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Psicol. cienc. prof. vol.36 número4

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Academic year: 2018

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Notificação da Violência: Percepções de Operadores

do Direito e Conselheiros Tutelares

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Suane Pastoriza Faraj

Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil.

Aline Cardoso Siqueira 

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, Brasil. Dorian Mônica Arpini

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP, Brasil.

Resumo: Este estudo objetivou conhecer os procedimentos e percepções de proissionais que atuam nos órgãos do Sistema de Garantia de Direitos (SGD) quanto à notiicação da violência envolvendo crianças e adolescentes. Integraram o estudo três conselheiros tutelares, um delegado de polícia e um promotor de justiça. Foram realizadas entrevistas individuais, os resultados foram analisados através da análise de conteúdo e indicaram que a notiicação da violência envolve diversos procedimentos, dentre eles, a aplicação de medidas protetivas e a investigação policial. Os resultados também apontaram um aumento de casos sendo notiicados pela ferramenta do disque 100 advindos da comunidade e atendidos pelos órgãos de defesa dos direitos. Por outro lado, ainda é pequeno o índice de notiicações feitas pelos proissionais de saúde e educação. Torna-se importante promover maior conscientização tanto da sociedade em geral como de proissionais acerca da notiicação da violência para que os órgãos competentes possam investigar as notiicações e tomar as providências necessárias para que os direitos das crianças e dos adolescentes sejam garantidos.

Palavras-chaves: Violência, Notiicação, Defesa da Criança e do Adolescente.

Notification of Violence: Procedures and Perceptions of

Law Professionals and Child Protection Agents

Abstract: This study aimed to know the procedures and perceptions of professionals who work in the System of Guarantee of Rights (SGR) concerning notiication of violence involving children and adolescents. Three child protection agents, one chief of police and one prosecutor participated in the study. Individual interviews were carried out and results were analyzed based on content analysis, indicating that the notiication of violence involves several procedures, such as the adoption of protective measures and police investigation. Results also highlighted an increase in the cases notiied by the community and attended by the rights advocacy services, through the device “Dial 100”. On the other side, the number of notiications accomplished by health care and education professionals is still minor. Therefore, it is important to promote awareness, both as regards the general community, and the professionals, about the notiication of violence, so as to enable the responsible services to investigate the notiications and take the adequate measures to guarantee the rights of children and adolescents.

Keywords: Violence, Notice, Child Advocacy.

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Introdução

A problemática da violência, especialmente a praticada contra a criança e o adolescente, se faz pre-sente na história da humanidade através de negli-gência, abuso sexual, agressões física e psicológica, e ocorrem no ambiente familiar ou extrafamiliar. No entanto, muitas iniciativas vêm sendo realizadas para prevenir e eliminar a violência, assim como para proteger as crianças e os adolescentes do fenômeno.

No Brasil, no ano de 1990, surgiu o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) através da Lei Federal nº 8.069 de 1990 (Brasil, 1990), estabelecendo os direi-tos fundamentais da criança e do adolescente e a garantia destes. A partir desta legislação, a violência ganhou mais visibilidade e passou a ser considerada uma violação do direito da criança e do adolescente.

O ECA (1990) destacou que a sociedade, o Estado e o poder público devem proteger a criança e o ado-lescente e colocá-los a salvo de todas as formas de violência. Preconizou a atenção às vítimas de violên-cia por meio de uma rede de atendimento e proteção, inserida no Sistema de Garantia de Direitos (SGD), composta pelo Poder Judiciário, Ministério Público, Polícia Civil, Conselho Tutelar, políticas públicas, entre outros. E ainda estabeleceu a obrigatoriedade da notiicação da violência e a punição para aque-les que promovem ou são omissos à violação dos

direitos fundamentais da criança e do adolescente. Assim, a partir da publicação do ECA, ocorreram mudanças signiicativas, especialmente em relação à notiicação da violência dos casos que envolvem a criança e o adolescente.

Notificações da violência: uma obrigação

de todos

O Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990), visando à proteção dos direitos da população infanto-juvenil, estabeleceu a obriga-toriedade da comunicação ao Conselho Tutelar de todos dos casos de suspeita ou conirmação de maus-tratos que envolvam crianças e adolescentes (art. 13). A notiicação da violência consiste em uma informação acerca da violência enunciada pelo setor de saúde ou por qualquer outro órgão ou pessoa, para o Conselho Tutelar (Brasil, 2002). É importante consi-derar que, apesar do termo notiicação ser utilizado, muitas vezes, como sinônimo do termo denúncia, a notiicação não representa uma denúncia, mas a comunicação dos casos de suspeita ou conirmação de violência aos órgãos responsáveis pela garantia dos direitos da criança e do adolescente, em especial ao Conselho Tutelar. A denúncia, conforme Dobke, Santos, & Dell’Aglio (2010), considerando o Código

Notificación de la Liolencia: Procedimientos y Percepciones

de Operadores del Derecho y Concejeros Tutelares

Resumen: Este estudio tuvo como objetivo conocer los procedimientos y las percepciones de los profesionales que trabajan en los órganos del Sistema de Garantía de Derechos (Sistema de Garantia de Direitos - SGD) sobre la notiicación de la violencia que involucra a niños y adolescentes. Formaron parte del estudio tres concejeros tutelares, un comisario y un iscal de la justicia. Fueron realizadas entrevistas individuales; los resultados fueron analizados mediante análisis de contenido e indicaron que la notiicación de la violencia implica varios procedimientos, entre ellos, la aplicación de medidas de protección y la investigación policial. Los resultados también mostraron un aumento de casos que son comunicados por teléfono, a través de la herramienta “Marque 100”; estos casos provienen de la comunidad y son atendidos por los órganos de defensa de los derechos. Por otro lado, aún es pequeño el índice de notiicaciones hechas por profesionales de salud y educación. Es importante concienciar, tanto a la sociedad en general, como a los profesionales, sobre la notiicación de la violencia, para que los órganos competentes puedan investigar y tomar las medidas necesarias para que los derechos de los niños y adolescentes sean garantizados.

