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A IDENTIFICAÇÃO COMO MEIO DE VALORIZAÇÃO DOS ALUNOS COM CARACTERÍSTICAS DE ALTAS HABILIDADES EM SANTA MARIA/RS 1

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Soraia Napoleão Freitas4

Resumo

Segundo Carvalho (1997), concluir que todos necessitam de iguais oportunidades não implica que todos tenham de vivenciá-las da mesma forma. Isso representa que se deve considerar o direito à igualdade de oportunidades desiguais, de acordo com as características e necessidades de cada um. É nesse sentido que a Educação Especial, voltada também para a estimulação do talento e do potencial das pessoas com altas habilidades, deve coordenar ações e recursos presentes no sistema de ensino, integrando esse conjunto de fatores de forma intencional e consistente. Assim o projeto de pesquisa ‘‘Da identificação à orientação de alunos com características de altas habilidades’’, desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Maria, procura, através do reconhecimento destes sujeitos, promover a valorização e o estímulo destes talentos. Realizado atualmente em três escolas da Rede Estadual de Santa Maria/RS, o projeto vem identificando crianças, preferencialmente, com idade cronológica entre seis e sete anos. Tem-se como objetivo geral identificar estes alunos a fim de encaminhá-los para um programa de enriquecimento escolar. Dessa forma, espera-se que esta pesquisa incentive a população a pensar a respeito da temática abordada, sobre as altas habilidades, e reflita sobre a importância da valorização destes talentos.

Palavras-Chave: Educação - Identificação – Altas Habilidades –Valorização

As sociedades atuais, diante do multiculturalismo, nas quais incluem-se as pessoas com necessidades educacionais especiais, não atendem a esta parcela da população de forma satisfatória. Para estas pessoas, a Educação Especial é uma subárea desenvolvida dentro da área da Educação, procura direcionar seus trabalhos. Segundo Mazzotta (1996), a Educação Especial é uma modalidade de ensino que se caracteriza por um conjunto de recursos e serviços educacionais especiais, organizados para apoiar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação formal dos educandos que apresentem necessidades educacionais muito diferentes das da maioria das crianças e jovens.

Nesse grupo, estão incluídos de 3 a 5% da população, e são pessoas com altas habilidades que, por estarem nos extremos da distribuição em características relevantes ao processo educativo, necessitam provisões e medidas especiais, visando ao seu desenvolvimento integral (Guenther, 2000). Essas pessoas, devido às suas necessidades e

1 Projeto de Pesquisa vinculado ao Grupo de Estudos CNPq ‘‘Educação Especial: Interação e Inclusão Social’’. 2 Acadêmica de Graduação em Educação Especial e Ciências Sociais – UFSM. Bolsista CNPq/ PIBIC. 3 Educadora Especial. Especializanda em Gestão Educacional – UFSM.

4 Doutora em Educação. Professora do Departamento de Educação Especial – Universidade Federal de Santa Maria. Coordenadora e orientadora do Projeto de Pesquisa.

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motivações específicas, permanecem discriminadas, vistas como indisciplinadas e desinteressadas.

Nos nossos dias, as necessidades de aprendizagem alargaram-se e tornaram-se muito exigentes, pois, nas atividades humanas, o conhecimento tornou-se um instrumento estratégico de desenvolvimento e progresso, tanto em nível individual como coletivo. Uma prova disto é que, por trás das grandes descobertas científicas, das grandes obras-primas, dos grandes revolucionários, tem-se, com certeza, um intelecto que foi capaz de pensar fora dos horizontes onde geralmente está confinado.

Segundo a Política Nacional de Educação Especial (1994), os Portadores de Altas Habilidades são definidos como os alunos que apresentam um desempenho e/ou potencialidade elevada em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento crítico ou produtividade, capacidade de liderança, talento especial para artes e capacidade psicomotora.

