UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
CURRÍCULO NOVO ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
Toda reforma implica um processo de readaptação da estrutura acadêmica vigente, composta principalmente pelo currículo e pela metodologia de ensino, frente a um dado contexto socioeconômico. Existe uma correlação essencial entre demandas sociais e ensino universitário e, por isso, deve-se pensar numa reforma abrangente e eficaz, capaz de contribuir na formação integral do aluno. A reforma curricular que se apresenta começa justamente quando pensamos nos limites dessa formação integral – quais serão os componentes que viabilizarão a competência profissional e humanista do economista e quais ajustes o currículo deverá sofrer para se tornar pertinente.
O primeiro pressuposto ao qual recorremos vem do artigo 43 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que diz que a educação superior tem por finalidade “estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo”. Nesse sentido, o novo currículo do curso de Ciências Econômicas pretende buscar o equilíbrio entre a formação técnica e o raciocínio crítico, sempre pensando nos reflexos das experiências acadêmicas na vida profissional do aluno. Para tanto, elaborou-se um currículo em que fosse permitido ao aluno, através de um número amplo de alternativas, transitar pelas linhas de concentração de seu interesse. Acreditamos, dessa forma, conferir ao aluno mais autonomia e estímulo, livrando-o das amarras de um “corpo normativo rígido”.
Dessa forma, o currículo proposto contempla em sua organização curricular conteúdos que revelam inter-relações com a realidade nacional e internacional, segundo uma perspectiva histórica e contextualizada dos diferentes fenômenos relacionados com a economia, apresentando conteúdos de: (i) formação geral, com o objetivo de introduzir o aluno ao conhecimento da ciência econômica e de outras ciências sociais; (ii) formação teórico-quantitativa, que se direcionam à formação profissional propriamente dita; (iii) formação histórica, que possibilitem ao aluno construir uma base cultural necessária a uma visão crítica da atualidade e; (iv) teórico-práticos, abordando questões práticas que possibilitam ao graduando atuar no mercado de trabalho com desenvoltura técnica.
Em consonância com o Parecer 776/97, aprovado pelo Conselho Nacional de Educação em 03/12/1997, que orienta as Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação, o volume de disciplinas obrigatórias sofreu uma forte redução, passando de 81% no antigo currículo (2.310h de um total de 2.850h) para 45% no novo currículo (1.350h de um total de 3.000h).
A estrutura curricular contém elementos heterogêneos e flexíveis. Desse modo, além das disciplinas obrigatórias e optativas, que compõem a base comum do curso, foram incluídas atividades obrigatórias e atividades complementares.
Os conteúdos de estudos (matérias) que englobam as disciplinas obrigatórias são relacionados a seguir. As disciplinas obrigatórias em que se desdobram estes conteúdos são explicitados nos formulários de número 08.
FORMAÇÃO GERAL
Teoria Econômica, Matemática, Estatística Econômica
FORMAÇÃO TEÓRICO-QUANTITATIVA
Teoria Microeconômica, Teoria Macroeconômica, Matemática, Estatística Econômica, Econometria
FORMAÇÃO HISTÓRICA
História Econômica Geral, Formação Econômica do Brasil, Economia Brasileira Contemporânea, História do Pensamento Econômico
TEÓRICO-PRÁTICOS
Técnicas de Pesquisa em Economia
As atividades obrigatórias englobam os Laboratórios, a seguir discriminados, com uma carga horária total de 210 horas/aula, e o Trabalho de Conclusão de Curso, com carga horária de 240 horas/aula. Os Laboratórios são os seguintes: a) de Leitura e Interpretação de Textos (30 horas/aula); b) de Macroeconomia II e III (60 horas/aula); de Microeconomia I, II e III (90 horas/aula); e de Econometria (30 horas/aula). Tais Laboratórios têm por objetivo estimular os alunos a exercitarem, de modo prático, os conhecimentos teóricos apreendidos.
