C823b
v.1
10274/BC
FERNANDO NOGUEIRA DA COSTA
Tese de
Doutora•ento
em EconoGIIiaapresentada ao Instit.u to de Economia
da Universidade Estadual de Campiin.as,.
orien~açao do Pro~essor WILSON
ANO.
Cam.pinas .. 1988 UNICAMF' BIBLIOTECA CENTRAL U~ICAMP H!BUOTC:C\ CEJ.;T'<.•.L CE~.A~ L.'I.Tf[<:SSENVOf_V,:· li.-'iTO r:;_ (_'(>u'<, Ao
---~---·--····-···-"Ou Sê cria instituiç~o pú.blica dê financiamento ou nlo se tem democracia.
HSo sou estatista~ nem m:le Joana., mas sei
que n3o virá nenhum capital estrangeiro
par.-0 Brasil".
<Maria da Concei;;:lo Tavares~ FSP. 2"8/07/88).
UNiCAMP
B!BUOTEC.-\ C:•.J-;LRAL
(ÉSAR LATTES
Ao Ivo .. ~,, .. :n :: i r· ;.<m comn f~ll .... ;,·:nt i
---·----.
UNJCAMP Bl:'lUOTf'"CA (E\!TilAL C~S."-R L'.Tf~Sao pro~essor W~lson Cano, m~u mestr-e e "doutor em orienta~ic", que
dedicou toda at:en~;,:ão ~:\ 1t:cit:,.H.ii\ mín1H:iosa, crrt: ic<.~ rígor·o!!O<:l, imposi~;ão
df:·~ minll<\\ ubst:inação ~t' da "liber·d;;\o:l(·:-: ;·,,t.<=~d~n,ic;·~ qu~-:-; 1\l€~ Pl'·npiciou.
aos colegas Nat:ermes Teixeira e Paulu Davidcff. pela p~rt icipaç~o no
a Sdrgio
Sflva,
q11e gentilm~nte se ofereC~lJ para IJmaleitura
dos~.:.wigírn.'lisr infelizmente. "o mitJ"O pifo'.Ju •••
a Fernando Costa Carvalho, meu auxil lar--de-pesquisa, em julho de 1986.
dOS pro~essores Castro, Lessa, Belluzzo, Jo~u Manos], Luciano, Ferdinando, Braga. Baltar e Possas, dos quais herdei fil
ia,io
inspiraram minha especi~lizaç~o e ensinar que agressividade
polrtlca
~Marcos, H fria,
EulJl
i o, Camilo, Romern. Paulo Eduardo, Ar1~ Mar i~.Lufs FernandoT Vanor, AntOnio Jurga, Ricardo. Laur~. ~r1gela, Regina. Raquel, Ct1Jco Lopreato, Jos~ Carlos, George,
Julinho.
Passo~. Presser.h·~::·~~-;---11.
BIBL!D"'"f:C:\ ('!·_c:re:r,:.
Ct~AR LATTd
Eginardo, Dudu, Mara, Caio, Luz, Fernando, Elair1e, Fernand!J, Fernanda,
Galena, M~nica, Eneas, Aparecida, Cliudia, Paulo Anter1io, Ana,
M<:\riana, Dudc:~., Canno:nn, ('wttnu·, Victol', ,José Gui1h4<~l''l'llf:.', Lttiza, Srlvio,
Lilian, Regina, Magdalena, Lia. Ana Ldcia, Eduardo, Vicente, Roseli,
Mft'·i;;~,m, C:;(ssia, Lfdia, MOnic:<i'.,
G~.Aida, Flol"<~.
SokgioCs>,
Rical''d!J, Mt-\]IJ, Anit;~, C~\t"lllita, Cleh.tdil:l, ){andir·, Ana Lucia, Mariano, Mansur·, Gilson, Mattoso, Ju~o.
Alexandre, Edith, Mircia, Alberto, L(di~. Cliudia,
Oomir1lqu~-:, Angela, Nathalia, SchnE:idt;:l'·, Lfli,. Simcmo;:, l...upc\, Ca1··la,
Ot;;;.vi~üHl, Hamilton, Marta, Cat1j, P.n~~lr·io, Rosaur·.:•., r~(·'~gin~, João,
Mar ia, Ba~:;t ia.._n, e t.o~ntos out:r·o:~ '-1'-•(-; L.~mtJém fcwja1 'iHn o;;stf.-: meu jeito de
aos famili<·H·e·h, Anibal, Apa1··~~cid.~. An~i, Edua,··dt,, Car](:..~=-~ Pa~Jlo, Vovt~
Ia, Tamc\ra, Pcn.il inho, Di di, Edvaldo, Dena, Jacr~ur.:~;. Mon;:., que me dão tod~ retaguarda •••
Dayse, al~m de me auxiliar n~ pesquisa no BANEBPA~ compartilhou comigo este "instante fecundo" de ter filho, construir casa. plantar
ir vor e ••• tese ..
MNCO DO RSTADQ, O CASO MNESI>A
II<DICE
IHTRilDUÇM
PARTE J, O~!G~M DO MHES~A
I:APrTUUl J, MITEcEDEflTE H!ST;Rtco. BAUCO D!ô CRéDITO Ht~OTEC>RIO E AGRiCOLA Do ESTADo DE S~O PAULO
1.L !ncentivos Governam.ant.ai;: 1.2. Fu.nda.:;io
1. 3. !n.=: tala.:; ão
1.4. J..leg6cio:E ~.ano::.àrios
1.5. !mobiliza.:;::;c- .e/ou besca~·it::diz-ao.;ão
1.6. ~acionaliza!i~O
t:APrtUlO
I!• ~AHCO DE CRéDITO Hl~OTEcoR!O !O AGRfCOLA DO ESTAM DES~O PAULO• CO~TEXlOS HITn~lO E lHlE~:HAC!OHAL
l
14
40
50
59 67 75 83z.t.
lntroduç~o 9i2.2. Cro:idfto Hipotec:ár-io e Agdcola e Ati•v'idade )ancâria Ur-b.ana
2'.3. Política Monetária d.a F='rirneír.a ~epública 2.4. Oportunidade de Investimento E:::t.r.angewo
2.5. Contexto lnternaclon.al 2.6. Recapitula"i<lio 96 105
l!O
H7131
PARTE U O MHESPA fiA CRISE DOS ANC>S 30
l_l_
~o:or·ç:.nizao:;:~o do ~:tnco de. l=:s:t.-<tdl[') de S:ão f:'a,_do 'l.2:. ~ir..anci.ame-r.to do CafÊ3.3. l="apel na Crise do? 192:::.
3.-4. Mecanismos de ~ecuPer-.ao;ão
3.5. ~e.ajustamoento Econômico
!:AI'rTULO 4, gAHESP~ E O DESEH•JOLV!t1ENTO PAULISTA (1930-1945)
4.1. :Banco det Estado e o Desem,oo1vimento ASilr-i-cD]a de S'ão
f:'.;.ule-4.2. t=lgricult.ur.a f>aulista. nos AnC~s 1930-1945
4.3. Banco do Es:t.ado e o Deseno.,.•oe·lvime-ntD
Llrbano-indus:tr·ial doa S~o ~-~uk.,
PAliTE JIJ, MHESPA E O DESEH•JOltJ!HEHT!SHO
I:APfTULO 5, BAHESPA NO AP<>S-GUERRA
5.1. !n.auguraç~o tdifício-sede ·~Lê:. Or-sumiza~~o B.anc.ãria
5.3. Atu.a;;~o lle:senvolviment,ista
!:APlTULO 6· BAHESPA E O DESEHI!OLI!IMENTO ECONôMICO <1945-1964)
6.L f"inan<;a:s f>úblic.õ~s !="edo;;wal e a Situa~~o
Monetária-Creditícia
4)_2_ Finan<;as l='áblicas: do E!;tado do:! S~·:t 1='-:~:_,_lo
6.3. ~olítio::.a Cafeeira. 3itua.;ão Cambial e B:alano:;o de
140 141
l4e
155 165 177 1B5 207 21:3 222 223 231241
254 ~~gamentos 270&A. ~51ricultur01 ~aOJ.li:sta r.os Anc.s- 1945-1964 2€11
6.5. Indústria ~:.•..tlista nos Anos 19d5-1964 292
6.6. Ur·baniz.a-;~o do Estado d"E! São h1ulo
6.7. Movimento Fin.ar.ceiro d•;) !:A~iESI='A em j964 e .;
Necessidado: de sua l::xpan-=: B:o
300
UOLUHE 11
PARTE J\1, E>)9LIK~O RECENTE
no
MN2SPACAPITIJLO 7, BANESPi< !: O l>i':SEfll,>QLC'lH<fllO rlHAfiCE!RO d%5-1996)
7.L lntr-·::.du-;%o
7 .2. Hoder niza;;;:~o ..., Cor,centr.a>;:ti•:J
7.3. "Bane::pi.ar.o:s''
7.4.
Autom.a.;:;:.ão7 .5. C:onS~lomera'i:ãO
7 .6. tnternacion..;li:za.:;~o
7.7. Desernpo5!1nho
7 .8:. Crise dos Anos SO
7.9. Reca,pitula.;âo e Conclus:ào
CAPiTIJLO 9, PROBL!:MAS Dos MNCOS ESTADIJA!S E O CASO ~ANESPA
9:.1.
