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Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores do Rio questiona SMS e defende instalação de CPI para investigar desrespeito à Lei das OSs

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Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores do Rio questiona SMS e defende instalação de CPI para investigar desrespeito à Lei das OSs

O plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro ficou lotado durante a audiência da Comissão de Higiene, Saúde Pública e Bem-estar Social, que discutiu, no último dia 14/4, o projeto “Emergência Presente”, engendrado pela prefeitura para entregar a gestão dos quatro Hospitais de Emergência da rede municipal (Souza Aguiar, Miguel Couto, Salgado Filho e Lourenço Jorge) à iniciativa privada. Embora tenha tentado, o Secretário Municipal de Saúde, Hans Dohmann, não conseguiu explicar e muito menos convencer os servidores públicos da saúde e os parlamentares presentes de que a Prefeitura não afrontou a lei 5.026/09, que permite entregar à gestão das OSs somente às unidades de saúde criadas após a sua sanção. Ele também tentou argumentar, sem sucesso, que as OSs atuam dentro da legalidade no Programa Saúde da Família e que a política de saúde pública do governo municipal tem obtido resultados positivos. A proposta de criação de uma CPI na Câmara para investigar as irregularidades no setor de saúde pública foi defendida e aplaudida pela quase totalidade dos presentes à audiência.

A reunião foi presidida pelo Vereador Carlos Eduardo (PSB), Presidente da Comissão de Saúde, e composta pelo Vereador Paulo Pinheiro (PPS), membro da Comissão, Dr. Jorge Darze, Presidente do SinMed/RJ, Vereador Paulo Messina (PV), Presidente da Comissão de Educação, Deputada Estadual Enfermeira Rejane (PC do B), o Secretário Hans Dohmann e os SubSecretários de Atenção Hospitalar, Urgência e Emergência, João Luiz Ferreira Costa e de Atenção Primária, Vigilância e Promoção de Saúde, Daniel Soranz.

Secretário de Saúde é pressionado, mas não responde a questionamentos do SinMed

Representando o movimento sindical e os conselheiros de saúde do estado e dos municípios onde o SinMed/RJ tem assento, o Dr. Jorge Darze retratou a indignação dos servidores públicos e cobrou explicações do Secretário Dohmann. “A Câmara criou um monstro jurídico e estabeleceu regras para o seu funcionamento. Depois disso a Prefeitura desrespeitou esta lei, que é inconstitucional, e criou mecanismos para entregar os hospitais e postos de saúde que já existiam para as OSs. O Prefeito cometeu crime de responsabilidade e cabe a uma CPI apurar como isso foi feito”, frisou, para em seguida denunciar que o governo de São Paulo trilhou o mesmo caminho e já vendeu 25% dos leitos dos hospitais da rede pública para a iniciativa privada.

O Presidente do SinMed/RJ destacou que ao transferir a gestão do serviço público de saúde para as organizações sociais, a Prefeitura está rasgando a Constituição Federal e a legislação do SUS, o que representa uma afronta aos princípios basilares do Estado Democrático de Direito. Ele rejeitou a proposta apresentada pouco antes pelo Vereador Paulo Pinheiro de criação de uma agência reguladora para fiscalizar as OSs, ressaltando que não é possível admitir a existência de

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um órgão para administrar aquilo que é ilegal. Ele lembrou que foi graças a uma liminar concedida pela 8ª Vara de Fazenda Pública, no dia 17/2, ao SinMed/RJ e ao Sindicato dos Enfermeiros do RJ, que a Prefeitura foi impedida de entregar os hospitais de emergência do município às OSs.

O Dr. Darze informou que acompanhou, no STF, o julgamento da ação direta de inconstitucionalidade (ADI) contra a lei que criou as OSs, ao lado de outros representantes do Fórum de Saúde do Rio de Janeiro, e lamentou que o Partido dos Trabalhadores, que apresentou a ADI em conjunto com o PDT, esteja agora defendendo a legalidade da legislação junto ao Supremo.

“O orçamento da saúde nas três esferas de governo é de R$200 bilhões de reais. Nós sabemos por que eles querem entregar o setor para a iniciativa privada. É porque são eles que financiam as campanhas eleitorais”, denunciou. Ele salientou que os servidores públicos vêm agindo de forma heroica diante de tudo isso, e reafirmou a importância da mobilização do setor, que deve continuar fazendo grandes manifestações de rejeição ao projeto do governo e de defesa do concurso público como o que foi realizado no último dia 07/4, Dia Mundial da Saúde. O Dr. Darze anunciou que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) vai divulgar nos próximos dias um relatório apontando dados importantes sobre a crise na saúde pública. “Mais de mil pessoas já morreram por falta de leitos. De 80 a 90 pacientes ficam diariamente sem UTI e morrem por conta disso. Este é um processo genocida. Não deveria morrer ninguém”, exclamou. “Nós, dos movimentos sociais, não vamos permitir de forma alguma a implantação deste projeto no Rio de Janeiro”, finalizou.

Vereadores atestam irregularidades na gestão da saúde pública

Carlos Eduardo e Paulo Pinheiro, que são médicos, estão entre os 11 vereadores que votaram contra o projeto de lei de regulamentação das organizações sociais, atual Lei 5.026/2009. Carlos Eduardo denunciou o desrespeito ao parágrafo 2º da lei, que permite a atuação das OSs nas novas unidades, no Hospital Municipal Ronaldo Gazzola e no Programa de Saúde da Família e cogitou a possibilidade de apresentação de um novo projeto de lei com um novo viés. Pinheiro afirmou que o argumento de que o município não pode mais fazer concurso público por limitação imposta pela Lei de Responsabilidade Fiscal é falso, já que o máximo de 60% autorizado para o gasto da receita corrente líquida com pagamento da folha está longe de ser ultrapassado. O parlamentar apurou que, em 2010, a pasta da Saúde destinou 43% do seu orçamento de 2 bilhões e 455 milhões de reais para pagamento do funcionalismo público. Para 2011, a projeção de gasto é ainda menor: 38% de um total de 2 bilhões 995 milhões.

A contratação pelas OSs é, portanto, uma opção do governo e não imposição orçamentária. O vereador apresentou também os resultados da primeira inspeção feita pelo Tribunal de Contas do Município nas OSs que administram os Programas de Saúde da Família, em 2010, apontando diversas irregularidades que teriam sido ignoradas pela comissão técnica de avaliação da SMS.

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Entre elas, os valores gastos com pessoal, que chegariam a 70% do valor do contrato. O Secretário de Saúde esclareceu que as indagações feitas pelo TCM já foram respondidas e que o órgão não identificou irregularidades, tendo feito mas fez apenas recomendações. Já o Vereador Messina sugeriu que o Poder Executivo compare a eficácia do modelo adotado pelas organizações sociais, inclusive os métodos de utilização dos recursos públicos, com a eficácia do serviço público pautado no respeito ao servidor público e às regras do SUS.

A Deputada Enfermeira Rejane lamentou que a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) esteja paralisada diante dos problemas que o setor vem enfrentando. “Até agora a comissão não fez nenhuma reunião ou audiência pública. Estou esperando pela substituição do seu presidente (Deputado Márcio Panisset – PDT) para que eu possa contribuir mais”. O Vereador Eliomar Coelho afirmou que a Câmara dos Vereadores do Rio está em dívida com a população e que lamentavelmente os eleitores não fiscalizam. “Nós temos que defender o SUS custe o que custar e ocupar as ruas para desentupir os ouvidos das autoridades”, ressaltou. O parlamentar definiu como imoralidade o afastamento das assistentes sociais das políticas públicas.

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