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de Processo Penal, é oferecida pelo Promotor de Jus-tiça ao Juiz de Direito depois de concluído o inquérito policial, e é a peça processual que inicia o processo penal, o qual visa à responsabilização ou absolvição do agressor/abusador. Apesar dessa diferença de âmbito legal, no cotidiano e até mesmo em estudos cientíicos, usa-se o termo denúncia em situações de comunicação de uma suspeita ou situação de violên-cia. O uso popular do termo denúncia fez, inclusive, que uma política pública fosse construída usando esse termo, causando confusão.

A comunicação dos casos de violência aos órgãos de defesa do Sistema de Garantia de Direitos não é uma tarefa fácil, pois pode envolver diversos fatores, entre eles, medo, ansiedade e incertezas. Pensando na promoção da comunicação dos casos de violên-cia e da possibilidade de enfrentar o fenômeno, no ano de 1997 foi instituído no país o sistema nacional de combate ao abuso e à exploração sexual. Este, ini-cialmente foi operacionalizado por meio de um ser-viço telefônico gratuito (0800-99-500) através de uma parceria entre a Associação Brasileira Multiproissio-nal de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia) com atores do poder público. No decorrer do processo de implantação, o serviço sofreu algumas reestrutura-ções. No ano de 2003, tornou-se uma política nacional, passando a ser assumido pelo Governo Federal. Assim, a partir de 2004, passou a ser operacionalizado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidên-cia da República (SDH/PR), em parceria com o Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Ado-lescentes (Cecria) e com a Petrobras. No ano de 2006, o serviço passou a ser oferecido através do número tele-fônico 100 (disque 100). E em 2010 foi ampliado com a inauguração do Disque Direitos Humanos e a violência contra a criança e o adolescente passou a fazer parte do módulo criança e adolescente do disque direitos humanos (Bernardes, & Moreira, 2013; Tavares, Lou-redo, & Prado, 2013; Veras, 2010).

Na atualidade, o disque denúncia é um serviço de abrangência nacional que recebe notiicações de vio-lência (física, psicológica, sexual e negligência), espe-cialmente envolvendo crianças e adolescentes, atra-vés de ligação telefônica, carta e internet. O serviço é operacionalizado a partir de diferentes níveis e área de execução, divididos em central de atendimento, cen-tral de encaminhamento e cencen-tral de monitoramento. Na central de atendimento, as notiicações são recebi-das e registrarecebi-das por teleatendentes, as quais podem

encaminhar as ligações para a escuta especializada quando necessário. Nesta central, as notiicações são conferidas e analisadas por monitores e repassadas para a central de encaminhamento. Esta comunica a situação de violência ao Conselho Tutelar, ao Minis-tério Público e a outros órgãos avaliados como com-petentes para a resolução da situação. Após estes pro-cedimentos, os casos são acompanhados pela central de monitoramento, que é responsável pelo acesso do notiicante às informações acerca da notiicação, assim como pela organização e sistematização de dados esta-tísticos referentes ao serviço. É importante destacar que os casos devem ser encaminhados aos órgãos compe-tentes em no máximo 24 horas e, em até 48 horas, um ofício deve ser emitido ao Ministério Público para que este acompanhe as ações do Conselho Tutelar que atua no local de origem da notiicação. As medidas toma-das pelos órgãos competentes são acompanhatoma-das por uma equipe do disque 100 (Bernardes, & Moreira, 2012; Tavares et al., 2013).

Neste contexto, o disque 100 conigura-se como um serviço que atua na defesa dos direitos huma-nos das crianças e adolescentes, de modo que pro-cura orientar a população sobre o sistema de prote-ção dos direitos, acolher as notiicações de violência envolvendo crianças e adolescentes, contribuir para a execução de medidas de proteção à criança e ao adolescente e de responsabilização dos culpados. Busca também subsidiar a elaboração e implemen-tação de políticas públicas de atenção à criança e ao adolescente, nos âmbitos nacional, estadual e federal (Bernardes, & Moreira, 2012; Tavares et al., 2013).

No que se refere ao sistema legal, as Leis das Con-travenções Penais (Brasil, 1941) e o ECA (1990) preco-nizam que todos os cidadãos têm a mesma obrigação e o dever de notiicar os casos de suspeita ou violên-cia. No entanto, as legislações destacam a obrigatorie-dade dos proissionais, em especial da área da saúde, em notiicar os casos que tiverem conhecimento no campo proissional. No âmbito penal, a notiica-ção é prevista no artigo 66 do Decreto-Lei no 3.688

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competente os casos de maus-tratos contra a criança e o adolescente (Brasil, 1990, art. 245).

Na área da saúde, diversas portarias foram criadas e estabelecidas para o proissional notiicar os casos de violência. Entre elas, pode-se citar a Portaria nº 1.968, de 25 de outubro de 2001 (Brasil, 2001), e a recente Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011 (Brasil, 2011), ambas do Ministério da Saúde. A primeira dispõe sobre a notiicação às autoridades competentes de casos de suspeita ou de conirmação de maus-tratos con-tra população infanto-juvenil atendida pelo Sistema Único de Saúde (Brasil, 2001). E a segunda estabelece a notiicação compulsória de todos os casos de suspeita ou violência contra a população, ou seja, a notiicação deve ser realizada por todos os proissionais de saúde e responsáveis por instituições e estabelecimentos públicos e particulares (Brasil, 2011).

