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Jovens em um território de vulnerabilidade social: onde termina o asfalto é possível garantir os direitos?

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Academic year: 2021

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JOVENS EM UM TERRITÓRIO DE VULNERABILIDADE SOCIAL: ONDE TERMINA O ASFALTO É POSSÍVEL GARANTIR OS DIREITOS?1

Ricardo Alexandro Do Amaral2 Gisely Pereira Botega3

RESUMO

O presente artigo teve como objetivo geral compreender quais são os sentimentos de pertencimentos das jovens em relação às vivências sociais, educacionais, comunitárias, estéticas e culturais vividas por elas em um território de vulnerabilidade social de uma comunidade localizada na Região da Grande Florianópolis. Buscou-se conhecer o que as jovens compreendem por garantia de direitos, os processos de resistência em relação a violação de direitos e os projetos de vida que criam diante da realidade em que vivem. A partir de bases teóricas da Psicologia Social, Psicologia da Arte de Vygotsky e as legislações que envolvem os direitos da juventude no Brasil articulou-se análises dos dados encontrados em 3 oficinas, realizadas na modalidade de grupo focal e que foram compreendidas, por meio da Análise de Práticas Discursivas de Spink. Desse modo, buscou-se ampliar o debate acerca da violação de direitos das jovens que pertencem à esta comunidade em situação de vulnerabilidade social e como estas constituem-se enquanto sujeitos singulares que encaram uma outra relação com o tempo e espaço e, sobretudo, como pensam sobre seus projetos de vida como sujeitos de direitos. Para pensar os resultados encontrados, organizou-se duas categorias de análise: “a favela tem direitos” e “acho que meu sonho não cabe só nesse quadrinho, tem que ter uns 10 mil quadrinhos”, nomes escolhidos diante das falas das próprias jovens. Foi possível perceber que as participantes compreende a existência de violações de direitos na comunidade em que vivem e resistem a elas quando dizem que esse lugar também é digno de direitos, ou seja, de ser reconhecido como parte da Cidade. Além disso, quando refletem sobre os seus sonhos que podem compor seus projetos de vida, pintam

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Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. 2019.

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Acadêmico do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail: ricarcja@gmail.com endereço de e-mail do Autor do Artigo.

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Doutora em Educação pela Instituição Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Professora Titular na Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.

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em um quadro alguns deles e expressam que nem todos cabem ali. Isso revela que a juventude ainda que não tenha os seus acessos de ir e vir garantidos no território da e na Cidade, busca outras formas de reinventar e resistir e, isto, feito com a arte nesta pesquisa representa a potência da mesma de expressar sobre aquilo que acontece. Evidencia, portanto, a relevância da luta por garantia dos direitos fundamentais à juventude na sociedade e, na comunidade, e o compromisso social da Psicologia em ampliar esses acessos de pertencer aos espaços e projetar outras possibilidades de ser e estar no mundo de cada uma destas jovens.

Palavra-chave: Juventude. Violação de direitos. Projeto de vida. Frei Damião.

INTRODUÇÃO

O cheiro de fritura dava-se de sentir de muito longe. Saíamos correndo para ir ver o que minha mãe estava fazendo para nós comermos. Diante de uma dura realidade de vida, minha mãe improvisou um fogão movido por folhas de jornais velhos e revistas, para nós jantarmos alguns bolinhos de trigo fritos em uma forma de pão, já que não tínhamos naquele momento gás de cozinha. Lembro-me que comíamos aqueles bolinhos como se fossem os melhores bolinhos do mundo e, naquele momento, eram!

Assim foram meus dias enquanto criança, rotina de casa simples, de família e caminhos possíveis de serem trilhados. A escola, naquele momento, não me apontava novos caminhos a seguir, em alguns momentos reforçava quem eu era e a dura realidade de onde viera. Venho como a maioria das famílias que se constroem nas periferias; de uma infância muito pobre, com muitas necessidades e, que ainda assim, compreendia que aquilo que minha mãe fazia era o melhor dela para mim e paraminhas duas irmãs. Na sua luta diária, fazia e fez de tudo para que eu e minhas irmãs pudéssemos ter o mínimo que fosse, seja o que comer ou o que vestir.

Além disso, quando criança sonhava em ser pilota4 de avião, não sei o porquê, mas para a minha imaginação de criança, talvez, esta era uma forma de eu me sentir alguém importante, inteligente e etc. De poder voar para outros horizontes. Não me tornei um piloto de avião, até porque não seria lá no alto que eu aprenderia a resolver as minhas inquietações sobre a vida - minha vida. Vida que seguiu por diversas estradas, as quais também me possibilitaram chegar na Cidade de Palhoça e alguns anos depois me direcionaram a chegar na

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Frei Damião. A partir de um envolvimento muito pontual por um grupo de pessoas, sentimos a necessidade de estar mais próximas deste lugar, destas pessoas, assim começamos o Projeto Dorcas5 na Frei Damião, atendendo seis crianças inicialmente, conhecendo algumas das lideranças locais, conhecendo algumas famílias. Assim, conhecendo e sendo conhecidas na Frei Damião, fomos nos envolvendo cada vez mais neste lugar e assim conhecendo sua história, sua gente, suas dores.

Hoje eu encontro na Psicologia uma forma de (re)encontrar as juventudes e as comunidades para poder olhar de outro lugar e a partir de outras perspectivas sobre as vulnerabilidades presentes nos lugares onde os direitos se distanciam e, em especial, sobre os sonhos que angariam outros projetos de vida para muitas pessoas que vivem nas comunidade do nosso País.

Desse modo, diante das paisagens que já avistei e das histórias que já vivi, organizo este texto-estudo, a partir de uma pesquisa realizada, com o objetivo de compreender quais são os sentimentos de pertencimentos de jovens em relação às vivências sociais, educacionais, comunitárias, estéticas e culturais vividas por eles em um território de vulnerabilidade social, com objetivos específicos como: 1) conhecer através das jovens o que eles compreendem por garantias de direitos; 2) descrever os processos de resistências produzidas por estas jovens em relação às violações de direitos; 3) identificar através de relatos trazidos pelas jovens que projetos de vida são possíveis acontecer sabendo que seus direitos são violados e 4) mapear as políticas públicas e sociais no território de vulnerabilidade social a partir das jovens. Com esses objetivos busco ampliar o debate acerca da violação de direitos de jovens que pertencem à uma comunidade em situação de vulnerabilidade social e como estas constituem-se enquanto sujeitos singulares que enfrentam dificuldades, que encaram uma outra relação com o tempo e espaço e, sobretudo, como pensam os seus projetos de vida como sujeitos de direitos.

