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RENATA BEDNAR REIGOTA FERREIRA
PREVALÊNCIA DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA E
ASSOCIAÇÃO COM MULTIMORBIDADE EM
MULHERES DE 50 ANOS OU MAIS: ESTUDO DE
BASE POPULACIONAL
PREVALENCE OF URINARY INCONTINENCE AND ITS
ASSOCIATION WITH MULTIMORBIDITY AMONG WOMEN WITH
50 YEARS OR OLDER: A POPULATION-BASED STUDY
CAMPINAS
2014
ii UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Ciências Médicas
RENATA BEDNAR REIGOTA FERREIRA
PREVALÊNCIA DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ASSOCIAÇÃO COM
MULTIMORBIDADE EM MULHERES DE 50 ANOS OU MAIS: ESTUDO DE BASE
POPULACIONAL
ORIENTADORA: Profa. Dra. Adriana Orcesi Pedro Campana COORIENTADOR: Prof Dr Aarão Mendes Pinto-Neto
PREVALENCE OF URINARY INCONTINENCE AND ITS ASSOCIATION WITH
MULTIMORBIDITY AMONG WOMEN WITH 50 YEARS OR OLDER: A
POPULATION-BASED STUDY
Dissertação de Mestrado apresentada à Pós-Graduação em Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, para obtenção de Título de Mestra em Ciências da Saúde, área de concentração em Fisiopatologia Ginecológica.
Master’s dissertation presented to the Obstetrics and Gynecology Graduate Program of the School of Medical Sciences, University of Campinas, to obtain the MSc grade in Health Science, in the Concentration Area of Gynecological Pathophysiology
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA RENATA BEDNAR REIGOTA FERREIRA E ORIENTADA PELA Profª. Drª. ADRIANA ORCESI PEDRO CAMPANA Assinatura da Orientadora
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iv
BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Aluna: Renata Bednar Reigota Ferreira
Orientadora: Profª Drª ADRIANA ORCESI PEDRO CAMPANA
Membros:
1. 2. 3.
Curso de Pós-Graduação em Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas
v
Financiamento
Esse estudo recebeu apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP): 2010/15867-1
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Dedico este trabalho...
Primeiramente a Deus, que sempre me proporcionou tantas alegrias ao logo desta desafiadora e encantadora jornada da vida... Obrigada por me permitir chegar até aqui! Aos meus queridos pais, Manoel e Anemarie, pessoas que tanto amo e admiro, por terem me ensinado a batalhar pelos meus objetivos e sonhos, por tudo que representam para mim, por estarem sempre ao meu lado... Ao meu amado marido, Elton, meu eterno e inseparável companheiro, por seu amor, por sua interminável paciência, por seu imprescindível incentivo, por sua existência em minha vida... Aos meus queridos irmãos, Clóvis e Regina, pessoas sempre presentes e simplesmente essenciais em minha vida... Aos meus sogros, Sr. Sebastião e Dona Vera, e aos meus cunhados, Roberta, Ricardo e
Renato, pela maneira extremamente carinhosa e atenciosa com que sempre me incentivam e torcem por mim... À minha orientadora, Dra. Adriana Orcesi, pelo fundamental papel exercido sobre
minha formação e realização profissionais...
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Agradecimentos
À Dra. Adriana, orientadora sempre presente, muito obrigada pela paciência,disponibilidade e atenção com que me assistiu ao longo desta jornada. Certamente, muito mais que os aprendizados teóricos, você proporcionou ensinamentos que levarei comigo para toda a vida!
Ao Dr. Aarão, pela imensa colaboração e tão importante participação na concretização deste objetivo. Muito obrigada pelos ensinamentos!
Ao meu marido Elton, pelo seu amor, pelo apoio incondicional, por toda a ajuda, pela paciência. Muito obrigada!
À minha Família, pelo imprescindível incentivo em todos os momentos. Muito obrigada! À minha amiga Vanessa Souza Santos Machado, pela participação essencial na
realização deste trabalho. Muito obrigada pelo incentivo de sempre, pelo carinho, pela paciência, pelas orientações!
À minha amiga Renata Gebara De Grandi Di Sessa, pela ajuda e pelo apoio. Muito obrigada!
Aos membros da banca de qualificação desta tese, Dra. Lúcia, Dra. Cássia e Dr. Luiz Francisco, que, com suas orientações, me ajudaram a transpor as dificuldades. Muito obrigada!
A todos aqueles que, ao longo deste trabalho, estiveram ao meu lado e de alguma forma torceram por mim. Muito obrigada!
Às mulheres voluntárias que muito contribuíram para que nosso estudo pudesse se concretizar. Muito obrigada
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Sumário
Símbolos, Siglas e Abreviaturas ... x
Resumo ... xii Summary ... xv 1. Introdução ... 18 2. Objetivos ... 24 2.1. Objetivo geral ... 24 2.2. Objetivos específicos ... 24 3. Sujeitos e Métodos ... 25 3.1. Desenho de Estudo ... 25 3.3.1. Variável Dependente ... 26 3.3.2. Variávies Independentes ... 26 3.3.3. Variávies de Controle ... 27
3.4. Seleção dos Sujeitos ... 28
3.5. Critérios de Inclusão ... 29
3.6. Critérios de Exclusão ... 29
3.7. Tratamentos, técnicas, testes e ensaios ... 30
3.8. Instrumento de coleta de dados ... 31
3.9. Coleta de dados ... 33
3.10. Controle de qualidade ... 35
3.11. Processamento dos dados ... 35
ix 3.13. Aspectos éticos ... 36 4. Publicação ... 38 5. Conclusões ... 67 6. Referências Bibliográficas ... 68 7. Anexos ... 72
7.1. Anexo 1 – Exemplo de setor censitário de Campinas ... 72
7.2. Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ... 73
7.3. Anexo 3 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UNICAMP ... 74
7.4. Anexo 4 – Parecer Comissão de Pesquisa CAISM ... 76
7.5. Anexo 5 – Exemplo de como começar o itinerário ... 77
Símbolo, Siglas e Abreviaturas x
Símbolos, Siglas e Abreviaturas
AAS – Amostragem Aleatória Simples
BMI – Body Mass Index
CAISM – Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti – Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher
CEMICAMP – Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva de Campinas
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa
CI – Confidence interval
FCM – Faculdade de Ciências Médicas
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC 95% – Intervalo de confiança a 95%
IMC – Índice de Massa Corpórea
IU – Incontinência Urinária
IUE – Incontinência urinária de estresse
IUM – Incontinência urinária mista
IUU – Incontinência urinária de urgência
n – Tamanho da população
OD – Odds Ratio
OMS – Organização Mundial da Saúde
PR – Poisson Regression
Símbolo, Siglas e Abreviaturas xi RP – Razão de Prevalência
SRS – Simple Random Sampling
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas
Resumo xii
Resumo
Introdução: Associado às mudanças no perfil etário e epidemiológico do
Brasil nos últimos anos, as doenças crônicas têm assumido papel de destaque
nas questões relacionadas à saúde pública. Nesse contexto, a Incontinência
Urinária (IU) desempenha importante papel, em função de sua elevada
prevalência, suas consequências e seu subdiagnóstico. Objetivos: Avaliar a
prevalência de IU, seus fatores associados e sua associação com
multimorbidade entre mulheres acima de 50 anos de idade no município de
Campinas/SP. Métodos: Tratou-se de inquérito populacional incluindo 622
mulheres com idade igual ou superior a 50 anos, realizado entre 10 de maio e
31 de outubro de 2011, na cidade de Campinas, São Paulo, Brasil. As
entrevistas foram realizadas por assistentes de pesquisa devidamente
treinadas, em 68 setores censitários de Campinas. A variável dependente – IU - foi definida como relato de perda involuntária de urina e foi categorizada em IU
de Esforço (IUE), IU de Urgência (IUU) e IU Mista (IUM). As variáveis
independentes foram características sociodemográficas, hábitos pessoais,
comorbidades, autopercepção de saúde e capacidade funcional. Análise
Estatística: A análise estatística foi realizada através do teste Qui-quadrado e
Resumo xiii variáveis backward. O nível de significância foi estabelecido em 5%.