A criação do sistema de notiicação, no âmbito da saúde, pressupõe incluir, nas atividades de aten-dimento e na organização dos serviços e instituições, o procedimento de notiicar, assim como capacitar os proissionais sobre o fenômeno da violência (Brasil, 2002). É importante ressaltar que, com o sistema de notiicação compulsória, é esperado que o fenômeno da violência seja problematizado e considerado no atendimento à saúde das crianças e dos adolescen-tes. Espera-se também que a criança e o adolescente sejam encaminhados para o Conselho Tutelar, o qual aplicará os procedimentos cabíveis. E, dessa forma, a equipe de saúde compartilhará a responsabilidade com o Conselho Tutelar, dando continuidade ao aten-dimento (Brasil, 2002). Ressalta-se que tanto a comu-nicação da violência ao Conselho Tutelar quanto a notiicação efetivada no campo da saúde possibilitam a mobilização da rede de proteção. No entanto, a noti-icação compulsória permite a análise epidemiológica dos casos, fornecendo informações para a formula-ção das políticas públicas. As propostas são distintas, mas estas se completam para que se possa enfren-tar a violência contra a população infanto-juvenil (Lima, & Deslandes, 2011).

Apesar de todas as iniciativas nas diversas áreas do conhecimento, principalmente na área da saúde, da assistência e do direito, muitas crianças e adolescen-tes ainda têm sido tratados como objetos e têm seus direitos violados, tanto pela ação quanto pela omissão de situações de violência, especialmente de proissio-nais que atuam no atendimento infanto-juvenil. Mui-tos casos de violência ainda não são notiicados no

Brasil, apesar da obrigatoriedade da notiicação, exis-tindo no país uma subnotiicação, sendo estimado que, para cada caso de violência notiicado, 10 a 20 não são notiicados (Pascolat et al., 2001). Assim, no país, o número de notiicações ainda é pequeno e poucos municípios estão notiicando a violência (Assis, Avanci, Pesce, Pies, & Gomes, 2012).

No Rio Grande do Sul, segundo os dados da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul (2013), no período de janeiro a setembro de 2013, foram registrados 394 casos de violência envolvendo crianças menores de um ano de idade, 837 crianças com idades entre um a quatro anos, 669 crianças de cinco a nove anos, 862 crianças e adolescentes entre 10 a 14 anos e 1.066 envolvendo jovens entre 14 a 19 anos de idade. Percebe-se que, embora o sistema de registro da secretaria de saúde facilite a mensuração e divulgação dos índices de violência no país, parece que esses dados ainda não estão repre-sentando a dimensão do fenômeno.

Estudos vêm discutindo a responsabilidade e a diiculdade de proissionais de diversas áreas do conhecimento em realizarem a notiicação de violência contra a criança e o adolescente (Arpini, Soares, Bertê, & Forno, 2008; Azambuja, 2005; Ban-nwart, & Brino, 2011; Gonçalves, & Ferrerira, 2002; Lobato, Moraes, & Nascimento, 2012; Oliveira, Samico, Ishigami, & Nascimento, 2012; Pires et al., 2005; Saliba, Garbin, Garbin, & Dossi, 2007; Siqueira, Alves, & Leão, 2012; Theodore, & Runyan, 2006; Van Haeringen, Dadds, & Armstrong, 1998). De acordo com Gonçalves e Ferreira (2002), o ato da notiica-ção está relacionado às peculiaridades de cada caso, tendo uma inluência tanto de fatores de ordem pes-soal por parte dos proissionais envolvidos como da estrutura dos serviços. As autoras apontaram alguns “entraves” a respeito da notiicação da violência no Brasil, entre eles, incertezas da identiicação e do diagnóstico de violência pelos serviços de saúde, inseguranças quanto ao sigilo proissional e receio ao envolvimento com as questões legais.

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um estudo realizado com professores da rede pública, assinalaram que, na maioria das vezes, os profes-sores atuam conforme a legislação vigente, ou seja, comunicam o caso ao Conselho Tutelar. No entanto, o estudo mostrou que os proissionais da educação sentem-se despreparados e inseguros na atuação dos casos de violência contra a criança e o adolescente, o que pode diicultar a notiicação dos casos às autori-dades competentes.

O estudo de Bannwart e Brino (2011), assim como o de Pires et al. (2005), ambos realizados com pedia-tras, apresentaram resultados semelhantes quanto às diiculdades relacionadas à notiicação de maus tratos, tais como: o receio das questões legais, a falta de coniança nos órgãos de proteção à criança e ao adolescente, necessidade de conirmação da suspeita de violência para que seja feita a notiicação e conhe-cimento insuiciente ou inexistente sobre o tema. O estudo realizado por Theodore e Runyan (2006) indicou que as experiências negativas em tribunais (insensibilidade no tribunal quanto às necessidades e sentimentos das crianças, interrogatório severo, questionamentos acerca da qualiicação proissional, entre outras) exercem inluência na notiicação da violência, podendo inluenciar a decisão dos pedia-tras quanto a notiicar as situações de maus-tratos envolvendo crianças e adolescentes.