Problemas D~correntes d.a. F'olrtic:a Macroeconómica317 318 333 344 353 359 371 381
Jn
418 de AJu:s:tamoard:,o 441'8.2. l='roblema;:;: Su.:--gidos ''-3 ·::ris2 d= :982 4'53 'B.:l. Défi-cit dos Estado;: e Di· .. •ida dc>s: :Eancos !:::s:".: Oid'.l-::ti:s 467
g_.t._ Díagn6st1co:s: Alt-ernativo;: 481
S.5. Especificidade do Caso l:~HE:~.PA 492
8:.6. Recapit.ulaç::ão
9.7. t-::r·-~;:ia ~:eceit.ada
501
507
IIHEXO 110 CAJ>fTIJLO Q,PõS-!:SCRlTO DOSSJER SOBRo O CASO BAil!:SPA 513
CONtlUS~O 531
SUHái!IO 537
ANEXO ESTAtrSTlCO 543
LISTA llli QUADROS
iiUADROs
TôTULDS
I. L
1.2. 1.3_
4.2·. Empr-éstimos do ~~HE.S!='A por- c~rteira - 193B/!947
5.1. l:MlESI='A - ~ir..anci.amer.t.o de Obr-as e S~r·.Ji<;os: ele lltilid-i!d9>
Pública - 1959/1962
6.1. lnvestimentos Públicos e Partir::•.1l.ar-es - e.om C.:zt :B1lh::ões
6_3_ - 1947."!952 Doéficit de Caixa Emi:ss:aoes de Papel Or-'iament.itr·!a ::J,:-Moeda - 1957·-1964 6.6. :D:.alanço de f'ag.amentos - 1947-,..1965 Governo
6.8. Produç~o :Sra:sile1ra de C:.afé- - 195(1.·'1964
6.9. E:xpoortao;:io Icr--3s:ileira dJ:i! Algod~o - l954d5'164 6.1()_ Cultw"'a de AlSJodão em Sio l='aulo - 19159/1964
Pá6IIII'IS
43
60 63 170 192 201 215 250 255 263 269 282_ 282 285 UNlCAMP Blffi.iOT~''CA C"NTRAL CéS...·'.R LATTLS6.11. Prodl..:<o::ào e Consumo de A<;:Úc.Qr - 15153...-1964 2S7
288 6.13. Efetivo dos Ro::banhos Bol;inos - 1954<"'1963 288
6.14. l=>ecudri.a de Cort.e no l::st.ado de- S"àio F'-aoul.;;. !955>!962 288
6.1'5. Estado rj~ Sêio P'-!11 •• 1-]o - Pr-::rd•.<o:;~o A?rír::ola d~ Sub:sist-.&J·ll:i•
- 1958...-1964 290
6.17. Desenvolvimento lndustr·ial P•::w Setor-es - 1960/1964
6.Ul. Produ.:;~o da Indústria Automobilísti..-:a - 1957/1964
7.1.
7.3. l=ANl::SPA - ~istr1buiç:tio de Renda entroi! os Func1on.áríos
-m.ario/1986
7.6. l=AHl::SPA - Indicadores Patrimoniais - 1979...-19$7
7.7. l=HNtSPA - Indicadores de Des.emPE!nho - i97!U1987 7.8. BHNESPH - An-álise Comparad-a - 19?$/1934
7.9. E:~Jolu.o:;:tio da Rentabilidade dos :Bancos - 19135/19137 7.10. 1'1aiores Fontes de ~entabilidade ttancitr·ia - 1:?85/198?
7.11. l=ANESPA - Evoluc;::ão d.a C.apt..aic;:::io e do E:mpr·u:timo e da
R>=L3ç:;,c d.e C.OJPt-3ç:;,o e Aplicaç~Q - 1985/19137
!1.1_ !Hvid.:. dos Estados e dos Municípios ~Capit..:.is) - i9136
D.l. R e 1 a.;:lo::o R .e passes 1 nte r-nos/E rnPr-ê s:timos: no Setcll"
Bamc
ar·io294 296 296 336 346 347 399 404 411 424 429 432 433 470 - 1:979/l9B6 497
LISTA
J)Ji
lLUSTRAC<'JliS
li
GRáFICOS
I. Húmêro doe f='equ.enos: oa Gr·amdE!s: L.iii•)r-ador-es do t:st.a'ldo de S'#io F"aiJ.lo (Relat..Orlo Aou,l d~Hf..S.f:.S - 1947)
2. tledínio da:!i S..:.fr'~s Caf.;eir·a$ de> E:s:t.;odó d-= S~o ~.aulo
da 1912 a 1948 Cfi:eht6rlo Anual do EAt41;SJ:H - 1:349)
3. &ras::il -
E:xpor-taç~ode
Cai~dt!
1~'50 -!!I1964 05elatc: .. -·jo
Anual do BAUE$PA - 1954)
4. S~o l";ulo - F'rodu.;3o Agr-lcol.:!! de Sub:!:!stêncio~~ de ~514=:: a
1964 (Relit-'CIO anual dp .BANESPf! - 1964)
203
206
282
290
1
APRESENTAÇAO
Vivemos uma crise do Estado. O estado da esp(~ito supera o ~spfrito de Estado.
Sou parte de urna gera~io q1Je vtveu s~&a juventude sob um Estado ditatoria!
seja na censura pol (t ico-cult~•ral, s~ja 0() dom(r~to sdc: io-económico.
Sou parte dE uma escola de pensamet1to que reinterpr·etou a histdria do ,_.jf·~~ 1srno no Brasil. Argumet1tou. atravJs do l~vantamento de fatos
histdricos, que o intervencior1ismo estatal na economia se deslanchou:
(i) por OffiiSS~O .
-
incapacidadeeconomia. O Estado cuidou de pres~rva~ a ~reserva de mercado" em Jreas
onde fra~~o da burguasia brasileira --por exemplo, a empreiteira.
a mercantil e a financeira- poss~Jia hegemonia. Na vardade, a
particulares. Sua prJt ica em buscd dw favor estatal n~c1 se coaduna com S€U discu~so a favor de um capitalismo cc:1m riscos. da nâo
sobreviv~nci~ ~s custas d~ cr~dito ofici~l subsidiado, e, em caso d~
2
sem limites das manobras dos centralizadEJr~s de ontem, travestis de
propÕem atualmente a privatizaçâct. Ao Est:ado intervencior1ista deste siculo contrapÕem o Estado liberal do siculo Passado.
Sou p;u·tr..· do~; br·;-,\~;;.ileir·o•5 n;·~scidos n;·~ •:oeg•.1nda lllE'~t:ade dest:~-~ sllc•Jlo que
pr·e<:r.f.:'nciar·am um•~ tf~nd~nci;:~ hi~;tÓJ'·ic;·:, •ntf..~~··nacion;,tli~;;.l:a~ Acham me]h(Jr'
patriota. mas n '" ~~o SE' I'"
significar· estrangeirar. Isto nio só n~o ~ incom~1m. como tamb~m nlo ~
destino. Nio se pode subordinar os int~resses nacionais aos interesses
pr i v;·,,do~:; .,
Sc1u parte da CfJr·rEnl:f.~ df.: socialistas ct•Je <~~:ham q•.Ae pior 1:1u~:-: um
Ct:'\pital ismo r,.,~ um c:a.pital ismo "ff.nJr:l<,,1 i::-:;~do" e/ou bui''IH:ral: iz;·,tdn. Em
outt"os si~tEmasM 0 ,.
·'
interesses corporat~vistas e sindicais nâo devempredom i n<:\r. lampoucQ om pr i v i 1 (·:r!') i o<;; t:ecno····b•.•r·(;)f.:I"JI: i co~:; dE-~vem gra~:;sar.
Mas tamb0m o I"Espeito ao conJur1to divPrsi~icado dos interesses
~ellcidade comum depende da livre tlusca de cada indiv(duo da prdpria
3
No 1 imite, ch~::ga···s~;· C:\0 mr.L<imo dt:~ n;;;u-·pol it iz<;l,.;'ao e df:.• I'Ho''.ltl~al i;;,~ação do indiv(duo no (~<:l.lliPO d&~ <;;o;~u mundo par·t icu]~\1'' "~ nâQ pol
rt
icn~ Ne!d:aconcepc;;ão, o 1 ibl'~r··al i!;;.l\l() sr.~ con-f'undr.~ c:um o Ílli.lividu~;1 i;;;mn.
do pFobli'?lll<:l d<i\ .,·-f'iciC!ncia E d,;,_ dt=·mocv,:~cÍr.i d(o,.- um sist1.::'111<:l soc;j;;~.}i<.~ta~ A
matri~?. id~:-~nldfJic;·,t do a~=;!;;oc.iaci<.Jni,"'IIIO c:Oi.JP~,·r-~tt: ivo € idfi:nt: ificáve1 pclu menof.> em pal··te, com~~ t:t.Nid@n,_,;~, 1 ibte:l'i:<:ki<:t do moYÍHh~nl:o
soc.ia.1Í!:;!:a. Si.!f'"Pr·o.,endr.~ntr.~mi;,.·nt~-~. tem ve·f'prenc.ia a pr inc(picl!:> pr·dpr·ius
ch": divf:,·•·sas filoso-fia!~ b'Conômic;·,,!;,, <:IP<H·ent:&;m&:nt~;: inconc:iliêfvt;.•is= <"!I
super·aç:ão, d!;: um 1<>1dtJ7 d~1 apr·opr·i;,,~'.':\o p,· ivad;·~ do e)·(co::dt·:-·nt:+;~ E,;cunOmico;
de OJ.(t:l··o, ~~ 111~\nut~·:ll~âo d<:\ liv1·c 111ici~d:iv;·,, nas unid<:tde~> t:-:contlmit~ajõ>w O SE.'nt ido do pr·oj(!;,.•!:o d;=, <~ul:o;..~E<:,\::~_;(, ,:_ul'fl·C.'~POIId•.--·r·i;<\ à n"':.::~_.;ssiddd€-: de
r·P.j51: itui1~ a1.1':> tr·•~balh;;~llnl··,~:j;; ,:, i_UIII:I''DlH: ~~lobal de s• . .l<i\. p,··dpr· ia
aparentemente cantraditdr·ia com
o princ(pio autogest iunJrio- ~ 0c~ita pelc1s tedv· i c os da aut:c1gest:ão
sd uma autoridade socializada iJRni(IC~Jt icamefli:E. Esta seria responsdvel pe-la regu."laç.:ãQ de.) mfi::r·c:;·,,do e po;..:)~l d•:l.,~,;~-10 subrr.-: u ()'Jr.:, 1.omo, q•J;:Inlo
e
ini:E.·r~;:~;~d::·~ curp,:w~ltivijsl:a~; ~=·
"'
il••'·fi<::i~IH:ia do sistem.;t. O Estado 1:.~4
aparf..~lho d~·: Est;;1do. A ;·,,]t(·:~rn,ll:iv<:l (possív~c:l), o sonho .:,~eal) ~;a
tr-ansfoJ"IIlaç;1\n d<·:\ J'e1aç;ão dM SDC:lf,·ddiiE com ">IJ<='.''; in:;,l·i1.1.\J~o-•.--·· ,,,,_ "
pr·Jt i co~ ~-'ill uma instituição l"''lbl i·::a br·~l«;i"J~:.-iJ''<:I. Fsf:;:l SUJ'·pr·<-.-:r_:·nde, ~~ primeir·a vista, pelo seu aparer1te poder
"'podr.:J' fa~·".f'.'F0 r.:m ~;;.~.,·u inl:~;:t··inl·- .. ~ud"JqUJ·ll'. in~~t:it:uir;ão qur.: n~n ~~e renova,
a m<:tquina burucr-;Jt ica ;;~ domin;·i, .. A r·ut: in<'l das l:;:,r·Ef<'l.l'> ~11 iEn<·,,ni:!<'S toma
conta. o~ roemorandos inefic~zes 1ie mesa em mesa tornam-se o Jnico
assinatura do "ponto" e o justo "cont:r·a-cheq&le" do fim-de-mfs- Mas constata-se um fenOmeno~ quando os funcionirio~ ~~ "' C.i O i nc•.tmb i dos d~-:-; cargos de decis~o qobre sua atlvid~dP, empento~m-se exemplarmente. S0·
Yesiste. Alguns elementos lhe dâo alyum dJJl~mismo. Mas, ao mesmo
tempo, esta capacidade de resistPrlCi0 à m,1Jar1~a. muitas V2~(~5 uma postura defer1siva. a cristal tz~ inst ttuLiorJalmente com todos seus
dt'~feitos. Em t:~~l'·mn~; g1ob~\is, "~'" in::.t: ii.uiç:(:ie~,, t::!:;t:.ol.tals s"": t:cwn<:\ln c:ad•~
Vf~Z mai~; imperm~~:.XvE~i!:. ~1:> 1\ll.!d<,\ll!;.:i.\~· i.lit:~\d;·,~s c~'llf"l'·alment~-: q•.Ae não as
di 1'· , .. ,_. :·.\n ..
