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CHRONOLOGIA ELEMENTOS. GOIMnRA. ^^:^=^-e^>^9. José Maria Pereira de Lima IMPRENSA DA UMVKHSIDADR POR. Professor de ensino livre

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Texto

(1)

BRIEF

ir.

é?

(2)
(3)

ELEMENTOS

DE

CHRONOLOGIA

POR

José Maria

Pereira

de

Lima

Professor de ensino livre

Itudiarei eui Direito pela Universidade de Coiínlda

GOIMnRA

IMPRENSA DA

UMVKHSIDADR

(4)
(5)

/

ELEMENTOS

CHRONOLOGIA

C£/^^.*V._pOR

José Maria Pereira de

Lima

^

)

Professor de ensino livre

Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra

^00

S77^

COIMBRA

IMPUENSA DA

CMVEUSIDADE

(6)
(7)

AO

III.^^*^ e Ex.^ío Sr.

Ai7To:no

um

u

Limt

Bacliâielícrmado em Direito pela Universidade de Coimbra. Chefe da Terceira Repartição da Direcçã: Gera! de Instrucçãy Puhiica.

Director Geral Hcncrario do Ministeri: do Reino.

Do Conselho de Sua Majestade,

senindo de Dire:t:r Geral de hstruccão Publica

oíí:

mo

m\\

M

r>ft\Tlli.Í0 E litM'ElTOSA AMIZADE

(8)

Digitized

by

the

Internet

Archive

in

2010

with

funding

from

University of

Toronto

(9)

PRIMEIRA

PARTE

CAPITULO

I

lutroclucçâo

§

1-"

A

chronologia perante a lucta e progressos das sciencias

No

seu

caminhar

incessante a sciencia tenn dilatado as

grandes artérias do seu

organismo

intimo.

De

qualquer loe[ar,

onde

existam os lidadores da razão

humana,

se levantam os hellicos sonidos de

uma

elabo-ração contínua,

que

produz para cada século a revolução

scientifica

com

que

se atavia antes de baixar decrépito ao

immenso

sarcophajjo da historia.

Luz,

que

varia de posição

sem

perder no brilho, deslo-ca-se de oriente para occidente,

apparecendo

mais vivida

quanto

mais

caminha;

rainha

do

pensamento, sublime

\en-redora de muitas trevas, semeia a hiz no cahos da

ifjno-rancia, illumina hoje

com

irradiaçi^o brilliante, e apparece

amanhã

tibia e oíluscada pelos clarões deslumbrantes da

aurora,

que

annuncia a luz

do

futuro, o sol

que

lhe sue-cederá.

Tal é na sua evolução lógica e compassada, system<.tica

(10)

6

E

diga-se de passagem, a seiencia avança

sempre

sem

retrogradar

uma

pollegada,

quando

ao seu

movimento

fo-goso

mas

vivificador preside o espirito sensato e retlexo

do

sábio, que,

examinando

a essência das causas

sem

se

le-vantar, perdido de illusôes, nas azas

do

accidental, nâo

tenta luctar improficuamente nos âmbitos da sede primaria

dos principios absolutos. Retrogradaria se a dirigissem para

a longínqua derrota os utopistas dos absurdos,

que

se

en-cobrem

com

as falsas roupagens

do

saber, os novos filhos

dos mythologicos Titans,

que continuam

na baldada

em-preza de

accumularem

o Pelion sobre o Ossa das suas

chi-mericas iheorias.

O

nosso século terp gerado muitos d'estes falsos

após-tolos,

que tem

irrompido,

como

victimarios e algozes,

prin-cipalmente contra as sciencias

moraes

e sociaes.

Na

sua

fúria destruidora nào

pouparam

a historia,

deturparam

a

chronologia, e lançaram raios de scepticismo sobre a

geo-graphia histórica.

Abortos da intelligencia

humana,

idiosyncransias do

pen-»amento,

consumiram-se

pela

combustão

espontânea

do

seu funccionalismo psyrhico, á

mingua

de regulador

forte, que lhes contivesse a

máxima

força expansiva de

seus fecundíssimos talentos, deixando por fim

somente

as escorias das lavas

com

que

tentavam

lamber

e diluir as

verdades,

que

tinham por si a antiguidade dos séculos,

que

se lhes implicaram, e o

cunho

indelével dos sábios,

que

as profundaram.

