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Perfil socioeconômico dos estudantes beneficiários da bolsa assistencial Unisul

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Academic year: 2021

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Ligia Wherli dos Santos Siqueira2 Niva Luiza Madruga3 Prof.ª Drª Darlene de Moraes Silveira4 Resumo

O presente artigo expõe os resultados obtidos diante de estudo realizado no Setor de Atendimento Social – SAS, da Universidade do Sul de Santa Catarina, e teve como objetivo identificar o perfil socioeconômico dos estudantes beneficiários da bolsa assistencial Unisul, estabelecendo uma relação entre o direito à educação e o trabalho realizado pelo Serviço Social no ensino superior. Do ponto de vista dos procedimentos metodológicos, utilizou-se de pesquisa documental e método descritivo, sendo que a fonte de documentação para análise foram os processos da referida bolsa no semestre 2018/2 e a amostra compreendeu o universo de 151 alunos. Este trabalho traz, também, um breve resgate sócio-histórico da Unisul como Universidade comunitária e do Setor de Atendimento Social no campus Grande Florianópolis, visando a contribuir para ações interventivas com esse público e efetivação de direitos. Quanto aos resultados, verificou-se que há predominância do sexo feminino, cor branca, idade entre 20 e 24 anos, oriundos da região Sul do país com renda per capita variável de até 1 ½ salário mínimo. Tal realidade demonstra que a bolsa tem atingido o público alvo pretendido e contribuído para o acesso ao ensino superior e equidade social.

Palavras-chave: Perfil de alunos; Direito a Educação.

1 Introdução

Este artigo é fruto da realização de estágio curricular em Serviço Social realizado na Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul, no Setor de Atendimento Social – SAS, concretizando-se na exposição dos resultados de uma pesquisa realizada junto ao setor, com objetivo de estabelecer o perfil socioeconômico dos estudantes beneficiários da bolsa assistencial Unisul.

¹Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso, julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social e aprovado em sua forma final pelo Curso de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina. 26 de Junho de 2019.

²Acadêmica do curso Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail: ligia.siqueira@unisul.br.

3Acadêmica do curso Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail:

niva.madruga@unisul.br.

4 Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC/SP, Professora e orientadora

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Este artigo apresenta, inicialmente, a Unisul que é uma Universidade comunitária, reconhecida em 1984 como Fundação Universidade do Sul de Santa Catarina, na cidade de Tubarão, localizada na região Sul do Estado, caracterizada como instituição não governamental sem fins lucrativos.

Na sequência, descrevemos o Setor de Atendimento Social – SAS que fica localizado no campus Grande Florianópolis que é composto pelas unidades universitárias Pedra Branca e Ilha-Centro (Trajano e Dib Mussi), este setor é composto por profissionais do Serviço Social que são responsáveis pelo atendimento social ao aluno e atua nos processos de bolsas de estudo e financiamento estudantil.

O artigo abordará a bolsa assistencial Unisul, que é mantida com recursos próprios da instituição e voltada para alunos com vulnerabilidade socioeconômica que atendam aos critérios estabelecidos em edital publicado semestralmente e as exigências da Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS Educação – que a Universidade possui.

Em seguida, o artigo trará aspectos da Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, que é concedida pelo Governo Federal, por intermédio do Ministério da Educação – MEC, às pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, que prestem serviços nas áreas de educação, assistência social ou saúde e proporciona a seus detentores isenções para seguridade social, em retribuição a instituição beneficente se dispõe a ofertar serviços gratuitos para públicos em vulnerabilidade socioeconômica.

Por fim, apresentamos as considerações finais, destacando aspectos do trabalho desenvolvido neste artigo, na perspectiva de ser instrumento de futuras intervenções junto ao SAS, contribuindo com reflexões e discussões sobre as demandas existentes com este público, visando assegurar acesso ao direito à educação.

2 Aspectos Sócio-Históricos da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul

A Fundação Universidade do Sul de Santa Catarina foi reconhecida no ano de 1984, como instituição de utilidade pública municipal e federal, caracterizada como uma entidade não-governamental sem fins lucrativos.

Sua história começa com a Faculdade de Ciências Econômicas (FCESSC), criada por lei municipal nº 353, de 25 de novembro de 1964, concretizando uma demanda dos habitantes da cidade de Tubarão, no sul do Estado de Santa Catarina, inicialmente, ocupando duas salas do colégio Dehon, e a direção da faculdade ficava acumulada à direção do Instituto Municipal de Ensino Superior – IMES, responsável pela manutenção da FCESSC.

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Em 1968 autorizado por lei, o Prefeito Stélio Boabaid, através de decreto, aprovou o Estatuto da Fundação Educacional do Sul de Santa Catarina - FESSC, desarticulando-a do regime autárquico e em 1984 a FESSC se torna a Fundação Universidade do Sul de Santa Catarina - Unisul por lei municipal aprovada pela câmara de vereadores, sancionada pelo Prefeito Municipal e reconhecida como Universidade pelo Parecer nº 28/89 do Conselho Federal de Educação, homologado por intermédio da Portaria nº028, reconhecendo-a, respectivamente, como Instituição de Utilidade Pública Municipal e Federal (DELLA GIUSTINA, 2012).

A Unisul é uma universidade comunitária, normatizada na forma lei nº 12.881, de 12 de novembro de 2013 que dispõe:

Art. 1o As Instituições Comunitárias de Educação Superior são organizações da

sociedade civil brasileira que possuem, cumulativamente, as seguintes características: I - estão constituídas na forma de associação ou fundação, com personalidade jurídica de direito privado, inclusive as instituídas pelo poder público;

II - patrimônio pertencente a entidades da sociedade civil e/ou poder público; III - sem fins lucrativos, assim entendidas as que observam, cumulativamente, os seguintes requisitos:

a) não distribuem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;

b) aplicam integralmente no País os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;

c) mantêm escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão;

IV - transparência administrativa, nos termos dos arts. 3o e 4o;

V - destinação do patrimônio, em caso de extinção, a uma instituição pública ou congênere.