Sou parte daqueles que acham que a lut~ contra um modo de produç:io tem de ser superada Cr1o sentido t1egelianol r•el~ luta por um r1ovo modo de
ambiente. O idealismo dessa atitude paci Pista, rJestes tempos de guerra
nt.t1:l~:o:ar. ri: contr<i\Posta ~ P!:>irc:udn····l'·;·,lc ion.;1l i d,,,,:l~,:. à pret:t,:n''· ao pragmatismo (responsJvel pela ~tar.utert~~o Ju ~~usq~) ~
,.:.:f'ic;;{cia ~;:.·
po~.;tur·a "I ibetral-··c:cnsÇ;·r·v;il.dOt'·;·,~ he~~emônic.<• .. l..all)(. .. ~nt:;;\v;;:liiH~nt:f::. ;:\!,;;,i<;;t: i mos estarrecidos··~ impnsiçâo da filo~;;dfia pol (t: ic<~ dos ano~'; B0 ..- ;·,1
divu1ga~;i\o pe:l;;\ afdiil da 1 inh<':l do p€-;n,,;amt:~ntn l"lf:COcon<:;o:~rvador·. O
modelo de comportamento da geraçi(J do final dos anos 60 est• sendo destronado pelo da "geraçio saJde". Tr·ans~u pol
ft
ica em 66. dançou noDiltncing D<~y's em /7, 1\h".l.]h"i!\ n<ó\ academia f,'m BB:
hippie-travolta-yuppie ••• Os Jctvens u~bar1os bFm sucedidos profissitHt<·~lmente, fonnadcH:> em univt.~l""'=>idade~'> tle prl'::st(gio
6
e denunciadora; tlm modo de ser 11eutro, objetivo, taxativo~ uma
ultrapassar as ideologias de esquerda e de direita ~ uma constante nesse p~::ns;;un&~IJt:o~ (~uando f<;ll<;l do ''-Fin1 d<:l'-~ id(,,-ologias"', c1aru este·~ quo;:
trata-se das ideologias desestabllizadoras enio das ideoloyias da ordem, que silio. r1essa visio. por nalure~a. n nan "'
eficiente dos nmgdcios econ6micos n1as tamb~m a administraç~o da
democracia e das rela~6es sociais. Eles propBem un1 projeto social
complexidade de mundo que nio pod~ ser apreendido senio por
.:·special istas. Es~;;~:.· p(.;;nsam~:~nt:o c•,.t,J &1\1 via d(-;: t:or·nmr·-se, com mal: izes
múltip1Ctl.~:;, ~" idecl1ogia domin<Hltf::8
7
Revisto, reaparece o paradigmA dn ''moJelo japonésu d~ de•i~nvolvimento
ac:ad~mic:ns, em cft··c•Jlos id<·i:Ol0!1ÍC<,,m~-.ll~''' pr·ó)-:tmo!:> \
social····dE~moc:t'"<il.cia, ~ implant:a~;~\n d..:·.' "mud1"·lo~; r,eolib"';r·ai!;;" n;-\ Arnérir.:a
Latina, q•.l€: con~>t:it:'.lf:.:m uma V~Fc:1··s\~o ·:>ubd•::•:;c::llVolvid;,\ da ",_,t,.,,j,l
i ndu.!:>t r· i :,,_1 ..
"A pr· iolf.dr·a ~;ur:otenta qu~~ a F.:r-o!Ú'io d~1 c;·,,p;·,tc id<HJe df..~ tnov;-,,;..u.i tecnoldgica e, em termos gerais, d~ ~ficifncia, obedece
do Estmdo qu~;- i n i b i r i a em 9r·;:.u !:>i9tlif'ic;·,\tivo ;:1 ;:.t:ividad~:,· cr·iadnr·a cle1!;;
empresas. A prol ifera,âo de interesses diversos, setiJres atrasados,
interven~;io pdblica incompat(vel com o dinamismo e a criatividade.
r·eque..- 1 ivr·;~r···s,;~ dE'~;t:a va~:.t:a 9<:\m<·~ de <'\t: ivid<Hies pdbl ic<·:IS qu~-~
interferem na atividade empresarial, o que se traduzir~ em reirlgi'"ESSO
uma op~~o radicalmente diferente, en' sua dimensio econ6mica e Fm suas express5es pol(ticas~ ao modelc1 dt)mlllant:e no pds-guerra no capitalismo
avan~ado. o "Estado benfeitor do bem-~star social''· 1 i gado a vertentes da soci<:\1·-dc"~lllOCI'".:\CÍ<~ .. A Pl'"OPD<:i>t<;~. "nr··'t:Jlibf:·:l'"<:\1" (qu~-:~ r·Eceb<õ:l.l <:\POÍO
B
eleitoral nos Estados Unidos e na Ir1glaterra, na uviradau dos anos 80) busca uma verdadeira Hrevoluc;io burgu€sa", que aspira recriar o
"A out:r·a int:erpt··eta~;;ão a.fil··ma qu.<c~ u . '"
P<:\r·t 1 c:. 1 Pdt;<i•D dn !:;etor ptÍbl i co e que.
a pr·E·c:al··ied<:~.de do~; m~·c;;~.ni!;;mus ill!:.t:ttu~..ion;;\JS c:apa;;,·.es de ;-~~·-t:il:ul;H· a!:>
empr·e!;;ari;·~·l. Esta c;Qrrr.:ntt.o· dr.: Pf·:n;:;;,\m<.;-:nto t:Em como f'ont&: ele inspir·a~;;ão
tl 'modelo japo11és ' , ondr.: est~::s <:\t-,·-Jbuto•:; cst iVG."I''C\m pl;:.:n<~mE:nt:r.:
vigentc~:s" (p.~-~7:?>. Essm 'utopia' japo11esa C:Oilt i 1 i;·,, t·:·: sintf::t: lz.;·,,
objE:·t ÍVCJ!i> e valor· e!:; ·~IJ.E f;=1vorec&:m "' c.onve1··génc Íi·l d&: di st int:;;1s
correntes de opiniâo: papel r e i t o r do Estado, planifica~~o nacional i:i'Str·atégica, r.:cor1omia mist~~. lider·;··ll"l,<·l indu~;;tr·ia1, pi·,·l~.ll'.!-:·~':,•;,o té~::nico, penetra~ic) cresc~nt~ no mercado interr1aclon~l.
O d i;;1gnd~;t: ic:o do Pf~nsamento 1 ibl-.-'r·a)·-·c{)l"lSI:::-rv~ldor· é !:;impll:ls~ no Clilt""llr.~ da
C:\ bai~-<;·,1 d<:~ Pl'·odut: ivid;;-.df..: ~~-I) m&~l"lOI'" v•.1lto dos inve!;;t imentoi';, PI'"OVI:)Cados
9
c onum i a
1 ibe-r·d~o\df-' d~~ t:odtH> os P•··eçn~,;.. int.11J~:,ivf;~ nn mpr·c;·HJn df.> t•··;:~halhn ... pndc-;~ pe~mitir uma retomada em bases sadias e ev1tar os desppr·d(cios. No
dornfr1io fiscal, conv~m nio sd diminuir os gastos correntes
(principalmente C~lm o emp~egllismo). (.Om(l tambJrn [IS,com t•enEf(cios sociais, para equilibrar os div2r·sl)S nr~amentos p~hlicos. No d0mfnio
rnonetirio, ni1J se deve em nenhuma t11pdt~se expaJJclir a base mor1et~ria para cobrir os excessivos gastos pdbl it:o~.