Resultados: A média etária das mulheres estudadas foi de 62 anos. A
prevalência de IU entre as mulheres avaliadas foi de 52,3%, sendo mais
prevalente a IUM (26,6% das entrevistadas) em comparação à IUE (12,4%) e
IUU (13,2%). As variáveis que se associaram a maior prevalência de IU foram
IMC ≥ 25 no momento da entrevista (p<0,001), presença de multimorbidade (p<0,001), uso de medicações sob prescrição médica (p=0,017), uso de
anti-hipertensivos (p=0,007), uso de medicações para tratamento cardiorrespiratório
(p=0,042), uso de tratamentos alternativos (p=0,031), antecedente pessoal de
HAS (p<0,001) e de artrose (p=0,002). A limitação da capacidade funcional e a
autopercepção negativa de saúde também foram fatores associados à IU
(p<0,001 para ambas as variáveis). A regressão de Poisson mostrou que os
fatores relacionados a uma maior prevalência de IU foram hipertensão arterial
(RP 1.21; IC 1.01 – 1.47; p=0,004), artrose (RP 1.24; IC 1.03 – 1.50; p=0,022), prática de atividade física igual ou superior a 3 dias/semana (RP 1,21; IC 1,01 – 1,44; p=0,039) e IMC ≥ 25 no momento da entrevista (RP 1,25; IC 1,04 – 1,49; p=0,018). A autopercepção negativa de saúde (RP 1,23; IC 1,06 – 1,44; p=0,007) e a presença de limitações nas atividades diárias (RP 1,56; IC 1,16 – 2,10; p=0,004) também estiveram associadas a uma maior prevalência de IU.
Conclusão: A prevalência de IU entre a população feminina após os 50 anos é
alta. A IUM é a mais frequente. Os fatores associados à IU foram
sobrepeso/obesidade, presença de hipertensão arterial e artrose, limitações nas
atividades cotidianas, autopercepção negativa da saúde e prática de atividade
Resumo xiv para a existência de fatores mutáveis que se associam à IU e a consequente
necessidade de políticas de saúde que conscientizem a população feminina e
os profissionais de saúde sobre esta questão, objetivando a prevenção e o
controle desta patologia.
Palavras-chave: incontinência urinária, doenças crônicas, multimorbidade,
Summary xv
Summary
Introduction: Associated with changes in the age and epidemiological profile of
Brazil in recent years, chronic diseases have assumed a prominent place in
public health. In this context, Urinary Incontinence (UI) plays an important role,
due to its high prevalence, its consequences and its underdiagnosis.
Objectives: To evaluate the prevalence of IU and associated factors in women
50 years or older, living in Campinas / SP. Methods: This was a population
survey including 622 women aged 50 years or older, conducted between May
10th and October 31st 2011, in the city of Campinas, São Paulo, Brazil. The
interviews were conducted by research assistants specially trained in 68 census
tracts of Campinas. The dependent variable - Urinary Incontinence (UI) - was
defined as reported involuntary loss of urine and was categorized as Stress UI
(SUI), Urgence UI (UUI) and Mixed UI (MUI). The independent variables were
sociodemographic characteristics, personal habits, comorbidity, self-perception
of health and functional capacity evaluation. Statistical Analysis: Chi-square
test and multiple Poisson regression with backward selection criteria variables
were used, the latter having been applied to evaluate the variables that were
associated with UI. The level of significance was set at 5%. Results: The mean
age of the women studied was 62 years old. The prevalence of UI among
Summary xvi compared to SUI (12.4%) and UUI (13.2%). The variables that were associated
with the prevalence of UI were BMI at the moment of interview (p <0.001),
multimorbidity (p <0.001), use of prescribed medications (p = 0.017), use of
antihypertensives (p = 0.007), use of medications for cardiorespiratory treatment
(p = 0.042), use of alternative treatments (p = 0.031), personal history of
hypertension (p <0.001) and osteoarthritis (p = 0.002). The presence of
limitations in daily activities was also associated with UI (p <0.001), as well as
the negative self-perception of health in women with UI (p <0.001). Multiple
regression analysis showed that the factors related to a higher prevalence of UI
were hypertension (OR 1.21, CI 1:01 to 1:47, p = 0.004), osteoarthritis (OR 1.24,
CI 1:03 to 1:50, p = 0.022), frequency of physical activity ≥ 3 days / week (OR 1.21, CI 1:01 to 1:44, p = 0.039) and BMI ≥ 25 at the time of interview (OR 1.25, CI 1:04 to 1:49, p = 0.018). Likewise, were associated with a higher prevalence
of UI the negative self-perception of health (PR 1:23; CI 1:06 to 1:44, p = 0.007)
and the presence of limitations in daily activities (PR 1:56 CI 1:16 to 2:10, p =
0.004). Conclusion: Our findings showed that the prevalence of UI among
women is high after 50 years old, with a higher prevalence of MUI. The factors
associated with UI were overweight/obesity, presence of hypertension and
osteoarthritis, limitations in daily activities, physical activity ≥ 3 days/week and negative self-perception of health. Our results point to the existence of mutable
factors associated with UI and the consequent need for health policies able to
make female population and health professionals aware about this issue, in
Summary xvii
Keywords: urinary incontinence, chronic diseases, multimorbidity,
Introdução 18
1. Introdução
Nas últimas décadas, especialmente após os anos 1940, a população
brasileira vem sofrendo mudanças em seu padrão sociodemográfico, incluindo
redução da taxa de crescimento populacional, diminuição da taxa de
mortalidade e modificação de sua composição etária, com aumento
considerável do número de idosos. (1)
Em 2003, a faixa etária de 60 anos ou mais representava apenas 10% do
total populacional brasileiro, sendo constituída por 17 milhões de pessoas. Já
em 2006, dados do IBGE mostravam que essa mesma população era composta
por 19 milhões de pessoas – o que demonstra o rápido processo de envelhecimento populacional pelo qual o Brasil vem passando ao longo dos
últimos anos (1).
A expectativa de vida para os brasileiros também vem aumentando nos
últimos anos, com predomínio do número de pessoas idosas do sexo feminino
em relação ao sexo masculino, provavelmente em função da menor expectativa
de vida para os homens (1). Ainda de acordo com dados do IBGE de 2012, a
expectativa de vida da população geral brasileira alcançou 74,08 anos, com
acréscimo de três meses e 22 dias em relação aos dados de 2010 e de 3,65
Introdução 19 faixa etária igual ou superior a 65 anos deve passar de 14,9 milhões (7,4% do
total), em 2013, para 58,4 milhões (26,7% do total), em 2060 (1).