A literatura vem destacando que a notificação é uma ferramenta que visa à prevenção e ao enfren-tamento da violência, pois possibilita a visibilidade do fenômeno, a mensuração epidemiológica e o conhecimento da dinâmica da violência. Da mesma maneira, permite a efetivação das políticas públicas e das investigações judiciais (Gonçalves, & Ferreira, 2002; Saliba et al., 2007). Neste sentido, a notifica-ção da violência demanda atuações conjuntas de vários órgãos, em especial do Conselho Tutelar, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e do Ministério Público. Considerando a importân-cia das notificações e do recebimento destas pelos órgãos competentes, este trabalho teve como obje-tivo conhecer os procedimentos e as percepções do delegado de polícia, promotor de justiça e conse-lheiros tutelares acerca da notificação da violên-cia. Assim, pode-se aprofundar o conhecimento do que vem sendo realizado no campo do Sistema de Garantia de Direitos e, dessa forma, ações e estra-tégias poderão ser pensadas para o enfrentamento da problemática.

Método

Delineamento e participantes

Esta pesquisa conigura-se em um estudo des-critivo e exploratório, com abordagem qualitativa. O estudo foi realizado junto à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, Ministério Público e três Conselhos Tutelares de um município do Rio Grande do Sul. Estes órgãos foram escolhidos porque com-põem o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente, recebem e investigam as situações de violações de direitos que envolvem a criança e o ado-lescente (Ippolito, 2004).

Participaram desse estudo cinco proissionais que preencheram os critérios de inclusão adotados: ser promotor de justiça que atua na Promotoria Especia-lizada de Defesa da Infância e Juventude, delegado de polícia da Delegacia de Proteção da Criança e do Ado-lescente ou conselheiro tutelar no exercício da fun-ção de coordenador. Na apresentafun-ção dos resultados, optou-se por não identiicar a atividade proissional e o sexo dos entrevistados, a im de manter os cuidados éticos e da garantia do anonimato dos participantes, considerando as especiicidades da cidade quanto à população e proissionais inseridos no SGD. Dessa forma, os proissionais entrevistados serão indicados pela letra P (P1, P2, P3, P4, P5). Os dados sociodemo-gráicos dos participantes demonstraram que estes possuíam no mínimo dois anos e no máximo 17 anos de atuação proissional no órgão. A formação prois-sional dos conselheiros tutelares abarcou graduação em história, pedagogia e especialização em psicope-dagogia, e, dos operadores do direito, mestrado em direito e especialização em infância e juventude pela Escola Superior do Ministério Público.

Instrumentos

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discorre sobre a temática, não se prendendo a inda-gações formuladas (Fraser, & Gondim, 2004; Minayo, 2012). Assim, a entrevista permite uma lexibilidade, pois tem liberdade tanto para perguntar quanto para realizar intervenções (Bleger, 1980).

A entrevista compreendeu questões acerca da percepção dos proissionais sobre a problemática da violência contra a criança e o adolescente no muni-cípio. Assim como, abarcou os procedimentos e as percepções dos atores da rede quanto à notiicação da violência contra a criança e o adolescente.

Procedimentos e considerações éticas

O estudo seguiu todos os procedimentos preco-nizados na Resolução nº 466, do Conselho Nacional de Saúde (Brasil, 2012) e na Resolução nº 016, do Con-selho Federal de Psicologia (2000), que regulamentam a pesquisa em seres humanos. Inicialmente, o projeto foi apresentado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, ao Ministério Público e ao Conselho Tutelar. Após uma autorização prévia de cada órgão, o projeto foi submetido ao Comitê de Pesquisa com Seres Humanos (CEP) de uma universidade pública para apreciação e avaliação. Com a aprovação do projeto de pesquisa pelo CEP, via Plataforma Bra-sil (protocolo CAAE número 04974412.4.0000.5346), o delegado de polícia, o promotor de justiça e os con-selheiros tutelares foram convidados a participar da pesquisa mediante todos os esclarecimentos éticos.

As entrevistas foram previamente agendadas conforme a disponibilidade de cada proissional, sendo realizadas individualmente no local de tra-balho dos participantes e tiveram duração de apro-ximadamente uma hora. No momento da entre-vista, foram estabelecidos o rapport, os objetivos da pesquisa e solicitado a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos partici-pantes. Considera-se que, neste estudo, os riscos foram mínimos, pois os participantes eram adultos e as questões que envolviam a pesquisa estavam relacionadas diretamente à atividade proissional (Conselho Federal de Psicologia, 2000).

Procedimento de análise dos dados

As entrevistas foram gravadas, transcritas na íntegra e, posteriormente, analisadas. Para a aná-lise dos dados, foi utilizada a anáaná-lise de conteúdo

(Bardin, 2011). Inicialmente foi realizada uma aná-lise individual de cada entrevista. Em seguida, procedeu-se à análise da totalidade do material coletado, considerando a frequência, a força discur-siva e a repetição do material, buscando pontos de convergência e divergência. Assim, foram encontra-das as seguintes categorias: (1) A violência contra a criança e o adolescente, (2) Procedimentos diante de uma situação de violência e (3) Avanços, obstáculos e desaios da notiicação da violência.

Resultados e discussão

A violência contra a criança

e o adolescente

Esta categoria apresenta a percepção dos prois-sionais sobre a violência contra a criança e o adoles-cente no município. Na concepção dos proissionais que participaram do estudo, diferentes formas de violência (física, psicológica, sexual e negligência) estão sendo notiicadas aos órgãos de defesa. Con-tudo, os atores do SGD relataram um maior número de casos sendo atendidos envolvendo violência intra-familiar, apontando a violência física e sexual como predominantes nos atendimentos, como pode-se observar nos relatos: “[...] existe uma criminalidade muito grande que envolve tanto a criança e o adoles-cente vítima quanto o adolesadoles-cente infrator” (P4); “Nos últimos meses a gente atendeu bastante violência, agressão física, abuso (sexual) [...] todos os tipos de violência a gente atende” (P1).