A COMUNIDADE QUE ME ACOLHE: UM REGISTRO SOBRE A FREI DAMIÃO

O recorte geopolítico desta pesquisa é a comunidade Frei Damião, localizada no Município de Palhoça (SC); lugar que elejo pela circulação entre as linhas e relevos deste território e por aquilo que ela atravessa em mim. Este atravessamento está diretamente ligado sobre aquilo que compreendo ser de suma importância para estas jovens construírem seu

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projeto de vida; de sonhar: em ter uma profissão, de estudar, de ser aquilo que se quer ser. De poder acessar outros lugares, de poder andar pelo bairro sem ser classificada como “bandidinha”, de correr, brincar, ir ao parque do bairro, ao centro da Cidade e não ser violado em seus direitos por sua cor, sua roupa ou por seu lugar de origem.

Hoje, a Frei Damião, é a maior comunidade em situação de vulnerabilidade social de Santa Catarina, lembrando que a vulnerabilidade social trazida, neste caso está totalmente relacionada a um determinado grupo de pessoas ou até mesmo de famílias que estão à margem da sociedade não somente por falta de oportunidades, mas também pela violação de direitos que um conjunto de pessoas vive historicamente. Há uma estimativa veiculada no Jornal Hora de Santa Catarina por Gabriele Duarte (2015) de que nela moram mais de 7 mil pessoas entre adultos e crianças, sendo que o número de crianças e jovens superam 30% deste total, considerando também que este número pode ter aumentado, já que em 2018 houve uma nova ocupação, onde surgiram três novas pequenas comunidades. Dentro de todas as dificuldades que existem nesta comunidade, destaco que algumas delas já poderiam ter sido resolvidas pelo poder público e pelo Município da Palhoça, tais como a limpeza das ruas, coleta de lixo ou caçambas para o depósito de lixo, iluminação das ruas que cortam a comunidade, água encanada e tratada, tubulação para o escoamento do esgoto, bocas de lobo para o escoamento das águas da chuva, pois sempre quando chove as ruas da comunidade ficam inundadas.

Ali, nessa comunidade, as ruas são de terra, cheias de buracos, quando chove tudo se torna mais difícil de acontecer, os acessos para se chegar ao asfalto se tornam verdadeiros desafios para quem trabalha fora da comunidade e para quem quer estudar. Os ônibus não entram na Frei Damião, porque não tem ruas asfaltadas ou com lajotas, agora as promessas entram de quatro em quatro anos, sempre muito bem maquiadas, mas, é dentro deste cenário que esta comunidade vai se organizando/reorganizando.

Além disso, o acesso a educação é elemento demarcador de violações, onde mais de 500 alunos estão confinados a um espaço muito reduzido na única escola de Ensino Fundamental (1º ao 9º anos) dentro da comunidade, onde não há uma quadra de esporte, uma área de recreação, um local onde as alunas possam ter para praticar um esporte. As salas são apertadas e não há uma boa iluminação, a biblioteca é escassa de livros e material para pesquisa dos alunos e, se não bastasse este descaso com a educação, a realidade do posto de saúde também não está diferente da escola. Não há remédios, não há médicos suficientes para cuidar das pessoas. Não havendo a garantia na saúde e na educação, a garantia de atividades

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culturais ou de lazer para esta comunidade nem é pensada como necessidade pelo estado. Visto que, outros centros de saúde, praças e locais de lazer, se encontram fora da Frei Damião e isto acaba sendo mais um, dos muitos fatores, que dificultam o acesso desta comunidade à lugares que deveriam ser acessados por todas.

Quando não existem horizontes que apontam outros lugares a serem acessados, o desejo de ocupá-los se reduz. Nessa linha, seus projetos de vida acabam sendo violados também e, assim, a possibilidade de ver na educação um lugar que lhes aponte novas possibilidades para o presente e para o futuro, acaba sendo reduzida consideravelmente. Esta comunidade é um misto de potência a ser explorada, mas também acaba se tornando um lugar “sem lei”, ou melhor, a lei que impera parece ser a do tráfico, que ainda hoje rege o movimento de como esta comunidade se vê e é vista pelos de fora, como à exemplos de outras comunidades diante ao cenário de violação estatal. Mas, a comunidade não é só isso, tem muita coisa boa acontecendo e saindo dela, e isto têm muito a ver com o trabalho socioeducacional exercido pela escola pública mesmo com suas precariedade e, sobretudo, pelas cinco organizações não governamentais (ONGs) existentes nesta comunidade, que desenvolvem trabalhos oferecendo reforço escolar, esportes, artes e tem se colocado como possível meio de ampliação e projetos de vida para estas crianças e jovens que são atendidas por estas instituições.

Nessa conjuntura que apresento sobre essa comunidade, é importante dialogar com Sawaia (2009), quando está pontua que, a vulnerabilidade social transpassa uma série de fatores, dos quais, tem uma relação direta com o sofrimento que é gerado a estes sujeitos que estão à margem de um sistema organizado pela sociedade elitista. E isso se dá, muito por conta das injustiças sociais que estes sujeitos sofrem diariamente. Outro aspecto a se tematizar, são as emoções, que segundo a autora são fenômenos históricos e que estes sujeitos são colocados muitas vezes como um ser insocial, incapaz de se socializar com outros e com a sociedade porque este carrega uma culpa ou vergonha de sua origem, seu território (SAWAIA, 2009). Para isso é preciso compreender que segundo Torossian e Rivero (2009)

Os sentidos produzidos sobre a vulnerabilidade, de acordo com uma leitura crítica, têm a possibilidade de contribuir tanto para a homogeneização e manutenção da população num lugar de risco quanto para construir estratégias de ressignificações destas jovens na re/construção de seus projetos de vida. (TOROSSIAN & RIVERO, 2009, p.63)

Portanto, são produzidos diversos sentidos/significados sobre a questão da vulnerabilidade social de um determinado grupo de pessoas, mas é preciso observar que a

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maioria das falas relatadas sobre vulnerabilidade social só ficam nestes significados atribuídos, quando legitimam como única possibilidade - um sujeito incapaz de produzir, de ser e estar no mundo – e, também, por conta desta deslegitimação é que ele se encontra neste lugar de vulnerabilidade social. No entanto, é preciso ampliar o foco das lentes que temos visto estes sujeitos, pois ao ampliarmos a forma como os enxergamos em seus territórios, possibilitamos a estes se verem nestes lugares não mais como sujeitos incapazes, muito pelo contrário, é por meio do diálogo e discussão sobre as formas e possibilidades que se amplia o senso de pertencimento deste sujeito neste lugar e a sua visão crítica sobre as condições que está vivendo (LANE, SAWAIA, 1995).