Atreladas às modificações sociodemográficas no Brasil, mudanças no
perfil epidemiológico do país também se tornaram evidentes. Doenças
infectocontagiosas eram responsáveis por 40% dos óbitos até 1950, sendo hoje
causa de menos de 10% das mortes no país. Em contrapartida, as doenças
cardiovasculares, que estavam associadas a 12% dos óbitos até a década de
1950, são atualmente responsáveis por mais de 40% das mortes (1). Esses
dados explicam a importância cada vez maior das doenças crônicas para a
população brasileira.
A Incontinência Urinária (IU) é uma das doenças crônicas mais
prevalentes na atualidade. Embora haja na literatura diferentes definições para
o quadro, de acordo com a Associação Internacional de Uroginecologia (IUGA)
e a Sociedade Internacional de Continência (ICS), Incontinência Urinária (IU) é
definida como “qualquer queixa de perda involuntária de urina” (2). Quando considerada a população mais jovem, a IU acomete duas a quatro vezes mais a
população feminina quando comparada à masculina. Sua prevalência varia de
forma considerável nos diversos estudos realizados, encontrando-se entre 5% e
69% quando considerados todos os tipos de IU, com variação entre 25% e 45%
na maior parte dos trabalhos. Embora não esteja associada ao aumento do
risco de óbito para seus portadores, a IU encontra-se intimamente relacionada à
piora expressiva da qualidade de vida dessas pessoas (3, 4).
De acordo com sua fisiopatologia, a IU pode ser classificada em três
Introdução 20 situações de aumento da pressão abdominal, como espirro, tosse e exercícios
físicos; Urge-incontinência ou IU de Urgência (IUU), perda urinária súbita e
acompanhada de forte desejo miccional; IU mista (IUM), quando se sobrepõem
sintomas existentes nos dois tipos citados anteriormente (2). O tratamento
escolhido e sua eficácia dependem do tipo de IU apresentado e, portanto, o
diagnóstico preciso é essencial.
A prevalência da IU é maior em países desenvolvidos quando
comparada à prevalência em países em desenvolvimento. Essas diferenças
estão relacionadas às particularidades culturais de cada população e ao
consequente subdiagnóstico do quadro, visto que muitas mulheres portadoras
de IU deixam de procurar assistência médica por sentirem-se constrangidas ou
até mesmo por desconhecerem a possibilidade de tratamento (3, 5). Inquérito
populacional chinês com mais de 19.000 mulheres mostrou que apenas 25%
das pacientes com IU procuraram assistência médica (4). Estudo longitudinal de
base populacional realizado na Suécia avaliou inicialmente, em 1991, 11.644
mulheres com idade igual ou superior a 20 anos através de questionário que
abordava questões relacionadas à IU. Participaram da segunda etapa do
estudo, em 2007, 1.408 mulheres que haviam respondido ao questionário em
1991. Observou-se aumento da prevalência de IU, que passou de 15% em
1991 para 28% em 2007. As prevalências de IUE e IUU foram,
respectivamente, 12% e 2% em 1991, passando para 19% e 12% em 2007.
Segundo este estudo, em 1991 13% das pacientes haviam procurado
assistência médica devido à IU. Em 2007 esses números mantiveram-se
Introdução 21 avaliação médica em função dos sintomas urinários (6). Corroborando os dados
apresentados, estudo paquistanês de corte transversal, realizado em 2012,
mostrou que, embora 45% das mulheres portadoras de IU relatassem impacto
sobre sua qualidade de vida, apenas 15,7% destas haviam procurado
assistência médica (7).
Estudo publicado em 2003 (8) avaliou trabalhos realizados na América
do Norte, Ásia, Europa, África e Austrália e demonstrou que existem dois picos
de prevalência de IU entre as mulheres, sendo o primeiro deles na quinta
década de vida (com predomínio da IUE) e o outro, na oitava década de vida
(com quadros mais frequentemente associados à IUM ou IUU). Observou-se
ainda que a prevalência de IU foi maior entre mulheres brancas (41%) do que
entre mulheres negras (31%). Neste estudo, os principais fatores que
desencorajaram as mulheres a buscar assistência foram IU não entendida
como quadro anormal ou grave, IU vista como parte do processo normal de
envelhecimento, baixa expectativa de melhora com tratamento,
constrangimento e alto custo das consultas (8).
Estudo realizado em 2004 (3) mostrou que a prevalência da IU era de
44% entre a população feminina adulta da Alemanha e de 23% entre as
mulheres adultas espanholas. No mesmo ano, Kinchen et al. detectaram
prevalência de 37% para IU entre a população feminina adulta dos Estados
Unidos (3). Por sua vez, estudo longitudinal de base populacional realizado na
Suécia mostrou incidência anual média desta patologia estimada entre 1% e 9%
(6). Da mesma forma, trabalho norueguês de corte transversal avaliou mulheres
Introdução 22 IU entre os dois períodos do estudo (1995 a 1997 e 2006 a 2008) (9). Estudo
longitudinal prospectivo realizado nos Estados Unidos acompanhou durante 2
anos 1.017 mulheres na pós-menopausa e detectou incidência anual de IU de
19% (10). Estudo transversal de base populacional também realizado nos
Estados Unidos, em 2005, avaliou 3.536 mulheres com idade entre 30 e 90
anos e encontrou prevalência de 45% de IU, sendo diretamente proporcional à
faixa etária considerada, com 28% de prevalência entre 30 e 39 anos e 55%
entre mulheres com 80 a 90 anos de idade (11).
No Brasil, estudo de base populacional realizado em 2001 avaliou
mulheres com idade entre 45 e 60 anos e mostrou prevalência de 35% de IUE.
Não houve relação entre os fatores sociodemográficos avaliados – faixa etária, cor / raça, escolaridade, status socioeconômico, trabalho e estado civil – e a prevalência de IU. Outros fatores estudados - como tabagismo, paridade, IMC e
cirurgias ginecológicas prévias - também não se associaram a maior
prevalência de IU, assim como o estado menopausal e o uso de terapia
hormonal (TH) (12). Há divergências na literatura quanto ao efeito da TH sobre
os sintomas urinários. Metanálise que avaliou a evolução da IU em mulheres
em uso de terapia estrogênica mostrou haver melhora subjetiva dos sintomas
urinários, sem redução, porém, do volume de perda urinária decorrente do
quadro de incontinência. (12, 13).
A IU não afeta somente o bem-estar das pacientes, mas representa
também um grande custo ao sistema de saúde. Estudo realizado em
Washington (14) mostrou aumento de 250% nos custos relacionados à IU entre
Introdução 23 bilhões (76%) destinados a mulheres e US$ 3,8 bilhões (24%) destinados ao
tratamento da população masculina acometida. O investimento médio anual
destinado ao tratamento clínico de pacientes com IU nos Estados Unidos em
1995 era de US$ 16,3 bilhões, sendo que esse valor apresentou aumento de
cerca de 250% nos últimos 10 anos (14).
Diante dos dados apresentados, conclui-se que a IU é um problema de
saúde pública e não compromete as pacientes apenas do ponto de vista
socioemocional, mas demanda também investimento financeiro considerável
(3), o que justifica a necessidade de políticas de saúde capazes de detectar, de
forma eficaz, os fatores associados à IU, possibilitando a formulação de
medidas preventivas eficientes.