Através das atividades complementares - que têm por objetivo estimular a integração dos alunos às atividades tipicamente acadêmicas, como ensino, pesquisa e extensão, e também participação em eventos científicos, além da iniciação às atividades
profissionais (estágios) - o novo currículo incentiva as práticas acadêmica e profissional como elementos integrantes nos processos de ensino-aprendizagem, o que implica ações que desenvolvam, nas palavras da LDB, a dinâmica do “espírito científico” e se afastem de um esquema de ensino alicerçado apenas em transmissão e reprodução de conteúdos. As atividades complementares garantem para os alunos a incorporação ao currículo de até um máximo de 240 horas/aula, podendo substituir disciplinas optativas com esta carga horária (normalmente, quatro disciplinas optativas). A opção de se utilizar as atividades complementares em substituição a disciplinas optativas levou em consideração o fato de que o curso possui, principalmente no turno noturno, estudantes que trabalham e que, por conseguinte, não teriam tempo disponível para realizar, de forma obrigatória, tais atividades. Desse modo, as atividades complementares se constituem em uma opção, e não em uma obrigatoriedade, para o aluno, que poderá integralizar o currículo sem realizá-las.
O novo currículo propiciará formação diversificada ao aluno pois abrange uma considerável variedade de disciplinas vinculadas a diversos departamentos de ensino, potencializando a interdisciplinaridade e criando espaços de interação entre os saberes. Escapando ao isolamento e à hiper-especialização, adotamos uma perspectiva integracionista que desenvolve, no futuro profissional, uma visão mais sistêmica e coerente dos fenômenos a serem estudados.
O novo currículo contempla igualmente o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), entendido como “dissertação escrita sobre qualquer princípio da Ciência Econômica, abrangida direta ou indiretamente pelos programas das disciplinas lecionadas no respectivo curso”. O TCC virá dividido em dois momentos: o primeiro deles é a disciplina obrigatória Metodologia e Técnicas de Pesquisa em Economia, ofertada na grade curricular com carga horária de 90 horas, e ministrada por um professor que terá uma dupla
função: a primeira será a de apresentar aos alunos os métodos e as técnicas de pesquisa em Economia, e a segunda, a de coordenar o trabalho de elaboração do projeto de monografia. Nesta segunda função, o professor da disciplina deverá interagir, simultaneamente, com os alunos e seus respectivos professores orientadores. A aprovação do aluno na disciplina será o resultado dessa interação, uma vez que o projeto de monografia deverá ser aprovado tanto pelo professor orientador quanto pelo professor da disciplina.
Já o segundo momento é o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) propriamente dito, considerado como atividade obrigatória, que perfará 240h e estará sob a supervisão do professor orientador que foi definido no primeiro momento. O TCC, cuja defesa perante uma banca de três professores é obrigatória para a integralização curricular, apresenta-se como a oportunidade de o aluno exercitar-se criticamente e ser iniciado na prática da pesquisa e metodologia científicas. Cabe ressaltar que o Trabalho de Conclusão de Curso será objeto de regulamentação a ser estabelecida a partir de proposta a ser discutida pelo Departamento de Economia e pelo Colegiado do Curso de Ciências Econômicas.
A seguir, um quadro-resumo da estrutura curricular do curso de Ciências Econômicas:
ESTRUTURA CURRICULAR
Disciplinas Obrigatórias 1.350h
Atividades Obrigatórias 450h
Disciplinas Optativas/Atividades Complementares (*) 1.200h
TOTAL 3.000h
(*) As atividades complementares abrangem Iniciação à Pesquisa e Extensão, Monitoria, Estágio, participação em eventos científicos e disciplina não integrante do currículo do curso. Quando realizadas, substituem até o máximo de 240 horas de disciplinas optativas.