Ou seja, a Psicologia Social crítica pode contribuir diretamente para que estes sujeitos possam expandir suas fronteiras, estabelecer um novo olhar sobre ele e seu território e potencializar este sujeito a olhar além do que os muros lhes permitem olhar e, com isso, ressignificar os sentidos que atribuem a vulnerabilidade. Visto que a vulnerabilidade social ainda é compreendida e vista somente como um lugar que categoriza essas jovens como incapazes de produzir e dar sentidos aos seus projetos de vida. Nesse contexto de vulnerabilidade aos direitos que são violados, apresento aqui o que o Estatuto da Juventude diz no Art. 37: “Todos os jovens têm direito de viver em um ambiente seguro, sem violência, com garantia da sua incolumidade física e mental, sendo-lhes asseguradas a igualdade de oportunidades e facilidades para seu aperfeiçoamento intelectual, cultural e social” (BRASIL, 2013). Esse artigo evidencia direitos básicos, fundamentais para se construírem projetos de vida.

Acredito ser o acesso aos direitos fundamentais previstos em diferentes legislações nacionais e internacionais como: a Constituição Federal de 1988, Estatuto da Criança e Adolescente (ECA Lei nº 8069-90), Estatuto da Juventude (Lei nº 1285, 2013), Declaração dos Direitos Humanos (1984), Declaração Universal dos Direitos da Criança (1959), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394, 1996), Organização Internacional do Trabalho (OIT) (2019), referências legais e normativas que podem garantir, sobretudo, direito à vida na Cidade de jovens pertencentes a contextos de vulnerabilidade social.

O quadro de legislações e normativas que garantam os direitos humanos fundamentais a toda pessoa estão descritos; foram conquistados diante de muitas lutas para o seu estabelecimento em ações e políticas públicas no cenário nacional, no entanto, olhando para a comunidade da Frei Damião, percebe-se que com o fim do asfalto também parece se estabelecer o fim da garantia de direitos. Sendo esse movimento um divisor entre quem pode

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viver, quem pode acessar outros lugares, quem pode transitar, estudar, trabalhar fora da comunidade.

Além disso, o limite do asfalto, aqui é usado como uma metáfora para compor este trabalho, porque ele revela uma separação, um rompimento, ele estabelece limites visíveis e imaginários, ele faz distinção de quem mora no asfalto e quem não mora, ele marca lugares e direitos, ele diz quem você é, ele revela até onde se pode chegar. Em uma das oficinas realizadas com as jovens na produção deste trabalho, Coringa diz: “esses dias eu andei de táxi, não aparecia no GPS, aparecia que não tem nada, tava tudo marrom”, já no relato de Margarida ela nos diz o seguinte: “quando eu andei de uber, ele disse que aqui era área de risco e que o programa do uber avisa onde existe locais de risco”. E, portanto, o questionamento que me faço é: Com o fim do asfalto também se estabelece o fim da ampliação de possíveis projetos de vida das pessoas que ali vivem? O texto a seguir, continuará trazendo os dados encontrados e as reflexões possíveis para responder esta pergunta e abrir tantas outras.

MÉTODO

A pesquisa realizada, tratou-se de um estudo de campo, num dado tempo histórico, e teve natureza qualitativa, exploratória e transversal com a finalidade de compreender como as jovens em situação de vulnerabilidade social se organizam diante das violações de direitos que sofrem quando o “asfalto” termina e, principalmente, compreender que possíveis projetos de vida que estas jovens constroem diante dessa realidade a partir de 3 encontros de um grupo focal, sendo que este, para Pommer e Pommer (2014. p. 11), “se organiza como processo de comunicação nos diálogos, o que possibilita levantamento de material para posterior análise”. A pesquisadora utilizou-se da ajuda de umaacadêmica da última fase do curso de Psicologia que realizou anotações e alguns registros em um diário de campo durante as atividades. Dessa forma, pretendeu-se trabalhar com o “universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes” do sujeito (MINAYO; DESLANDES; GOMES, 2009, p. 21), com o objetivo de analisar como estas jovens compreendem os seus direitos que são garantidos por lei e as dificuldades de acessá-los.

Para realização desta pesquisa, o projeto foi submetido e aprovado pelo comitê de ética da Universidade e após percurso referente ao cumprimento dos preceitos éticos relativos a esta pesquisa, o convite realizado às participantes por meio do Projeto e o aceite do Termo

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de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) das mesmas, deu-se início a coleta de dados. Com isso, buscou-se encontrar as participantes combinando as datas das 3 oficinas que seriam realizadas. O recorte da pesquisa deu-se com um grupo de 15 jovens. Os encontros buscaram utilizar dinâmicas, pinturas, fotografias e diálogos como meio de proporcionar circular a conversa no grupo.

No primeiro encontro compareceram 9 jovens, neste dia foi proposto para o grupo a produção de um cartaz onde as participantes poderiam escolher um pseudônimo para serem chamadas nesta pesquisa. Após este primeiro momento foi perguntado para o grupo sobre o que elas compreendiam sobre garantia de direitos e o contrário dessa palavra, ou seja, a violação de direitos. A partir disso, deu-se início a essa conversa onde estas jovens expressaram não entenderem muito sobre garantias de direitos, mas quando é perguntado sobre a violação de direitos as jovens relatam diversas experiências que vivem tais como: na escola, na rua e na cidade. Ainda, no final do encontro foi perguntado para as jovens se elas gostariam de deixar mais alguma coisa escrita no cartaz ao qual foi utilizado para registrarem seus pseudônimos, e uma das jovens diz: “eu quero escrever” o que ela escreve é: “a favela tem direitos”.

No segundo encontro fizemos uma breve recapitulação do encontro anterior, neste dia estavam presentes 12 jovens. Para este dia havia-se planejado em que primeiramente a construção de um cartaz onde respondessem duas perguntas: “a favela tem direitos? Quais? e “Como as violações de direitos são vistas na comunidade? Nesse momento, escreveram o que acreditaram e no segundo momento, colaram em um novo cartaz palavras tiradas do Estatuto da Juventude para que colassem nesse cartaz aquilo que correspondesse ao direito garantido ou violado na comunidade em que vivem. Por fim, propomos para o grupo sairmos pela comunidade para elas fazerem alguns registros fotográficos de lugares/locais em que para elas eram lugares de garantias de direitos e de violações de direitos. No último encontro as jovens receberam as fotos que foram tiradas no encontro anterior e foi proposto para que elas as colassem em um quadro e construissem uma instalação-mosaico dos quadros feitos. Neste dia participaram 8 jovens. Após esta atividade finalizamos este encontro com a proposta de a partir daquilo que conversamos em nossos encontros, as jovens pudessem pintar um quadro que falasse um pouco de si, da comunidade e do projeto de vida. Durante esta atividade uma das jovens disse: “acho que meu sonho não cabe só nesse quadrinho, tem que ter uns 10 mil quadrinhos”.