O essf;nci<:\1 do pens;;\mF:nto nf''ol iber<~] é <:ich:a•F que <'il vol..Ipia do E:~•tad1:)
F.-~str·angu1;·~ a iniciativa pr·iv<HI<~ .. Os lobbiE's dos IH·.·nl ibl-'~r;·:.is foi\H.'fltam
em alta. Pr·ivat iza~io ~.,~o. F pr·iv3l izar atrav~s da Bolsa de
ValOF!:-~!1>~ P<:ll'"a os c:,~sp•?cu]adnv·(.:.~<;, é t'i(·:·:·mo( 1';,\1: j;.~ar· '"- pr·opr i(-~d<~df~. IIH:,·lhcwar
a distribui~5o da renda e dar ~o trabalhad,Jr o direito de participar
Privat i~a~~o, enfatizam o5 1 iberais-cur~servadores, dalgo que deveria
ideoldgico, dentro de uma escala do exequfvel~ as ~irmas Óbvias para se privatizar (comcJ ~oi o c:aso da 2mpr·~sa textil Nova Am~rica>. as menos dbvias CtranspoFte~ telefonia, eletricidade) e as impossfveis
(como a Pe~l·:--nbr·;;{~;, Cir.1M Valt::' do Hio D~1ce f:~ B~\n(:\:1 do Bl"~\·,il). De
qualquer ~arma, O gOverno SÓ teria d(laS safdas para SEU d~ficit
10
O modelo idEdl do libEral·-consFrvadori~mo ~a e~pcri~ncia britânica, s~;:us objo:,·l:ivot~ &~ re~;ult.-~d(J~>- Er11:1''i::: u·~ ol>_i!::tivu~:;, o Pl'·im;-:,·iru,
idt::•old~Jic:o, é ·~ur.: <:1 Pl'·ivat:i~'~ê\1<:\'\o ~c/ \On,>idt:-:l'"êld<:l um 1nc:~-.-ntivo h
cmpl'-t:·:~:;;,>~> têm dE comp!':l: i r ~·o•·· ,.-,.;:-c.UI' .,_.,_,., 110 lu<-:.r·c;:\do de C di-' 1 td i~;; i"l<~ b<:lsr.: ~o retorno que podem propor·cionar.
br-it:f:inl\.,0, inic:i<:ldCJ Em 1.97'1 ... ~t:t:1 t<ti:J/, "l'l<:t~'>E mel:ddc do ~,,,.:-:tu:"
propriEdi:ldr:: p1riv~.\da :;~tr·avi-{s da vEnd,l tle ,,,(;)!':;,;no l:ol:i:t1 d<:~ (JS% 30
bilhÕes. N~stes 8 anos, mais de 600 1111 l traba)hRdurEs p~ssaram para o
pars, po1<:; o pl··ogr-~lm<:< dr:-: Pl''ivclt:izcl~;~o J·eve IJOI'. tJ;,,!:iE a ofErta pilb1ic:a.
40X d<,>,~;; aç_ê)e~~ vendidas a acionl<:;t:.,l'~, 40% P<'='~l'"a fu.ndu•~ c irl~:;t:il:uir;lJel:>, €
2'~Z nf:'ÇJoci;;~d;,l':; no f~:-:t:t::r·ior·. Os ~~illdic,·~Ii~,;t;·,\:=; <:~r:~um(·.:·nt:;·,,m '·IUF us P~IPÉis
foram colt1eados no mercado a preços ~;ubavaliados e a1r1cla 1:om PrFçt:ls P
bónus especiais. dil;;~pidi:HldO o p<:lt.r·l~olÓiliD t;.·sl:<.~t:õll. de::i;-;,,ndn d1;,·
11
adultos br·itAnicos ~ acionista.
mandato. Assim, os sindi~atos
terem sido privatizadas, tfm apenati LJS% 700 milh5es de verbas
aceitas pelo mercado, sâo justamente ~s rer1t~veis •••
Também na Ft~an~''' ;;, tE'nl:~'t: iva dE~ pr· iv;·,,t: iz~1r <!lm E~:>tat.ai$ tf>:vw; c:unho
~ortemente ideoldgico. em rea~io •·~ merlidas do governo anterior, do
E'mpr·t:-:~;a•;; indust•·· i<:\ÍS, d~;~ cumun ica.,:~\~), de pr·•-··~:;t;;,~;;\o , __
,,.-.-e:1et:l~icid<~de, bi':\llCO~> r.: SE~]t.ll'"~:ld,-_,, ;·-1~:,, ,:.1·!-:-~ J'i'')t.
!_.- , •• 1./ i~ u~=, de
12
Mas e~s nr.:ol ib+:-:1-~ti~,; afir1n~\m "IIJE", ;,,Jétü d-;,,•;; •··;-,,~~\11;-:s pol (1: 1c;·,,_~;-., h~( outr·.:•s, industriais, orr;;;;un~ud:~~rias, ·firt:')JtC:!::II'';·,,,, f:: COIHUI'Iil:c{r·•;·,,~;;." i~I-•Dnt:am contO
e:-:f:-:-mplo ··~- ,;:;{p;,;-,rj@ncia f~sp;·,,nh(;)};,, dl': Pt' i·~·-,-,i- i~•;_;:l~:~o .. El<:l não I: em po•·· base
razões ideolÓgicas ou de cunho Rl~itural, mas~ pura P simplesmente o
competir· int:.;:l''nacionalm+::lll:tc: e ini/C";liHtt:-:llt:o~=, 1'·-·st:•··;·,,ll~.~e•l···n~" pdr'i:t obl:.::1·
esta ~,·fici{}nc:i<·,, ,.,tr·<,,vé!:> d1'~ llCJV<:'"' tecnoluql;·;,!;;,. N~\o t:!-::tn como meta soluclon,;tl .. u d é f i c i t P'lblic:o., poi";,. rlEst";,, "''r·::p~\~o, p• .. iv~tti;~;.,r
significa apends uma tr·oc<:l de ;·,-..t 1vo•;; F·' pa<:;<,i•.-·o~.> fln;·,;.nc<,._·i•'·o:,c; ellt:l''(;;: o
cont:<\\!i> pt.fbl icas.
Esse rl o mote que p~ecisavam os brasileiros defensores tias rausas nacic.1nalíst:a!~ .. Fie!~ i\\li!\Cam toda disc:r.,•:,!:,i'"o em l:orno d;·,, plriv;,.ti~~a~o:;i\o7
lembrando que se busca exen1plo en1 pa(se5 como a Ir1glaterra e a Fran~a.,
ondli-~ a p•··ivati:<.~a~;;ã<:J r1ão si911ifico•.J. ''' dE~;.•·,;·,,cional•;~c.,~~~o d:;;,j•; ~;-:mpl''l~'Si:ISy
e-nq•Janto no Brasi"J, como na E~;pa.nh;;t, Sl9nific;·,,r;,{ domf11iu do C:ii1Pit:<.t1
estrangeiro. Argumentam que os err·os d~~~ est:ata1s foram mErJus das
autar·qui<.~s elo qut:' d<:\!:0 autor· id<~tlf::!;; qur.: dEl~~~, se ut· 11 i.:·.i'll'"<"'tlll p;u·a
de~ender seus prdprfos ir1teresses. Se~1s dirigentes fizeram \!~la ugestio pr-ivada'/ df:: st::us nf::9Ót:ios. Enqu;;tnt:o i~;;~;;o, a~,; aut:or·ici<:Ul!-:·:':o c;:c:nnômicas
13
enc:ontra c··e~;pa1do na idt~cJ1D9ia n;·~c:ion<:~li~>t<'l br·~lsilf:~ir·<~. O•;; n!-;~olib+~r-alm
argumentam quE~. por det:r·o{!;; d;·,, m~{!;;c;·,,~··;·~ idf:·.'01Ó9 i c~;;,, inf=>inur,,····se
n~ sua funçio de "cabides de emprego" Privatizar significa, antes de
inv~~~tidores. Sanear represent~ eriXl!gar suas folhas de pagamento.
Colocar fim na estabilidade do emprego nessa,; empresas. Especialmente
no c:aso dos b;;1nc:ár·ios, f'r·agi'Ji~·.~ar o movimento mindic:<:tl ond(·'~ E~l~·~ ~mais
14
I N ···- 1:··,, ' •o,, ('J> , .. , " • "" ·• ... ;JI 'I. ... P q·..-•' ·~ ~~···~ ,;; ... '1,,)>
do pr·dp1·· i o banco ccn1D associaçio de antigos funcionirios, caixa de
pr.·cdl i o, etc .. alfm de sindicatos de banc~rios dos mur1icf~)ios onde e:-:ist•m ag/i!:nc:ia1:; f.' o•.Atl~as ~:·:ntidc<de~:; d;·,\ sor.:if.:dade c i v i l . Seu patrono, o
fundaçio~ umais do que um erro, trata-··s~ de um verdadeiro crime querer transformar um banco estatal em privado''- Os fur1cionAr i os que p~ssaram
estadual, redigiranl uma c~rta de princ:fpios onde cnunJPra-se os
principais tdpicos de luta:
a) retorno do banco, saneado. ao corJtrole (lo governo ~o
b) busca da efici@ncia administrativa [:om aprove1tamerJt:o da
d) exclusividade na arrecada~io de tr:butos est.duais~
e) estabelecimento de normas legai~• est~t~1tdria~ que impeçam a
rnalversa~io dos recursos administrado~. pelo bancoJ
f) n~st:;;,b&:lf~(~ im~mto do prw:st (g i o do b<':lnco.
Em poucas palavras, defendiam qu~ o banco precisava ser dirigido per
pessoas que o conhecessem, pois as administra,6es estaduais eram
temporJrias. Isto, para mim, por raz6es expostas na Apresentaç~o, deu
15
Apds exame d~~ pr·opostas apresPntad~s pelos grupos de trabalho
formados por t~cn~cos do Ban~o Central, Banco dc1 Brasil, Sec·r·etaria do TESDIJYO e Secret~ria do Pl~nejamerlto que elabor·aram estudos sobre o
ajustamento do Setor P~blico F'inanceiro (ver FSP, 28/7/87, p.A-19),
governamentais. queremos destacar as ~eguintes~
a) necessidade de ~xtin~~o de agência~ ou at~ mesmo de fechamento de
b) tr·ansforma~âo dos bancos cc1merciais estaduais em bancos n1dlt.iplos,
c) extinçâo dos grandes CDtlglomerados firlanceiros estaduais.