A maioria dos estudos epidemiológicos sobre IU foi realizada em países
da América do Norte, Europa, Austrália, Japão e outros países asiáticos. Pouco
é conhecido sobre a prevalência e os fatores associados à IU em outros países,
Objetivos 24
2. Objetivos
2.1. Objetivo geral
Avaliar a prevalência de IU, seus fatores associados e sua associação com multimorbidade entre mulheres com 50 anos ou mais no município de Campinas / SP.
2.2. Objetivos específicos
Identificar a prevalência de incontinência urinária entre mulheres com 50 anos ou mais.
Identificar os fatores sociodemográficos e clínicos associados à incontinência urinária entre essas mulheres.Publicação 25
3. Sujeitos e Métodos
3.1. Desenho de Estudo
Tratou-se de análise secundária de um estudo de corte transversal,
intitulado “Condições de saúde em mulheres acima de 50 anos: Estudo de base populacional no município de Campinas-SP”, conduzido entre 10 de maio de 2011 e 31 de outubro de 2011, no município de Campinas, São Paulo, Brasil.
3.2. Tamanho Amostral
De acordo com dados do IBGE, a população de Campinas, em 2010, era
de 1.080.113 habitantes, com uma crescente população feminina. Neste
mesmo ano, havia 559.248 mulheres em Campinas e, destas, cerca de 142.350
tinham idade igual ou superior a 50 anos (1). Para o cálculo do tamanho da
amostra, no estudo original, a hipertensão foi tomada por base por ser a
morbidade mais prevalente entre mulheres no Brasil e em países
desenvolvidos, com uma prevalência estimada de 56,3%. Foi considerado um
erro tipo 1 (alfa) de 5%. O tamanho da amostra resultante foi aumentado em
10% para compensar uma possível perda de participantes. Portanto, o tamanho
final da amostra foi estabelecido como 657 mulheres. Para o presente estudo,
foi calculado um novo tamanho amostral com base na estimativa de prevalência
Publicação 26 4% e fixando a probabilidade de erro tipo 1 em 5%. Assim, o tamanho da
amostra necessária para o presente estudo seria de 539 mulheres.
3.3. Variáveis
3.3.1. Variável Dependente
A variável dependente foi Incontinência Urinária, definida como “qualquer queixa de perda involuntária de urina” (2). A IU foi classificada em três tipos principais: IU de Esforço (IUE), queixa de perda urinária que ocorre em
situações de aumento da pressão abdominal, como espirro, tosse e exercícios
físicos; Urge-incontinência ou IU de Urgência (IUU), perda urinária súbita e
acompanhada de forte desejo miccional; IU mista (IUM), quando se sobrepõem
sintomas existentes nos dois tipos citados anteriormente (2, 15).
3.3.2. Variávies Independentes
– Tabagismo: definida como hábito de fumar cigarros. Classificado em fumante prévio, atual e não fumante.
– Uso de medicação: definida como uso de medicação prescrita por um médico. Classificado em sim, não, não sabe/não lembra.
– Portadora de convênio médico. Classificada em sim ou não.
– Hábito de consumir bebida alcoólica. Classificado em sim ou não. – Frequência da ingestão de bebida alcoólica. Classificada em nenhuma
Publicação 27 – Prática de exercícios físicos semanais. Classificada em sim ou não. – Frequência da prática de exercícios físicos. Classificada em <2 dias
por semana ou >3 dias por semana.
– Parada da menstruação há mais de 1 ano. Classificado em sim, não ou não lembra.
– Menopausa diagnosticada por médico. Classificado em sim, não ou não lembra.
– Uso de Terapia Hormonal atual ou prévio: Classificado em sim, não ou não sabe.
– Uso atual ou prévio de tratamento alternativo: Classificado em sim, não ou não sabe.
– Presença de morbidades: Classificado em <1 ou > 2 (multimorbidades).
– Autopercepção da saúde: classificada pela própria mulher em muito boa, boa, regular, ruim e péssima.
3.3.3. Variávies de Controle
– Idade: idade em anos completos no momento da entrevista.
– Escolaridade: definida como número de anos completos em que a mulher frequentou a escola.
– Cor da pele: autoclassificada pelo sujeito, segundo as categorias utilizadas no censo demográfico de 2000, pelo IBGE: branca, preta, parda, amarela, indígena ou outra. Classificada em branca ou outra.
Publicação 28 – Estado marital: estado conjugal na época da entrevista: classificado
em com companheiro ou sem companheiro.
– Renda Familiar: considerada a renda mensal do domicílio, em reais, no mês que antecedeu a entrevista. Classificada em <R$1500,00 ou >R$1500,00.
3.4. Seleção dos Sujeitos
Inicialmente foram sorteados 68 setores censitários (unidade de
amostragem primária) do município de Campinas, utilizando-se Amostragem
Aleatória Simples (AAS), equiprobabilística, a partir da lista fornecida pelo IBGE
e ordenada pelo número de identificação do setor (Anexo 1). Os setores
censitários do IBGE são numerados e seus limites geográficos estão
claramente definidos. A classificação dos setores foi feita com base no banco
de dados do Censo de 2000 para o Município de Campinas. Foram incluídos no
sorteio todos os setores censitários do município que possuíssem ao menos
dez mulheres com idade igual ou superior a 50 anos. Setores em que não havia
no mínimo 10 mulheres nessa faixa etária foram agrupados com setores
vizinhos, de numeração posterior.
Assistentes de pesquisa, treinadas pelo Centro de Pesquisa e Controle das
Doenças Materno-Infantis de Campinas (CEMICAMP), visitaram as residências
sorteadas, iniciando pela ímpares. Checavam se ali vivia alguma mulher com 50
anos ou mais. Se houvesse mulheres elegíveis para o estudo, essas eram
convidadas a participar do mesmo. Apenas uma mulher foi selecionada por
endereço, mesmo se outras mulheres vivendo na residência fossem elegíveis
Publicação 29 por essas assistentes de pesquisa até se obter o número mínimo de 10
mulheres elegíveis por setor. Caso não se conseguisse o número de mulheres
(10 por setor), recomeçava-se o setor fazendo os endereços que foram
pulados. No total, 721 mulheres foram convidadas a participar do estudo, sendo
que 99 delas se recusaram a participar (13,7%). Assim, 622 mulheres
constituíram a amostra final. Todas as mulheres participaram voluntariamente
da pesquisa, mediante assinatura de um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de
Campinas sob o número 1012 / 2010.
3.5. Critérios de Inclusão
Mulheres com 50 anos ou mais, residentes no município de Campinas.
