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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

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Academic year: 2021

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S-AGRAVO DE INSTRUMENTO nº 2008.002. 11648 1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO nº 2008.002.11648 Agravante: TRANSPORTADORA TINGUÁ LTDA Agravado : MARIA DO CARMO MENDES Relatora: DES. LÚCIA MARIA MIGUEL DA SILVA LIMA

AGRAVO DE INSTRUMENTO. Recurso interposto

contra a decisão proferida pelo Juízo a quo, em sede de Ação de Responsabilidade Civil e Reparação de Danos, que rejeitou a preliminar de existência de transação celebrada através de Tribunal Arbitral, com força de coisa julgada material argüida pelo agravante. Apesar de o agravante aduzir a existência de Sentença Arbitral homologando o acordo, são realmente muito fortes os indícios de que a agravada tenha sido ludibriada e induzida a erro pelos prepostos da ré para que aceitasse a irrisória quantia de R$ 200,00 em detrimento de todos os seus direitos. Importante ressaltar que a agravada, pessoa humilde e de idade avançada, foi lesada, moral e fisicamente, por culpa única e exclusiva da agravante, permanecendo com seqüelas até o presente momento, não possuindo condições financeiras de arcar com a compra dos medicamentos necessários ao seu tratamento, o que provavelmente contribuiu para que aceitasse qualquer quantia que fosse da agravada, a fim de suprir suas necessidades momentâneas. Dessa forma, não é razoável a afirmação de que a recorrida abriu mão conscientemente de todas as verbas indenizatórias que possivelmente iria receber em troca de tão ínfima quantia. Portanto, não se pode alegar que a celebração do mencionado acordo, em sede de tribunal arbitral, seu deu em condições de igualdade das partes, o que viola o disposto no art. 21, § 2º, e 31, VIII, da Lei 9.307/96. Nesse diapasão, o presente recurso é manifestamente improcedente, Decisão não teratológica que se mantém. Art. 557, caput, CPC.

DECISÃO MONOCRÁTICA

Trata-se de agravo de instrumento interposto contra a decisão proferida pelo Juízo a quo, em sede de Ação de Responsabilidade Civil e Reparação de Danos, que rejeitou a

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preliminar de existência de transação com força de coisa julgada material argüida pelo agravante.

Alega o agravante que as partes celebraram acordo através da mediação de um tribunal arbitral, no qual o recorrente pagou à agravada a quantia de R$ 200,00, com a finalidade de compor os danos sofridos em virtude de a mesma ter sido atropelada por ônibus do recorrente, dirigido por um de seus prepostos.

Aduz que a recorrida não efetuou pedido de anulação do acordo celebrado no autos da ação originária, e que, portanto, o mesmo é válido até que se comprove, através de vasta instrução probatória, a existência de vícios que possam desconstituí-lo.

Por fim, salientou que o feito originário deve ser extinto sem resolução do mérito, com fundamento no art. 267, V do CPC.

Em sua decisão, o Juízo a quo rejeitou a mencionada preliminar alegando que a inicial deixa claro que a autora foi induzida a erro por prepostos da ré, e que a veracidade das afirmações pertencem ao terreno do mérito causae, e com ele será devidamente analisado.

Inconformado com a decisão supracitada, interpôs o agravante o presente recurso com o intuito de ver a extinção do feito, sem resolução do mérito, com fundamento no art. 267, V do CPC.

Contra-razões às fls. 100/104, ressaltando que a agravada é pessoa humilde e que foi levada, sem a assistência de um advogado, ou qualquer outra orientação, a um tribunal arbitral, e que lá foi induzida a aceitar a irrisória quantia de R$ 200,00 como compensação pelos danos materiais e morais causados pelo agravante. Afirma, ainda, que não lhe foi explicado no tribunal arbitral que, ao aceitar os termos do acordo,

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estaria abrindo mão do direito de entrar em juízo para reclamar outras perdas decorrentes do acidente.

É o relatório. Passo a decidir.