Esta definição transcorreu uma longa trajetória para chegar a este conceito. No behaviorismo, por exemplo, uma pessoa com altas habilidades seria definida como um indivíduo cujo Quociente Intelectual (Q.I.) seja superior a 130. Hoje felizmente já se sabe que a capacidade intelectual de um indivíduo pode ser avaliada através de outros testes, além do teste de Q.I.. Estes outros testes, na verdade, ajudam a medir o nível de desempenho em várias áreas como a memória, a capacidade de atenção, certas dimensões da inteligência e a capacidade criativa entre outros, possuindo, dessa forma, algumas limitações. É por esta razão que, ao se fazer a avaliação de um indivíduo com altas habilidades, é necessário também averiguar outros aspectos da sua vida para se compreender melhor as várias dimensões da sua individualidade e desempenho.

Existem atualmente, no Brasil, poucos programas direcionados para atender às necessidades especiais das pessoas com altas habilidades e, no mesmo sentido, a instituição escolar não está devidamente preparada para maximizar o potencial de aprendizagem daqueles que se destacam por um potencial superior, que apresentam inteligência ou criatividade excepcionalmente elevadas. Em geral, os professores atribuem a estes alunos um padrão que está longe de ser verdadeiro, como, por exemplo, o de crianças prontas que não necessitam de um atendimento mais especial, pois são boas em tudo. Isto demonstra carência de conhecimento sobre a temática das altas habilidades.

É na escola que as pessoas com altas habilidades podem ter um desempenho considerado ótimo, como também, devido ao tédio e à falta de estimulação adequada, podem apresentar um desempenho insatisfatório. É necessário dar atenção ao processo de identificação de pessoas com altas habilidades, para que este não seja realizado de forma

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equivocada, enfatizando algumas habilidades como, por exemplo, a matemática e a lingüística, e deixando de lado muitos alunos que apresentam outras potencialidades, que conseqüentemente não terão possibilidade de maximizar seu potencial. Exemplos como Carl Jung, com dificuldades na matemática, Paul Gauguin com rendimento escolar insatisfatório e Albert Einstein, expulso da escola, devem ter sofrido, mas venceram este equívoco.

Nesse sentido, estudiosos da área como Alencar & Fleith (2001) e Passow (1981, procuram enfatizar para a existência de um conjunto de termos respectivos às habilidades e talentos: o gênio seria aquele indivíduo que apresenta uma contribuição original e de grande valor para a sociedade, ao passo que a pessoa com altas habilidades apresentaria uma capacidade superior à média da população. São crianças que precisam, como qualquer outra de sua idade, conseqüentemente, de um atendimento sério e competente, mas que, devido a uma série de idéias errôneas, não recebem um atendimento diferenciado.

Procurando dar maior ênfase a esta temática, para que assim estes sujeitos possam receber o atendimento que precisam e merecem, está sendo desenvolvido o projeto intitulado ‘‘Da identificação à orientação de alunos com características altas habilidades,’’ na Universidade Federal de Santa Maria. Este projeto tem como principal objetivo identificar e orientar alunos com características de altas habilidades, preferencialmente, na faixa etária de 6/7 anos, matriculados em escolas da Rede Estadual, Municipal e Particular de Santa Maria/RS.

Dessa forma, pretende-se conscientizar os professores sobre a importância de valorizar as potencialidades de seus respectivos alunos, para que, assim possa-se contribuir para o progresso das relações da criança com a comunidade na qual está inserida, como também consigo mesma.

Este projeto de pesquisa tem como objetivos específicos: oportunizar discussões sobre as altas habilidades, incentivando a conscientização da comunidade envolvida quanto à relevância da temática; levantar dados sobre a história de vida escolar dos alunos indicados pelos professores; apresentar a pesquisa aos pais destes alunos, com a finalidade de esclarecer os objetivos do trabalho; avaliar pedagogicamente os alunos previamente indicados pelos professores; encaminhar estes alunos para uma avaliação psicológica e finalmente orientar estes alunos identificados, familiares e professores de forma que essas crianças continuem desenvolvendo suas potencialidades.