Sobre a concepção de Universidade Comunitária, Bittar (1998, p. 46) escreve:

Entendem, essas universidades, que por estarem inseridas nas comunidades locais ou regionais e com elas manterem uma estreita articulação no que diz respeito ao atendimento das demandas sociais e aos serviços que presta (extensão, ação comunitária, hospital universitário, pastoral universitária, assistência jurídica à população de baixa renda, entre outros), estão também cumprindo a sua função pública. Nesse sentido, o público para elas assume um caráter sociológico e não apenas jurídico, podendo ser explicado em três planos: institucional, social e ético. No plano institucional, elas se revelam como públicas ao não submeterem seu patrimônio a nenhum grupo econômico em particular e ao vincularem esse mesmo patrimônio aos objetivos educacionais comunitários da região em que atuam. No plano social, ao responderem às demandas sociais, especialmente ao segmento populacional que não tem acesso ao conhecimento científico e tecnológico, e, no plano ético, “... elas têm

como princípio fundamental em todas as suas ações a sobreposição dos interesses coletivos aos particulares” (Ronca e Selber, 1995).

As universidades comunitárias, como a Unisul, cumprem um papel importante na formação superior, no acesso à educação superior, contando com iniciativas internas e parcerias públicas e privadas.

A Universidade abrange a articulação entre ensino, pesquisa e extensão nas diversas áreas do conhecimento e se compõe de uma comunidade acadêmica voltada para a construção

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do conhecimento, preparo e qualificação para mercado de trabalho, aliado à proximidade com a comunidade em que se insere, sendo assim uma instituição social.

Gadotti (1995, p. 06) escreve:

Uma universidade não pode ser definida como tal se reduzir ao puro ensino. Sem pesquisa, extensão e desenvolvimento da cultura não há universidade. E essas são atividades muito mais caras do que o ensino. A universidade precisa voltar-se para fora e contribuir, hoje, decididamente, na reorganização do sistema econômico desse país, como ontem, na década de 70, a universidade brasileira ganhou prestígio social lutando pelo reordenamento político. E para isso é preciso que elas trabalhem conjuntamente, intercambiando experiências.

Nesse sentido, a Universidade desenvolve um papel triplo na sociedade, na formação de profissionais capacitados para o mercado de trabalho, no desenvolvimento da comunidade inserida e na sociedade como um todo, e também na face política, como grande fonte de intervenção nas políticas públicas e sociais na face dos movimentos sociais estudantis.

Sobre o aspecto social da universidade, Chauí (2003, p. 5) escreve:

A universidade é uma instituição social e como tal exprime de maneira determinada a estrutura e o modo de funcionamento da sociedade como um todo. Tanto é assim que vemos no interior da instituição universitária a presença de opiniões, atitudes e projetos conflitantes que exprimem divisões e contradições da sociedade.

Sendo assim, a universidade se insere na comunidade, exprime as características da sociedade e as reflete no campo acadêmico. Para Della Giustina (2012, p. 56) “[...], a UNISUL

tem, desde sua origem mais longínqua, o gene da regionalidade, a par do gene comunitário, que corresponde a uma verdade histórica”, isso se deve ao esforços da comunidade na

instalação do ensino superior, tão necessário à época.

A Unisul tem como missão de “Promover educação, em todos os níveis e modalidades,

para formar integralmente e ao longo da vida, cidadãos competentes, comprometidos com o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação, contribuindo para a melhoria da vida em sociedade” (UNISUL, 2019).

Os últimos dados que constam no relatório anual de atividades 2017, a Unisul contava com mais de 26 mil estudantes matriculados na Graduação, em 116 cursos; 2.173 estudantes matriculados na Pós-Graduação Lato Sensu, divididos em 57 cursos; 221 estudantes matriculados na Pós-Graduação Stricto Sensu com 7 cursos, e cerca de 1.400 estudantes matriculados em cursos de extensão/sequenciais, divididos em 161 cursos, distribuídos em três campi: Tubarão, Grande Florianópolis e Unisul Virtual e suas respectivas Unidades Universitárias: Imbituba, Içara, Araranguá e Braço do Norte; e unidades universitárias Pedra

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Branca e Ilha Centro (Trajano e Dib Mussi), além de mais de 100 polos de educação à distância, (UNISUL, 2018).

3 O Setor de Atendimento Social - SAS

O Brasil é um país permeado pela desigualdade social extrema, sendo a desigualdade no acesso à educação um dos maiores desafios para a sociedade atual, pois a questão educacional no Brasil perpassa a política de educação, envolvendo também outras questões como: segurança, saúde, esporte, lazer, trabalho, entre outras.

A Política Nacional de Educação está contida na Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que dispõe sobre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional; esta política estabelece diretrizes e bases para a educação formal, seus princípios norteadores, recursos financeiros, entre outros.

Conforme a supracitada lei, em seu título II, artigo 2º e 3º a Política Nacional de Educação estabelece os seguintes princípios e fins:

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar;

VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;

IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar;

XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)

XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.

Apesar de todo aparato legal que rege a educação no Brasil o Estado ainda não consegue suprir a demanda existente, em especial a nível superior, que segundo dados do IBGE e PNAD 2018, somente 15% dos concluintes do ensino médio ingressaram no ensino superior, sendo que o ensino superior público e gratuito correspondia apenas a cerca de 30% do ensino superior no Brasil.