Ou

foram e sào taes; ou dotados de

forças diminutas e apoucadas,

pouco

cônscios do

que

eram

e valiam,

pygmeus pmfim

que

se

imaginavam

gigantes,

tentaram a ridicula

empreza

de voar

sem

azas,

quizeram

ensaiar

um

irrisório tentamen, semelhando-se áquelles

que

procuram

sondar a

immensidade

dos

mundos

celestes

com

o olho

desarmado

de

um

bom

telescópio.

A

par d'estes legionários

do

materialismo e socialismo

levanlaram-se ousados e valentes campeões, que na liça

da discussão

venceram

os contendores,

marcando

com

cores fixas os seus trabalhos,

que

nos

produzem

admiração

(11)

e assombro, pela força de intelligencia e prodígios de acu-rado estudo,

que

foi mister

empregar.

E

não se julgue fora de propósito tocar nesta lucta

gi-gantesca, que, travada ha muitos séculos, se ateiou de novo oos fins do século xviii,

cobrando maior

força de

embate

nas ultimas décadas

do

nosso século, não pareça isto

ex-tranho á introducçâo de

um

pequeno

trabalho chronologico,

pois

que

a peleja

também

se

deu

no

campo

da chronologia

e aqui os adversários se de^zladiaram

com

fúria,

como

se

pôde ver nos diversos escriptores

que

se

encontraram

nos

vastos e enlabvriíilhados dominios da chronologia histórica.

E

foi providencial este prélio,

porque

obrigou ao

tra-balho de gabinete alguns talentos,

que

aliás

morreriam

improfícuos, e

deu

um

impulso prodigioso a todas as

scien-cias, fazendo

caminhar

a historia, a geographia e a

chro-nologia,

que

recentemente tinham sabido

do

seu invólucro

embryonario.

È

assas difficil senão impossivel synthetisar

em

poucas

palavras os progressos rafjidos, que todas as siiencias

frui-ram

após e>ta transformação de combate.

l)esentulharam-se ruinas,

que

fallaram

eloquentemente

pelo passado

que

as vira no

apogeu

das formas

architecto-nicas; limparam-se os preciosos e

empoeirados

manuscri-ptos,

que

tiveram alfim

uma

traducçào exacta, filha

do

cadinho da reflexa critica

moderna;

esludaram-se nos

mo-numentos

e

pergaminhos

antigos os costumes das gerações

pósteras;

apearam-se

as tradições estultas; lançaram-se

em

terra os fabulistas da historia, os imaginários da

geo-graphia, e os pro[/hetas hypocritas da chronologia;

deman-diju-se no estudo da lexiiologia, da philologia, da

linguis-tica, e das íirammaticas comparadas, a historia da

mani-festação verbal do pensamento, poderosa alavanca

que

ajudou prestimosamente a solevantar a pedra tumular das

nações pretéritas.

E

com

estes e outros muitos meios,

que

(12)

exa-ctamente oconteúdo dosjazigoshistóricos dosnossos

ascen-dentes, assas ludibriados no seu viver social pelos

phan-tasiadores da historia antiga, ou pelos mercenários pre-goeiros de

minguados

vultos políticos,

que

doiravam

com

o brilho de

um

sol os feitos liliputianos de obscurantissimos

personagens.

Apontando

esta metamorphosescientifica, escusado é

re-petir

que

nella se incluiu o potentíssimo auxiliar da historia,

que

seguiu pari passu toda esta lucta, aproveitando-se

egualmente

dos seus benéficos resultados,

ganhando

cada

vez mais os merecidos foros de sciencia.

§

2."

Importância

da chronologia e suas relações

com

as sciencias históricas

É

digno de reparo o papel importante da cbronologia.

Por

meio

d'ella

vamos

dar aos principaes factos de cada povo o seu devido logar, na

ordem

de successâo

ou

simul-taneidade,

que

tiveram

com

outros da

mesma

ou de

diííe-renle nacionalidade.

O

chronologo

embrenha-se

na caliginosa noite dos

tem-pos, investiga-os assignando as epochas,

marcando

asdatas,

collocando-as na juxtaposiçSo,

que

formaram

como

pedras

angulares e parietaes de

um

edifício

enorme, que

se

chama

o passado.