Existem fundamentalmente duas posiç6es ar1tag8nicas
posiç6es icleoldgicas uprivatizanteu ou Hestatizante~, que fazem ClS
mesmos diagndsticos e prop5em as mesmas sc1Y~5€s para as mais diversos prdblen1as- em d~bate a respeito da origem dos pr-oblemas atuais dos
ban~os estaduais~ a dos que acham que a questio J basicamente de má gestão r:~ a dos quE ~:>ão dE~ opinião q11~-~ t:lrat:;;\· .. ·se de questi1es !·::'Sti'"U1:Ui'·ais
do prdprio sistema financeiro e~~ta·J~ml.
SurPrE·e·ndemo····nos <~U<:lndo tomr.\ml:l!:> c:nr•h;;~c i menti) qt.lF. atr:.r mesmo n1.Jun'-~
economistas que fizeram parte dos quadros da CEPAL
CIJnh~:-:cida cumo be1··~o do Pf.-~fl!;;ament:o ESt:l'"'.lt.UI''alist:a na f'!,fllél··ic;-,, Lat:in;·,\, tendem para a primeira posiçio citada. Consideram que trata-se somente
16
ent~o uma questio econ811tica~ mas sim d~ pol(cia •••
devemos tambf!m ifiC(Jr'PDrar· <:1 PI''Opo~;ir;\Xo d;'t Cl' ( t i c;·,\ da Econornia Pc1l ft: ic:a
globalizants ou generalizante. Parcl restr·ingirmos • especJÇicidade da
para pesquisa histdrico-estrutural um caso rvlevantm dessas empresas. A partir desse estudo de caso, confrontando com in~ormaiÕes sobre o
resto do sistema bancirio estadual, verificaremos se podemo~
informaç~o ao citado debate.
Tivemos, am julho de 1996. uma 1 igeira oportunidade de acesso aos
arquivos do Banco do Estado de Paulo, por ocasi~u de
uma pesquisa que serviu como fonte de c6nsulta bJsica para redaçio de uma edi~~o comemorativa de seus 60 anos. Como pressentfamos que
foi permitido. A p~rtir d~sse material~ composto de fontes primJrias (relatdrios anuais da diretor·ia, documentos internos, correspond~ncia,
BANESPA. Trata-se. como expressou com Fel i cidade o Pro~. Wilson Cano~
17
u nu~.;~,~~ ~.•!IJI: ftulo.,
IMkrlfngn nio nos convencesse q~1E
u0
CasoBANESPA''
possui maiorapft~lo, por· t.;:.:l·· c:!'lft:!J<:I.di:J, ,··vtelll:l·::lllt::'ill:<.·, n<:\::> primt:ir·;·:~.~:; p;;~gin<.1::> do~:;
jorr1ais, Ol1 pelo mer1os, na sF~io policial ••.
Nosso objet:i'/0, por·l:<:tnl:o, ~·m l:t'.l'll•D~'• d!':: Pl-:-:n::>am<·::nl:n Econt:lmico, :;;~,:r·ia de q1Jal ific;;~.r·, c:~. P~tl'·l: i1·· do •':sl:udo dt:: •tm c~tsu conc:reto, ll C!Ufi-" a CEPAL
Ver ific~:ontlo a p.,;l··t:in.~ncia hi•_,l:di··i,::;~ d~.'-' t<"'l1 vi:;;~\o, Pl'·et~:;.·ndt;·mos.
s.E:r· capa.-.:es d1~·. J::Oill arrgumenl:d\,.:~1.o c ir;:,;nt (FiC<"'I, ~:-;:-:POI'' nossa tesr de,,
necessidade de permanência futura de instituiç5es financeiras
com cridito a qua1n o banco do Estado financ:ia.
Uma tesP tem como base hipdtesRs e praposi~~es. Lembremos o que o
Hipdhse:Fi1os. PJ•·opnsiç:'ao quF.-: se <il.dmitt:-: de modo Pt""CJvi~:.óJ··io como
SEt""Vindo-lhes de ~undamanto.
Proposi,cão~ Fi los. E:nunc i a do v~~r·bal !:>ll~'.cEt fvt-:1 de Sf.:-r· di to
v~~t""c1;:\dEit""o ou falso., Ret. A~:;:~uni.o quF.: v;:~ i ~;(-:1' di<;;cut: ido ou a~;;c.;f.-:r-ç:ão
que vai set"" deferldida •
16
Como dissemo~, devemos partir da vis~u cepal ioa sobre as empresas flnar1ce.iras do Estado desenvolvlment lfuta. Sua pvoposi~lo bJsica I qye
Cl'"iadas inst: it:ui~,;;Õf:~s f'irH:HlCfi-:ir·as 'd.,-:osemvolvim~.·nt i~.>tas• sr..1b contn:J]F.o~ do
setor pJbl i co, dificilmef1te um r • ' • pode re~olver os problemas de
transferlncia inter-setorial (lJU e~r~acial) de recursos para os setores
mais atrasados ou para novos setores ou regiÕes, atravls do
desf..:nvo1vinHcnt:o ('·:spont~n.;;o di:? ~;~;:•.1~, ini.>Uill~'di~r·io!!> f'inanceir·osu (CEPAL, 1971., p • .t09) ..
s~-u. ~\lpgumenl:o ted1•·ico
é
ba~d:~'\nt:~~ convincr.:nt .. ~: ua pr·inH::in~ t::tcwc\ (do fluxo financeiro) dA-se quando •• fam!l ias e empresas se voltam para os intermediJrios fir1ancwiros. O segunda movimenta. do sistema finar1ceiro em dire~~a aos usuirio~~ do cridlto, rege-sv, evidentemente,PtH" consid+;•r·a~ÕI~S d~~ r·ent<l\hili[l<":<d€:, 1il:p.iidez E r·isco dii\!;t <~Plicaçi:if.-~5 E
nâo por seus ~ins soei ai• ou 'Jesenvolviment istas'. O acesso aos recursos das inst itui~5es ~inanceiras ~ determinado pelas garantias que podem ser oferecidas, o que siunifica, geralmente, que sd s5o favorecidos os que jJ est~o instalados nos setores de mais alta prtJdutividade monet&ria e que oferecem, por·tanto, ap]icaç8es
'!;;(;:gUI'.a!:; " ' ( i df.·~nl, i b j d€.'1\l).
O passo Sli-~guinte.•
é
distinguil'" illbtit•Ji~ão Hr.~ercado e instituic;~~odeplitnifica~ão .. "Um s;.;~ttw financeir·o funcionalment:f.-: 'neut:r·o' t:em o
papel de permitir e facilitar que se ruat€rialize um volume de
19
conce-ntl'·a~;ão dos recurso~ p0ra os satures ou atividades dominantes,
~xpansio econó1nica devido • conformBç~o di demandB. Dentro dessa
intrrnsecas de um determinado 'parlr~o de desenvolvimento', a
modifica;âo da distribtJi,âo dos r~cursos reais em determinada direçâo
introduzida a id~ia que cabe ~ empresa financeira que
nio vise prin1ordialmente a maximi~a;~o do lucro o papel de contribuir
para o fomento do desenvolvimento económico. "Uma ~uncional idade 'desenvolviment ista', essen~ialmente, significaria q~Je o sistema financeiro assume um papel ativo na distribui~~o de recursos. Esse 1: ipo de funcion;·~l idadf.> do <:l.Pi":tl'fdho d"'-; intf.-~l··nu;.;di~u,:.:ão pr·omov~:.~ unH~ canaliza;io dos recursos diferente da qtJe ocorre em t1ma com car.ter
prioritJrios, tendo em vista o e~eito que tfm na aceleraçilio do
desenvolvimento econúmico e social. Estes fins serlo, em alta medida. difer-entes daq1.1t.•:lf.:s (~I.H? se I""EDEm Pf']n n··itér-io da r·~::.-nt~-\hi1id-li:l--·
pr·iv:;:u.1<:\" ( i d . , i b i d . )
A visio cepa]ina traça com rrecisio met~s possrveis de S!' alcançar com
com o setor financeiro p~blico. E~te compensa. em parte, deficifncia
20
~uncion~l idade 'desanvolviment ista' do setor financeiro podem ser busc:adus e c1.tingidos-. dois CJUli'"D~~ Ol)j~:,·tivos~ O primr.:in:l é a ~·l~io.'Va,ão de,\
taxa de poupan;a-investimentu da economia e o au1nento dos recursos que fluem pelo <~P<H"t.dho dw~ intETIIH.;:dia~ãn. O Sf..;gunclo rl a df..~Sf.:OI'ICE-~nt:r·a~ão na distribui;io de fundos
funcion<.~l idt'ld&: 'rH::ut:Ya • ···como r·e<;;,u"lt:<·o~.do, por •Jm lado, do fato d""~ sf-~
dei>:ar· dE~ utili~~al'' os P<Hir·Õli·:s t:r·;·HIIc.ionais dé· rr.:nt;;lbilid<Hit;; privada e
de garantias para canalizar os recursos (que tendem a favorecer irupl icitamente •• grandes empresas, ffi(tit:as das quais s~o de caráter monopdlic:o), e, POt" out:I'"Cl, diit.' que se podE:, conscir.:ntf.~mt'.'ni:f.-.', t:h·:~;r.:jar C) fomento de outras unidades produtivas cjiferwntas das tradicionalmente
diferentes r·azBes, merecem aten,~o esp~cial, como as atividades de e>:portaç;ão ou as indÚ!:>tri~\s m~di;11•;; '·:·: pe<p.H:~n<:\s" (id ... ibid .. , pp .. 114/5).