3.6. Critérios de Exclusão
Não responderam ao questionário as mulheres que se recusaram
explicitamente a participar do estudo e aquelas que apresentaram qualquer fator
que impedisse a entrevista (por exemplo: impossibilidade física no momento da
entrevista, devido a um problema de saúde, compromissos ou incompatibilidade
de horários etc.). Também foram excluídas as mulheres sem capacidade
cognitiva de responder ao questionário (por exemplo: demência senil, doença
Publicação 30 3.7. Tratamentos, técnicas, testes e ensaios
Após o primeiro estágio de sorteio, foram impressos os mapas de cada
um dos 68 setores censitários (ou agrupamento de setores conforme acima
especificado), contendo as ruas que os delimitavam (perímetro do setor). Para iniciar
o percurso nesses setores, foi sorteado um início casual em seu perímetro, a
partir das diversas esquinas existentes em seu entorno. O percurso iniciou-se
no sentido anti-horário, ou seja, à direita, contornando o setor censitário, pelas
ruas que formam o perímetro do mesmo (rua que delimita o setor). Depois de
tomada essa direção, a entrevistadora caminhava sempre pela calçada à sua
esquerda. Foi localizado o primeiro endereço residencial dessa quadra e depois
o percurso deu-se inicialmente em seu perímetro, em sentido anti-horário,
objetivando obter informações de moradores da primeira residência, da terceira,
quinta, sétima, e assim sucessivamente (Anexo 5). Se ao voltar ao ponto inicial
do setor não tivessem sido identificadas 10 mulheres elegíveis para o estudo, o
percurso continuava pela entrada no interior do setor, do lado direito da rua
inicial, e pulando-se sempre uma residência. Ao final da rua, se necessário, o
outro lado da mesma era percorrido, até retornar-se ao ponto inicial. Se ainda
assim não tivesse sido alcançado o número de mulheres, a próxima esquina,
em sentido anti-horário no perímetro do setor, se tornava o novo ponto de
entrada, novamente pelo lado direito da rua. Ao final desse processo, se todas
as ruas internas do setor já tivessem sido percorridas sem terem alcançado 10
mulheres elegíveis, o processo era reiniciado no perímetro do setor, agora pelos
endereços pares. Isso ocorreu até que o total previsto de 10 mulheres elegíveis
Publicação 31 percorridas, com todos os endereços levantados. Essa última situação está
prevista através de possível perda de 10% no tamanho da amostra.
Nas residências em que se identificou mais de uma mulher na faixa
etária de 50 anos ou mais, apenas uma foi convidada a participar do estudo, por
ordem alfabética dos nomes.
Quando um determinado condomínio, de casas ou de apartamentos, foi
um endereço escolhido no percurso, mas o acesso a ele tenha sido impedido, o
mesmo foi considerado uma recusa e o percurso continuou da mesma forma
naquele setor. Caso tenha sido obtida autorização para entrar em condomínio de
casas, este foi percorrido da mesma maneira que os setores censitários em geral.
No caso de prédios de apartamentos, se houvesse mais de uma torre, eram
selecionadas inicialmente as de números ímpares, e em cada uma delas os
apartamentos ímpares. O questionário teve duração de aproximadamente trinta
minutos e foi aplicado, pessoalmente ou por telefone, por assistentes de pesquisa
treinadas pelo CEMICAMP. O processo de seleção e treinamento das
entrevistadoras foi realizado pelo CEMICAMP juntamente com a autora do
projeto.
3.8. Instrumento de coleta de dados
O questionário usado para este estudo foi composto por 84 questões
abertas e fechadas, divididas em cinco sessões: avaliação sociodemográfica,
relato dos hábitos de saúde, autopercepção de saúde, avaliação da capacidade
funcional e avaliação dos problemas de saúde (Anexo 6). As perguntas foram
Publicação 32 fosse melhor que a outra. Estudou-se hipertensão, infarto agudo do miocárdio,
acidente vascular cerebral, diabetes melittus, asma, enfisema pulmonar, câncer,
artrose, osteoporose, incontinência urinária, glaucoma e catarata, e em caso de
resposta afirmativa, perguntava-se sobre o tempo de diagnóstico e se estava
em tratamento. Assim era reforçada a presença da doença em questão.
O instrumento foi pré-testado e elaborado com base em outros questionários
pré-existentes: dois brasileiros e um americano. Um dos questionários brasileiros fez
parte do projeto SABE (Projeto Saúde, Bem-estar e Envelhecimento na América
Latina e Caribe), que no Brasil realizou entrevista domiciliar com 2.143 idosos
do município de São Paulo em 2006 para avaliar condições de saúde (16). O
segundo questionário brasileiro é um inquérito populacional nacional feito por
telefone chamado VIGITEL – 2008 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis por Entrevistas Telefônicas),
desenvolvido pelo Ministério da Saúde (17). O questionário americano foi
utilizado na pesquisa Women’s Health and Aging Study, que avaliou, através de entrevistas domiciliares, o estado de saúde e causas de incapacidades em
mulheres idosas (18).
As perguntas do questionário SABE abordavam dados
sociodemográficos, comportamentais e antropométricos, avaliação cognitiva,
estado de saúde (presença de doenças, autopercepção de saúde, intervenções
médicas a que foi submetido, cuidados com a saúde, dados nutricionais, estado
funcional, uso de medicamentos, acesso a assistência médica) e redes de
Publicação 33 As perguntas do questionário VIGITEL abordavam: a) características
demográficas e socioeconômicas dos indivíduos (idade, sexo, estado civil,
etnia, nível de escolaridade, número de pessoas e cômodos no domicílio,
número de adultos e número de linhas telefônicas); b) características do padrão de
alimentação e de atividade física associadas à ocorrência de doença crônica; c)
peso e altura recordados; d) frequência do consumo de cigarros e de bebidas
alcoólicas; e) autoavaliação do estado de saúde do entrevistado e referência a
diagnóstico médico anterior de hipertensão arterial, diabetes melittus e colesterol
elevado.
As auxiliares de pesquisa foram treinadas pelo CEMICAMP, para
qualificação na abordagem das mulheres do estudo e aplicação do questionário
corretamente. Foi entregue para cada uma delas um manual com 65 páginas
contendo instruções de comportamento, abordagem, apresentação e entrevista.
Cada pergunta do questionário foi repassada com as auxiliares de pesquisa a fim de
esclarecer qualquer dúvida. O questionário foi aplicado após o processo de
obtenção do consentimento, que era a assinatura do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE) (Anexo 2). Após a assinatura, as auxiliares de pesquisa liam
as perguntas do questionário com todas as alternativas e anotavam as
respostas no mesmo; a entrevista era geralmente realizada no domicílio das
mulheres selecionadas.
3.9. Coleta de dados
O processo para obtenção da amostra de mulheres envolveu duas etapas:
Publicação 34 2) a identificação de mulheres elegíveis em cada domicílio selecionado.
Para a organização e registro do percurso em cada setor censitário, as
entrevistadoras utilizaram a Ficha de Itinerário. Nessa ficha foram anotados
todos os endereços e a natureza do imóvel (residência, comércio, terreno vazio,
condomínio de casas etc.). Cada mulher elegível identificada em um dos
endereços correspondeu a uma linha na Ficha de Itinerário, onde foram
anotados: o primeiro nome, a idade, se a mulher aceitava participar da pesquisa
naquele momento e, nesse caso, o número do questionário aplicado. Se a
mulher não estivesse em sua residência no momento em que a entrevistadora
passou, ou não aceitou ser entrevistada naquele momento foram anotados o
endereço e número de telefone para posteriormente realizar nova visita ou
contato telefônico. Foi lido ou oferecido para leitura o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido logo no início da entrevista, ou apenas lido se a entrevista
fosse por telefone. A mulher selecionada assinou o TCLE caso concordasse com a
entrevista; se foi realizada por telefone, a autorização foi gravada. Naqueles
endereços em que nenhuma pessoa atendeu quando a entrevistadora passou,
foi feito contato telefônico posterior, com até três tentativas, para saber se
existiam mulheres elegíveis naquele local e, em caso positivo, a entrevista
podia ser feita por telefone ou podia ser agendada em momento conveniente.