Aponta-nos

o rastro luminoso da

passagem

da

civilisa-çào, no seu incessante e variadíssimo itinerário através das differentes zonas da terra.

Firma

o&

marcos

millíarios da ininterrupta continuidade

do

ser

humano,

que

se reparte

em

diversas epochas nos

multíplices braços,

que

se

cognominam

nações.

E,

se a historia registra nos seus fastos altisonantes as

proezas heróicas ou os legados benéficos de

algum grande

vulto, a chronologia

vem

em

auxilio da critica histórica,

(13)

9

a collocal-o no sopé do

monumento, embora

no lo^ar

pouco

secundário dos imitadores sublimes.

Por

quanto,

marcando

os annos do seu nascimento e occaso,

apontando

a

prio-ridade da sua appariçào

em

eporhas,

que

nfio admittiam

geração legitima para os feitos imperecedoun)s

que

rea-lisou, esmalta de fino oiro a vida laboriosa e Ímproba,

plena de gloria e martyrio d'aquelle

que

foi

verdadeira-mente

um

heroe digno de apotheose; ou aquilata de

im-merecida a inscripção

pomposa, que

no panlheon da

his-toria

gravaram

alguns cbroni^tas desvairados peia** ideias

do

seu tempo,

em

prol de

um

homem,

que

foi

unicamente

o copista material dos heroismos

que

outro realisara, pla-giário encoberto de acções illustres,

que

muitas vezes

fi-caram

na

penumbra

do olvido, á

mingua

de

trombeta que

as lançasse aos ventos da fama.

E

a chronologia

um

dos critérios

que

guiam

o sábio,

nas suas investi^zaçôes de

uma

geologia social, ao mais

in-timo e profundo das successivas

camadas

das sociedades

extinotas.

É

o fanal eléctrico,

que

irradia jorros de luz na

obscuridade do pretérito,

que

sem

esta diíTusào luminosa

seria a imaj^em perfeita da confusão cahotica.

Sem

ella a historia embrulharia a

meada

dos

aconteci-mentos, e nílo lograria urdir a teia complicada

mas

per-feita,

que

vai desenrolando aos olhos íntimos do

que

tenta

deduzir da lição majestosa e severa

do

passado a noçào

do

futuro, ou induzir do

conhecimento do

ponto de partida e dos oásis de

paragem

d'este Ashaverus real, d'esle

pe-regrino

sem

descanço, a

humanidade,

a senda da derrota

que tomará

no futuro, ou apontar o posterior roteiro da

caravana

humana.

Bem

claramente se

vêem

assim as relações intimas da

sciencia chronologica

com

est'outras, a historia e a

philo-sophia da historia. Facilmente se

deduz

o fim importantis-simo,

que

rej)resenta este novo fio de Ariadne, guiando-nos

através dos séculos

em

demanda

dos

tempos

primitivos,

que

vão ter o alpha inicial de

um

génesis bihhoo.

(14)

10

líciencia chronologica

com uma

chave de oiro,

que pedimos

<ie

empréstimo

oo distincto escriptor, Rivarol.

Nào

traduzimos o incisivo e brilhante periodo do

esty-hsta franciz.

Se

tentássemos v-ertel-o, seria isso criminoso

intento.

«L'histoire sans Chronologie manquerait d'autorité, de

témoignage

et d*ordre, et la Chronologie reduite à ses

dates serait une galerie sans statues et sans tableaux.»

.§ 3.»

Apontamentos

para

a historia

da

chronologia

Entre

os povos da antiguidade poucos ha

que tenham

conhecido os dictames da chronologia,

que somente

pôde

-constituir os dominios

autónomos

de sciencia depois do sé-culo XVII, era de Christo.

Minguados

conhecimentos

possuem

os

homens

dasciencia

sobre os antigos calendários, á excepção dos

que usaram

os judeus, gregos e romanos.

É

difficií a

empreza;

comtudo

tentaremos apresentar alguns dados sobre as vicissitudes e progressos da cbrono*-iogia,

ou

asiremos

um

quadro

synoplico da sua historia.

O

povojudaico apresenta nos synchronismos authenticos

da

historia,

que

nos

communica

pelos seus livros sagrados, preciosos dados, auxihadores dos chronologos, que

queiram

levar a sciencia á devassa de

um

passado, obscuro

em

muitos

pontos á falta de dados exactos.