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A Constituição de 1988 configurou em esforço, após um período de muito debate e embate, para a construção de um padrão público universal de proteção social, que instituísse como direitos a todos o acesso à educação, à saúde, ao trabalho à moradia, ao lazer, à segurança, à previdência social, a proteção à maternidade, à infância e à assistência social. Porém, as tradições políticas, econômicas e sociais do Brasil constituíram e constituem um grande obstáculo e desafio à efetivação desses direitos, tradição essa reforçada e agravada pela predominância da lógica de um estado governado sob a ótica neoliberal.

Ainda se tem, fortemente, na cultura brasileira o culto da meritocracia em detrimento do direito, uma tradição excludente que perpetua as diferenças sociais sob esta ótica neoliberal impregnada da sociedade moderna.

Sobre a dificuldade do Estado de lidar com as questões da inclusão social no cenário educacional, Martignoni e Moraes (2004, p. 27) escrevem:

As forças contra a pobreza parecem não cumprir seu papel. Em primeiro lugar, conta-se com a incapacidade financeira de arcar com o ensino superior, pois o orçamento doméstico é restrito, gerando um entrave econômico. Em segundo lugar, a maior via de acesso ao ensino superior é a promovida pelo setor privado, que exige uma contrapartida financeira do estudante que, por sua vez, não recebe o suficiente para cobrir os custos das mensalidades, normalmente, porque está na situação de desemprego (a faixa jovem é que apresenta a maior taxa de desemprego). Tal situação se traduz em um entrave social. Em terceiro lugar, mas não menos importante, deve-se mencionar o entrave educacional. Jovens pobres frequentam escolas de baixa qualidade e em bairros carentes. A formação prejudicada dos alunos de baixa renda não pode ser comparada com a dos alunos de escolas de bairros ricos. Assim, se esta lógica permanecer inalterada pela ausência de qualquer outra externalidade, as vagas nas melhores universidades serão dos mais bem preparados, e o ciclo de pobreza se perpetua.

Considerando as desigualdades existentes no Brasil, tanto a nível de oferta de serviço público de educação superior quanto à nível de pobreza do povo, o acesso à educação se torna tão ou mais difícil que sua manutenção, fazendo com que o “ter que escolher” entre estudar e trabalhar para prover o sustento familiar e a própria capacidade financeira de arcar com os custos de um curso superior, se tornem entraves socioeconômicos.

Os debates à respeito do trabalho do Serviço Social junto à política de educação no conjunto CFESS-CRESS teve inclusão de ações sistemáticas na agenda de lutas à partir de 2000, com acompanhamento dos projetos de lei e das legislações já existentes no país, se tornando uma ação permanentemente trabalhada pelos CRESS (CFESS, 2013).

Segundo CFESS-CRESS (2013, p. 19):

A Política de Educação resulta de formas historicamente determinadas de enfrentamento das contradições que particularizam a sociedade capitalista pelas classes sociais e pelo Estado, conformam ações institucionalizadas em resposta ao acirramento da questão social. Ela constitui uma estratégia de intervenção do Estado, a partir da qual o capital procura assegurar as condições necessárias à sua reprodução, mas também resulta da luta política da classe trabalhadora em dar direção aos seus processos de formação, convertendo-se em um campo de embates de projetos

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educacionais distintos, em processos contraditórios de negação e reconhecimento de direitos sociais.

Os princípios, direitos e deveres que orientam as atribuições dos assistentes sociais na política de educação e em outros espaços sócio ocupacionais estão inscritos no Código de Ética Profissional (1993), na lei nº 8.662/1993 e nas diretrizes curriculares da ABEPSS (1996).

Sobre o Serviço Social e a política de educação, Moraes e Maciel (2015, p.81) escrevem:

[...] à política de educação compete organizar suas ações no sentido de tornar o ensino tangível para todos, possibilitando o acesso à cultura, à informação e a uma formação cidadã. Ao Serviço Social, em seu compromisso de efetivar os direitos sociais, compete intervir nas várias expressões da questão social, atuando nos diversos espaços onde são planejadas, executadas, acompanhadas e avaliadas as ações pertinentes à política de educação, viabilizando, de forma conjunta, partilhada e interdisciplinar, o acesso ao ensino e a superação das desigualdades sociais.

A atuação do assistente social na política de educação, no contexto universitário, parte do enfrentamento às desigualdades sociais neste espaço e acesso aos direitos sociais, articulando-se entre políticas públicas e sociais, para promoção do direito aos estudantes.

Cabe um importante destaque para a atual conjuntura societária e política brasileira, que temos em questão os direitos sociais com a extinção de conselhos nacionais, um verdadeiro desmonte da máquina pública, a educação se tornando foco de intervenção Estatal. Nesse contexto, ao Serviço Social confere caráter de luta por direitos historicamente conquistados e na afirmação do projeto ético-político da profissão em defesa do direito, do público e do social.

O Setor de Atendimento Social – SAS, do campus da Grande Florianópolis, foi criado no ano de 2005, como forma de organizar um setor específico ao atendimento social, em especial, aos acadêmicos em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Anterior à criação do SAS existia o SAE – Setor de Atendimento ao Estudante, que atendia os estudantes em relação à benefícios; com a criação do SAIAC, em 2004, o SAE foi extinto e em 2005 foi criado o SAS.

Os usuários do SAS são estudantes homens, mulheres, idosos, pessoas com deficiência e suas famílias que buscam atendimento à procura de bolsas de estudo, pesquisa e/ou extensão e financiamento estudantil, são estudantes que apresentam vulnerabilidade socioeconômica.

Conforme Adorno (2001, p.62):

[...] a expressão vulnerabilidade social sintetiza a ideia de uma maior exposição e sensibilidade de um indivíduo ou de um grupo aos problemas enfrentados na sociedade e reflete uma nova maneira de olhar e de entender os comportamentos de pessoas e grupos específicos e sua relação e dificuldades de acesso a serviços sociais como saúde, escola e justiça.