O pedido de reconsideração da decisão do Magistrado não merece prosperar, pois apesar de o agravante aduzir que o acordo celebrado junto um tribunal arbitral tem força de coisa julgada material, são realmente muito fortes os indícios de que a agravada tenha sido ludibriada e induzida a erro pelos prepostos da ré para que aceitasse a irrisória quantia de R$ 200,00 em detrimento de todos os seus direitos.

Importante ressaltar que a agravada, pessoa humilde e de idade avançada, foi lesada, moral e fisicamente, por culpa única e exclusiva da agravante, permanecendo com seqüelas até o presente momento, não possuindo condições financeiras de arcar com a compra dos medicamentos necessários ao seu tratamento, o que provavelmente contribuiu para que aceitasse qualquer quantia que fosse da agravada, a fim de suprir suas necessidades momentâneas.

Dessa forma, não é razoável a afirmação de que a recorrida abriu mão conscientemente de todas as verbas indenizatórias que possivelmente iria receber em troca de tão ínfima quantia.

Portanto, não se pode alegar que a celebração do mencionado acordo, em sede de tribunal arbitral, seu deu em condições de igualdade das partes, o que viola o disposto no art. 21, § 2º, da Lei 9.307/96, in verbis:

Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se,

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S-AGRAVO DE INSTRUMENTO nº 2008.002. 11648 4 ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento.

§ 2º Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento.

Com isso, tem-se que deve incidir a regra do art. 31, VIII, do mesmo dispositivo legal, que determina:

Art. 32. É nula a sentença arbitral se:

VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.

Nesse diapasão, o presente recurso é manifestamente improcedente, conforme se pode observar pela jurisprudência dominante neste Tribunal:

RESPONSABILIDADE CIVIL. EMPRESA DE TRANSPORTE. ONIBUS. ATROPELAMENTO.

DANO ESTETICO. DANO MORAL.

DANO MATERIAL. INDENIZACAO. FIXACAO DO VALOR. Responsabilidade Civil. Atropelamento. Perda de membro inferior. Ineficacia de quitacao total dada pelo Autor `a Re', em troca do pagamento de quantia infima em comparacao com as consequencias do evento danoso, cinco dias apos o fato, quando o Autor ainda se encontrava em estado psicologico de desespero e sofrimento em razao do dano pessoal por ele sofrido, tratando-se de pessoa de origem humilde sem condicoes de avaliar o conteudo da transacao. Caracterizacao do instituto da "lesao", como vicio de manifestacao da vontade, o qual reune um elemento objetivo, consistente na enorme vantagem obtida por um dos estipulantes em relacao ao outro e um elemento subjetivo, consistente no fato de estar o contraente prejudicado

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em premente estado de necessidade moral ou material ou a sua inexperiencia nos negocios juridicos, requisitos esses que se encontram presentes na hipotese dos autos. Deve-se, entretanto, deduzir do valor total da indenizacao a importancia paga pela Re' ao Autor, monetariamente corrigida. Verbas indenizatorias concernentes aos danos materiais corretamente fixadas. Majoracao da verba pelo dano estetico e moral para um total de 400 (quatrocentos) salarios minimos. Desprovimento da apelacao da Re' e provimento parcial da apelacao do Autor. (MM) Embargos de Declaracao parcialmente providos. DES. MARIO ROBERT MANNHEIMER - Julgamento: 29/11/2000 - DECIMA SETIMA CAMARA CIVEL.2000.001.15052 - APELACAO

CIVEL - 1ª Ementa.

Ademais, de acordo com a inteligência da súmula 59 deste Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, somente se reforma a decisão se teratológica, contrária à Lei ou evidente prova dos autos, o que não é o caso concreto.

Posto isso, nego seguimento ao agravo interposto, por sua manifesta improcedência, nos termos do artigo 557 caput do

CPC, bem como da Súmula 59 do TJ/RJ.

Rio de Janeiro, _____ de agosto de 2008.

LÚCIA MARIA MIGUEL DA SILVA LIMA DESEMBARGADORA RELATORA

Referências

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