Apoiados

na narração biblica

formam-se

os cálculos tnais exactos,

que

até hoje se

têm

obtido sobre os

tempos

que

decorrem

desde o primeiro

momento

da apparição

do

homem

sobre a terra, sahindo da dextra poderosa

do

€readur. Note-se

porém,

como

de todos é sabido,

que

jmesmo

sobre este ponlo

têm

sido apresentadas multiplices soinçôes.

(15)

11

eminente

Desvi-rnolcs registrava mais de duzentos cálculos

sobre este assumpto.

O

moderno

chronologo Caillet

ac-crescenta

que

em

nossos dias

tem

dupiicado !

Comiudo

nenhum

d'esses ralrulos, fundado mais ou

menos

no

Génesis,

chegou

á aberração de longevidade que

apon-tam

os Índios, attribuindo á creaçâo

3.982:290

annos, os japonezfs.

2,362:59i,

os chinezes,

2,276:i76

e os

chalde«is,

720:000,

no dizer de Epi^enio.

Os

rudimentos da cbronologia eram,

porém,

quasi nullos

tio povo da Palestina.

Pouco

versados

em

astronomia nào

tinham

base sua para

o

calendário, antes da

emigração

para o Egypto.

De-pois do iíifluxo poderoso da civili^^açào egynciaca, após os progressos,

que

a familia de Jacob fez a olhos vistos

so-bre os filhos

do

Fíívpto, motivo d'e>sa perseguição,

que

gerou o

drama

imponente

da Iransmií^ração das praias do

Mar

Vermelho

á terra da promissão, os jjideus

adoptaram

o calendário egypciaco, que fornecia

uma

base mais re-gular, não obstante os seus defeitos o lacunas.

Mais tarde, voltando do capti\eiro de Babylonia,

apro-veitando as noções de astronomia que possuíam os ihal-deus,

reformaram

o velho calendário do Egv[)to.

que

ainda

soífreu trafísformações completas no

tempo

dosábio Esdras,

e depois no governo dos Machabeu*^.

Reformado

evazado

em

moldesnovos, nãoattingiu

porém

o grAu de aperfeiçoamento

que

era mister.

E

nada mais no< af)resenta o povo de

Jehovah

sobre a

esphera da cbronologia.

Os

povos da Índia são assas escassos

em

dados,

que

nos

guiem

á certeza chronologica dos seus primitivos tempos,

que

ainda se involvem nas trevas das tradições gangeticas,

aonde

não

poderam

penetrar totalmente os luminosos es-tudos dos

modernos

orientalistas.

Assvrios,

Medas

e Lvnios, Babvlonios e Persas

t^m

os

factos vitaes dos seus potentados antiquíssimos de tal

ma-neira enlabyrinthados,

que somente

depois da

passagem

de

(16)

12

de Philippe, poderá o chronologo aventar

com

roais

crw

terio alííum juizo sobre aquellas remotas eras.

No

Egypto, apezar dos grandes progressos

que

nos

pro-porcionaram os

immortaes

trabalhos da decifraçào dos

hie-roglyphos por Champollion, nào obstante o

Ímprobo

estudo

dos

monumentos

egypciacos feito por

Aug.

Mariette

Bey

^,

não alcançamos affirmar o perímetro das indagações

cliro-nologicas para

além

da

13/

dynastia.

Registrem-se

embora

com

applauso os ingentes

traba-lhos genealógicos

do

notável Mariette; nào se

esqueçam

ainda os progressos relativos

que

alcançaram os antigos sábios do Nilo

formando

o seu

anno

de

360

dias, a

que

mais tarde junctaram os

epagomenos

(5 dias).

A

China foi, no dizer de Caillet,

um

dos povos antigos

que

mais se

aproximou

dos principios que sào os

modernos

alicerces da verdade chronologica.

Sabemos

que, nos

tempos

históricos da China, o

grande

reformador

Chun,

que se diz inventor da esphera celeste,

reformou

o antigo calendário, de

que

nào restam dados de apreciação,

formando

outro,

que chegou

até hoje,

com-posto de

36o

dias e

6

horas.

É

fácil assim ver a

Immensa

dificuldade

com

que

têm

luctado para ajustar este deficiente

computo

com

os

dif-ferentes pontos cquinocciaes e solsticiaes

do anno

solar.

