ICTR 2004 – CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Costão do Santinho – Florianópolis – Santa Catarina
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PRÓXIMA
DIAGNÓSTICO PARA ELABORAÇÃO DO PLANO INTEGRADO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇAO E DEMOLIÇÃO. CASO SÃO CARLOS - SP Denis Corato Catelan Bernardo Arantes Nascimento Teixeira
DIAGNÓSTICO PARA ELABORAÇÃO DO PLANO
INTEGRADO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO. CASO SÃO CARLOS / SP
Denis Corato Catelan2
Bernardo Arantes Nascimento Teixeira3
RESUMO
O adensamento populacional nos centros urbanos, no caso estudado, uma população aproximada de 200.000 habitantes, e o crescente consumo de produtos industrializados tem proporcionado acentuado aumento no volume dos resíduos sólidos, acarretando o agravamento de problemas ambientais, sanitários, sociais e econômicos, devido à devolução dos resíduos no ambiente de forma inadequada. Os resíduos de construção e demolição – RCD, representam grande parte dos resíduos sólidos coletados nas áreas urbanas e a ausência de um gerenciamento adequado, contribui para a degradação da qualidade ambiental. Grande parte destes resíduos é de interesse para a reciclagem proporcionando a possibilidade de geração de trabalho e renda, além do benefício ambiental.
A partir do levantamento de dados e informações, foi obtido, o reconhecimento da intensidade construtiva, identificação dos agentes envolvidos, mapeamento de impactos e uma avaliação das demandas pelo material reciclado.
Este trabalho visa levantar dados base para a caracterização e o diagnóstico da situação atual referente à geração, coleta, transporte e destinação dos resíduos de construção e demolição, dando subsídios para a elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos no Município de São Carlos, adequando aos padrões exigidos pela resolução nº 307/2002 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, e trazendo benefícios sociais, econômicos e ambientais para a comunidade, recuperando e reciclando estes resíduos.
Palavras-chave: Diagnóstico, Gestão, Resíduo Construção Demolição.
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bolsista de iniciação científica/Aluno de Engenharia Civil na UFSCar Universidade Federal de São Carlos – Brasil (denisufscar@yahoo.com.br)
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1. INTRODUÇÃO
A cidade foi fundada em 4 de novembro de 1857, durante o período da expansão cafeeira. No período entre 1960 a 1996, registrou-se um aumento populacional significativo de 113.252 habitantes na área urbana, principalmente devido à industrialização, enquanto que na área rural o aumento foi de apenas 220 pessoas (CRISCUOLO et al, 2000). Esse comentário torna-se relevante no que se refere ao aumento contínuo da quantidade de resíduos sólidos urbanos gerada diariamente na cidade.
De acordo com CRISCUOLO et al, (2000), na década de 70, cerca de 88% da população já se concentrava na área urbana da cidade, estimulando assim o processo de urbanização e demandando um aumento de serviços sociais. Nessa época, São Carlos funcionou como pólo de atração populacional, sendo que a taxa de migração anual foi de 3,37%, próximas aos índices estaduais registrados, cerca de 3,45%.
A bacia do Monjolinho é de fundamental importância para o abastecimento da cidade, e está totalmente inserida no município, favorecendo o controle de sua gestão tornando essenciais as ações de recuperação para se reverter o histórico de processos de ocupação e deposição que possam provocar a degradação e o assoreamento (PEPDMSC,2002).
Um dos grandes desafios do município na atualidade é a questão do gerenciamento sustentável dos resíduos sólidos. Por esse motivo incorporar parâmetros e critérios ambientais na concepção de políticas de desenvolvimento urbano é uma necessidade emergencial.
A Resolução nº 307/2002 do CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente, dispõe sobre resíduos da construção civil, considera a política urbana de desenvolvimento da função social da cidade e da propriedade urbana, a implementação de diretrizes para a redução dos impactos ambientais, a degradação da qualidade ambiental a partir da disposição de RCD em locais inadequados e estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos RCD, disciplinando as ações necessárias. Esta estabelece o prazo máximo de 12 meses, a partir de 02 de janeiro de 2003 - dada de entrada de vigor da resolução, para que os municípios elaborem seus planos integrados de gerenciamento de resíduos de construção civil, e no artigo nº13 estabelece o prazo máximo de 18 meses, no qual os municípios deverão cessar a disposição de RCD em aterros de resíduos domiciliares e em áreas de “bota-fora”.
Ao organizar um plano de gestão de resíduos, o município dá um importante passo no sentido da efetiva promoção da qualidade de vida para seus habitantes.
A implementação deste plano busca compatibilizar o uso de recursos naturais em bases sustentáveis, tendo como objetivo a melhoria da qualidade ambiental e da vida urbana contando com a efetiva participação da sociedade construindo um modelo de desenvolvimento socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente equilibrado.