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O grupo que participou dessa pesquisa foi composto por aproximadamente 12 jovens, com variação entre os encontros, com idades entre 11 a 15 anos de idade, moradoras da Frei Damião e integrantes de um projeto socioeducacional no contraturno escolar, chamado Projeto Dorcas. Durante as oficinas foi elaborado o nome como elas gostariam de serem chamadas, como segue no quadro abaixo:

Nome Idade Coringa 12 anos Pandinha 13 anos Kj 13 anos Mk 14 anos Margarida 12 anos God 12 anos Raiato 13 anos Ngks 12 anos Belinha 11 anos Bananinha 12 anos Roblox 13 anos Pachet 13 anos

Fonte: elaboração da pesquisadora, 2019.

Desta forma, procurou-se acessar diante de possíveis interações entre o grupo formas e compreensões que são subjetivas para cada uma destas jovens e que através das trocas e diálogos puderam ampliaram para estas, já nos encontros, um novo e possível universo a ser explorado por cada uma delas. A análise dos conteúdos encontrados nas interações com as jovens partiu pelo método de análise de práticas discursivas. Esta, segundo Spink (2000) as práticas discursivas se dão em como estas pessoas compreendem a produção de sentidos para aquilo que eles produzem em vida, através de mapas de suas vivências que vão se desenrolando e que ampliam a dialogia na vida, com o outro e com o mundo. Essa forma de acessar o sujeito não está só no diálogo verbal, mas é revelado na emoção, na expressão do corpo que se comunica e comunica ao outro o que sente, que afeta e é afetado e que todo este

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movimento vai se transformando em instrumento de construções da vida social de cada pessoa (SPINK, 2000).

Ainda sobre as práticas discursivas, Spink (2013, p.27) destaca que “o conceito de práticas discursivas remete, por sua vez, aos momentos de ressignificações, de rupturas, de produção de sentido, ou seja, corresponde aos momentos ativos do uso da linguagem, nos quais convivem tanto a ordem como a diversidade. Para isso esta análise foi elaborada a partir daquilo Spink (2013) aborda sobre os tempos: o tempo vivido, o tempo curto e o tempo longo. O vivido, para a autora significa “o tempo da memória traduzida em afetos. É nosso ponto de referência afetivo, no qual enraizamos nossas narrativas pessoais e identitárias” (SPINK, 2000, p. 33). Já o tempo curto “às interações sociais face a face, em que as interlocutoras se comunicam diretamente; pauta-se, portanto, pela dialogia e pela concorrência de múltiplos repertórios que são utilizados para dar sentido às experiências humanas”. Mas, não pode-se esquecer que ambos os tempos, tanto o vivido como o curto, são atravessados pelo tempo longo ao qual se traduz pela totalidade do que se viveu, se vive e viverá (SPINK, 2013). A análise, portanto, se deu por duas categorias, sendo a primeira chamada de “A favela tem direito” e a segunda categoria denominada “Acho que meu sonho não cabe só nesse quadrinho, tem que ter uns 10 mil quadrinhos”. Ambas, foram chamadas dessa forma por conta de falas expressadas durante os encontros das oficinas com as jovens participantes.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

“A favela tem direitos”

Na chegada na Frei Damião, para a primeira oficina com as jovens, a ansiedade se misturava com um certo medo. Recordo-me que na noite que antecedeu o nosso encontro esses sentimentos tomaram conta de mim, me colocando a pensar nas mais diversas perguntas e pensamentos, como: será que alguém irá aparecer para a oficina? E será que não está faltando nenhum material para as atividades deste encontro? Isso tudo fui vivendo durante esses momentos preparatórios. No grande e esperado dia sai cedo de casa e encontrei a acadêmica do curso de Psicologia, que estaria comigo nesta linda e desafiante jornada. E ao entrarmos na comunidade não sabíamos o que iria acontecer, apenas entramos.

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Neste encontro, nosso com elas, nosso com a gente da gente, compareceram 9 jovens e a partir do cartaz que fizemos para selecionar os nomes que gostariam de ser reconhecidas nessa pesquisa, uma das participantes disse: “eu quero escrever mais alguma coisa”, e o que escreveu está registrado na fotografia abaixo:

Fonte: Foto registrada pela pesquisadora, 2019.

Quando Pandinha escreve essa frase, ela impacta no sentido de afirmar que a favela precisa ser entendida como digna de direitos, de não ser negada como parte da Cidade e das políticas que garantem os direitos a todas as pessoas. A favela aqui relatada tem nome, e se chama Frei Damião; que pode ser compreendida como uma comunidade que tem buscado acessar os seus direitos de uma forma não violenta diante das violências que sofre todos os dias. A partir, do que Pandinha nos apresenta, naquele momento do grupo, foi possível se questionar e, portanto, perguntar que direitos esta favela tem? O grupo, a princípio pareceu não saber responder a esta pergunta, pelo silêncio que surgiu no ambiente da sala. Aos poucos, foram apresentando que os direitos que as pessoas têm é de “estudar” como diz Coringa, já Bananinha diz “trabalhar”, outra jovem diz “aproveitar enquanto se é criança e adolescente” e Pandinha diz ter participação no programa “Jovem Aprendiz”. Nesse momento, conversávamos sobre como esses direitos chegavam ou não chegavam à comunidade e o grupo vai construindo que a entrada desses direitos passa diretamente pelo fim do asfalto. Nesse momento, me recordo de ter questionado ao grupo: “Quando termina o asfalto tem o que? e, diretamente, Bananinha responde “Tem uma comunidade”.

A resposta sobre quais os direitos que a comunidade deveria ter seria que os mesmos direitos que outras comunidades têm. O direito à uma infraestrutura digna, isto é, o direito do acesso aos espaços. Sobre a favela ter direitos, compreendo que o acesso diz muito sobre a metáfora do asfalto, pois se este entrasse ele chega e vai pavimentado a entrada nesta comunidade. Penso que este acesso passa diretamente pelo direito à educação, à saúde, ao

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lazer, a vida, vida esta que é feita em comunidade. Uma comunidade que não está fora da realidade de mundo, dos direitos, dos acessos, mas que se encontra com diversos acessos barrado a este outro mundo, que surge quando o chão de terra batido acaba e se encontra com o asfalto, a cor da sua pele. Se essa barreira fosse quebrada pelo acesso aos direitos, começa-se a construir meios que permitam que estas jovens ampliem suas buscas e afirmem os começa-seus direitos diante deste território maior (e que elas também fazem parte) que se apresenta à elas. Observa-se também que, estes direitos são garantidos por lei, a partir do Estatuto da Juventude onde nele constam diversas diretrizes sobre direito à educação, cidadania, lazer, cultura, à participação social e política e na formulação, execução e avaliação das políticas públicas de juventude (BRASIL, 2013).