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Na sociedade capitalista moderna, certos grupos se expõem a maiores vulnerabilidades em detrimento de outros, sendo o acesso à educação privilégio de poucos, dessa forma, o setor atua junto aos estudantes e suas famílias, mediando o acesso às bolsas de estudo.

A questão social que segundo Iamamoto (2001, p.10), “diz respeito ao conjunto das

expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado [...]”, no campo educacional se reflete de várias

formas, no SAS a questão socioeconômica para acesso à educação superior se torna a questão central do trabalho do assistente social.

Cavaignac e Costa (2017, p. 424) escrevem a respeito da questão social e o trabalho do assistente social:

Assim sendo, compreendendo a questão social e elaborando meios de atuação para minimizar os seus rebatimentos no processo educacional, os assistentes sociais buscam viabilizar o acesso à política de educação como um direito social. Para tanto, a prática profissional, nesse âmbito, tem de transpor a mera execução de ações dispostas nas normas e orientações da legislação vigente. É relevante que o profissional faça uma leitura crítica da realidade social, do contexto institucional e dos meios de trabalho à sua disposição, ou seja, das condições objetivas de realização do exercício profissional, a fim de instrumentalizar seu processo de trabalho.

O Serviço Social no SAS realiza atendimento a estudantes e faz encaminhamentos para serviços prestados na universidade, quais sejam, psicologia, fisioterapia, serviços jurídicos, Naturologia, entre outros; encaminhamentos para órgãos públicos e comunitários, e atua nos processos de bolsas de estudo, pesquisa e/ou extensão e financiamentos estudantis, visando a qualidade de vida, efetivação dos direitos dos estudantes e equidade social.

Para tanto, o assistente social se utiliza de instrumentos técnico-operativos, entre os quais: Entrevistas, observação, encaminhamentos, parecer social, visitas domiciliares, relatórios, reuniões, entre outros; cabe destaque ao trabalho desenvolvido pelo assistente social no SAS, a entrevista e o estudo social.

A entrevista é um dos instrumentos mais utilizados no trabalho do assistente social e tem como função obter informações a respeito da realidade vivenciada pelo usuário, servindo também para embasamento de ações futuras.

Segundo Lewgoy e Silveira (2007), conforme citado por Maciel e Marcomim (2016, p. 68), a realização da entrevista envolve três etapas:

 Planejamento: Segundo as autoras, planejar significa organizar, dar clareza e precisão à própria ação, ou ainda, alterar a realidade numa direção escolhida, agir de forma racional e com intencionalidade, ter clareza dos princípios e realizar um conjunto orgânico de ações. Dentro dessa perspectiva, é necessário que o assistente social tenha conhecimento e domínio dos pressupostos teórico, ético, político e técnico que envolvem a ação e o contexto onde essa ocorre, a fim de que dê agilidade e

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consequência ao seu trabalho, tendo também clareza a respeito da finalidade da entrevista, onde se deseja chegar e quais os objetivos neste processo.

 Execução: A segunda etapa diz respeito à execução da entrevista, que se inicia pelo estabelecimento de um acordo de vontades entre o usuário e o assistente social, no sentido de juntos, trabalharem em torno da demanda, do cerne da entrevista. Nessa etapa, o foco para o profissional está em ouvir, coletar dados, aprofundar as informações, tendo como referencial os objetivos traçados inicialmente. Busca perceber as necessidades, demandas, expectativas, manifestadas no decorrer do processo.

 Registro: A terceira etapa diz respeito aos apontamentos feitos ao longo da entrevista. Segundo as autoras, trata-se de um documento intransferível, pois diz respeito ao direito do usuário de ter a evolução de seu atendimento documentado, bem como o acesso aos dados registrados. O registro da entrevista tem também como objetivo colaborar com o atendimento, à medida que as informações podem ser partilhadas por outros profissionais, tendo como alvo um trabalho integral e multidisciplinar (resguardadas as situações que envolvam a necessidade de sigilo profissional). Para isso, a linguagem deve ser clara, objetiva, gramaticalmente correta, não contendo adjetivos que expressem juízo de valor. O registro das entrevistas faz parte da documentação e sistematização da prática do Serviço Social, conforme vimos anteriormente, portanto, deve ser feito de forma cuidadosa, sendo observados os preceitos do Código de Ética da profissão, no que tange a esse tema.

As entrevistas podem ser estruturadas, semiestruturadas ou abertas, à este respeito Maciel e Marcomim (2016, p. 69) descrevem:

A entrevista estruturada é aquela que contem perguntas fechadas, tais como as que são comuns nos formulários, sendo inflexíveis. A entrevista semiestruturada acontece tendo um roteiro previamente elaborado, em que as questões são abertas, permitindo certa flexibilidade no processo. Esse é o modelo mais utilizado, pois, guiada por um roteiro de questões, permite uma organização flexível e a ampliação dos questionamentos, à medida que isso se faça necessário. Já na entrevista aberta é possível uma liberdade maior, estando baseada no discurso livre do entrevistado, a partir das questões levantadas. Tanto o entrevistado quanto o entrevistador tem ampla liberdade nas perguntas e respostas.

Enquanto o estudo social tem por finalidade conhecer com profundidade a realidade social apresentada, analisando-a de forma crítica à luz dos conhecimentos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-operativos, sendo prática própria do Serviço Social (CFESS, 2003).

Maciel e Marcomim (2016, p. 26) escrevem: “Desse modo, não falamos em aplicações

pontuais de um instrumental técnico operativo profissional, mas de processos de trabalho em que esses instrumentais estão imbuídos de intencionalidades, de razão e de caminhos futuros sendo construídos”.

Desse modo, o Serviço Social ao se utilizar de seu instrumental técnico-operativo e a própria instrumentalidade atribuída ao trabalho, rompe a tradicional idade de benesse e atribui profissionalidade, em consonância ao projeto ético-político da profissão.