Somente 2 entrevistas foram realizadas por telefone, com consentimento
informado gravado. Se nas três tentativas de contato nenhuma pessoa atendeu
ou não foi possível falar com nenhuma mulher elegível, esse endereço foi
Publicação 35 3.10. Controle de qualidade
O pré-teste do questionário foi realizado em 30 mulheres que estavam
em consulta médica de rotina com profissional médico ou enfermeiro na
Unidade Básica de Saúde do Jardim Capivari em Campinas.
O controle de qualidade foi garantido pela supervisora de campo. Ao
término do trabalho em cada setor, as entrevistadoras entregaram a ficha
correspondente à supervisora de campo, que realizou a sua conferência, para
verificar se o percurso e a seleção das mulheres estavam sendo feitos de acordo
com as instruções. Além disso, a partir das Fichas de Itinerário, a supervisora
realizou um controle de qualidade do trabalho das entrevistadoras: ela reconstituiu o
percurso e a seleção das mulheres em 10% dos setores sorteados, e repetiu as
entrevistas ou parte delas naqueles setores. Essa checagem foi feita sem violar
os aspectos éticos da pesquisa porque, quando a entrevistadora aplicou o
questionário, já avisou a mulher entrevistada da possibilidade de um novo
contato, através da supervisora, para realização dessa checagem.
3.11. Processamento dos dados
Depois de preenchidos, os questionários foram revisados e ordenados
numericamente. As respostas foram digitadas em sistema computacional
(EPI-INFO versão 2002) por dois digitadores diferentes para detectar e corrigir erros.
3.12. Análise estatística
Inicialmente foi feita uma análise descritiva simples, por distribuição de
Publicação 36 utilizando-se o teste qui-quadrado para testar a associação entre as variáveis
dependentes e as variáveis independentes (19). Após, foram feitos modelos
múltiplos de regressão de Poisson (20), estimando-se a razão de prevalência
(RP) e o respectivo intervalo de confiança de 95% para variáveis significativas,
utilizando o critério de seleção backward, que considerou todas as possíveis
variáveis preditoras no início da modelagem e obteve o modelo final com
somente as variáveis estatisticamente significativas. O nível de significância
pré-estabelecido foi de 5% (nível de confiança de 95%), o plano de amostragem
(UPA – Unidade Primária da Amostra) foi considerado nas análises bivariada e múltipla, e os softwares utilizados foram o SPSS v. 20.0 e o Stata v. 7.0. O plano de
amostragem foi por ‘cluster’ e não por ‘simple random sampling (SRS). Dessa forma, o setor censitário foi a primary sampling unit (PSU)’, ou seja, a unidade primária de sorteio da amostra. A PSU foi considerada na análise dos resultados
através dos comandos svy do Stata.
3.13. Aspectos éticos
Foram cumpridos todos os princípios enunciados na Declaração de
Helsinque (2000) e na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
As mulheres foram convidadas a participar do estudo de livre e espontânea
vontade, e foi lido ou oferecido para leitura logo no início da entrevista o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido. Neste termo constavam esclarecimentos
sobre sua participação, referindo-se à confiabilidade e privacidade de seus
dados pessoais, e as mulheres só foram incluídas no estudo após assinarem o
Publicação 37 Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual
de Campinas (Anexos 3 e 4). Os informes pessoais foram retirados do
instrumento após a coleta dos dados, passando a constar somente um número
como identificação para preservar o anonimato das mulheres. Essas foram
informadas de que a participação no estudo não traria benefícios pessoais e
poderiam recusar-se a participar da pesquisa sem prejuízo algum, bem como
retirar seu consentimento, sem constrangimento, em qualquer fase da pesquisa. A
Publicação 38
4. Publicação
Artigo 1 - Reigota, Renata B, Pedro, Adriana Orcesi, Machado, Vanessa de S. Santos,
Costa-Paiva, Lúcia, Pinto-Neto, Aarão
Artigo enviado para publicação no Neurourology and Urodynamics. Edited By: Christopher R. Chapple
Impact Factor: 2.674 Online ISSN: 1520-6777
Publicação 39
Prevalence of Urinary Incontinence and its Association with Multimorbidity in Women Aged 50 years or older: a population- based study
Reigota, Renata B, MD(1), Pedro, Adriana Orcesi PhD(2), Vanessa de S. Santos Machado, MD(3), PhD, Lúcia Costa-Paiva, MD, PhD(4) and Aarão M. Pinto-Neto, MD, PhD(4)
1. Master´s Degree student, State University of Campinas (UNICAMP), School of Medicine, Campinas, SP, Brazil
2. MD, PhD in Obstetrics and Gynecology, State University of Campinas (UNICAMP),School of Medicine
3. MD, PhD in Obstetrics and Gynecology, State University of Campinas (UNICAMP),School of Medicine
4. MD, PhD. Full Professor, Department of Obstetrics and Gynecology, School of Medical Sciences, State University of Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brazil
Institution where the study was performed: State University of Campinas (UNICAMP),
Campinas, São Paulo, Brazil
Conflicts of interest: None declared.
Short Tittle: Urinary Incontinence and Multimorbidity in Women Aged 50 years or
more
Corresponding author:
Adriana Orcesi Pedro
Department of Gynecology and Obstetrics, State University of Campinas (UNICAMP) Rua Alexander Fleming, 101 - Cidade Universitária Zeferino Vaz
Campinas, São Paulo – Brasil Postal Code: 13083-881
Telephone and fax: +55-19-3521 9306 - Email: aopedro@uol.com.br
Word count for the text only: 3883
Publicação 40
ABSTRACT
Aims: To evaluate the prevalence and associated risk factors for urinary incontinence,
as well as its association with multimorbidity among Brazilian women aged 50 or over.
Methods: This was a secondary analysis of a cross-sectional population-based study
including 622 women 50 years or older, conducted in the city of Campinas-SP-Brazil.
Dependent variable was Urinary Incontinence (UI), defined as any complaint of urine
loss. Independent variables were sociodemographic data, health-related habits,
self-perception of health and functional capacity evaluation. Statistical analysis was carried
out by the Chi-square test and Poisson regression.
Results: Mean age of the women was 64. UI was prevalent in 52.3% of these women:
Mixed UI (26.6%), Urge UI (13.2%) and Stress UI (12.4%). Factors associated with a
higher prevalence of UI were hypertension (OR 1.21, CI 1:01 to 1:47, p = 0.004),
osteoarthritis (OR 1.24, CI 1:03 to 1:50, p = 0.022), physical activity ≥ 3 days / week (OR 1.21, CI 1:01 to 1:44, p = 0.039), BMI ≥ 25 at the time of the interview (OR 1.25, CI 1:04 to 1:49, p = 0.018), negative self-perception of health (OR 1.23, CI 1:06 to 1:44
p = 0.007) and limitations in daily living activities (PR 1:56 CI 1:16 to 2:10, p = 0.004).
Conclusions: The prevalence of UI was high. Mixed incontinence was the most frequent
type of UI. Many associated factors can be prevented or improved. Thus, health policies
targeted at these combined factors could reduce their prevalence rate and possibly
Publicação 41
INTRODUCTION
Changing age structure of the Brazilian population in the last decade with
gradual aging of the population is intimately associated with a higher prevalence of
multimorbidity, i.e. an increase in the number of people suffering from two or more
chronic diseases. Among these disorders is Urinary Incontinence (UI) (1-3). UI is a
chronic disease that is highly prevalent in the female population worldwide. Although
UI is not related to a higher death risk, it has considerable impact on quality of life,
causing psychosocial, emotional and hygienic impairment, in addition to the high cost to
the public health care system (4-6).