Assim, a caracter(!;;t: ica dt..' f'uncion.~"J ichou:l~o;; c:kl iberada p,n·<-.1 o
desr.~nvolviment(J c::on!;.istr.~. f.:f.,Sf.:llciallllEntE'• na r·r.~<:tdapt:;:u;ãn e t:ambef.m n<:\
int:egraç;io do processo de intermerlia~io com uma estrat~gia expl feita
de desenvolvimento e a submissio do sistema a uma or·ientao;lo pdblica
rigorosa e eficaz. devidamente coordenada e centralizada. 011tra
poss;ibil idadE:' é t:rJrnar· o ~:tist:ema dt;~ intf.-~rmediao;~Xo tot:a1m~·ntr:.· dE:
propriedade do Estado. Diferente& posições ideoldgicas -· 1 iberal,
reformista. estat izante, aut:ogest iondria, etc. -participam do debate
21
.
atua~So ~inanreir·a do "Estado cJesei1YcJ1vimentista". A questlcJ pod~ ser
r·esumida da se~:juint:e Tor·m'''• ~~E~•Hldo um<',!, ;:~nt ig<:1 apost ilh<.'l sobr·e o
Setor Pdblico (Cano, 1970)~ no r)rocesso de demRrlvolvimento r&clama uma acelera~~o da acumula~io d~ capital~ as poupan~as privadas tornam-se escassas. conduzindo-se preferivelmente parê a montagem das inclJstrias
leves (t':' llHi\it:; lucl'·at iva~>)w Entr·et~tnto, ·f'C\c~::· à inE-~)·;ist:t:·ncia d(;~ uma
empresJrios din~miCtlhl e de toda uma mentalidade arraigada ao passado, o setor· pdblico ri prest.;ion<=~do implícita e s:-:·:plic:itamente "' Pl'"(e~(.;·ncher
essas lacunas do sistema". Su~s a,5es poderiam ser c:lassif'icadas em
Esta Jltima a~ao do Estado desenvolvimentista se di "atravls da
expans~o de seus estabelecimentos de cr~dlta~ ou criaçio de agentes financeiros governamentais aptos a prover o sistema com financiamentos
Como se sabe, no modelo primJrio-P>'portador, a rede banciria privada
(~de certa forma tambdm a p~blica) estava mais capacitada a fornecer o crJdito comercial. quando muito. o cr~dita • produ,âo agrfcola de
exporta~~o. Com o surgimento do parque industrial. e com as necessidades de investimentos de infraestrtLtura.
ch;:..madn a in<;;t;·~)<,tr emprE":~:;,;t<,;. d<~: fin<:\ilci;·'-llot:-:nt:o, qu<e:. dada;·~ CO!'ldi<;;ân de longo perrodo de matur·a;âo e de bAixa lucratividade dos investimentos
22
para os quais elas Sê':\ O
-
orientadas, fatalmente escapam da esfera da propr i edi:'\de privada, uma vez q• . .uo• sua perspectiva de 1 ue~ .. osé
insignificante, e o montante de recursos-a mobilizar i de dimensão maior do que a capacidade financeira do setor privado. S~o exemplos
t(picos os chamados Bancos dE' D~:-sfwvolviment:o ou de lnve.-stimento de p,.-oprie-.-dad+': pdb1 ica. f'o..- outr·o lado, nH\\Oip•Jlando os instrumentos de
polftica monet.ria, o Estado igualmente pode atuar sobre o sistema bancário privado, orientando-·1h4'-.-, at,l certo ponte,, SU<.'\s aplicaçÕes"
(ido; ibid.).
Como Zini (1982)
Ji
resenhou, acerca da relaç~o entre odeSE'OVO)Vimento econemic:o
e
O desenvolVimento financeiro SE' debatemposições tedricas antagdnicas. com consequentes desdobramentos
metodoldgicos diversos na investigaç~o histórica.
A
tese da influ~nciapositiva do desenvolvimento financeiro sobre o económico, defendida entr-e outros poF GuFley
&
Shaw (1955>. destaca os efeitos positivos sobre o uprocesso poupança-investimentou em raz~o da diversifica~~o das instituiçÕes financE.•iras: menor risco para os poupador~:s. maiorvolun1e de r-ec~1rsos para o investimento. alc)(:ação rnais eficiente da poupan,a. No entanto, Goldsmith <1963) conci~lu pela impossibilidade de demonstrar efetivamente a e>: i st @nc: i a d~- causação un f voe a do
desenvolvimento financeiro sobre o crescimento econdmico; ou seja. o surgimento de novas instituiç5es financeiras e novos tftulos
financeiros constitui condiçio necessiria mas
nio
suficiente parao
.
dc~senvol v i ment o~
23
desenvolvimento econômico sobre a estrutura do setor ~inanceiro, no sentido que modl~icaçSes na estrutura produtiva. como crescimento do produtor maior porte das ernpresasr apllcaç~o de novas tecnologias e dlferencia~~o de produtos, maior diversifica~io, segmentaç~o e/ou
lnterrelacionamento setorialr presença crescente de drg~os e empresas
pÚb 1 i c as, todos esses Ten6menns pr-ovocam uma demanda di fr:•renc i ada
sobre drg~os de financiamento. Esta acabava por refletir na demanda e.
oferta de ativos financeiros e na prdpria estrutura do mercado desses fundos. provocando. por sua vez. diferenciaç~o das institui~3es
financeiras, concentraç~o banciria e maior particlpa~~o estatal.
Assim. nesta corrente de pensamento. o desenvolvimento ~inanceiro f'ol sempre en~ocado a partir das necessidades geradas pela progressiva complexidade da economiaM
A poslç~o de Sochaczewski (19801 surge como a de "tertius" no debate=
ne:m os aspectos f i nane e i r os r.:onst: i tu em 1.uua imagem r·Ed'le:-:a dQ Pl''Ocesso inteiramente determinado no lado real. nem vice-versa. Na realidade. a
estr~tura financeira seria urna vari~vel independente da ~orma~io de capital produtivo. O sistema financeiro possuiria autonomia relativa no processo de crescimento. Seria mais adequado falar-se em c:onc-n:ão de causa-efeito entre o desenvolvimento econ6mico e o desenvolvimento financeiro ..
Nosi!la visão en>:ETga na real idade uma siMIJltaneidade de acontecimentos
e
não uma "lei da causalidade". linearmente ccmcebida com'o uma r(gida sucessão de causa e E.·~eito. Uhl acontecimento social_ ni\1::, ocorre somente por uma causa. mas sim por uma conf'lguraç;ão de causas-e-efeitossimultâneos. Cabe ao cientista social desvendi-la. No caso. nosso obJetivo i analisar a atua~io de um banco do Estado para suprir as necessidades financeiras do desenvolvimento econ8mico.
Como vimos. segundo a concepç~o cepal i na. as inst ituiç5es financeiras possuem dlfererltes sistemas de operaç~o e tipos de especial iza~io por aglncias e funç5es de acordo com as caracterfst icas e-con8micas de cada
pa(s. ou de maneira mais rigorosa, de acordo com o padr~o de
acumulaç~o predominante naquela etapa de desenvolvimento nacional. SE:·ja por· variávEis como gn~u ele;~ central iza~ão pública., ndações
financeiras internacionais, modo de financiamento da dfvida pdblic~ R
o ·processo I nfl ac i omír i o. SE:'j a por rEh,cÕ€s rstruturais como
~agnitude da economia de subsistfncia. grau de diversifica~~o
setorial/~spacial~ padr5es e n(veis de consuma urbano, renda mldia di ~;pon fvel. hábItos de.• poupanr;a, seja pcw (atores conjunturais como
a ürientar;ãc) da PC~l(t:ic<~t econ8mica. r-elar;ão setor público-privado em mat~ria financeira. grau de autofinanciamento das empr~sas dominantes nos setores pr·incipais, o fato é q1..1e essas dive-rsas caracté·r(sticas SR combinam. conformando um padr~o histdrico-espacial particular.
Devemos lembrar que há diversas outras formas de financiar o
desenvolvimento que n~o passam pelo setor financeiro. Hi sempre um
uli~ de técnicas de mobilizaçio do excedente, por ex~mplo,
autofinanciamento. financiamento inflaciondrio, ingressos lfquidos d• capital estrang~iro, aparato fiscal. mecanismo cambial, etc •• cuja ador;io depende do prdprio contexto institucional e histórico.
25
mostrava um re:arranjo ao longo do temro~ de acor-do com a conf'ormar;;ãr.)
de cada padr~o de crescimento, de uma estrutura financeira trlpclar:
S~tor Externo- Setor P~blico- Setor FIAanceiro. Enquanto
este dltlmo, especialmente r1a irea banciria privada. restringia-se ao finar.ciamento da produç~o corrente. os dois outros revezavam-se na capacidade de financiar os investimentos a prazo maior. O
financiamento sempre era visto como uma necessidade derlvada da expansio do Setor Industrial. Se essa n~o era suprida atrav~s do financiamento indireto (via intermedia;io financeira. entrada de capital estrangeiro, mecanismo cambial. tributa~ão e/ou outro
instrumento governamental) ou direto <via transfertncia direta de capital da agricultura • i11ddstriar redistribuiçio de renda entre o setor agr real a e o setor indu~>tr ial impl k i ta em sua!:• relaçõe-s d€~
trocar aumento da produtividade indllstrial acima dos sal~rios reais. etc.>r o autofinanciamento atravJs da remarcaçlo de precos entrava em
Os cepalinos salientavam essa situa•ão de precariedade nos meCanismos convencionais de financiamento externo C • empresa>~ quando vigorava o mecanismo de financiamento inflacionJrio. Este resultava em
redistribuiçio de renda. tanto entre classes sociais (p.ex., por queda
de saláF"io real), quanto entre capitalistas de.· diferentes setores (p.ex •• exportador vs. importador). A infla~io se esgotava enquanto mecanismo de financiamento quando se alcan~ava determinado espiral de remarcaçio de preços. Chegava-se a um impasse devido~ capacidade de defesa e reação f.'lll cadeia dos diferentes agentes eccmemlc:os. QuandcJ, de acordo com cada expectativa inflacion~ria. se antecipava e acabava por extrapol~-la.