É necessário destacar a relevância de uma orientação que vá ao encontro das necessidades educacionais destas pessoas, colaborando para que sejam solucionados problemas tanto de ordem cognitiva, quanto psicológica e social. Portanto, proporcionar um atendimento que estimule o desenvolvimento das habilidades dos alunos contribui para que

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estes tenham suas necessidades educacionais especiais assistidas, favorecendo sua confiança, inclusive a respeito do futuro profissional. Nesse mesmo enfoque, o propósito da identificação desses sujeitos não tem por finalidade rotulá-los, mas estabelecer ações pedagógicas adequadas às suas necessidades. Como não existe um perfil único do aluno com altas habilidades, é necessário diversificar os procedimentos de identificação e avaliação, e reconhecer que as necessidades destes alunos passam pelas áreas cognitiva, afetiva e social e que, portanto, devem ser levadas em conta também nas propostas educacionais.Considerando todos estes fatores, o processo de reconhecimento destes alunos constituir-se-á pelas etapas:

■ preparação da comunidade envolvida no trabalho, através de leituras discutidas, palestras de conscientização e esclarecimentos sobre a temática das altas habilidades, ressaltando, também, os objetivos, a metodologia e a importância do reconhecimento, ministrada pela equipe executora da pesquisa;

■ com a finalidade de identificar os alunos com características de altas habilidades nas salas de aula, é disponibilizado aos professores um guia de observação que contempla as características comumente observadas no dia-a-dia escolar nos alunos com características de altas habilidades, enfatizando o posicionamento destes alunos em diversas situações de aprendizagem, proposto pela pesquisadora Zenita Guenther (2000);

■ posteriormente, são levantados os dados sobre a história de vida escolar dos alunos previamente indicados pelos professores e, em seguida, são realizadas entrevistas semi-estruturadas com os professores das séries atuais e anteriores destes alunos, a fim de confirmar as características apontadas;

■ apresentar a pesquisa aos pais dos alunos, para assim conscientizá-los sobre a importância de estimular e desenvolver as habilidades de seus filhos e para obter consentimento livre e esclarecido para trabalhar diretamente com estas crianças;

■ com o propósito de obter mais um dado significativo para a pesquisa, tem-se o apoio de uma psicóloga que realiza uma avaliação psicométrica dos alunos, o Teste Wisk III (Weschersler Inteligence Seale for Childrem). É importante destacar que esta avaliação não tem como finalidade identificar apenas o Q.I., mas sim avaliar os alunos de uma forma global;

E, por fim, após realizar as etapas anteriores do processo de identificação dos alunos com características de altas habilidades, estes alunos são encaminhados a um programa de enriquecimento escolar, desenvolvido pela própria equipe executora da pesquisa.

O programa ao qual os alunos são encaminhados é intitulado “PIT – Programa de Incentivo ao Talento”, e tem como finalidade assistir, de forma diferenciada, os alunos com características de altas habilidades, proporcionando-lhes o aprofundamento e enriquecimento dos conteúdos curriculares trabalhados na escola. Busca-se também estimular o

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desenvolvimento do potencial de cada aluno, bem como oportunizar o convívio entre seus pares, com o intuito de fortalecer as relações sociais, além de orientar os professores e os familiares destes alunos. Após o término de todas as etapas de projeto, reinicia-se a pesquisa, identificando e orientando crianças com características de altas habilidades em outras escolas de Santa Maria.

A partir deste processo de identificação, o trabalho deste projeto procura contribuir na estimulação e no enriquecimento destes talentos para que, a partir de seu reconhecimento, sejam promovidos estudos e investigações que sedimentem o atendimento deste grupo social.

O referencial teórico que embasa esta pesquisa fundamenta-se, basicamente, em três pesquisadores: a brasileira Zenita Cunha Guenther, e os americanos Howard Gardner e Joseph Renzulli.

A pesquisadora Zenita Guenther, fundadora do Centro para Desenvolvimento do Potencial e Talento, o CEDET, criado no ano de 1993 como órgão da Secretaria Municipal de Educação de Lavras – MG, realiza trabalhos de estimulação escolar com crianças com altas habilidades. Essa iniciativa bem sucedida é resultado do esforço e da coragem de um grupo de pessoas que iniciou o trabalho de estimulação escolar com crianças identificadas como com altas habilidades.