Pecca assim por defeito o calendário chinez.

Comtudo

é de notar

que

este povo foi fanático pela

astronomia,

sem

mostrar grande

amor

por outros estudos

mathematicos.

Sào

dignas de reparo e

têm

toda a

aucto-ridade

algumas

epochas chronologicas

que

elles

marcaram,

onde

podemos

ver

compendiados

os factos principaes

do

império celeste.

É

muito curioso, tendo demais os foros

de authentico, o

Tchéou-Li^

attribuido a

Tchéou-Kong,

1 Este dií-tincto egyptologo, director do

Museu

de antiguidades egypciacas

em

Bulaq, tem publicado as suas interessantes investi-gíiçòes

em

diííerentes obras, nas quaes avulta o seu ^Aperçu sur VHistoire d'Egypte.»

(17)

13

irmão

de

Wou-Wang,

fundador da dynastia

Tchéou

(1

13i

antes de J. Christo).

Este livro é

um

vasto refjislro imperial e administrativo,

que

aponta o

nome

de todos os magistrados,

empregados

públicos e

auctondades

do império cliinez, e descreve as

funcçôes de

que

estavam encarregados, nos

começos do

século XI antes da era christà.

E

como

na China o

imperador

e o seu governo

reali-zam

uma

perfeita centralisaçâo no viver social do povo

ce-leste, todas as suas instituições politicas, religiosas e civis

vêm

claramente

mencionadas

no

Tchéou-Li

ou livro dos

Ritos de

Tchéou.

Serve-nos este primeiro archivo ou antes

almanach

burocrático para

demonstrar

quào

pouco

dif-fere a China

moderna

da China de ha três mil annos.

Os

phenicios não

deixaram

uma

historia seguida. Poucos

documentos

se

têm

encontrado sobre a sua obscura vida

intima.

A

missão scientifica,

que

no

anno

passado partiu

de

França

para explorar o território dos antigos

nave-g:antes, e fazer excavaçòes, alcançou descobrir bastantes bases para maiores estudos,

que

poderão no futuro

paten-tear instituições

que

hoje desconhecemos.

Da

chronologia

dos phenicios não se sabe cousa

alguma

com

visos de

pro-babilidade.

Os

carthaginezes

somente apparecem

com

alguma

luz

na tela dos tempos,

quando

se

misturam

em

synchronismos

com

o povo

romano,

nas suas sangrentas luctas e

rivali-dades.

Nada

se

pode

assegurar sobre o

computo

dos tempos,

seguido por esta colónia de Tyro,

que

logrou por

algum

tempo

ser a rainha do Mediterrâneo.

No

berço da civilisaçao hellenica, na antiga e veneranda

Grécia,

lambem

não

podemos

ir assas longe

com

o facho chronologico.

São

notabilissimos os escriptores atticos,

quando

descre-vem

as peripécias de

um

acontecimento celebre;

porém,

quando

passam

a assignar-lhe

um

logar na

ordem

dos

(18)

14

descobrindo uns aos outros os elementos falsos

em

que

fundamentaram

a a>serçào.

Não

podemos,

stím

medo

de

errar a cada passo, avançar mais além do século x antes

de Christo.

E

dizemol-o afoitamente, porque a critica

mo-derna nega a paternidade hellcnica aos decantados

már-mores

da Ilha de P^iros,

comprados

por lord Arundel, e

doados por seu successor ao

museu

da cidade de Oxford.

Os

trabalhos analvticos de bastarites heilenistas

celeber-rimos

demonstram

exuberantemente que

sào espúrios;

e

provam

que

foram lavrados

em

epocha muito posterior,

não desprezando

mesmo

alguns dados exactos,

que

foram

copiados de

documentos que

na occasiào da sua feitura se

consideravam

como

verídicos.

Sabemos

que

foram importantes para o seu

tempo

os deficientes trabalh(»s do

anno

attico lunar, attribuido ao

atheniense Sólon, e

damos

o devido peso á importantíssima

reforma de

Meton,

descobrindo o enneadecaéleride,

ou

o

cyclo de dezenove annos,

que

serviu para ajustar o

anno

solar

com

o lunar,

bem

como

á descoberta

do

octaéleride

de Callístrato, de Tenédos, e outrosim as eras que

adopta-ram

Polvbio,

Diodoro

e outros.