According to the International Urogynecological Association (IUGA) and the
International Continence Society (ICS), UI is defined as “any complaint of involuntary loss of urine” (7). According to its pathophysiology, UI may be classified into three main types: Stress UI (SUI), complaint of urine leakage that occurs in situations of
increased abdominal pressure, such as sneezing, coughing and physical exercise; Urge
urinary incontinence (UUI), abrupt urine leakage, accompanied by a strong need to void;
ixed UI (MUI), when symptoms existing in both types cited previously overlap (7).
Recent studies have shown an elevated prevalence of UI worldwide. In 2008, a
review conducted at the 4th International Consultation on Incontinence, demonstrated a
prevalence rate of UI in 25% of women younger than 60, achieving 39% in women aged
60 or over. The prevalence of SUI was highest in the 40 to 60 year-age range, while the
prevalence rates of UUI and MUI peaked between the ages of 60 and 79 years. Among
studies included in this review, a large part had been conducted in Europe and North
America (8, 9). Previous Brazilian studies showed that the prevalence rate of UI ranged
Publicação 42 Most factors associated with UI have already been well-established by
international studies, e.g. age, parity, history of vaginal deliveries, arterial hypertension,
diabetes and previous pelvic surgeries (12). However, the majority of epidemiological
studies on UI were conducted in North America, Europe, Australia, Japan and other
Asian countries. However, database extrapolation across continents may not be an ideal
practice. Little is known about the risk factors associated with UI in other countries,
including Brazil (8, 13).
Therefore, the aim of this population-based research study was to evaluate the
prevalence of UI among women aged 50 or older, living in the city of Campinas, São
Paulo, Brazil. In addition, the associated factors and their correlation with
multimorbidity were also assessed. This is fundamental to provide health professionals
with data that may be used for strategic planning for primary and secondary prevention
of this very common disorder, through knowledge of the factors associated with
Publicação 43
MATERIALS AND METHODS Subject Selection
This is a secondary analysis of a cross-sectional study entitled “Health
Conditions in women over 50 years of age: a population-based study in the city of
Campinas, São Paulo”, conducted between May 10 and October 31, 2011 in the city of Campinas, São Paulo, Brazil in the form of a population-based survey.
Initially, 66 census sectors were selected by lot (primary sampling unit) from the
municipality of Campinas, by using equiprobabilistic Simple Random Sampling (SRS),
derived from a list provided by IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics)
and ordered by the number of sector identified. The IBGE census sectors are enumerated
and their geographical limits are clearly defined. Census classification was carried out,
using a Census database of the year 2000 for the municipality of Campinas. Included in
the lot were all census sectors of the municipality that had at least ten women aged 50 or
older. Sectors where there were not 10 women in this age group were grouped along
with neighboring sectors using subsequent numeration.
Research assistants, trained by the Center for Research and Control of Maternal
and Childhood Diseases of Campinas (CEMICAMP), visited the chosen households,
starting with the odd-numbered houses. These interviewers checked if a woman aged 50
or older lived in that household. Women who were eligible for the study were invited to
participate in the study. Only one woman was selected per address, even if other women
living in the same home were also eligible for the study. After agreeing to participate, a
questionnaire was applied by the interviewers until at least 10 eligible women per sector
were obtained. In case that number (10 per sector) was not obtained, the sector was
Publicação 44 women were invited to participate in the study. Ninety-nine women (13.7%) declined to
participate, allegedly due to a lack of time to answer the questionnaire in most cases.
Therefore, the final sample was comprised of 622 women. All women signed a free
written informed consent term before the interviews. The study was approved by the
Research Ethics Committee of UNICAMP under number 1012/2010.
Sample Size
In 2010, Campinas had 1,080,113 inhabitants, with a growing female population,
according to IBGE data. In that same year, there were 559,248 women in Campinas. Of
these, approximately 142,350 were 50 or older (1). To calculate sample size,
hypertension was considered the most prevalent morbidity in women in Brazil and
developed countries, with an estimated prevalence of 56.3%. A type 1 (alpha) error of
5% was considered. The resulting sample size was increased by 10% to compensate for
a possible loss of subjects and 657 women constituted the final sample size. For the
present study, we calculated a new sample size based on the estimated prevalence of UI,
which was 66% (14). We considered an acceptable absolute difference of 4% and set the
probability of type I error at 5%. Thus, the sample size required for the present study
was 539 women.
Inclusion criteria
The study selected women over the age of 50, who lived in the city of
Publicação 45
Exclusion criteria
Explicit refusal to participate in the study or any factor preventing the interview
from being held, e.g. illness, personal commitments, or schedule incompatibility were
considered exclusion criteria. Women with cognitive disability impeding response to the
questionnaire or those suffering from dementia were also excluded from the study.
Instrument for data collection
The questionnaire used for this study included 84 open-ended and closed-ended
questions that were divided into five sessions: sociodemographic evaluation; report of
health-related habits; self-perception of health; evaluation of functional capacity; and
evaluation of health problems. The questionnaire was pre-tested on 50 women and based
on three preexisting questionnaires. Of the three questionnaires, two were Brazilian. One
was part of the SABE project (Projeto Saúde, Bem-estar e Envelhecimento na America
Latina e Caribe=Health, Well-being and Aging Project in Latin America and the
Caribbean) (15), while the other was part of a population-based survey named VIGITEL
2008 (Surveillance of the risk factors and protective factors associated with chronic
non-transmissible diseases through telephone interviews) carried out by the Brazilian
Ministry of Health (16). The third questionnaire, which served as the basis for the
present study, was an instrument used nationwide in the United States entitled
“Women’s Health and Aging Study” (17).
The SABE questionnaire deals with sociodemographic, behavioral and
anthropometric data, as well as cognitive evaluation, an individual’s health status
Publicação 46 underwent, health care, nutritional data, functional status, drug use, access to medical
care) and social/family support networks.
The VIGITEL questionnaire deals with: a) demographic and socioeconomic
characteristics of individuals (age, sex, marital status, ethnicity, education level, number
of individuals, number of adults and number of rooms in a household, and how many
landline telephone numbers reach a house); b) diet characteristics and physical activity
associated with the occurrence of chronic disease; c) recalled weight and height; d)
smoking and drinking habits; and e) self-evaluation of an individual’s health status and
report of a previous medical diagnosis of hypertension, diabetes or high cholesterol
levels.