Portanto, compreende-se que não é somente ter estes direitos registrados através de leis, precisa-se que estas leis que já existem sejam levadas a sério, possibilitando a estas jovens terem o acesso a seus direitos. Mas o que acontece é que as próprias políticas públicas dos municípios não investem nas juventudes de comunidades em situação de vulnerabilidade, isso evidencia o descaso com esta juventude, e afirma uma lógica de que há um limite no acesso a outros lugares. A partir dessa compreensão, houve uma conversa no grupo que possibilitou pensarmos sobre o que as jovens compreendem sobre as garantias de direitos que elas tinham e, sobretudo, se sabiam que existia um documento que afirmava isso. O grupo manifestou não saber sobre a existência do mesmo, desta forma apresentamos para elas o Estatuto da Juventude e lhes explicamos que este é um documento que por lei garante a elas diversos direitos, tais como: educação, lazer e etc. Ao questionarmos se eles realmente acontecem na comunidade, na percepção das jovens, Pandinha descreve que “somente aqueles que são mais destacados” e os direitos possíveis de destaque quando questionados, instaura no grupo um silêncio, seguido da fala de Bananinha quando ela diz “deu um branco”. Quando instigados a pensar nesses direitos que veem na comunidade eles destacam: “melhorias nas escolas, creches, projetos, atendimento no posto, rua (esgoto e saneamento), de estudar e a prefeitura ajudar os projetos”.

Na sociedade de modo geral, a juventude pouco acessa os documentos que falam sobre os direitos. E a juventude que está na comunidade, por muitas vezes, naturaliza a falta de direitos, por não saberem da existência das legislações e os espaços que assegurem os seus direitos. Desta forma, se impossibilita o acesso a outros espaços a estas jovens e o que acaba lhes restando é viver dentro de uma comunidade isolada de outras oportunidades. Por não conhecerem, acabam em certas situações, considerando algumas violações como algo normal,

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e assim, não se reflete e se percebe que há outras possibilidades para a comunidade viver. O que causa um branco está diretamente ligada ao esquecimento do que pode ser o acesso como cidadã na sociedade, ou seja, isso revela o quanto que a juventude de comunidade está esquecida. Um branco que restringe que estas jovens possam pensar sobre seus projetos de vida, sobre como ampliar seus acessos a outras formas de ver e sentir o mundo e de ocupar outros lugares para ser e estar na cidade.

Para o grupo, a violação de direitos “é quando algo não é cumprido”. Sobre o que viola esses direitos o grupo vai apresentando elementos como “falta do esgoto básico”, “água tratada aqui”, “melhorar a escola”, “vagas no posto de saúde”, “o transporte” (que não chega). Para as jovens a violação de direitos está nessas situações que enxergam na comunidade. Para pensar sobre as legislações que abordam sobre os direitos da juventude brasileira, provoquei o grupo a refletir sobre a possibilidade delas construírem um livro sobre os direitos que acreditavam ser necessário para a comunidade e Coringa expressa que “escreveria um livro inteiro” e “bem grosso”, alegando a quantidade de pontos que precisariam ser destacados para se atender as necessidades da juventude na comunidade. Sobre o que escreveriam DJ expressa “a favela tem direito”, Margarida ressalta “a favela Frei Damião” e Bananinha completou dizendo “a favela tem direitos iguais”, como: tem direito ao asfalto, a água de qualidade, ao esgoto, à escola.

Essa construção destaca o quanto a juventude da Frei Damião pensa sobre a sua realidade, sobre aquilo que falta e lhes são violados dia após dia. Isso mostra, o quanto esse território é negado pelo investimento do Município. Percebo que, se os direitos básicos à vida na comunidade fossem garantidos, permitiria com que a favela pudesse ser vista, sentida, vivida como um lugar de entradas e saídas, onde não se nega o direito de usar o transporte público, utilizar o aplicativo de Uber e em que não precisasse se caminhar 2 km para ir até o ponto de ônibus para ir trabalhar. Portanto, um lugar que permita trânsito de possibilidades de encontro e acesso ao outro, às oportunidades de trabalho e, principalmente, a circulação de pessoas de diversas classes sociais, cores, jeitos de ser. Ou seja, uma fluência de vidas. Pois, como afirma Assis e Zanella (2012, p. 80), quando se nega o direito ao acesso “a outras oportunidades culturais, privadas e públicas” de jovens de escola pública ou, como no caso da Frei Damião, de uma comunidade em situação de vulnerabilidade, se nega o direito dessas serem reconhecidas como pertencentes de um espaço de possibilidade e de vida, e que podem circular por outros lugares e desejar outras coisas.

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“Acho que meu sonho não cabe só nesse quadrinho, tem que ter uns 10 mil quadrinhos”

No último encontro do grupo realizado com as jovens tudo foi além do esperado. Para além do que se havia proposto e dos nossos combinados; como algo que escapa das nossas mãos, do nosso controle, assim foi esse dia. Nossa chegada nesta comunidade, desde o começo, aconteceu em meio ao balanço da Kombi pelo chão de terra da comunidade, uma super aventura. E, nesse último dia, particularmente, o sol tinha aparecido e mostrava que a comunidade estava em um fluxo, indo e vindo. Pelas ruas e vielas da Frei Damião, um senhor nos cumprimentou enquanto estávamos nesse balanço da Kombi e o cumprimentamos também, era a nossa entrada na comunidade para dar fim ao movimento de pesquisa, mas também era a afirmação da entrada desta comunidade em nossas vidas. Pois, não se tratava somente de irmos fazer as oficinas para a elaboração deste artigo, era uma construção que ia além das oficinas, era uma construção de trocas com esta comunidade, que nos permitiam sermos bem-vindas na Frei e ali estar.