A gestão sustentável dos resíduos sólidos pressupõe reduzir o uso de matérias-primas e energia, reutilizar produtos e reciclar materiais. Diversas preocupações sociais, ambiental/geográfico, sanitária, econômica e educativa, motivam um programa de gestão sustentável dos resíduos sólidos. É interessante que o planejamento do programa de gestão sustentável dos resíduos sólidos seja iniciado pelo "fim", pesquisando-se as alternativas de destinação para os
materiais recuperados, pois as interrupções do programa fazem com que ele perca a credibilidade junto à população (BNDES, 2003).
O fluxograma apresentado na Figura 1 sistematiza os resíduos da construção civil classificando por tipo de material, origem no canteiro, encaminhamento e procedimentos e principais produtos oriundos da reciclagem.
Pode ser observado nesta figura, que a partir dos resíduos da construção civil (metais, madeiras, plásticos e especialmente materiais cerâmicos e cimentícios), estes podem ser reaproveitados por meio de processos e transformados em agregados de alta qualidade, que por sua vez podem ser utilizados na fabricação de componentes para a construção civil reduzindo seu custo.
Figura 1: Fluxograma dos resíduos da construção civil potencialmente recicláveis (ZANIN et al,2001).
Os resíduos de construção e demolição representam um significativo percentual dos resíduos sólidos produzidos nas áreas urbanas demonstrando a necessidade de disciplinar o gerenciamento dos mesmos, por meio da adoção de soluções tecnicamente corretas e de ferramentas institucionais que privilegiem a ação preventiva.
O modelo de gerenciamento integrado de resíduos pode ser definido como um procedimento que requer o envolvimento de técnicos e gestores no âmbito das municipalidades para garantir maior eficiência na implementação das estratégias que abrangem os sistemas (ASSIS, et al.2002).
Este trabalho visa levantar dados base para a caracterização e o diagnóstico da situação atual referente à geração, coleta, transporte e destinação dos resíduos de construção e demolição, dando subsídios para a elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos no Município de São Carlos.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização deste trabalho, baseou-se na realização de uma busca bibliográfica em anais de eventos relacionados, na utilização de documentos e informações que foram obtidas nas Secretarias de governo, empresas de coleta, saneamento e energia.
A pesquisa sobre as leis vigentes no município de São Carlos serviu como base para avaliação das medidas necessárias para o controle da deposição e estimativas dos valores correspondentes as multas por ações indevidas.
Para efeito de visualização e cálculos de áreas para deposição, foi obtida uma série de mapas que serão adaptados para as necessidades de visualização das medidas de deposição e localização de áreas de transbordo e triagem.
A elaboração do diagnóstico envolveu as seguintes etapas: Etapa 1:
♦ Revisão bibliográfica;
♦ Revisão da legislação e normalização. Etapa 2:
♦ Levantamento de dados e informações nos diversos órgãos, secretarias, empresas privadas ou por meio de observações in loco;
♦ Reconhecimento da intensidade construtiva; ♦ Identificação de agentes envolvidos;
♦ Mapeamento de impactos. Etapa 3:
♦ Análise e discussão dos dados
3. RESULTADOS
De acordo com a Divisão de Limpeza Pública do município de São Carlos, ainda não há um controle exato da prefeitura sobre a quantidade dos resíduos de construção e demolição produzidos em São Carlos. Porém, conforme SCHALCH (1997), no “Relatório parcial do projeto de redução e de coleta seletiva dos resíduos sólidos gerados no município de São Carlos”, a produção desse resíduo foi estimada em 435 toneladas diárias.
O descarte dos RCD pelos caminhões das empresas responsáveis pela coleta, atualmente, é o local indicado pela Prefeitura, no bairro Cidade Aracy, apesar da cidade ainda não possuir locais adequados ou aprovados pela CETESB para esse fim.
Até o momento que foi feita a coleta de dados, não havia nenhum programa de reciclagem ou reaproveitamento de RCD implantado na cidade, segundo informações da própria Prefeitura. Eventualmente, aplicam-se multas pelo descarte dos RCD em locais indevidos, baseadas no Decreto n o 61, de 24 de julho de 1997.
Estudos para a solução dessa questão estão sendo elaborados pela Secretaria de Obras em conjunto com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia em busca de locais adequados para o descarte dos RCD.
A tabela 1 apresenta algumas tipologias dos resíduos urbanos gerados no município, citando os geradores em potencial, as estimativas de volumes e composição dos materiais, os destinos onde são encaminhados pelos diferentes responsáveis pela coleta, transporte e deposição.