Passando aos

romanos pouco

adiantamos até Júlio César.

O

calendário de

Rómulo,

sobre o qual

divergem

Ovidio, Píutarcbo, Soiino, Censurino e Macrobío, reformado pelo

pacifico

Numa

(acreditando por

um

pouco

nas fabulas dos

sete reis de

Roma,

que

a critica histórica de

além-Rheno

vai aluindo], podia

com

os seus additamenlos e

multi-formes precauções chegar quasi a corresponder ao

anno

solar.

Os

abusos dos pontifices não o permittiam

porém,

e

ao contrario

enredavam

cada vez mais a lirdia dos tempos.

Se chegamos

porém

aoprimeiro imperador

romano, que

não

conseguiu im[)erar, Júlio César,

damos

de face

com

os

tra-balhos

que

elle

incumbiu

na

máxima

parte a Sosigenes, e

que

tomaram

o

nome

de correcção juliana.

Foram

impor-tantes e

preencheram

por

algum tempo

a lacuna, obviando

(19)

n

Eram

respeitáveis as suas cans de dezeseis séculos de

du-ração.

E

sendo o calendário

romano

aquelle

que

se nos

apre-senta

com

mais lucidez entre os da antiguidade, ha

com-tudo opiniões contrarias sobre a sua repartição e formação.

Indicamos as duas principaes,

que

sào a de

Dezobry

e

Sabhathier.

JM. C.

Dezobry

^ funda-se nos importaiites

monumentos

que

se

encontraram

nas excavações de

Roma

no século xvi,

cogríominados

Kalendarium

Ma/fceioruin,

Kalendarium

Prcenestinumy

Kalendarium

Rusticuni,

Kalendarium

Ami-ter

num.

Estes

mármores

antigos já tinham sido citado*^ por

Grae-vius, no seu Thesaurus,

tomo

viii, e por Orelli na sua

obra Inscript. lai.,

tomo

ii, pag.

382

e seguiíites.

M.

Sabbalíiier, ^ aproveitando os trabalhos

modernos

dos historiadores

do

colosso

romano,

observando

também

os preciosos

monumentos

dos

museus

de Itália, seguindo a

opinião de muitos í^abios contemporâneos, que seria longo

enumerar,

apresenta danos diversos no calendário

que

elle

formou, appellidando-o

Calendário de Júlio César.

Nào

encontramos

assim grande adiantamento na sciencia

dos tempos,

nem

alcançamos provas da verdade

chrono-logica dos factos \itaes

do

povo

romano.

Temos

um

exemplo

bem

frizante para

demonstrar

que

esta asserção nào é gratuita.

Até

ha poucos aiinos dava-se grande peso e aucloridade

aos fastus consulares, que tinham sido formados

com

algu-mas

listas authenticas, sendo a principal

uma

que se

en-controu, nas excavações de

15i7,

graviída

em

pedra de

mármore,

alcançarulo

com

poucas lacunas até ao anno

765,

era da fundação de

Roma.

O

hahil Lenglet-Dufresnoy, copiou nas suas Tablelles

Chronologiques tudo o

que

se reputava exactíssimo ainda

' liome au sucie (VAvgnste.

2 rode ver se piiiicip:ilincnte o Didionnairclionr Vintclligencc des auleurs class^iques grecs et latins.

(20)

16

no

século xviii, e muitos o imitaram. Pois hoje

podemos

dizer que erraram !

As

tentativas de Phigius, que

indu-ziram o notável chronologo Borghesi a encetar á

Ímproba

tarefa de

emendar

as listas epreencher assuaslacunas,

pro-duziram

o excellente resultado de

podermos

hoje affirmar

que

possuímos a historia chronologica da instituição

con-sular, e asseverar

que

os

romanos

nào

deixaram

em

um

monumento

único os dados verdadeiros d'esta importante

historia, cujoconhecimento moderníssimo se obteve á custa

deaccurada

paciência na

comparação

de medalhas, moedas,

e

mármores

antigos, e graças aos progressos da sciencia

das inscripçôes,

que

formaram

a

magnitude

dos estudos archeologicos, de

que

Borghesi se aproveitou.