O que me faz pensar que ainda que os acessos à esta comunidade sejam vistos pelas demarcações das violações de direitos que são apresentadas, por exemplo, no transporte que não chega até a falta de saneamento básico, ainda é possível perceber que o acesso às pessoas que nela moram não são acessos sem respostas, muito pelo contrário, esta comunidade é acessível, acolhedora, que te convida para tomar um café ou uma cuia de chimarrão, que te acessa e se permite ser acessada, que fala de si, que diz de si e suas vivências neste lugar. Brito e Zanella (2017) apontam que:

Essa desconstrução de relações cristalizadas sugere que um novo modo de estar com outros seja inventado, com novas configurações tanto para as relações interpessoais como para consigo mesmo, fundamentais para a produção de novas possibilidades de ser e estar no mundo. (BRITO & ZANELLA, 2017, p.44)

Assim, um recurso que foi usado para ser feito nos encontros, foi a fotografia em que as jovens registrariam através de um passeio pela comunidade os lugares que representassem as violações e as garantias de direito. Essa atividade foi vista por elas como algo que, segundo Belinha “foi legal, muito interessante”. Isso me fez pensar, a importância da arte no processo de construção de sentidos sobre o mundo, e que pode ser vista pelo envolvimento que as jovens tiveram no uso da tecnologia (celular) para registro de fotografias até o momento que foi organizado as fotos em mosaico, onde olharam para aquilo que capturaram e o que foi desenvolvido. Compreendo, a partir da Psicologia da Arte de Vygotsky (1999, p.315) que “a

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arte é o social em nós, e o seu efeito se processa em um indivíduo isolado, isto não significa, de maneira nenhuma, que as suas raízes e essência sejam individuais”. Desta forma, este social apresentado pelo autor como a arte que habita em nós, tem por objetivo evidenciar que o efeito no indivíduo diz respeito a aquilo que é singular de cada uma e dos seus processos de apropriação das emoções e experiências. Diz, sobre a relação entre as pessoas e as coisas e estes efeitos apareceram através dos registros feitos pelas jovens através da fotografia (VIGOTSKY, 1999).

A fotografia quando colocada como recurso para expressão sobre a vida, possibilitou dizer sobre aquilo que se vive na realidade e montar uma instalação que dissesse daquilo que a juventude enxerga sobre e no bairro. No momento de organizar as fotos, foi proposto ao grupo construir junto o mosaico no chão da sala. Nesse momento, quando a construção tomou forma, uma das participantes disse que não concordava com a forma que elas estavam montando o mosaico, e que para ela não fazia sentido como tinha sido elaborado. O mosaico, pode ser visto como a foto a seguir mostra:

Fonte: Foto registrada pela pesquisadora, 2019

Quando questionada o porquê se estava montando o quadro de fotos da maneira como o registro anterior mostra, Pandinha destacou: “é porque uma vez eu vi na casa de rico”. Retoma no tempo que já viveu, um momento que visitou uma casa de pessoas de outra classe social e que, admirada pela beleza que tinha os quadros expostos dessa forma na parede da casa, quis ali repetir. De acordo com Vygotsky (1999, p. 315) pela arte o social se anuncia, ou seja, “o social existe até onde há apenas um homem e as suas emoções” e essas emoções são colocadas na arte. Quando Pandinha diz do seu lugar que achou beleza nessa forma de arte

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encontrada, se percebe que para essas jovens, o belo, encontra-se naquilo que é utilizado pelo outro que não vive na comunidade, uma arte que não se encontra na comunidade. Isto é, Pandinha busca como referência para a elaboração do mosaico aquilo que se encontra fora da comunidade, distante das referências da Frei Damião, mas que surge como exemplo daquilo que é possível de imaginar como próprio também.

Com base em Vygotsky (1999, p. 315) “a refundição das emoções fora de nós realiza-se por força de um realiza-sentimento social que foi objetivado, levado para fora de nós, materializado e fixado nos objetos externos da arte, que se tornaram instrumento da sociedade”, ou seja, quando a arte é feita e colocada através do mosaico ela coloca a leitura social que essas jovens fazem em 2 perspectivas: a primeira envolveria que há algo do externo que surge no desenvolvimento dessas jovens como divisor, fazendo com que a referência desta comunidade seja buscada para além dela, como se ela, a Frei Damião, não fosse merecedora e capaz de produzir uma arte que seja vista como possível de replicar dentro de alguns padrões de estilo a partir de seu território. Portanto, ser referência para outras localidades e quebrando com a lógica de que a comunidade é um lugar de pessoas incapazes de criar, de ocupar os espaços; uma comunidade incapaz de estar na Cidade. Como se estivesse refém do que é ditado pelos outros e anunciar que esta comunidade pode produzir arte, beleza e construir vida.

A segunda perspectiva é justamente esta da construção de vida, pois a juventude encontrada nessa pesquisa revela que o sentimento social que foi apropriado no processo de desenvolvimento se externaliza pela própria captura de imagem que tiveram dos lugares da comunidade e do modo como expressam seus sentimentos diante do mosaico criado. Nesse momento do grupo, quando foram questionados sobre o que viam, num primeiro momento houve um grande silêncio, e depois de olharem para o mosaico aos poucos algumas falas começaram a surgir, tais como: “está tudo sujo”, “tem um monte de lixo jogado”, “as pessoas não podem jogar as coisas ali”, “a gente não pode deixar que joguem um monte de lixo aqui na rua”.

Falas que evidenciam sentimentos externalizados, na materialidade das fotos e mosaico feito e que dizem o quanto a falta de cuidado com as ruas e natureza revela as violações de direitos que a comunidade enfrenta dia após dia. Destaca que, na expressão da face e dos corpos daquelas jovens, uma sensação de tristeza surge diante do exposto, como se algo estivesse sendo revelado diante de seus olhos. O que aparece, é o quanto “a arte suscita em nós emoções voltadas à sentidos opostos ao habitual e, ao pôr em choque impulsos

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contrários, destrói paixões, acarretando a complexa transformação dos sentimentos” (VIGOTSKI, 1998, p. 270). Uma transformação de sentimentos que passou pela via da constatação das violações de direitos que vivenciam na comunidade, mas sobretudo, o quanto pertencem àquele lugar; o quanto aquelas fotografias quando selecionaram para a montagem do mosaico dizem dos atravessamentos que essa comunidade desperta, dos afetos que possuem, porque também evidencia que esse mosaico fala da comunidade, do lugar deles. Onde a vida acontece e continuará a acontecer na caminhada de cada uma. Neste momento Dj diz “a comunidade é nossa” e a pesquisadora pergunta então para as jovens se é possível a comunidade passar por uma transformação e as jovens dizem que “sim, tem como fazer diferente”. Essa apropriação de que a comunidade é destas jovens pavimenta em suas vivências as mais diversas transformações na comunidade, e que compreendo que, primeiramente, passa por cada uma delas. Diante do diálogo, as próprias jovens concluem que ainda que a comunidade viva as mais diversas violações de direitos, a partir delas esta comunidade pode ser vista de uma outra forma, não mais como uma comunidade passiva diante de seus direitos, mas uma comunidade que se organiza para ir em busca da garantia dos direitos fundamentais a vida, no seu lugar de morada e lar. A imagem a seguir, mostra esse momento de reflexão, em que as jovens ao olharem para as imagens e, posteriormente, para o mosaico construído, colocam-se ativas no processo de falar de si na comunidade:

Fonte: Foto registrada pela pesquisadora, 2019

Além da fotografia, utilizamos uma outra forma de arte: a pintura. Com esse recurso as jovens pintaram um quadro com seus projetos de futuro e seus sonhos na comunidade. Durante esta atividade notou-se um grupo tenso, mas intenso em suas ideias. Não sabiam por onde começar ou o que fazer e após um risco aqui e outro lá, as jovens começaram através da arte a traduzir em desenho seus projetos de vida. Pintaram naqueles quadros o que querem ser, o que querem ter e aonde querem chegar. Em cada quadro havia muito colorido, muito vida e,

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algumas iam dizendo o que estavam desenhando e pintando, como por exemplo: God disse: “minha família, quero ser médico”, já Kj disse: “minha casa, ser delegada”, para Ngks “minha casa, minha família, meu carro, meu campo de futebol numa cidade que eu inventei” para Pandinha “meu sonho de uma profissão, do meu futuro, quero ser advogada”. Todos esses sonhos dizem sobre como estas jovens olham para outros horizontes de futuro, onde para cada uma delas ainda que existam dificuldades e direitos que ainda não são assegurados pelo Município e pelo Estado, há como romper com estes muros que impossibilitam o acesso destas jovens em todos os espaços da Cidade. Espaços dos mais diversos, tais como: a universidade, o trabalho, o lazer, a vida vivida e sentida em comunidade. A seguir, encontram-se alguns quadros pintados como expressão dos sonhos por estas jovens, sendo estes, que evidenciam o desejo por uma vida colorida, radiante e com outras possibilidades:

Fonte: Fotos registradas pela pesquisadora, 2019

De acordo com Vygotsky (1999, p. 320), “a arte é antes uma organização do nosso comportamento visando ao futuro, uma orientação para o futuro, uma exigência que talvez nunca venha a concretizar-se, mas que nos leva e aspirar acima da nossa vida o que está por trás dela”, isso quer dizer que a arte também possibilita projetar-se para um futuro de desejo, daquilo que é possível alcançar. Nesse sentido, Pandinha, em um momento do terceiro e último encontro diz: “Acho que meu sonho não cabe só nesse quadrinho, tem que ter uns 10 mil quadrinhos”. Ou seja; para Pandinha, seus projetos de vida, seus sonhos, ultrapassam todas as barreiras, fronteiras e limites estabelecidos com o fim do asfalto, pois a juventude da comunidade pode ir além do que está posto. Segundo Reis e Zanella (2014) “a relação entre arte e vida é, portanto, dialógica, posto que marcada pela tensão permanente entre diferentes

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vozes, não só as do autor e da personagem, mas dos diversos outros com os quais se comunica” (p.100). Faz referência às vozes e linguagens daquela que produz a arte e daquela que a lê. Faz menção ao modo de comunicar-se com o mundo e, este comunicar-se através da arte, amplia para estas jovens um novo olhar sobre si, sobre suas trajetórias, seus projetos de vida enquanto jovens. Sobretudo, ao alcance de sua arte na denúncia das violações de direitos que sofrem, sendo esta, uma forma não violenta de que suas vozes tenham eco. Ou seja, a arte se manifesta no corpo, no meu e do outro. Arte está que não está descolada da vida; muito pelo contrário; arte esta que produz vida. Portanto, a vida em suas possibilidades de ser e estar, de ir e vir, assim como as ondas do mar, que em seus movimentos se organizam e desorganizam num lindo ir e vir. Portanto a arte é um movimento contínuo de construção de subjetividades, de diferenças e de encontros.

Nesse sentido, de tudo aquilo que foi construído com estas jovens; compreendo que a arte surge como forma de expressão, de significado e de pertencimento, pois possui essa capacidade de ampliar possibilidades de ser e estar no mundo, como instrumento não violento de denúncia das diversas violências vividas e sentidas. A arte tem esta beleza e sutileza de comunicar de uma forma não violenta aquilo que sinto em relação às tantas violações que já vi ou vivi e que carrego em meu corpo e em minha história. Visto que, é preciso que as utopias nos garantam outros espaços para estar, e pela arte, se pode chegar perto.

Ainda que o cenário ao estejamos vivendo aponte para um abismo social, ético e político, Pandinha, uma das jovens participantes dessa pesquisa, nos propõe a olharmos para fora da caixa, daquilo que está dado e/ou que está nítido aos nossos olhos quando diz que precisaria de muitos outros quadros para colocar seus sonhos. Pode ser que para ela e para nós muitas questões ainda não estejam claras sobre os nossos projetos de vida. Mas um detalhe Pandinha já significou para si enquanto projeto de ser no mundo: seus sonhos e projetos de vida não cabem em um só quadro, pois para ela, o registro de todos os seus sonhos precisaria de muitos outros para seguir registrando a sua história, o seu movimento de construção singular. Isso mostra que o projeto de vida para juventude não pode ser único, não pode continuar reforçando violações de direitos para determinados grupos sociais, porque isso impacta na vida das pessoas. Isso aparece como a dor de um sofrimento ético-político, como exposto por Sawaia (2009), que diz de um contexto social onde se lança sobre estas jovens um sentimento de impossibilidades, de que estas jovens não conseguem acessar e estar em todos os espaços, de que estudar, trabalhar, não são seus direitos. Mas esta juventude pode sonhar

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para além de um só quadro, ela pode acessar todos os espaços da cidade (SAWAIA, 2009). A juventude da Frei Damião resiste!