O estudo recente realizado por Assis et al. (2012), referente à notiicação de violência no Brasil mostrou que a violência contra as crianças ocorre com mais frequência na residência das mesmas. Quanto ao tipo de violência, os autores constataram que, em crian-ças menores de 1 ano de idade, a notiicação de negli-gência e de abandono se destacou (63,2% das notii-cações), seguindo pela violência física (28%). Já em crianças entre um a nove anos de idade, as violências mais notiicada referem-se a sexual (41,7% das notii-cações) e física (32,5%).

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[...] a criança e o adolescente, apesar de serem con-siderados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente como sujeitos de direitos, ela ainda não é vista pro-priamente como um ser humano sujeito de direitos. Ela ainda, muitas vezes, é vista como objeto, porque os pais têm a fala, muitos deles: ah, meu ilho faço o que eu quero, né. A escola, ela impõe muitas vezes ou ela exige determinadas coisas, sempre naquela proposta: ai, eu sou a professora e ele o aluno né, numa relação assim de poder, como que se aquela criança e adolescente fosse muitas vezes inferior né em termos de sujeito. Então isso também se consti-tui uma violência (P5).

Na literatura, são encontradas diversas formas de compreensão da violência contra a criança e o adolescente, não existindo um único conceito sobre o fenômeno devido a sua complexidade (Minayo, 2005). Alguns autores assinalam que a violência está relacionada ao abuso de poder, no qual um sujeito em situação de superioridade, devido à idade, força, posição social e/ou econômica, comete um ato ou omissão que causa dano ao desenvolvimento da criança/adolescente (Faleiros, & Faleiros, 2008; Vecina & Cais, 2002).

Para os conselheiros tutelares e operadores do direito, participantes deste estudo, alguns fato-res são mais frequentes na ocorrência da violência envolvendo crianças e adolescentes, dentre eles: a vulnerabilidade social das famílias (pobreza, insta-bilidades e rompimentos familiares, entre outros), o consumo e tráico de drogas, a relação de poder e a cultura. Isso pode ser observado nas falas: “Todo pro-blema que tá acontecendo, eu vejo assim, é a questão da vulnerabilidade social das famílias [...] situação vulnerável das famílias, que elas se encontram inan-ceiramente e social também” (P1); “[...] vários pro-blemas sociais que têm ocorrido, tipo a questão da droga aumentou bastante a violência [...]” (P2); “[...] a gente tenta conversar e chegar a alguma conclusão nesta questão do porquê dessa violência. Daí assim oh, é uma região que tem muito rural e isso é uma cultura, acaba sendo uma cultura da violência” (P3). O estudo de Koller (2000) mostrou o estresse fami-liar (saúde, relacionamento), o problema de comu-nicação na família, o alcoolismo e uso de drogas e as práticas disciplinares punitivas como fatores que podem estar implicados na violência contra a criança e o adolescente. É importante considerar que fatores

como a pobreza, o desemprego, as más condições de vida e de sobrevivência, a carência do acesso às políticas públicas contribuem para a vulnerabilidade social das famílias e, portanto, para a desproteção das crianças e dos adolescentes e situações de viola-ção de direitos (Perdersen, & Grossi, 2011).

Através do relato dos participantes, pode-se constatar que estes estavam atentos à complexidade da violência e consideravam a importância da noti-icação para o enfrentamento do fenômeno. Mas, diante da demanda e da complexidade dos casos, a questão que se coloca é como os órgãos que recebem e investigam a notiicação estão procedendo.

Procedimentos diante de uma

situação de violência

Esta categoria apresenta os procedimentos de órgãos da defesa dos direitos após a notiicação da violência envolvendo crianças e adolescentes, enfati-zando o papel de cada órgão nos casos de violência. De acordo com os atores entrevistados, o Conselho Tutelar diante de uma notiicação de violência averi-gua a situação através de visitas domiciliares e con-versas com a criança e/ou adolescente, cuidadores, vizinhos, familiares e aplica medidas protetivas, den-tre elas, o afastamento do agressor e o encaminha-mento para serviços de atendiencaminha-mento especializado. Estes procedimentos estão de acordo com as diretri-zes da política de atendimento preconizada pelo ECA (Brasil, 1990), na qual aponta que o Conselho Tutelar é responsável pela aplicação de medidas de proteção (art. 101, incisos I a VII) em casos de situações de risco vivenciados pela criança.

O estudo realizado por Milani e Loureiro (2008) também mostrou que as medidas aplicadas pelo Con-selho Tutelar, nos casos de violência envolvendo crian-ças e adolescentes, estavam baseadas no ECA. Segundo os autores, a atuação dos Conselhos Tutelares, possibi-lita intervenções mais imediatas, a partir de providên-cias administrativas e aplicação de medidas de prote-ção. De acordo com Martins e Jorge (2009), as medidas protetivas são fundamentais para proteger a criança e o adolescente dos riscos iminentes e possibilitar o seu desenvolvimento biopsicossocial.

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Adolescente e comunicam a situação ao Ministério Público. Dessa forma, os conselheiros tutelares pare-cem conhecer as suas obrigações, pois, conforme Azambuja (2011), o Conselho Tutelar tem o dever de comunicar ao Ministério Público os casos que consti-tuem infração administrativa ou penal contra os direi-tos da criança e do adolescente.