A instituição corrobora para a equidade no sistema educacional, à medida que oportuniza o acesso dos estudantes mais vulneráveis através de parcerias firmadas com o

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Governo do Estado, Governo Federal e instituições privadas, oferta de bolsas que visam acesso ao ensino superior, o comprometimento estudantil e a diminuição da evasão na universidade, entre elas estão bolsas de estudos, de pesquisa e/ou extensão, e financiamentos privados.

Entre as principiais bolsas e financiamentos ofertados estão:

 Bolsa de Estudo, pesquisa e/ou extensão ofertadas pela modalidade do Artº 170 e 171 da Constituição de Santa Catarina;

 Bolsa Prouni (Programa universidade para todos);  Bolsa Proies;

 Bolsa Social;

 Financiamentos: FIES, CredIES e Pravaler;  Bolsa Assistencial Unisul;

 Entre outras.

- A bolsa assistencial Unisul

Nesta perspectiva de assegurar o direito a formação profissional, a bolsa assistencial Unisul é uma modalidade de bolsa de estudos ofertada com recursos próprios da universidade, como forma de cumprimento das exigências advindas da Certificação de Entidade Beneficente (CEBAS), que a universidade possui e contempla estudantes em vulnerabilidade socioeconômica.

Normatizada pela lei n° 12.101, de 27 de novembro de 2009, e regulamentada pelo Decreto n° 8.242, de 23 de maio de 2014, CEBAS é uma certificação concedida pelo Governo Federal, à pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social que prestem serviços nas áreas de educação, assistência social ou saúde, proporcionando à seus detentores isenções para seguridade social e em retribuição a instituição beneficente deve ofertar serviços gratuitos para públicos em vulnerabilidade socioeconômica, segundo os requisitos para aquisição e permanência da certificação.

Cabe destaque a Portaria Normativa nº 15, de 11 de agosto de 2017 que dispõe sobre o processo de certificação de entidades beneficentes de assistência social com atuação na área da educação, que segundo o Cap. I, Seção II:

Art. 5o O CEBAS-Educação será concedido, pelo MEC, nos termos estabelecidos na Lei no 12.101, de 2009, às entidades de direito privado sem fins lucrativos que atuam, diretamente ou por meio de instituições de ensino mantidas, na oferta da educação

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básica regular e presencial, na oferta da educação superior, ou em ambos os níveis, que atendam ao princípio da universalidade do atendimento, selecionem os bolsistas e beneficiários de demais benefícios pelo perfil socioeconômico, e cumpram integralmente os requisitos estabelecidos na referida Lei e no Decreto no 8.242, de 2014, e as regulamentações contidas nesta Portaria Normativa.

§ 1o As instituições de ensino de que trata o caput deverão comprovar a sua atuação na área da Educação por meio de ato autorizativo de funcionamento expedido pelo órgão normativo do respectivo sistema de ensino e por meio de dados referentes à instituição informados ao censo realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP. § 2o Para os fins desta Portaria Normativa, o atendimento ao princípio da universalidade pressupõe a seleção de bolsistas e demais beneficiários segundo o critério socioeconômico definido na Lei no 12.101, de 2009, sem qualquer forma de discriminação, segregação ou diferenciação, vedada a utilização de critérios étnicos, religiosos, corporativos, políticos, ou quaisquer outros que afrontem esse princípio.

§ 3o A vedação à utilização de critérios étnicos a que se refere o parágrafo anterior alcança inclusive a proibição de distinção entre brasileiros natos e naturalizados, conforme estabelecido no art. 12, § 2o da Constituição.

§ 4o As instituições que prestam serviços totalmente gratuitos devem assegurar que os alunos a serem contabilizados no atendimento da proporcionalidade de bolsas sejam selecionados segundo o perfil socioeconômico definido na Lei no 12.101, de 2009.

§ 5o As instituições que prestam serviços mediante convênio com órgãos públicos devem assegurar que os alunos a serem contabilizados no atendimento da proporcionalidade de bolsas sejam selecionados segundo o perfil socioeconômico definido na Lei no 12.101, de 2009.

§ 6o Os bolsistas CEBAS-Educação matriculados em instituições de ensino da educação básica e superior deverão ser devidamente informados no censo realizado anualmente pelo INEP.

Art. 6o O CEBAS-Educação será expedido em favor da entidade mantenedora das instituições de ensino.

§ 1o Para os efeitos desta Portaria Normativa, considera-se:

I - mantenedora: a entidade de direito privado sem fins lucrativos, dotada de personalidade jurídica própria, que se responsabiliza pelo provimento dos fundos necessários à oferta, diretamente ou por meio de instituições de ensino mantidas, de serviços educacionais nos termos definidos no art. 5o;

II - mantida: a instituição de ensino, formalmente vinculada à mantenedora, que realiza a oferta de serviços educacionais nos termos definidos no art. 5o.

Seção II

Das ações de gratuidade na área da Educação

Art. 7o Para fazer jus ao CEBAS-Educação, a entidade deve comprovar a oferta de gratuidade na forma de bolsas de estudo e benefícios, na forma estabelecida pela Lei no 12.101, de 2009.

§ 1o As entidades poderão conceder bolsas de estudo integrais, nos casos em que a renda familiar bruta mensal per capita do bolsista não exceder o valor de um salário mínimo e meio; ou parciais, nos casos em que a renda familiar bruta mensal per capita do bolsista não exceder o valor de três salários mínimos.

Esta certificação tem dupla importância na medida que fornece meios das entidades se manterem financeiramente e proverem, assim, o direito e a inclusão social, em especial nesse caso na área da educação.