Para a pesquisadora, a identificação de crianças com altas habilidades é um ponto crítico na área da educação e não uma decisão sobre ser ou não ser. Envolve, ao contrário, a procura de sinais, os mais diferentes, indicando a mais ampla gama de potencial e os mais diversos talentos.

De acordo com Zenita Guenther, uma dos maiores desafios da área de educação voltada para a temática das altas habilidades é, portanto, visualizar maneiras mais eficazes e mais precisas de encontrar e reconhecer as crianças que apresentem sinais de potencial e capacidade superior com maior garantia que for possível de acerto e economia de tempo e recursos. Essa busca é essencial na área da educação especial e, para tal, as maneiras de se reconhecer o talento devem ser reestruturadas dentro dos princípios gerais, em um processo contínuo e flexível, envolvendo estágios e diversas estratégias e, em qualquer circunstância, dirigidos a toda população.

O neuropsicólogo americano Howard Gardner desenvolveu e descreveu, na Teoria das Inteligências Múltiplas, sete tipos de inteligências: Lingüística (verbal), Lógico- matemática, Espacial, Cinestésico- corporal, Musical, Interpessoal e Intrapessoal, sendo que duas estão em estudo.

A inteligência lingüística caracteriza-se pelo potencial que revela a capacidade de aprender facilmente noções dos códigos linguísticos e aplicá-los criativamente.Esta

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inteligência revela-se pelo domínio da palavra, representada tanto pela escrita quanto na expressão oral da fala.

A inteligência matemática se revela na capacidade mental do humano de aprender e entender informações de representações de quantidade e de aplicar essas informações na resolução de problemas do cotidiano. A inteligência matemática é um potencial que revela a capacidade do indivíduo de criar soluções com base em representações numéricas, rapidamente formuladas pela mente e apresentam coerência antes mesmo de serem representadas materialmente.

A inteligência musical revela a capacidade do indivíduo de aprender sons e ritmos e de interpretá-los, concebendo novos contornos melódicos com arranjos musicais. Têm facilidade em perceber sons diferentes, perceber as nuanças de sua intensidade, captar sua direcionalidade, além de perceber com clareza o tom ou a melodia, o ritmo ou a freqüência e o agrupamento dos sons.

A inteligência espacial representa a capacidade do indivíduo de perceber formas e objetos mesmo vistos sob ângulos diferentes. Elabora e utiliza mapas, plantas, ou outras formas de representação com grande facilidade em se localizar no mundo visual. A inteligência corporal que se revela na capacidade de utilização do próprio corpo com habilidades sendo expressas através dos movimentos em espaços e situações diversas (dança, desporto, teatro, etc).

A inteligência intrapessoal revela uma inteligência com aspectos introspectivos de reflexão e autocompreensão, manifestados na interpretação de sentimentos e emoções, relacionando-se a linguagens que servem de base para entender e executar comportamentos. Já a inteligência interpessoal é um potencial que revela a capacidade humana de se comunicar, de observar e fazer distinções entre indivíduos quanto às necessidades, desejos e escolhas. Essa é uma inteligência que se manifesta com aprendizagens que envolvem sentimentos de colaboração e interação.

Outro pesquisador utilizado para embasar a pesquisa é Joseph Renzulli, americano e professor da University of Connecticut. Para ele, as altas habilidades podem ser melhor entendidas dentro de duas amplas categorias: a primeira é conhecida como superdotação intelectual ou acadêmica e a segunda, como superdotação criativo-produtiva.