26
"
Vivemos hoje uma cr~se do Estado desenvolvimentista. Assim, somente ~m
termos muito gFrais poderfamos aceitar como ad~~quada ao cont:e}:to atual
a clássica proposta cepal i na de Jnterven~io estatal no momento de
crise inflacionária, pan:l. suprir, via institui~Ões financeiras
pdblicas, a necessidade de mecanismos de financiamento. Segundo Flori (1984),. "o Estado desenvolvinu:mt ista alcm.nr;ou, enf'im, o 1 imite da
eficicia poss(vel de sua interven;io" (p.216>. Imp5e-se, como necessidade histórica, a descentral iza~io, a desestat izaçio e a
-democratiza;~o. para a economia brasileira superar. de vez. a crise do
No entanto, a realidade estrutural constru(da e embutida na prdpria institucional idade do Estado, para sua a'~o na economia, permanece. Nesta sftuaç~o de transiçio, depois de seu estilha;arnento, a estrutura financeira do setor pdblico ~ameaçada pelo conflito polftico e debate
ideoldgico em torno da desestat izaçio.
Para Fiori (1984), "'o pensamento progressista sente--se numa dif(cll encruzilhada. Convencido de uma autoria que n~o teve, e acreditando
fielmente na possibilidade de um planejamento estatal do desenvolvimento, tem dificuldades de compreender os limites
intransponfveis desse planeJamento na situaçio brasileira, e se
propÕe, aliado a uma tecnocracia dissidente e 'nacionalista', a
defender de dentro e de fora do aparelho de Estado, a necessidade de
urna arbitragem estatal quR sd sr.·ria possrvel desobstruindo os SRIJS
27
Envolto n~ste nnevoeiro ideológico" c:abeça\s-pensantes progressistas chegam- na ausOncia de uma análise mais pro~unda dos problemas
estruturais dos bancos estaduais~ e baseando-se somente nos esc§ndalos que chegaram' opiniio pdblica- a diagnosticá-los como simples
Instrumentos de manlpulaç~o polftico-clientelfstica dos governos estaduais. A receita que Prescrevem entio
i
anacr8nica: ~echar os bancos estaduais, trans~erindo suas ~un~Bes para o Banco do Brasil. Aproposta
i:
''jogar fora a água e o bf~b€<'~ entl'"&~gando "ds band&•ja1' <.-\ baciapara osdpals-da-crianç~~ que, no entanto, a rejeitam •••
~erl~iquemos, em seus tra~os gerais, corno se chegou a esse ,,;tado-de-coisas par·adoxal, depois de 60 ani)S de centralizaç;ão
contfnua. Elementos da classe dominante querem "desvencilhar-se de um Estado de que todos dependem economicamente. numa luta em que o
principal instrumento de poder de cada IJm l a prdpria ~atia do Estado
que controlam" (p.217>. Intelectuais progressistas querem apoderar-se de um Estado ruo decomposição. Encruzilhada hlst:ó,~tca: ~&:nterrar o
cadáver ou tentar o milagre da ressurreiç~o?
Flori <1984) adverte que "a releitura tedrica do passado n~o ~capaz de exaurir as incertezas futuras#. Nessa encruzilhada em que a ~orça.
a vontade
e
a expectativa decidem a traJetória a seguir, ua teoria encerra sua taret'a, reconhecendo sua impot~nc ia". O únIco que pa.rece possfvel dl~er ~que "esgotou-se a possibilidade de seguir-seequaciunandll o conflito entn? as várias f'raç'õe5~ de c1as~;e dominante e.
dessa, com os diversos setores dl)minados, na forma de um compromisso
2B
estat i:zante como solução e anúncio da prchdma crise" (p.218/9).
Esgotou-se uma etapa r~ue~ a p.:u·t ir dos aniJS 20r teve no estat isrno e na centrali:zar;ão SIJ<i\s maiore~> caractr.~l'·r~;;tic<.~s. A hipótese deste autor aponta, assim. para uma ne.•cess<:fr ia descentr-cd i;...--:aç:ão do pode,.-. Mas
é
dif(cll uma prfl•visãc) ds: sc:>luç;ão 1 ibe-:ral-fedo:-:rat iva (em qur.:,.por-exemplo,. se fortaleceria os bancos gov€rnamentais estaduais). 11
0 mais provivel ~que a batalha pela desestatizar;ão encubra longo p6r(odo de
luta e incerteza. onde se estaria definindo as regras de gestio
pol
rt
ica e económica do novo ciclo de crescimento e.·conÓillicou (p.219).Como se chegou a esse limite da eficicia possrvel da intervenç:io do Estado desenvolvlment ista brasileiro, que ~colocado em xeque
conjuntamente com todas suas instituio;Õ~-:-s? Fim-i (1984) parte de uma dupla deterrnlnao;ão para se explicar estes ciclos e crises, pol(ticos e
econômicos .. De um li:l.do, C) podt:-~r disc:riclornkio do Estado sobre- o valor
patrimonial das empresas e a!:> r·egras de pol (t ica e:.·condmica, e:.·m funo;ão de uma instivel correlao;lo de foro;as e interessesr di uma enorme
lnsegurano;a- para empres~rios historicamente com avers~o ao risco e
com necessidade de investimentos promovidos e subsidiados pelo Estado
-tomarem qualquer decis~o de investimento de porte maior e longo prazo de maturao;~o. Como consequfncia dos "casuismos" legais, "politiza-se a competio;~o econ8mica, tendendo a transformar a
concorr,ncla de mercado em luta por alguma fatia do poder estatal" (p.209) .. Transforma tarnb~rn em fen6rueno estrutural um comportamento
defensivo-w.speculat ivo dos vários a~H:•:ntes s-conómic:os-,-·finance-iros~
29
a sustentar as novas fronteir-as de acumulaç:;ão. Cumpria esta tarefa financiando ou executando diretamente gastos e investimentos. No
entanto. todas desacelera;Õer:> no crescime~"lto, provoc.adas por df.:scenso c(clico ou constrangimento no balanço de pagamentos. geravam crlse no padrio de financiamento. Com menor volume de recursos e capacidade de
gastos. os empreendi mentes dependentes dos gastos est at: a i s e subs (di os er<;>.m afetados. Surgia e-ntão uma inevit-ável crist:' polrtica e
financeira. acompanhada sempre por uma aceleyaç:ão inf"lacionária. Estas crises pol(tico·-institucionais eram devid05à luta pol(tica no interior de um Estado fracionado. As financeiras explicavam-sa pelo esgotamento
institucional de um precirlo aparelho arrecadador de impostos e pela impossibilidad~ de coexistência de mecanismos de ~inanciarnento a longo prazo e instabilidade inflacioniria. Ambas tinham como solu~lo as
recentraliza~5es impostas pelos rearran.Jos dos compromissos assumidos politicamente pelas heterog@neas ~ra;5es de classe dominante.
Armava-se dessa forma as condi~5es polrticas para o plano de
estabilizaç:ãcr pois revertiam-se as e:-:pectativas., e para a
re~orrnula~ão do sistema financeiro., com um re-at'"Fanjo inst itiJCional (~IJe
PeFmitia novas fontes de financiamento. E redefinia-se as novas regras
de gest~o estatal.
Assim~ essa soluç:io permitia novo surto de crescimento. porlm conduzi~
gradativamente • hiper-centraliza~io das decis5es no Estado. A
consequente f'ril\gmentil\ç;ão do aparelho estatal E-~m diVE'J'"sos interE.'sses
e
suas periddicas paralisias geravam instabiliza~io cr&nica das
expectativas empresariais. Essa estrat~gia de "fuga para frenten., de viabilizar de qualquer -forma o crescimento econdmico como solu~ão
3D
obrigad~ de compromisso, alcan~ava seus limites logo adiante e repunha, agravados, os mesmos tipos de problemas. Sd que, hoje, "a
centraliza~lo estat izante alcan,ou urna d~mensio insuspeitivel, levando
a um limite mJxirno o perigo representado pelo seu poder discricion~rio". Nesta situaçio, "o projeto desestatizante
apresenta-se hoje como uma for;a que nio teve em 1945, 55 ou 65,
momentos anteriores em que f o i proposto pel<.'\s fFaçÕes pena 1 i zadas e,
logo depois, abandonado por essas fra;Ões, que, vitoriosas,
Já
controlavam o poder que haviam criticado" (p.212/3).Um novo movimento de centrallza;io estatizante
Já
nio encontra os apoios sociais e polfticos das situa;5es anteriores. O recurso ao a{f"bitro em dltirna inst~ncia- o poder militar -recentemente foi acionado por 21 anos. A divis~o ir1terna do~ militares, corrompidos pelas diversas press5esr acabou levando-os • impot~ncia e h retirada estratlglca para a "sombra do poder".A
falta de autonomla do Estado frente aos virias interesses tamblm inviabiliza uma solu~lo que passe pelo avanço da a;io estatal na direçio de um planejamento estrutural global. Vivemos a crlse da hiper-centraliza;io do Estadodesenvolvimentista.
Para elucidar quest~o de t~o grande d1mensio a crise do Estado desenvolvlmentista , em que uma despretenciosa tese academica pode contribuir? Muito pouco ou quase nada. Mod~stamente, tentamos
pesquisar um caso concreto da manifesta~âo dEssa crise: o banco do Estada. Um dos primeiros instrumentos institucionais criados para a
intervençio dEsenvolvimentista na economia <no caso, por parte do governo estadual)T esse banco~ um caso-srntese da dubiedade a que estio submetidas as atuaç5es dessas instituições estatais. Por um lado, o banco do Estado opera como banco comercial com obJetivos de tipo tradicional, que s~o avaliados, principalmente, com crit~rios
privatistas de rentabilidade, de garantias o~erecidas pelos
sclicitantes de cr~dito para serem atendidos e de liquidez e~ seus negócios. Por outro~ este banco emprega critlrios mais flexrveis e "desenvolvimentlstas" para avaliar os projetos de investimento e tomar a decis~o de financiamento aos setores prioritários para o crescimento econbmico.
