julgado em 1ª instância e citado por ambas as partes, que não se aplica à hipótese dos autos. Categoria “sem fins lucrativos” voltada à facilitação das atividades de assistência social e instituída para beneficiar as entidades que se destinam a este fim, reduzindo os custos relativos ao pagamento dos serviços prestados pela ré. Questão submetida à apreciação da diretoria da concessionária – “Procedimento PC 2.2”, definindo a documentação necessária a comprovação dos requisitos para o enquadramento. Associação-autora que já constava como “entidade sem fins lucrativos”, comprovando que é Entidade de Utilidade Pública Federal, conforme Decreto Presidencial nº 41.502, de 16 de maio de 1957; que mantem o título, conforme certidão expedida por ocasião da propositura da demanda; e que tem caráter exclusivamente “sócio-desportivo-cultural-beneficente”, conforme Estatuto Social. Diretrizes nacionais para o saneamento básico, estabelecidas pela Lei n° 11.445/2007, que em seu art. 30 permite a criação de critérios de diferenciação entre os consumidores baseados no padrão de uso, na quantidade consumida, na capacidade

ANDRE EMILIO RIBEIRO VON MELENTOVYTCH:000031928 Assinado em 30/10/2013 15:13:17

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2 de pagamento, dentre outros, visando à garantia de objetivos sociais. Determinação para que a ré se abstenha de suspender o fornecimento que não resulta na alegada violação ao art. 6°, § 3º, II da Lei 8.987/95, e tampouco ao art. 40, V, da Lei 11.445/2007. Hipótese que não é de

inadimplência. SENTENÇA QUE NÃO MERECE

REPARO. DESPROVIMENTO DO RECURSO.

Vistos, relatados e discutidos estes autos da Apelação Cível nº. 0312090-42.2012.8.19.0001, em que figura como Apelante COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS – CEDAE e Apelada ASSOCIAÇÃO DE OFICIAIS MILITARES ESTADUAIS DO RIO DE JANEIRO – AME RJ,

A C O R D A M os Desembargadores que integram a Vigésima Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Desembargador Relator.

Rio de Janeiro, 29 de outubro de 2013.

Desembargador ANDRÉ RIBEIRO Relator

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3 VOTO

Trata-se de ação de obrigação de fazer proposta pela ASSOCIAÇÃO DE OFICIAIS MILITARES ESTADUAIS DO RIO DE JANEIRO – AME RJ em face da COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS – CEDAE, sustentando que a ré, a partir da medição do mês de junho de 2011, passou a efetuar a cobrança do fornecimento de água pela tarifa “domiciliar comum”, elevando o valor da conta mensal em aproximadamente 110%, deixando de considerar que a autora é uma entidade sem fins lucrativos, devendo retornar à tarifa especifica “sem fins lucrativos”, o que ensejava a cobrança de valores entre R$ 2.500,00 e R$ 4.500,00, tendo em vista que foi declarada como Entidade de Utilidade Pública em 17 de maio de 1957, através do Decreto Presidencial n° 41.502/57. Requereu, assim, a antecipação da tutela para que a ré se abstenha de interromper o fornecimento de água e a procedência do pedido para que seja enquadrada como “entidade sem fins lucrativos”, com o refaturamento das cobranças desde junho de 2011.

A sentença de fls. 110/115 confirmou os efeitos da tutela concedida às fls. 63 e julgou procedente o pedido para condenar a ré na inclusão da autora na categoria de “entidade sem fins lucrativos” e na devolução dos valores pagos a maior quando se encontrava na categoria “domiciliar comum”, com efeitos retroativos à medição de junho de 2011, bem como no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, este fixados em 10% sobre o valor da condenação.

Inconformada, interpôs a ré o recurso de fls. 116/121, reiterando integralmente os termos da contestação e sustentando que o

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enquadramento tarifário da autora encontra amparo no Decreto nº 24.791/1998, que alterou o Decreto nº 553/1976, tratando-se do Regulamento dos Serviços Públicos de Abastecimento de Águas e Esgotos Sanitários; que a questão tratada nos autos foi apreciada por este Tribunal nas anteriores demandas ajuizadas na Vara de Fazenda Pública; e que a suspensão na prestação do serviço está amparada pelo art. 6º, § 3º, II, da Lei 8.987/95 e no art. 40, V, da Lei 11.445/2007.

Apesar de intimada, a autora não apresentou contrarrazões, conforme certificado às fls. 129.

É o Relatório. Passo ao Voto.

Conforme se depreende dos autos, insurge-se a associação-autora contra a modificação da categoria de cobrança realizada pela concessionária-ré de “entidade sem fins lucrativos” para “domiciliar comum”, sustentando que se trata de entidade de utilidade pública e que as elevadas cobranças resultarão no comprometimento de suas atividades.

A concessionária-ré, ora apelante, por sua vez, sustenta que a modificação ocorreu diante da alteração da legislação específica, além do cumprimento de decisões judiciais proferidas em ação ordinária e medida cautelar, propostas pelo Sindicato das Associações.

A controvérsia dos autos se resume quanto a modificação do Decreto nº 553, de 16 de janeiro de 1976 (Regulamento dos Serviços Públicos de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Estado do Rio de Janeiro) que passou a ter a seguinte redação em seu art. 94:

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"Art. 94 – O consumo de água é classificado em 4 (quatro) categorias:

I. consumo domiciliar, quando a água é utilizada em prédios de uso exclusivamente residencial, para fins domésticos; II. consumo comercial, quando a água é utilizada em estabelecimentos comerciais ou industriais ou em prédios onde seja exercida qualquer atividade de fim lucrativo;

III. consumo industrial, quando a água é utilizada em estabelecimentos industriais, como elemento essencial à natureza da indústria:

IV. consumo público, quando a água é utilizada por edificações onde funcionam órgãos da Administração Direta da União, do Estado e dos Municípios, suas Autarquias e Fundações.