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após poder vivenciar um pouco daquilo que esta comunidade vive diariamente pela perspectiva das jovens, evidencia-se tamanha força que a mesma tem para ampliar seu olhar para possíveis horizontes de futuro, diante de tantas violações sofridas. Horizontes estes que são atravessados por seus projetos de vida e também pelos horizontes do acesso, lugares e espaços. A juventude que ali está pouco acessam outros espaços fora da comunidade já que ela é limitada a estar em outros locais, pois a geografia do território em que vivem é plana o que faz com que estas jovens não consigam olhar para além daquilo que está a sua frente fazendo com esta comunidade não veja o que se encontra fora dela e aqueles que estão fora da comunidade não a veja, isso a torna invisível perante o outro e faz com que estas jovens também se vejam como invisíveis. Isso caracteriza uma das grandes violações de direitos dessa comunidade, pois para que enfrente estes desafios que surgem no dia-a-dia, é necessário que exista uma linha de transporte público que entre na comunidade, que as políticas públicas que garantam educação, saúde, assistência social, moradia, lazer e cultura de fato aconteçam, mas sobretudo, que também a universidade entre nestes lugares de pouco acesso, e contribua na ampliação dos territórios de vida dessa juventude. Pois o território destas jovens não se limita aos espaços físicos, mas que se alargue possibilidade de um projeto de vida se construir para além do que já é demarcado e, assim, como diz MV Bill que a juventude possa “ocupar vários espaços” (MV BILL, 2010).

Diante de tais violações, a juventude da Frei Damião, através do que foi dito, expressado e construído com um grupo de aproximadamente 12 jovens, compreendem que “a favela tem direitos”, e reafirmavam isso em todos os 3 encontros de grupo focal. Isso significa dizer, que neste caso, a comunidade tem direitos, direitos estes que ainda que não sejam levados a sério pelos governantes são possíveis de serem dialogados com a comunidade que está atenta às desigualdades e processos de exclusões em que vivem. Uma das formas de manifestar as violações e violências que ali ocorrem e, sobretudo, que contribuem no rompimento da lógica de que comunidade não tem direitos, é a utilização da arte como forma de expressão e resistência. Nesse caso, a arte entra como aquilo que vai pavimentando as ruas da comunidade, dando e trazendo cor, sentido e ampliando o olhar destas jovens para novos

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projetos de vida, tais como expressado por elas: “ser advogada”, “ser médico”, “ser delegada”, “ser jogador de futebol”, “ir para a faculdade”, “Ajudar a família”.

Nesse sentido, acredito que a Psicologia pode ser uma ferramenta que possibilita problematizar sobre as violações de direitos vivenciadas pela juventude nas comunidades e, principalmente, por meio de ações e intervenções dentro da comunidade a partir de uma Psicologia Social, poder contribuir de forma significativa na ressignificação destas jovens sobre seu território, suas emoções e a apropriação de suas histórias na comunidade. História que se amplia na medida que os direitos são garantidos e permitem outros acessos. Á outros espaços que também são de direitos.

Essa pesquisa teve como pergunta norteadora a seguinte: Com o fim do asfalto também se estabelece o fim da ampliação de possíveis projetos de vida das pessoas que ali vivem? Ainda que o asfalto estabeleça alguns limites de acesso para esta comunidade, compreendo que ela consegue se reinventar a todo instante, diante das mais diversas violações de direitos que esta comunidade está submetida. Dessa forma, percebo que, independente do poder público, a comunidade tem criado estratégias para acessar outros lugares. Mas, como tudo que é feito sem a legitimação dos governantes, se observa que é no dia-a-dia que as transformações vão acontecendo neste território por meio de pessoas que entram e possibilitam trazer outros dados, outras possibilidades e perspectivas para as pessoas que ali estão. No caso da juventude, os projetos sociais no contraturno escolar tem extrema importância na construção de novos modos de acesso aos espaços e, sobretudo, na reflexão com as jovens da comunidade sobre aquilo que lhes são direitos. Sobre aquilo que podem reivindicar como cidadãs de uma sociedade democrática.

Assim como uma obra arte nos convida a olharmos para ela e através de nossos olhares fazermos nossas interpretações, este artigo se propôs a ser apenas uma gota de tinta que escorrega pelas mãos e pinta um grande acontecimento. Sendo este expressão do envolvimento das jovens participantes desta pesquisa que diante de suas histórias nos pintaram das mais diversas obras, obras estas ainda inacabadas. Meu convite é que você possa nesta leitura trazer mais cores e significações para aquilo que vê, se vive e sente. Assim tem acontecido na Frei Damião, a sutileza do contorno dos riscos e rabiscos da vida tem ampliado o território destas jovens às possibilitando pavimentar as ruas da comunidade com as mais diversas cores, formas e histórias. Desta maneira não pretende-se esgotar aqui todas as questões relacionadas sobre este tema que foi abordado, mas fazer-nos um convite: ver a vida

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em comunidade como uma obra de arte, onde todos os dias estas jovens pintam novas formas de ser e estar neste mundo.

REFERÊNCIAS

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AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) pela infraestrutura oferecida e a seus colaboradores pelo comprometimento com o trabalho.

A todas as professoras e professores do curso de Psicologia estendo meu agradecimento pelos ensinamentos e pelas trocas estabelecidas ao longo destes cinco anos. Sou grato também à professora Gisely Pereira Botega pela orientação deste trabalho, contribuições e pela paciência durante este percurso chamado tcc. Também agradeço a professora Marcele de Freitas Emerim por ter aceitado o convite para compor a banca de defesa do trabalho e por dedicar seu tempo a leitura do mesmo. Faço um agradecimento ao professor Rogério Machado Rosa por também ter aceitado o convite de compor a minha banca avaliativa.

Sou grato a todas e todos colegas do curso de Psicologia que durante estes cinco anos me permitiram viver tantas coisas, não só viver mas ver os processos que cada um/a viveu. À amizade de Letícia Telles de Sousa (Lele) nos trabalhos e estudos que dividimos, pelas andanças e trocas tão importantes ao longo do curso. Também agradeço a parceria do amigo Mario Cezar Coelho (Barba), vocês são amigos para o resto da vida!!!

Sou grato a minha mãe, meu muito obrigado por tudo aquilo que um dia você fez por mim. Aos amigos de perto e de longe que sempre me incentivaram a prosseguir, minhas irmãs e irmãos e meu pai.

À minha companheira de luta, meu amor, que sempre me inspirou, e que sempre acreditou em minha, amo-te Cintia e obrigado por cuidar de nossos (as) filhos (as) em minhas ausências, ao meu filho João por todos os desenhos e recados, eles durante muitas vezes me fizeram prosseguir nesta caminhada, a minha filha Ana pelos desenhos colados na parede da sala, pelos te amo papai, vocês fazem parte desta conquista!!!

Agradeço a Deus pelo privilegio de ter chegado até, diante de tantas dificuldades passadas, sei que Ele sempre me fez dar um passo de cada vez diante dos desafios desta vida.

Aos colegas do Projeto Dorcas que tanto me inspiram, e a todos (as) as crianças e jovens que são atendidas pelo Dorcas, suas histórias atravessaram a minha e me permitiram viver tantas coisas novas.

Referências

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