Os bancos governamentais est~o submersos nessa contradiiio. Os
preju(zos financeiros, em linhas de cr~dito com funç5es nitidamente sociais, podem ser encarados como produtores de dividendos pol rt icos, porque os benef(cios sociais obtidos podem reverter em apoio pol(tico aos governadores que resolvem problemas sociais por meio de
financiamento de seu banco oficial. Entretanto, por serem tamb•m sociedades de capital aberto, com acionistas do setor privado, os bancos que pretendem captar recursos atravls de novas subscr!~5es
precisam oferecer expectativa de lucro razoJvel~ e n~o sd prejurzos no cumprimento de sua funçâo social. Portanto. os bancos cornErcials
32
oficiais Possuem funç5es sobrepostas às dos bancos comerciais privados, que tAm como objetivo o lucro, e ~s dos bancos de
desenvolvimento estaduais, que tl?m cc)mo f-1 . .m~ão "'-'Spec{f'ica o fomento das
regiões onde estão sediados.
Esta sobrepos i ~ão de fun~ÕE'!i> qu&~ quere.•mus &'Nam i nar. Como se
de-li-historicamente? Qual sua origem? Como ultapassou suas crises
~nteriores, quando o conflito se instalou? Como conduz sua atividade
cotidiana, privilegiando qual faceta? Que influência sofreu dos
diversos ciclos econ6micos? De que maneira sua estrutura funcional foi
atingida pelos padraes de desenvolvimento dominantes? Qual a correla~io entre a gestio e seus resultados? Qual a compara~io
possfvel com os bancos conu:.·rc: i a i s privados?
··odas essas questBes n~o podem ser respondidas em unfssono~ para o universo dos bancos oficiais. Eles contem uma ~orça financeira bastante heterogfnea. Portanto, n~o se deve generalizar a seu
respeito. Cada caso possui uma especi~icidade.
Tentamos ultrapassar essa dificuldade tomando para anil i se um caso relevante. no sentido de seu peso econômico. Enquanto todos bancos estaduais repn\?sentam 35X d(:) 1arh·t sbar~ de) sistema financeiro
brasileiro. somente o Banco do Estado de Slo Paulo representa 40X de todo o sistema estadual. ~o segundo maior banco em volume de
emprlstimos (apds o Banco do Brasil). ~ o maior repassador- de recur-sos dos fundos sociais com cont:rol~:-~ dos "bancqs de prlmeirr:\
1
inha" Cde fomentoJ BNOES/FINAME eBNH/CEF>.
!
atualmente o quarto33
banco em vol•.1me de depdsitos. depois de ter perdido o segundo posto fim
1974~ para o BRADESCO. e o terceiro em 1980. para o Ita~. Possui mais
de 3 milhões de correntistas. Possui a se-gunda maior rede Qe ag~ncias
no exterior e-ntre os bancos brasileiros .. F. o se-~gundc1 maior
11
responsável"pela d(vida eNterna brasileira. Atua Junto ao maior centro
financeir-o do Pars. no Estado de m<o~.ior desenvolvimento econ61nico.
Apesar disso tudo. nâo conseguiu ~icar isento dos escandalos
P•Ibl i c os •••
O BANESPA possui todas as c:n1denc i a i s nec:essár i as par;:; merecer um estudo prof'undo.
~tese consta de quatro partes. Cada qual se divide em dois cap(tulos;
o primeiro deles com o texto prdximo do original da citada pesquisa Para a ed i ~;ão comemorativa dtl se>:~\9€'~;>i mo an i versá r· i o da reorgan i za~;ão
do Banco~ em que privilegiei as in~ormaç5es extrafdas de fontes
Primárias~ o segundo com um esforç;o analrtico mais 9E~ral, com base maior em fontes secundárias~ numa tentativa de "E,·nquadrar"' os fatos
especfficos da hlstdria do banco dentro de um quadro mais amplo. Portanto, a ordem de exposi~ão ~: o 1-ato
e
o contexto, a telae
a molduraMA
primeira parte refere-se I.; origem do Banco do Estado de São Paulo. Trata das circunstlnclas em que foi fundado, em 1909, o Banco de Crédito Hipotecário e Agrfcola do Estado de São Paulo, antecessor do BANESPA. Investiga as razões dos incent !vos govern~mentais para que capitalistas fYanceses tomassem a decisão de investimento em um banco34
hipotec.rlor numa ex-colonia portuguesa, r~cem escravista~ exportadora de cafi. A histdria do BANESPA cont~m esta curiosidade: íni~ia-se com
capital frm.nl:~s. vem a Prímr:~iF~\ Grande Guo:.-r-ra; fom(,'nt:a o hoo1 do café nos anos 20 com capital ingl~s. vr:~m a cr-ise-~ d&~ 1929~ fomw:nta o umilagre econ8mico brasileiro" com euroddlar, vem a crise da dfvida
Os documentos dos Trance-se~~• fundadon:.'s do BCHASP cont: ~m pre-ciosidades históricas. Alim de possuir uma deliciosa ~vis~o de ipoca". com
reh•tÓritiS de viagem pe-~las dive-:r·sas re;giÕr.:s paulistas incluindo
observações sobre os costumes de ent~o, sio extremamente minuciosos no levantamento dos dados econemico-financeiros e nas avalia~5es das
fazendas de ca~j que entravam como garantia do cr.dito hipotec.rlo. Portantor ~oi poss(vel resgatar com razoiv~l detalhe a organiza~io do banco
e
seus principais nsgóciosr inclusive.~ as razÕE·~S cp.l€ le:.·varamà
imobiliza~~o de seu capital e posterior descapitaliza;io. o que acabou levando-o~ nacional ~~~c\~ão e/ou estat ização.
Mas, para uma compreensio do fenemeno em sua totalidade, foi
necessirio apresentar tamb~m o contexto interno e o internacional. No primeiro caso, baseamo-nos nas excelentes teses de doutorado e de
livre-doctncia de Flivio Azevedo Marques de Saes. Este pesquisador expôs com correção tedrica, a meu ver, o relacionamento da atividade bancdria com o crescimento urbano de S~o Paulo e a lnflu~ncia da polftica monetiria da Primeira Repdblica (oscilante entre a posi~~o ""n1e.·talistau s- ""papelist.:-~."") sobre os negdcios bancár·ios. Fiz
35
temas. Fundamental tambJm foi entender a motiva~io dos investidores
europeus, na situação pré-··Primeira Guerr-a da economia mundial.
M!H"E'Cf::'IJ toda uma parte d<':l. tese a <11.ná1 i sE:' do papel fundamental qi.LE'
desempenhou o BANESPA no desenr·olar da Crise de 1929. O Banco foi
reorganizado para repassar o financiamento internacional para a
reten~~o de estoques de cafd. Quando foi cortada o crdclito externo, em fun~;io do "enxugamentoN internacional de capitais efetuado pela Bolsa de Valores de Nova York, o BANESPA detonou a crise no Ambito interno.
ao recusar continuar descont<':l.ndo os •arrants dos caf'e~ic:ultor~;-s. Aldm
de causas econ8mico-financeiras, o Banco sofreu um abalo em suas
atividades por raz6es pol(ticas: a Revolu~io dE 1930 e a Revolu;io Constitucionalista Paulista de 1932. Mas teve um importante papel no
posterior processo de "social izaçio das perdas" dos produtores de cafJ e no reajusta~ento econBmico do Estado de Sio Paulo.
No cap(tulo seguinte, examinamos isso com maior detalhe, ou seja, a relaçio do Banco do Estado com o desenvolvimento agr(cola e
~rbano-industrlal de S~o Paulo. Valemo-nos para tanto, pelo "lado
produtivo"~ da pesquisa r~cem-conclufda Por equipe do IE-UNICAMP sob o
t ( t u l o A Interior iza,cão do Oest11vol vi•ento Econ6~aico do Estado d~ s-a;o
Paulo~ e. pelo "lado finance-~iro", dos Rc·latórios An,Jais da Diretoria
do BANESPA.
Chegamos asslm
à
~roca do "'desr.mvolviment isn10/'. apó~;. a II Guerra Mundial. Um Primeiro tema que resolvemos explorar foi a contribuiç3o do banco para a urbanizaç3o da capital de S~o Paulo. Sabemos que. em36
todas grandes capitais brasileiras~ ~oi uma ~peca de intensa
especulaç~o imobili~ria. Os bancos tinham papel fundamEntal, enquanto
grandes investi dores e:m imóveis. Pos~;uicHn diversos. tanto para u~.o
prdprio, como por resgate de garantia de empristimos (os prédios urbanos eram garantias usuais). No caso do BANESPA, ~relevante a
construção de seu '"'difrc:io-·sede. nãc1 só por c:onst itulr um mc'\rco na
paisagem arquitetônica da cidade de Sâo Paulo. como tamblm pela
análise econ6mico-financeira do empreerldimento de tal porte. O exame da origem dos recursos prÓprios do Banco permite uma quadro detalhado de suas finanç:as na lpoca. Em seguida, mostramos um panorama da
organizaçio banciria brasileira no per(cdo e ccmo o BANESPA se colocava. Fech;:~ndo o cap (tu lo~ uma análise dE"ttalhada de-~ sua~>
atividades propriamente banc~rias, inclusive com estat(st ica da ori9EM
de seus depdsitos e do destino de seus ernpr,stirnos por atividade
econ8mica. O BANESPA prestou intensa coopera~lo financeira a entidades e drgios 1 i gados ao Poder Pdbl i co Paulista.
O cap(tulo referente ao perrodo unacional-·desenvolvime·ntlsta'~ objetiva of'erecer um quadro g&•ral da situaçil) &•conAmic<:\ anterior a i964. Para
isso utiliza-se principalmente, como fontes de informa,5es factuais e estat (st icas, das ExPosi,cõe-s Anuais do Conselho Nacional de Econo1ia
(de 1951 a 1964) e dos Relatdrios Anuais da Diretoria do BANE:SPA. na
tentativa de oferecer ao leitor uma vis~o quantitativa sistematizada desse per(odo fundamental da industriallzaç~o brasil~ira. Inicia-se
com umi\ avi\1 i ação dos invE-~st i mentes realizados de 1947 <:~. 195~~r ressaltando a relativa distor~ão das apl lcações na inddstria de constrtJç;ão~ como reserva estive) ccmtra a deprec ia~ão monetck ia.