§1° - Enquadra-se no consumo industrial, a água destinada ao abastecimento de embarcações e a fornecida às construções.

§ 2°- Enquadra-se no consumo público a utilização de água pelos estabelecimentos hospitalares e de educação sem fins lucrativos, pelos templos e prédios ocupados por congregações religiosas sem fins lucrativos." (Redação do Decreto 24.791, de 09 de novembro de 1998)

Antes da modificação do Decreto nº 24.791/1998, o § 2° do art. 94 tinha a seguinte redação:

“§2° - Enquadra-se no consumo público, a utilização da água pelos estabelecimentos hospitalares e de educação sem fins lucrativos, pelos templos e prédios ocupados por associações desportivas, sociais ou recreativas, também sem fins lucrativos".

Não há dúvida de que Decreto excluiu o termo “associações desportivas, sociais ou recreativas”, no qual se enquadrava a autora, na categoria “sem fins lucrativos”.

Com a modificação, a concessionária começou a alterar a categoria das “associações desportivas, sociais ou recreativas”, para “consumo comercial”, ensejando a propositura de Medida Cautelar e Ação

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Ordinária pelo Sindicato dos Clubes do Estado do Rio de Janeiro, perante a 5ª Vara de Fazenda Pública da Capital, conforme fls. 102/106, processos nºs 1999.001.020962-2 e 1999.001012850-6, decidindo a sentenciante:

“JULGO PROCEDENTE EM PARTE o pedido para anular o ato que enquadrou o autor na categoria comercial, devendo a classificação do autor ser feita na categoria domiciliar.

JULGO PROCEDENTE EM PARTE a ação cautelar para consolidar a liminar tão somente no que pertine a vedação do corte no consumo de água”.

Ora, a questão posta nos presentes autos é a manutenção da Associação-autora na categoria “sem fins lucrativos”, o que não é a hipótese do citado julgado, não podendo ser imposta à Associação-autora a extensão dos efeitos daquela sentença, até porque não restou comprovado que a mesma participou ou que estava representada na demanda, sendo certo que possui legitimidade para a promoção de ação autônoma.

Quanto a pretensão autoral, a própria Concessionária-ré afirmou em contestação que:

“A mencionada categoria é voltada a facilitação das atividades de assistência social e foi instituída para beneficiar as entidades que se destinam a este fim, reduzindo os custos relativos ao pagamento dos serviços prestados pela ré” – Fls. 77.

E que,

“Com este intuito, no que se refere à categoria domiciliar, subcategoria 4 ("sem fins lucrativos"), a ré aprovou em reunião de diretoria o procedimento PC 2.2, definindo a documentação necessária a comprovação dos requisitos para enquadramento nesta subcategoria. (documento n° 02) – Fls. 79

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A autora comprovou que já se encontrava enquadrada na categoria “entidade sem fins lucrativos”, às fls. 28/35; que é Entidade de Utilidade Pública Federal, nos termos do Decreto Presidencial nº 41.502, de 16 de maio de 1957, às fls. 48; que mantem o título de Utilidade Pública, conforme certidão de fls. 47, expedida por ocasião da propositura da demanda; e que tem caráter exclusivamente “sócio-desportivo-cultural-beneficente”, conforme estatuto de fls. 25/25.

Ressalte-se que o art. 30 da Lei n° 11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico, permite às prestadoras dos serviços de abastecimento e esgotamento sanitário a criação de critérios de diferenciação entre seus consumidores baseados no padrão de uso, na quantidade consumida, na capacidade de pagamento, dentre outros, visando à garantia de objetivos sociais.

Ademais, a lacuna deixada pelo legislador, ao que tudo parece, ocorreu por omissão do Poder Concedente, face a necessária obediência ao principio da legalidade, já que se trata de serviço público essencial. A exclusão das “associações desportivas, sociais ou recreativas” da categoria “pública” e “sem fins lucrativos” e a ausência de sua indicação em qualquer outra categoria pela norma recente, deve, portanto, ser examinada à luz da analogia, nos exatos termos do art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil e do art. 126 do CPC.

Ante a ausência de qualquer categoria que lhe fosse peculiar, sendo, ainda, impossível enquadrar a autora na categoria comercial, pois não exercer tal atividade, tampouco residencial, agiu com acerto o sentenciante ao afirmar que:

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“não se afigura razoável que a ré possa alterar a categoria tarifária cobrada elevando em 110% (cento e dez por cento) a conta da entidade autora, sob a presunção de que a mesma não esteja inserida na categoria de "entidade sem fins lucrativos", principalmente quando a referida entidade demonstra através de seu Estatuto, de Certidão e de procedimento exigido pela própria ré, que se enquadra na categoria citada”.

Por derradeiro, a determinação para que a ré se abstenha de suspender o fornecimento de água não resulta na alegada violação ao art. 6°, § 3º, II da Lei 8.987/95, e tampouco ao art. 40, V, da Lei 11.445/2007, tendo em vista que a hipótese não é de inadimplência, mas a discussão em juízo quanto a certeza jurídica e o real valor do serviço, que deverá ser refaturado com efeitos retroativos à medição de junho de 2011, conforme determinado na sentença.

Isto posto, voto no sentido de negar provimento ao recurso, mantendo a r. sentença nos exatos termos em que foi lançada.

Desembargador ANDRÉ RIBEIRO Relator

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