TIPOLOGIA GERADOR GERAÇÃO DESTINO COLETA/ TRANSPORTE/ DISPOSIÇÃO RSS – Resíduos de Serviços de Saúde Hospitais, clinicas, consultórios, postos de saúde e veterinárias Ainda não existe diagnóstico - Empresa coletora Resíduos Perigosos Comércio, Indústria, instituições e população Ainda não existe diagnóstico - Empresa coletora Resíduos industriais Indústria Levantamento em andamento pela CIESP Aterro sanitário, aterro industrial paticular Próprio gerador RPC – Resíduos de Poda e Capina PMSC Ainda não existe diagnóstico Trituração e compostagem, restante local autorizado para RCD PMSC Resíduos de Feiras Livres PMSC Ainda não existe diagnóstico
Aterro sanitário PMSC / Empresa coletora Resíduos de Varrição de Ruas PMSC 90 sacos de 100litros / dia Aterro sanitário PMSC RRS – Resíduos Recicláveis Secos Comércio, indústria, instituições e população Programa Piloto de coleta seletiva Reciclagem / Aterro sanitário PMSC / Empresa coletora RCD – Resíduos de Construção e Demolição Comércio, indústria, instituições e população Estimativa de 300 ton/dia Deposição irregular, aterro autorizado Gerador / Empresa coletora
Tabela 1: Tipologia de resíduos sólidos descritas a partir do gerador e gestão da coleta (PEPDMSC,2002)
A coleta de RCD é uma atividade fundamental para evitar deposição desse material em áreas inadequadas e a responsabilidade pela coleta depende da legislação municipal. Para isso foi elaborado um mapa para identificação das rotas de acesso e local para deposição autorizada de resíduos de construção e demolição.
4. DISCUSSÃO
Para que seja implantado o plano de gestão integrado para os resíduos sólidos na cidade de São Carlos, são propostas as seguintes ações:
• O cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento, triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o porte da área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos resíduos oriundos de pequenos geradores às áreas de beneficiamento;
• A proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;
• Ações educativas visando reduzir a geração de resíduos;
• O incentivo à inserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo;
• Definição de critérios para o cadastramento de transportadores e grandes geradores;
• Ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes envolvidos; • Separação e encaminhamento do material inerte que chega na central antes
de realizar a trituração;
• Implantação de uma central de reciclagem cuja principal característica é a simplicidade de suas instalações e equipamentos, indo ao encontro do perfil dos trabalhadores de baixa renda, que na sua maioria são jovens, possui baixa experiência profissional, pouca escolaridade. Apesar da simplicidade dos equipamentos e processo produtivo, tem-se a preocupação com a economia e qualidade dos produtos.
Com essas medidas o município já estaria se enquadrando aos padrões exigidos pela resolução nº 307/2002 do CONAMA, citada anteriormente e estaria desenvolvendo o plano integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil, trazendo benefícios sociais e econômicos para a comunidade, a partir da formação da cooperativa e benefícios ambientais, recuperando e reciclando estes resíduos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1) ASSIS, C.S., et.al. Gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos: uma visão sistêmica. IN: V Seminário “Desenvolvimento Sustentável e Reciclagem na Construção Civil”, São Paulo. Anais... p. 49, São Paulo – SP, setembro, 2002.
2) BNDES. Disponível em: <http://federativo.bndes.gov.br/dicas/D109.htm>. Acesso em:10 de abril, 2003.
3) CRISCUOLO, C. et al (2000). Uso e ocupação da terra em 1965 e 1998. In: ESPÍNDOLA, E. L. G. et al. (Org.). A Bacia Hidrográfica do Rio Monjolinho: uma abordagem ecossistêmica e a visão interdisciplinar. Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
4) CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Procedente da 66a Reunião Ordinária. Data 5 de julho de 2000. Processo no 02000.001641/2000-15 , 2002.
5) PEPDMSC, Processo de Elaboração do Plano Diretor do Município de São Carlos, Prefeitura Municipal de São Carlos, 2002
6) SCHALCH, V. (1997). Projeto de redução e de coleta seletiva dos resíduos sólidos gerados no Município de São Carlos. 10p. Escola de Engenharia de São Carlos. Fundação para o Incremento a Pesquisa e Aperfeiçoamento Industrial./Apresentado a PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS, 1997.
7) ZANIN, M.; CATELAN, D.C. et al. Diagnóstico para formação de cooperativa popular de catadores na cadeia de resíduos sólidos recicláveis de Ribeirão Preto. São Carlos: UFSCar/Departamento de Engenharia de Materiais, 2001. Relatório final.
DIAGNOSIS FOR THE ELABORATION OF AN INTEGRATED
PLAN OF CONSTRUCTION AND DEMOLITION RESIDUES
MANAGEMENT. SÃO CARLOS /SP
ABSTRACT
The population densification on the urban centers, in the case studied, an approximated population of 200,000 inhabitants, and the increasing consumption of the industrialized products have provided accentuated increase on the solid residues volume, causing the environmental, sanitarium, social and economic problems aggravation, due to the devolution of the residues into the environment in an inappropriate way. The construction and demolition residues - CDR, represent most of the solid residues collected in urban areas. These residues are considered non economic value castoff and, in the absence of an appropriate management, contributing for the environmental quality degradation.
Starting from the data and information, was obtained the recognition of the constructive intensity, identification of the agents involved, impacts mapping and a recycled material demand evaluation.
This study has the purpose to characterize the current situation regarding the CDR generation, transport, destination at the city of São Carlos, identifying and locating legal and underground destinations. This way subsidies were obtained for the proposition of an Integrated Plan of Maintainable Management of the CDR in the city of São Carlos, and so, being adapted to the standards required by the resolution 307 of CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente (National Council for the Environment), bringing social, economic and environmental benefits for the community, recovering and recycling these residues.