Superdotação intelectual ou acadêmica é também conhecida como a aprendizagem de conteúdos e realização de teste. Essa superdotação, segundo Renzulli, seria o tipo que mais facilmente é medida pelos testes de Q.I. Pesquisas científicas apontam que aqueles educandos que obtêm uma alta pontuação nestes testes são também os mesmos que obtêm as melhores notas na escola, assim como aquelas habilidades de realização de testes e de aprendizagem de

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conteúdos se mantêm estáveis ao longo dos anos. Embora se ressalte que, mesmo havendo uma correlação bastante significativa entre os escores nos testes de Q.I. e as notas escolares, não se deve concluir que as pontuações nestes testes são os únicos fatores que contribuiriam ao êxito escolar.

A superdotação criativo- produtiva engloba aspectos da atividade humana que gera material de grande impacto, ou seja, originais. Segundo Renzulli, há dois propósitos para uma educação de portadores de altas habilidades, sendo eles oferecer o máximo de oportunidades para que esses sujeitos alcancem um maior desenvolvimento de expressão em áreas onde possa ser encontrado potencial superior, bem como aumentar o dom social daquelas pessoas que possam auxiliar nos problemas da nossa sociedade contemporânea, tornando-se produtores de conhecimentos e artes muito mais do que consumidores de informação.

O conceito de Renzulli vem da sua Teoria dos Três Anéis atribuído às pessoas com Altas Habilidades como um conjunto constante de características que se mantém estável ao longo de suas vidas. Os três grupos que o compõem, habilidade acima da média, alta criatividade e um grande envolvimento com as tarefas, se entrelaçam a fim de que ocorra uma interseção necessária destes três "anéis" para, então, confirmar a superdotação. Logo, o processo de identificação do aluno com altas habilidades deve incluir uma multiplicidade de fontes de informação e instrumentos.

Diante disso, Renzulli afirma que a superdotação pode apresentar-se em determinadas situações e em outras não. Para ele, deveria haver uma mudança na concepção de “ser superdotado”. Dever-se-ia levar em consideração aqueles indivíduos que apresentam “comportamentos superdotados”, para então implementar programas de enriquecimento, que iriam beneficiar um maior grupo de pessoas. Dessa forma, “(...) a nossa expectativa é que, aplicando bons princípios de aprendizagem para todos os alunos, diluiremos as críticas tradicionais aos programas para superdotados e faremos das escolas locais onde o ensino, a criatividade e o entusiasmo por aprender sejam valorizados e respeitados” (2004).

Referindo-se aos resultados encontrados com a pesquisa nas três escolas de Santa Maria que se mostraram interessadas, foi realizada a conscientização da comunidade escolar através de palestras, sendo que posteriormente os professores realizaram uma observação direta na sala de aula, orientados pelo Guia para Observação proposto por Zenita Guenther. A partir da observação, foram apontados pelos docentes cento e oitenta e sete alunos com as mais diversas habilidades.

A fase seguinte se propôs a levantar dados sobre a história de vida escolar destes alunos por meio de entrevistas semi- estruturadas com os professores, não somente das séries atuais, mas também das séries anteriores nas quais foram tratadas questões relativas ao

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desenvolvimento do aluno em sala de aula, a fim de perceber se as características apontadas pelos professores atuais foram freqüentes nas séries anteriores. Foram totalizados sessenta e sete indicados. Confirmadas as características destes alunos, está sendo realizada a conscientização dos pais sobre importância de reconhecer e valorizar as habilidades de seus filhos, para que, assim, autorizem o trabalho com estas crianças.

Observando a complexidade que há no ser humano, é necessário enfatizar que a superioridade intelectual, acadêmica ou criativa de uma pessoa, não significa capacidade para esta resolver todos os problemas pessoais e sociais que se apresentam. Nesse sentido, deve-se evitar desperdiçar as capacidades e talentos dos alunos, incentivando a procura, a busca, a captação do talento em toda a sua diversidade e abrangendo todas as fases da vida humana (Guenther, 2000).

Juntamente com o conceito de capacidade e talento em educação, que visualiza tal reconhecimento como um processo contínuo, que se apresenta ao longo da vida das pessoas, faz-se importante o acompanhamento e a orientação, por observação contínua, direta e cuidadosa nas diversas situações de ação, produção, posição e desempenho em que a criança está envolvida.

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Referências

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