A partir do estudo, pode-se identiicar que, na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), a notiicação, seja ela, anônima, via Con-selho Tutelar, Delegacia de Pronto Atendimento ou outra instituição, em um primeiro momento, vai para a investigação, que é um setor especíico dentro da delegacia. Assim, existindo a suspeita de que a noti-icação de violência contra a criança e o adolescente tem veracidade é instaurado o inquérito policial, no caso dos crimes contra a liberdade sexual e um termo circunstanciado, no caso de maus-tratos. A diferença entre o termo circunstanciado e inquérito policial é explicada por um dos entrevistados:

Ele (termo circunstanciado) é aquele mais enxuto, então eu não preciso produzir tantas provas para enviar para o judiciário. Já o inquérito policial eu preciso de uma robustez maior de provas né, pra poder instruir bem o inquérito, pra depois o Minis-tério Público poder denunciar o acusado (P4).

A Delegacia Especializada é um órgão da polícia civil que prioriza os crimes cometidos contra a criança e o adolescente e é responsável pela apuração e inves-tigação dos casos de suspeita ou violação de direitos contra a criança (Ippolito, 2004). Assim, de acordo com um dos proissionais entrevistado, na Delegacia, a vítima, o acusado, as testemunhas (se houver) são ouvidas, a prisão preventiva ou temporária do acu-sado é solicitada, a vítima é encaminhada para a reali-zação do exame de corpo de delito e atendimento psi-cológico em um serviço especializado. Os casos que chegam à Delegacia também são encaminhados para o Conselho Tutelar e Ministério Público a im de que estes acompanhem os casos.

No Ministério Público, o promotor de justiça tendo conhecimento de uma situação de suspeita ou violên-cia contra a criança e o adolescente encaminha o caso para o Conselho Tutelar e para a Delegacia Especiali-zada. Segundo um dos proissionais, o primeiro órgão veriica a situação e o segundo abre uma investigação. Depois desses procedimentos, os órgãos encaminham

um relatório para o Ministério Público para que as pro-vidências necessárias possam ser tomadas. Esse dado vai ao encontro das considerações de Mello (2005), que airmam que, diante de uma notiicação de viola-ção dos direitos envolvendo a criança e o adolescente, o Ministério Público intervém, mobilizando os órgãos governamentais e entidades especíicas visando a apu-ração das responsabilidades e a aplicação das medidas protetivas estabelecidas na Legislação, após a escuta dos envolvidos. É importante considerar que o Minis-tério Público exerce uma atuação judicial e extrajudi-cial na investigação da materialização dos instrumen-tos e normas delineados pelo ECA (Brasil, 1990). Nos casos de violação de direitos, compete a ele, a avaliação de adoção de medidas legais cabíveis na área civil e cri-minal (Azambuja, 2011).

Na opinião dos participantes, os casos de vio-lência contra a criança e o adolescente estão sendo comunicados aos órgãos competentes, principal-mente ao Conselho Tutelar, e dessa forma, diversos procedimentos estão sendo realizados pelos órgãos de defesa após uma notiicação: “[...] a gente vai ave-riguar a situação [...] a gente vai aplicar as medidas protetivas [...] vai encaminhar para o serviço de aten-dimento” (P1); “ouvir a vítima, ouvir as testemunhas, se houver, também se for o caso, pedir a preventiva ou a temporária, prisão preventiva ou prisão tempo-rária do acusado [...] encaminhar ela (vítima) para o acompanhamento psicológico” (P4); “[...] a gente encaminha para a delegacia da infância e juventude [...] a gente encaminha pro conselho tutelar [...]” (P5). Destaca-se que os Conselhos Tutelares, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e o Ministério Público são órgãos que compõem a defesa dos direi-tos. Estes recebem as notiicações de violência e têm a função de determinar ações de atendimento e de res-ponsabilização (Faleiros, 2003; Ippolito, 2004).

No estudo, pode-se observar ainda um movi-mento por parte dos proissionais quanto à articulação da rede, visto que os atores, ao receberem uma notiica-ção de violência, referem compartilhar a situanotiica-ção com outros órgãos e instituições. Salienta-se que a articula-ção é necessária nos casos de violência para garantir os direitos das crianças e a proteção dos mesmos.

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à saúde da criança e adolescente (Habigzang, Ramos, & Koller, 2011). Dessa forma, pode-se identiicar que os conselheiros tutelares e operadores do direito mostra-ram-se preocupados com a saúde e bem-estar das crian-ças, adolescentes e famílias, como pode ser observado na relexão de um dos entrevistados:

Então eu acho que a gente tá aqui pra fazer a dife-rença, né [...] questão da violência é uma coisa muito séria [...] se tu não conseguir ajudar, ameni-zar, identiicar, sabe, o que tá acontecendo naquele período, a criança e o adolescente vai ser um adulto com muitos problemas, que isso vai causar um problema tanto pra vida da pessoa como pra socie-dade em geral […] no momento que tu se dispõe [...] fazer esse tipo de trabalho a gente tem que tá ciente de que tu vai ter que se doar muito [...] (P3).

Salienta-se que, além destes procedimentos, é importante que no momento da notiicação, tanto a criança/adolescente como a mãe, cuidadores e/ou familiares recebam apoio, informação e orientação da rede de proteção, em especial acerca dos trâmites legais que envolvem a notiicação da violência, para que não se sintam inseguros e confusos neste momento (Dobke, Santos, & Dell’Aglio, 2010). De maneira geral, os respon-sáveis e/ou cuidadores não têm conhecimento sobre a dinâmica da violência, sobre os procedimentos legais que acarretam uma notiicação e acerca das políticas públicas oferecidas às crianças e aos adolescentes e famílias em situação de violência.

A partir dos relatos, foi possível conhecer e com-preender a atuação e a importância do Conselho Tute-lar, Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e Ministério Público nos casos de suspeita ou situação de violência. Mas, para a investigação e resolução dos casos, bem como para o enfrentamento da violência e bem-estar da criança e do adolescente, faz-se necessário também que a notiicação seja assumida como respon-sabilidade da sociedade em geral, assim como dos prois-sionais de saúde, educação, serviço social, entre outros.