Além do núcleo de disciplinas obrigatórias, o aluno contará com a possibilidade de escolher um leque de disciplinas optativas de acordo com seus objetivos
acadêmicos e profissionais, dispondo de três linhas de concentração, agrupadas em (i) Teoria e História Econômica; (ii) Economia do Setor Público; e (iii) Economia Empresarial. Das vinte disciplinas optativas que o aluno deverá cursar, correspondentes a uma carga horária total de 1.200 (mil e duzentas) horas, doze disciplinas optativas, correspondentes a uma carga horária de 720 (setecentas e vinte) horas, deverão ser escolhidas, necessariamente, dentre aquelas oferecidas pelo Departamento de Economia.
Estas três linhas de concentração englobam os conteúdos de estudos (matérias) abaixo relacionados. As disciplinas optativas em que se desdobram tais conteúdos estão explicitadas nos formulários de número 09.
FORMAÇÃO GERAL
Linhas de Concentração: Teoria e História Econômica/Economia do Setor Público
Filosofia, Antropologia, Geografia, Sociologia, Direito, Ciência Política Linha de Concentração: Economia Empresarial
Administração, Contabilidade
FORMAÇÃO TEÓRICO-QUANTITATIVA
Linha de Concentração: Teoria e História Econômica
Economia Política, Metodologia da Análise Econômica, Socioeconomia, Teoria da Regulação
Linha de Concentração: Economia do Setor Público
Teoria Macroeconômica, Contabilidade Social, Economia Internacional, Desenvolvimento Socioeconômico, Economia do Setor Público, Economia Monetária, Teoria Monetária, Estatística Econômica, Economia Matemática, Econometria, Economia
Social, Economia Agrária, Economia e Demografia, Economia Fluminense, Economia Regional e Urbana, Economia de Serviços, Economia do Trabalho
Linha de Concentração: Economia Empresarial
Teoria Microeconômica, Comércio Internacional, Economia Latino-Americana, Economia da Energia, Economia dos Recursos Naturais, Economia do Meio Ambiente, Economia da Tecnologia, Elaboração e Análise de Projetos, Indústria e Política Industrial, Economia Financeira, Apoio à Decisão, Pesquisa Operacional
FORMAÇÃO HISTÓRICA
Linha de Concentração: Teoria e História Econômica
História Econômica Geral, Formação Econômica do Brasil, Economia Brasileira Contemporânea, História do Pensamento Econômico
Para as atividades complementares, que podem substituir até o máximo de 240 horas de disciplinas optativas, adotou-se o padrão de conversão em carga horária conforme o quadro abaixo. Deve-se destacar, em particular, que o estágio é componente curricular opcional na estrutura curricular do curso, sendo considerado como atividade complementar. Como tal, a realização de estágio será permitida somente a alunos que tenham cursado com aproveitamento disciplinas/atividades obrigatórias que correspondam a uma carga horária de, pelo menos, 720 (setecentas e vinte) horas, o que equivale a ter completado os dois primeiros períodos do curso.
Atividade Complementar Carga Horária Limite Máximo
Monitoria 60h/ano 120h
Iniciação à Pesquisa 60h/ano 120h
Iniciação à Extensão 60h/ano 120h
Iniciação Profissional (Estágio) 15h/semestre 60h Participação em Eventos Científicos (Congressos, Seminários etc.) --- 120h
Disciplina não integrante do currículo do curso
--- 60h
Tendo em vista que se trata de uma inovação importante, sobre a qual a experiência prévia é incipiente, o conjunto das atividades complementares, bem como a apropriação de carga horária de cada uma delas, será regulamentado e acompanhado por uma comissão de atividades complementares, constituída pelo coordenador do Curso de Ciências Econômicas, pelos coordenadores de estágio, pesquisa e monitoria do Departamento de Economia, e pelo tutor do PET/Economia.
A distribuição das disciplinas/atividades – periodização, conforme estabelecida no formulário n° 11, será comum aos turnos diurno e noturno. Dessa forma, o curso deverá ser integralizado, em ambos os turnos, com a seguinte duração:
Mínima: 08 (oito) semestres; Média: 10 (dez) semestres; Máxima: 14 (quatorze) semestres.