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4 O Perfil Socioeconômico dos Estudantes Beneficiários da Bolsa Assistencial Unisul

A pesquisa que subsidia este estudo de perfil foi realizada na Universidade do Sul de Santa Catarina - campus Grande Florianópolis, com o tema “Estudo de perfil dos estudantes detentores da bolsa assistencial Unisul”, e foi projetada a partir de estágio supervisionado obrigatório em Serviço Social realizado no Setor de Atendimento Social no período semestral de 2018\1, 2018\2 e 2019\1, sendo este setor responsável pelo atendimento aos estudantes nos processos de bolsas e financiamentos estudantis.

O objetivo principal da pesquisa foi identificar o perfil socioeconômico dos estudantes beneficiários da Bolsa Assistencial Unisul na Universidade do Sul de Santa Catarina, estabelecendo uma relação entre o direito à educação e o trabalho do Assistente Social no contexto universitário.

O estudo pautou-se em dados obtidos por meio de pesquisa documental com abordagem quantitativa e método descritivo, sendo que a fonte de documentação para análise foram pareceres técnicos emitidos pelas assistentes sociais do SAS nos processos seletivos da bolsa assistencial Unisul, arquivados no setor e a amostra compreendeu o universo de 151 alunos contemplados com a bolsa assistencial Unisul no semestre 2018/2.

Ao refletir sobre a temática a ser abordada nesta pesquisa, considerou-se a inexistência de estudo similar no referido setor com o público em questão.

Portanto, a pesquisa buscou atender a necessidade de conhecer o contexto socioeconômico dos estudantes beneficiários da referida bolsa de estudos, de modo a contribuir para o aprimoramento do trabalho desenvolvido no Setor de Atendimento Social – SAS e para intervenções futuras com este público.

A partir do estudo realizado, os dados coletados foram organizados nas seguintes categorias de análise: sexo, faixa etária, raça, nacionalidade, procedência/origem, renda per capita, atividade remunerada e fontes de renda, unidade universitária, cursos e turnos, sinalizando o perfil dos alunos beneficiários da bolsa assistencial Unisul.

- Sexo

Fonte: Elaboração dos autores, 2019. 49 102 Masculino - 32 % Feminino - 68 % 0 50 100 150 Sexo

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Constatou-se que 68% dos estudantes beneficiários da bolsa assistencial Unisul no semestre 2018\2 são do sexo feminino e que 32 % são do sexo masculino, o que demonstra compatibilidade com as estatísticas nacionais disponibilizadas anualmente pelo INEP.

Tais dados demonstram uma mudança ao longo das décadas em relação a mulher na Universidade, se formos observar que, na década de 50 o espaço universitário era majoritariamente masculino, enquanto na atualidade, a depender da área, a mulher chega a ocupar 70% ou mais das vagas no ensino superior, tanto no ensino presencial quanto na modalidade à distância, segundo os dados do INEP 2018.

- Faixa etária

Fonte: Elaboração dos autores, 2019.

O resultado da pesquisa demonstra a predominância de um público jovem, a faixa etária dos estudantes bolsistas ficou entre 20 e 24 anos (40%); 25 e 39 anos (36%), poucos alunos apresentaram idade maior que 40 anos e somente 19% apresentaram idade de até 19 anos.

Esse resultado é adequado para o ensino superior, visto que as estatísticas nacionais também apontam para um público com faixa etária jovem.

- Raça

Fonte: Elaboração dos autores, 2019. 5 30 55 61 Acima de 40 anos - 3 % Até 19 anos - 18 % Entre 25 e 39 anos - 36 % Entre 20 e 24 anos - 40 % 0 10 20 30 40 50 60 70 Faixa etária 1 3 6 44 98 Amarela - 1 % Preto - 2 % Pardo - 4 % Não declarado - 29 % Branco - 64 % 0 50 100 150

Raça

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Quanto a raça, o resultado demonstra que 64% dos estudantes se autodeclararam de cor branca, 4% de cor parda, 2% de cor preta e 1% de cor amarela, enquanto 29% não declararam raça.

A auto declaração advém da auto percepção do indivíduo em relação a si próprio e envolve um processo reflexivo, porém, para Muniz (2012, p 253), o censo nacional realizado pelo IBGE, leva mais em consideração “[...] uma combinação entre auto declaração e

percepção do entrevistador”, neste quesito, os dados estatísticos de raça que subsidiaram a

pesquisa foram totalmente preenchidos pelos alunos, sem interferência de entrevistador. É importante salientar que a bolsa assistencial Unisul não tem recorte de cota racial e o preenchimento dos dados referentes à raça é de livre escolha e não obrigatório, o que parcialmente explica o porquê de 29% dos alunos não declarem raça no processo.

- Nacionalidade

Fonte: Elaboração dos autores, 2019.

Conforme gráfico, quanto a nacionalidade, 99% dos estudantes bolsistas são brasileiros e somente 1% possui nacionalidade Argentina.

A Argentina segundo os últimos dados do censo do ensino superior 2017, disponibilizados pelo INEP em 2018, representa o quinto país de origem do estudante estrangeiro em cursos de Graduação, estando também na representatividade de continente de origem americana que era de 45,6% no ano de 2017.

- Renda per capita

Fonte: Elaboração dos autores, 2019. 1 150 Argentina - 1% Brasil - 99% 0 50 100 150 200 Nacionalidade 5 13 14 31 44 44

Até 1/2 salário mínimo - 3 % Sem renda - 9 % Mais de 2 salários mínimos - 9 % Até 2 salários mínimos - 20 % Até 1 e 1/2 salário minimo - 29 % Até 1 salário mínimo - 29 %

0 10 20 30 40 50

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Em relação à renda mensal familiar per capita do estudante bolsista, observou-se dois perfis de renda predominantes, alunos que têm renda de até 1 salário mínimo (29%) e alunos que possuem uma renda de até 1 e ½ salários mínimos (29%).