Avanços, obstáculos e desafios

da notificação da violência

Esta categoria expõe a percepção de atores do SGD em relação à notiicação da violência no muni-cípio. Apresenta também os obstáculos e desaios da notiicação da violência na visão dos proissionais.

Todos os cidadãos têm a responsabilidade e o dever de comunicar, em especial, ao Conselho Tute-lar as situações de suspeita ou violência envolvendo crianças e adolescentes. No entanto, os operadores do direito e os conselheiros tutelares entrevistados identiicaram diferenças quanto às notiicações dos casos de violência pela comunidade e pelos proissio-nais, em especial, da saúde, que estariam notiicando pouco. Isso pode ser observado no seguinte relato:

A comunidade ela, é muito ativa, né. A comunidade ela não se cala frente, no momento que a comuni-dade ela começa a perceber que no vizinho, por exemplo, na rua tá acontecendo alguma coisa errada com uma criança ou adolescente, eles dão um jeito de nos comunicar [...] A questão da rede é um pouco mais complicada, por que eu te digo isso? Principal-mente proissionais da saúde que atuam na área, eles entram naquela situação, eles tem a obrigação de notiicar, mas ao mesmo tempo, eles entram naquela situação em que eles vão perder a con-iança da comunidade em que eles trabalham. Por que quase sempre trabalham [...] em comunidades de risco, em comunidades que há uma grande vio-lência. Eles entram então num conlito (notiicar ou não), né. É algo que é perceptível [...] (P4).

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Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República (Brasil, 2011) que mostrou um aumento gra-dativo do número de denúncias recebidas pelo disque 100. Em 2009 foram registradas 29.756 notiicações de violência contra a criança e o adolescente e no ano de 2010 o número de registros chegou a 30.543 comunica-ções desse tipo.

Nas falas dos participantes, pode-se identiicar que o disque 100 tem sido uma ferramenta que auxilia nas notiicações de violência, sendo visto pelos prois-sionais como a “forma mais fácil de se fazer a denún-cia” (P3), já que, segundo eles, é uma ligação gratuita para uma pessoa desconhecida, na qual a pessoa que notiica não precisa se identiicar. Entretanto, os pro-issionais verbalizaram que, muitas vezes, os dados das comunicações ao disque 100 estão incorretos ou incompletos, não contemplando as informações necessárias para os proissionais averiguarem a notii-cação, ou ainda, chegando ao órgão de maneira tardia. Uma participante indagou sobre esta questão: “Não sei se é o procedimento deles lá. Por que isso vai direto a Brasília, depois passa para todo estado, todo Brasil e distribui essas denúncias todas. Então assim, ela chega bastante tardia, deveria ser mais agilizada, deveria ser agilizada no mesmo momento” (P1). Para os atores do Sistema de Garantia de Direitos entrevistados, esta fer-ramenta precisa ser revista e melhorada para que todos os casos possam ser investigados de maneira eicaz.

O estudo realizado por Bernardes e Moreira (2013) apontou a relevância social do disque 100 para a promo-ção e defesa dos direitos das crianças e adolescentes, na medida em que acolhe as notiicações e encaminha-as para os órgãos competentes. No entanto, este mesmo estudo destacou que o disque 100 tem muita demanda de atendimento devido ser um serviço de âmbito nacio-nal e, dessa forma, apontou alguns aspectos que ainda precisam ser qualiicados na condução deste, em espe-cial a agilidade do serviço, que poderia ser qualiicada se fossem criados “disque-denúncias locais”, por exemplo.

Segundo os operadores do direito e conselheiros tutelares, a notiicação da violência feita pelos prois-sionais da saúde e educação, é pequena, como pode ser averiguada no relato de um dos entrevistados: “A gente recebe mais denúncias anônima, mas a escola comuni-cando e o serviço de saúde comunicomuni-cando é raro, rara-mente vem” (P5). Em concordância com os depoimen-tos dos participantes, os dados de um estudo realizado com proissionais de saúde, atuantes nas Unidades de Saúde da Família mostrou que a grande maioria

dos proissionais nunca havia identiicado situações de violência (72%) e que entre os poucos que haviam identiicado, apenas 34,8% encaminharam as vítimas para Conselho Tutelar, Delegacia de Polí cia e/ou Pro-motoria Pública (Oliveira et al., 2012).

Para os operadores do direito e conselheiros tute-lares entrevistados, a omissão diante de uma situação de violência, em especial por proissionais da rede de atendimento ocorre devido à falta de informação acerca dos procedimentos que envolvem a notiicação, falta de comprometimento proissional, medo de represálias, falta de credibilidade nos órgãos competentes: “[...] Eu acho que as pessoas não denunciam mais pela questão da credibilidade, de acreditar nos serviços, nos serviços, nos órgãos competentes, da sociedade [...]” (P1); “[...] tem algumas escolas, algumas instituições que acabam, acho que com medo, por represálias da família [...]” (P2); “Então eu acho que tem essa questão do desco-nhecimento [...] Tem a questão do medo, né” (P3); “Eu acho que é falta de comprometimento das pessoas de observar que isso é muito importante, relevante para que sejam tomadas providências” (P5). Estes dados estão de acordo com os achados de outros estudos que revelaram que as diiculdades no processo de notiica-ção podem estar relacionadas a diversos fatores, entre eles a falta de preparo do proissional e das instituições que recebem as notiicações, a falta de credibilidade nos serviços de proteção, descrenças na responsabili-zação dos agressores, receio quanto aos procedimentos legais (fazer um laudo, prestar depoimento, comparecer em uma audiência), medo de represálias, incertezas na identiicação de situações de violência pelos serviços de saúde, insegurança pela falta de conhecimentos e habi-lidades no manejo dos casos, entre outras justiicativas (Arpini et al., 2008; Gonçalves, & Ferrerira, 2002; Lobato et al., 2012; Pires et al., 2005; Saliba et al., 2007; Siqueira et al., 2012; Van Haeringen et al., 1998).