Dependent Variables
A dependent variable was Urinary Incontinence, defined as “any complaint of involuntary loss of urine” (7, 18, 19). UI was categorized into three main types: Stress UI (SUI), complaint of urine leakage that occurs in situations of increased abdominal
pressure, e.g. sneezing, coughing and physical exercise; Urge incontinence (UUI),
abrupt urine leakage accompanied by a strong need to void; Mixed UI (MUI), when
Publicação 47
Independent Variables
The independent variables were: Age (years); School Education (Up to 4 years /
> 4 years); Marital Status (with a partner /without a partner); Color/Ethnicity (White
/Non-white); Monthly Income (≤ R$ 1500,00 / > R$ 1500,00); BMI at the time of the
interview (< 25 kg/m2 / ≥ 25 kg/m2); BMI between 20 and 30 years (< 25 kg/m2 / ≥ 25 kg/m2); Number of morbid conditions (< 2 / ≥ 2); Smoking (Never smoked / Smoked in the past / Current smoker); Habit of drinking alcohol (No/Yes); Frequency of alcohol
consumption (No or less than 1 day per month / Other rate); Admission to any hospital
in the last 12 months (No/Yes); Last visit to the doctor (< 6 months / ≥ 6 months);
Woman is taking any medication prescribed by a doctor (No/Yes); Use of
anti-hypertensive drugs (No/Yes); Use of medication acting on the central nervous system
(No/Yes); Use of anti-rheumatic medication (No/Yes); Use of lipid-lowering drugs
(No/Yes); Use of antidiabetics (No/Yes); Use of cardiopulmonary drugs (No/Yes); Use
of thyroid hormones (No/Yes); Use of antiulcer agents (No/Yes); Use of other
medication (No/Yes); Use of analgesics (No/Yes); Use of alternative treatments
(No/Yes); Woman had medical insurance (No/Yes); Weekly practice of physical activity
(No/Yes); Frequency of physical activity (No or up to 2 days per week / ≥ 3 days per week); Woman is in the menopause (No/Yes); Use or used hormone therapy (No/Yes);
Self-evaluation of health (Very good or good / Regular, bad, poor); Assessment of
functional capacity (Igla=100% (no limitation) / Igla< 100% (some limitation)); Arterial
Hypertension (No/Yes); Diabetes (No/Yes); Cancer (No/Yes); Osteoarthritis (No/Yes);
Osteoporosis (No/Yes); Previous fracture (No/Yes); Bronchitis/asthma (No/Yes);
Publicação 48
Statistical Analysis
Data analysis initially began by describing the prevalence of UI and each
category of UI. Using the appropriate chi-square test, any possible association between
UI and different sociodemographic/behavioral characteristics was tested, in addition to
variables related to medical care. Finally, a Poisson multiple regression model was
adjusted to identify variables significantly associated with UI. The backward
elimination technique was used to achieve the final model. All the possible predictive
variables were taken into consideration at the beginning of the process, while the final
model contained only the remaining statistically significant variables. A significance
level of 5% (95% confidence level) was pre-established. Statistical analysis was
conducted by using the SPSS software program, version 20.0 and STATA program,
version 7.0. Bivariate and multiple analyses took into account the sampling plan
(primary sampling unit). Since the sampling plan employed clusters, the census sector
was the primary sampling unit, i.e. the primary unit to be randomized. Analysis of the
results took into account the primary sampling unit, using the “svv” commands of the STATA program (20, 21).
RESULTS
From a total of 622 participating women, the mean age was 64.1 years. Of these
women, 52.7% had up to 4 years of school education. Furthermore, 52.2% of these
women were not living with a partner, 29.6% were white and 53.6% reported having a
monthly family income of R$1.500 reais or less. The prevalence of UI among the
women assessed was 52.2%. MUI was the most prevalent type (in 26.6% of women
Publicação 49 was included in a single category of UI (data not shown in Tables). Demographic
variables, categorized according to the presence or absence of UI, were shown in Table
1. There was no statistically significant difference among the groups.
Among the clinical variables studied, BMI at the time of the interview was
associated with UI. About two-thirds of the studied women were overweight or obese.
However, being overweight or obese at a younger age was not associated with UI.
Approximately 86% of the study population was postmenopausal. Neither menopausal
status nor age at the onset of menopause, were associated with the presence of UI.
Habits such as smoking and alcohol consumption were not associated with the presence
of UI (Table 2).
The use of anti-hypertensive drugs, alternative treatments for menopause and
medication to control cardiopulmonary disease were more prevalent in women with
incontinence (Table 2). There was no association between the presence of UI and the use
of other drugs such as postmenopausal hormone therapy; anti-rheumatic, lipid-lowering,
antiulcer, and antidiabetic drugs; medication acting on the central nervous system;
thyroid hormone and analgesics (data not shown in Tables). There was also no
association between the presence of UI and any other clinical history evaluated, e.g.
medical consultation in the last six months, having health care coverage and hospital
admission in the last 12 months (data not shown in Tables).
The practice and frequency of physical activity were not associated with the
presence of UI. Concerning self-perception of health status, two-thirds of those suffering
from UI considered their health regular / bad / poor (64.1%) and more than half of these
Publicação 50 Approximately two-thirds of women suffering from UI reported multimorbidity.
Among the chronic conditions studied, it was also demonstrated that a history of arterial
hypertension (present in 56% of women) and osteoarthritis (around 34% of the study
population) were associated with UI (Table 4).
On multiple regression analysis, we observed that the existence of any limitation
of functional capacity (PR 1.56; CI 1.16-2.10; p=0.004) and a personal history of
overweight/obesity (OR 1.25, CI 1:04 to 1:49, p = 0.018), osteoarthritis (PR 1.24; CI
1.03-1.50; p=0.022) and arterial hypertension (PR 1.21; CI 1.01-1.47; p=0.043) were
associated with UI. Furthermore, a negative self-perception of health (PR 1.23; CI
1.06-1.44; p=0.007) and physical activity practiced at a weekly rate of 3 or more times per
week (PR 1.21; CI 1.01-1.44; p=0.039) were also factors associated with UI (Table 5).
DISCUSSION
The aim of this study was to evaluate the prevalence of UI, factors associated
with this chronic condition, and the association between UI and multimorbidity in
women aged 50 or older, living in Campinas, São Paulo, Brazil. The prevalence of any
type of UI in the study population was 52.2%, suggesting that approximately one in two
women experiences UI after the age of 50. In a systematic review, the prevalence of UI
was estimated to range from 14.1% to 68.8% among European women, based on age
considered (22). On the other hand, the prevalence of UI was lower (7.9%) among
Korean women, at a mean age of 49.7 years (23). The reported prevalence of UI varies
widely worldwide, according to different epidemiological studies. Variation is mainly
due to differences in definition, target population, questionnaire design and selection
Publicação 51 older age group found (64.1 years), since the prevalence of UI increases with advancing
age (3, 8, 22).
In our study, more than half of the women experiencing UI had MUI. The
remaining women were similarly divided into SUI and UUI. The prevalence of each UI
subtype varied widely in previous studies, with a median of 49% (24%-75%), 29%
(11%-61%) and 21% (7%-49%), for SUI, MUI, and UUI, respectively (25). Likewise, in
a review including 14 studies conducted between 1980 and 2002, the prevalence
detected was 50% for SUI, 32% for MUI and 14% for UUI (18). In our study, the most
prevalent subtype of UI was MUI, which was dissimilar to other from global studies.
The difference in our study can be attributed to the older age group, ethnic background,
and physical or related risk factors of the study population. The prevalence rate of SUI
peaked in women aged 50, declining thereafter. Mixed incontinence became more
common with advancing age. In the literature, there is still little data on the prevalence
of UI and its subtypes among the Brazilian population. Therefore, further studies are
needed to acquire a true understanding of the distribution of these subtypes of UI, the
risk factors associated and their consequences among our population. This is
fundamental for an individualized prophylactic and therapeutic approach, based on risk
factors that are liable to prevention or control.
Bivariate analysis identified an association between a higher prevalence of UI
and BMI at the time of the interview, number of morbidities (2 or more), hypertension,
osteoarthritis, chronic medication use, anti-hypertensive use, cardiopulmonary
medication and alternative treatment for menopausal symptoms and a negative