Cabe destaque que 9% dos estudantes encontravam-se sem renda e 3% dos estudantes têm uma renda até ½ salários mínimos, caracterizando situação de grande vulnerabilidade econômica familiar.

- Procedência/Origem

Fonte: Elaboração dos autores, 2019.

Somados 81% dos estudantes bolsistas procedem da região Sul do país, 5% provém da região sudeste, 4% da região Nordeste, 2% provém da região Norte, 1% provem da região Centro-Oeste e, apenas, um estudante (1% do total) é Estrangeiro de origem Argentina, conforme informado no gráfico anterior.

A procedência predominante dos estudantes da região Sul do país, em especial do Estado de SC, pode ser compreendida pelo fato da Unisul ser é uma Universidade comunitária com forte ligação com as comunidades locais, atraindo assim seus estudantes dessas populações regionais circunvizinhas.

Quanto à população oriunda de outras partes do País, Brito (2009, p. 11) escreve que: “No caso brasileiro, a migração é uma tradição, faz parte do “equipamento cultural

tradicional [...]”, é sabido que Santa Catarina é um grande polo de migração interna, em

especial a região da Grande Florianópolis que recebe pessoas do país inteiro, como também imigrantes e refugiados. 1 1 1 1 1 2 2 2 2 6 12 15 105 Estrangeiros - 1 % AL - 1 % RO - 1 % PA- 1 % DF - 1 % PE - 1 % RJ - 1 % PI - 1 % BA - 1 % SP - 4 % PR - 8 % RS - 10 % SC - 69 % 0 20 40 60 80 100 120 Procedência/Origem

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- Fontes de renda

Fonte: Elaboração dos autores, 2019.

As fontes de renda se dão de várias formas, no gráfico acima, estão representadas as fontes de renda de custeio familiar do estudante bolsista.

Sendo que 31% possui trabalho formal, 27 % não possui atividade remunerada, 13% realiza estágio remunerado, 11 % encontram-se desempregados, 6% realizam atividades informais, 5% estão recebendo seguro desemprego, 3% recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), 3% recebem algum tipo de pensão e 1% recebem auxilio financeiros de terceiros.

Observa-se que, excluindo-se os estudantes que possuem trabalho formal, a maior parte dos estudantes têm fontes de renda com caráter temporário e efêmero, sendo que 11%, desses, encontravam-se em situação de desemprego, sem fontes de renda atual, com vulnerabilidade econômica e sem possibilidade de continuar seus estudos, sem o benefício de acesso à bolsa de estudos.

- Unidade universitária

Fonte: Elaboração dos autores, 2019.

O campus Unisul Pedra branca possui a maior concentração de alunos, o que explica o maior contingente de alunos bolsistas beneficiados, representando 74% das bolsas ofertadas no semestre 2018\2, enquanto a unidade Ilha-centro representa 26% das bolsas ofertadas.

1 4 5 8 9 17 19 41 47 Auxílio de terceiros - 1 % BPC (Benefício de Prestação Continuada) - 3 % Pensão - 3 % Seguro Desemprego - 5 % Renda informal - 6 % Desempregados - 11 % Estágio Remunerado - 13 % Não trabalha - 27 % Trabalho Formal - 31 % 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Fontes de renda

40 111 UnidadeIlha- Centro- Trajano e Dib Mussi -26 %

Unidade Pedra Branca - 74 %

0 20 40 60 80 100 120

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1 1 1 1 2 2 3 3 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 10 11 14 16 36 Engenharia química - 1 % Engenharia ambiental - 1 % Serviço Social - 1 % Jornalismo - 1 % Engenharia de Produção - 1 % Relações Internacionais - 1 % Designer de moda - 2 % Educação física - 2 % Ciências Contábeis - 2% Gastronomia - 2 % Odontologia - 3 % Publicidade e Propaganda - 3 % Administração - 3 % Nutrição - 3 % Sistemas de Informação - 4 % Arquitetura e Urbanismo - 4 % Naturologia - 5 % Enfermagem - 5 % Engenharia elétrica - 7 % Engenharia Civil - 7 % Psicologia - 9 % Fisioterapia - 11 % Direito - 24 % 0 10 20 30 40 Cursos - Turno

Fonte: Elaboração dos autores, 2019.

Quanto ao turno, 64% dos estudantes bolsistas cursam no período noturno, 29 % no período matutino, 3% no período vespertino e 3% cursam em período integral (estes exclusivamente correspondentes ao curso de Odontologia do campus Pedra Branca).

A escolha por um curso noturno é geralmente associada à necessidade que o aluno tem de estudar e trabalhar, como também pela necessidade de realizar estágios. Cabe salientar que a grande maioria dos cursos ofertados no campus Pedra Branca são noturnos, campus este com maior número de alunos beneficiários da bolsa assistencial Unisul.

- Cursos

Fonte: Elaboração dos autores, 2019. 5 5 44 97 Vespertino - 3 % Integral - 3 % Matutino - 29 % Noturno - 64 % 0 50 100 150 Turno

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O curso de maior predominância corresponde ao curso de Direito representado por 24% do total dos estudantes, seguido pelos cursos de: Fisioterapia 11%, Psicologia 9%, Engenharia civil 7% e Engenharia elétrica 7%; os demais cursos, representados, possuem variação de 1% a 5% do total.

É importante pontuar alguns dados que fizeram parte da pesquisa realizada, em que se pode identificar uma pequena porcentagem de estudantes com deficiências e doenças crônicas, fatores esses que também interferem no processo da bolsa de estudos, em que são analisados gastos com tratamentos e medicamentos.

Dos estudantes bolsistas com deficiência, temos 3 portadores de deficiência visual e 1 com deficiência física, quanto aos estudantes com doenças crônicas, temos 1 estudante que possui Diabetes mellitus tipo 1, 1 estudante que possui Mielomeningocele e 2 estudantes Vírus da Imunodeficiência Humana – HIV.