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já não se considera assim né. Isso decorre exatamente dessa evolução da conscientização” (P4). De fato,o tra-balho de prevenção que informa e orienta a sociedade em geral acerca da obrigatoriedade da notiicação e sua importância para o enfrentamento da violência pode auxiliar a redução da subnotiicação no país. A literatura que trata sobre a temática da notiicação aponta que no Brasil a notiicação da violência envolvendo crianças e adolescentes é recente e ainda, o ato de notiicar não é constante e apresenta fragilidades (Assis et al., 2012; Lima, & Deslandes, 2011). Dessa forma, alguns estudos apontaram que se fazem necessárias capacitações vol-tadas para a conscientização da importância do ato de notiicar pelos proissionais. Mencionaram a necessi-dade de um treinamento adequado e especializado que vise à identiicação de situações de violência, a valori-zação do registro e repercussões legais da notiicação, entre outros (Assis et al., 2012; Bannwart, & Brino, 2011; Saliba et al., 2007; Van Haeringen et al., 1998). Assim, a partir do compromisso de todos os cidadãos em noti-icar os casos, as ações dos órgãos responsáveis pela garantia dos direitos da criança e do adolescente podem ser fortalecidas (Bannwart, & Brino, 2011).

Considerações finais

A notiicação da violência é um compromisso legal de todos os cidadãos. O ato de notiicar possi-bilita, sobretudo, o conhecimento dos casos pelos órgãos competentes, e dessa forma, permite que ações sejam tomadas para que se possa romper com as situações de violação de direitos e garantir a prote-ção dos direitos das crianças e dos adolescentes.

Os resultados deste estudo contribuíram para a compreensão da notiicação da violência no município e para o conhecimento acerca dos procedimentos rea-lizados por proissionais do SGD nos casos de violência envolvendo a criança e o adolescente. Pode-se identi-icar que todos os tipos de violência contra a criança e

o adolescente estão sendo notiicados e atendidos por órgãos do Sistema de Garantia de Direitos. E diante da demanda dos casos, os proissionais estão cientes da complexidade e dimensão do fenômeno.

A partir do estudo realizado, observou-se que diversos procedimentos estão sendo realizados pelos órgãos que compõem o Sistema de Garantia dos Direitos, após a notiicação da violência. Dentre eles, destaca-se, averiguação do caso pelo Conselho Tutelar, aplicação de medidas protetivas, instauração de inquérito policial, encaminhamento para atendi-mento psicológico. Assim, parece que os casos estão recebendo atenção devida por parte dos atores que compõem o Sistema, sobretudo, daqueles que inte-graram o estudo. Além disso, é importante destacar que os procedimentos estão de acordo com a legisla-ção vigente – ECA (Brasil, 1990). No entanto, é impor-tante salientar que para atender a demanda de violên-cia e realizar os procedimentos necessários, os órgãos têm que dispor de recursos físicos e humanos.

Constatou-se que o disque 100 é uma ferramenta que auxilia a comunicação dos casos de violência, porém iden-tiicou-se que ainda existem muitos obstáculos e desaios na notiicação da violência. Dessa forma, ainda faz-se necessário uma maior conscientização, tanto da socie-dade quanto dos proissionais envolvidos no atendimento à população infanto-juvenil sobre a importância da notii-cação do fenômeno. Portanto, é fundamental investimen-tos, por parte do poder público, acerca da notiicação da violência para que possamos avançar no enfrentamento da violência contra a criança e o adolescente.

Destaca-se como limitação do estudo a inclusão de apenas um eixo do Sistema de Garantia de Direitos. Um estudo que incluísse os três eixos poderia contri-buir para a ampliação da compreensão da temática estudada. Por im, identiica-se a necessidade de outras pesquisas que versam sobre as vivências e percepções de proissionais que atuam no recebimento e investiga-ção de notiicainvestiga-ção envolvendo crianças e adolescentes.

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Suane Pastoriza Faraj

Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Santa Maria – RS. Brasil.

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Aline Cardoso Siqueira 

Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre – RS. Brasil. E-mail: alinecsiq@gmail.com

Dorian Mônica Arpini

Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, São Paulo – SP. Professora da Universidade Federal de Santa Maria– UFSM, Santa Maria – RS. Brasil.

E-mail: monica.arpini@gmail.com

Endereço para envio de correspondência:

Universidade F. de Santa Maria. Rua Mal. Floriano Peixoto, 1750, 3º Andar, Sala 319

Santa Maria – RS. Brasil.

Recebido 09/05/2014

Aprovado 11/11/2016

Received 05/09/2014

Approved 11/11/2016

Recibido 09/05/2014

Aceptado 11/11/2016

Como citar: Faraj, S. P., Siqueira, A. C., & Arpini, D. M. (2016). Notiicação da violência: percepções de operadores do direito e conselheiros tutelares. Psicologia: Ciência e Proissão, 36(4): 907-920. doi:10.1590/1982-3703000622014

How to cite: Faraj, S. P., Siqueira, A. C., & Arpini, D. M. (2016). Notiication of violence: procedures and perceptions of law professionals and child protection agents. Psicologia: Ciência e Proissão, 36(4): 907-920. doi: 10.1590/1982-3703000622014

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