Considerando que o objetivo desse estudo foi identificar o perfil socioeconômico dos estudantes beneficiários da bolsa assistencial Unisul, destacamos a seguir alguns aspectos que envolvem a totalidade das categorias estudas.

Os alunos bolsistas são, predominantemente, do sexo feminino (68%) e possuem faixa etária dos estudantes entre 20 e 24 anos (40%), estes resultados foram considerados dados compatíveis com as estatísticas nacionais e, quanto ao sexo demonstra também uma evolução de equidade de gênero no acesso ao ensino superior.

Evidencia-se que a raça predominante entre os estudantes é a cor branca (64%), poucos se declararam de cor amarela, pardos e pretos, 29 % não declaram raça no processo o que pode ser compreendido, pois esta informação não é obrigatória e não existe cotas raciais para acesso a bolsa.

Os estudantes são, sumariamente, brasileiros (99%), oriundos, em sua maioria, da região Sul do país (87%), o que pode ser compreendido por a Universidade estar localizada na região Sul e ser uma Universidade comunitária com forte vínculo com a comunidade em que se insere; cabe salientar que temos uma estudante estrangeira, oriunda da Argentina e que os demais estudantes são procedentes de diversas regiões do país, desenhando assim, o perfil de uma Universidade multicultural que recebe estudantes advindos do país inteiro e, também, do exterior.

A renda familiar per capita dos estudantes ficou entre dois perfis, alunos com renda familiar per capita de até 1 salário mínimo (29%) e alunos com renda familiar per capita entre 1 salário mínimo e 1 ½ salários mínimos (29%). Estas informações demonstram um perfil de estudantes que possuem renda familiar baixa, com difícil capacidade financeira de arcar com

(19)

custos referentes a educação, o que também é sinalizado no gráfico de fontes de renda, em que temos uma grande parcela de estudantes com fontes de renda de caráter temporário e estudantes desempregados (11%), os que possuem emprego formal representam somente 31% do total.

Quanto aos aspectos da Universidade, temos que a unidade Universitária, em que há o maior contingente de alunos beneficiados no semestre 2018/2, corresponde a unidade Pedra Branca (74%), sendo essa unidade também a maior da Grande Florianópolis, seguindo, temos uma predominância de alunos cursando o período noturno (64%) o que aponta para um público que necessita trabalhar e/ou realizar estágios durante a graduação; temos também uma maior presença de estudantes do curso Direito (24%), Fisioterapia (11%) e das Engenharias elétrica e Civil (7% cada).

5 Considerações finais

O presente trabalho de conclusão de curso buscou conhecer o perfil socioeconômico dos estudantes, anteriormente descrito, a partir da pesquisa “Estudo de perfil dos estudantes detentores da bolsa assistencial Unisul”, realizada no Setor de Atendimento Social – SAS no campus Grande Florianópolis da Universidade do Sul de Santa Catarina - Unisul.

O processo de estágio em Serviço Social permitiu associar os aspectos teóricos, ético-políticos e técnico-operativos às práticas realizadas junto ao SAS. Trouxe uma experiência de percepção acerca das vulnerabilidades e possibilidades de intervenção com os estudantes e uma vivência que evidenciou a importância do trabalho social com este público.

A Unisul, como uma universidade comunitária, possui forte ligação com a comunidade em que se insere, atraindo desse mesmo público o maior contingente de seus estudantes, além dos estudantes advindos de todo território nacional e imigrantes. Quanto ao acesso à educação, a Unisul oportuniza várias modalidades de bolsas de estudo e financiamentos, sendo a bolsa assistencial Unisul uma dessas formas de acesso.

O Serviço Social junto à política de educação trabalha com o enfrentamento as desigualdades sociais e promoção de direitos, articulando-se entre as políticas públicas e sociais, trabalho este tão necessário no cenário contemporâneo.

Sabemos que o direito a educação é garantido constitucionalmente, porém torna-se um importante desafio presente em uma sociedade desigual, meritocráta e excludente, que impõe às pessoas com vulnerabilidade socioeconômica difícil acesso ao ensino superior e dificuldades de manutenção, devido à falta de oferta de serviço público que atenda à demanda educacional e a própria dificuldade financeira de acesso em instituições privadas.

(20)

Sendo assim, perante a necessidade de inclusão social e a dificuldade de acesso e oferta pública, a bolsa assistencial Unisul, ofertada pela Universidade por intermédio da obrigatoriedade advinda do CEBAS Educação, se torna ferramenta de inclusão social, ao mesmo tempo em que atende a uma demanda educacional que o Estado não supre integralmente.

Ao analisarmos o resultados, compreende-se que o perfil dos estudantes, aqui descrito, é compatível com o público alvo a que se pretende atingir com esta bolsa de estudos, sendo um público socioeconomicamente vulnerável que necessita deste subsidio para acesso à Universidade.

O estudo apresentado, neste artigo, conduz à reflexões sobre a relevância do trabalho social realizado no Setor de Atendimento Social, no atendimento cotidiano com os alunos e suas famílias, tratando de demandas e do processo de acesso à educação.

Portanto, enfatizamos o Serviço Social como tendo papel fundamental no processo de garantia e afirmação de direitos quanto ao acesso e permanência dos alunos junto ao ensino universitário. Esta é uma demanda presente ao conjunto da sociedade contemporânea, em que a luta por estes mesmos direitos se faz diária e constante, engendrada numa sociedade repleta de desigualdades sociais, econômicas e culturais, em que se têm real necessidade de engajamento nas políticas educacionais e enfrentamento à questão social.

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revoga dispositivos das Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, 9.429, de 26 de dezembro

(21)

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