Comparou-se,

examinou-se

atteiitamente o peso das

difíerentes e encontradas auctorídades, e guiados pela

cri-tica

moderna

chegaram

os sábios de nossos dias a essas

conclusões,

que

formam

um

importante legado para os

pósteros.

Antes

de passarmos a outro período

cumpre

nào lançar

no

esquecimento os

nomes

da Lactancio e S. Agostinho,

Melitào e Theophilo de Antiochia,

Eusébio

de Cesárea

e S. Epiphanio,

Theodoreto

e Sócrates o Escholastico;

S.

Jeronymo

e

Clemente

de Alexandria;

que

nos legaram

de

mistura

com

as suas valiosas obras alguns dados

pre-ciosos para a historia chronologíca da antiguidade, e as

suas difíerentes opiniões sobre

algumas

eras importantes.

E,

diga-se a verdade, o povo-rei, principalmente, foi

grande

no

movimento

guerreiro, conquistador e legislativo.

Nas

restantes espheras da sua magnificência histórica não nos apreseiila instituições indígenas,

nem

revolução

scien-lifica

ou

arlistica, que nào fossem importadas do povo

grego.

l)emonstram-no

as investigações de

Heeren,

Mom-msen,

Niebhur

e tantos outros. Obvia é assim a aíTirmaçâo

de que nada accrescentou ao legado

que

os gregos lhe

en-tregavam

sobre as chronologias dos impérios fenecidos.

E

mesmo

sobre a sua historia (vide os escriptos de

(21)

17

que

adheriu á firmeza chronologica sào obra de meia diizia

de

aurtores celebres da

edade

áurea da í^ua blteratura.

Deixemos

aqui a antiízuidaíie, e, passando de loD^re pelo

ao^onizar do império

romano,

aNÍzinhemo-nos dos limiares

de novos cvclos.

Deparamos

com uma

epocha confiiSa e

immensa.

arri-piada de feitos sublimes e e horrendos vicios, ubérrima de

embrvôes

fecundos,

que

se

preparavam

para

ametamorpbose

deslumbrante dos

tempos modernos.

A

enade

media

per-dôem-nos

o

gon^ori^mo

foi

em

toda a sua accepçâo a

meia

edade, isto é, o

meio

da transição de

um

passado

libando

uma

epocha renovada, o

mediador

plástico do velho

mundo

que

morria para resuscitar na phenix hodierna, o

elo sublime da cadeia

do

prop:resso,

que

extinguia por

um.

pouco

a lava dos seus vulcões para irromper após

com

mais

iorça e fracasso,

mas

com

menos

fúria e destruição, sobre

a

campina

viridente da civilisaçào total, que, na phrase de

Carnot, accendia

hont^m

com

mais clarão o faclio

que

apa-gara na véspera,

cumprido

o fim da sua missão

em

certo

espaço e tempo.

A

propagação do christianismo,

que

lançava as raizes

fortíssimas,

que

nos ciíeíjaram

com

mais de dezenove sé-culos de vida; o

movimento

feudal; a implantação da

so-berania

monarchica

; o grito de independência

que

soltavam as

comm.unas;

as bellicas toadas das

marchas

dos cruzados,

que

providencialmenle

iam

em

demanda

de

um

fim religioso

e politico, e traziam ao occidente

algumas

lições

aprovei-táveis das terras da roxa aurora, estreitando assim os braços

frouxos da família

humana;

a«! hirtas intestinas de mil

in-teresses, que se debatiam

em

sangrento batalhar: tudo isto

era muito, e não deixava assas

tempo

para profundar as

sciencias históricas.

Os

monges,

os árabes e alguns seculares foram os únicos depositários de

um

[»assado ingente.

A

herança era pesada, e as condições do testamento diOireis de executar (»elo8

testamenteiros.

Assim

poucos se

aventuraram

a discutir o passado, e

(22)

18

registrando o seu presente

nem

sempre

se collocavam

no

ponto elevado

onde poderiam

observar os

movimentos

par-ciaes e totaes.

Os

principios chronologicos nào

eram

postos

na sua devida importância,

epóde

dizer-se

que

a historia da

edade media

foi feita nos nossos dias, refundindo os

chro-nistas d'aquelles

tempos

com

as illaçôes,

que

se

deduziram

dos

pergaminhos

variadissimos

que

se haviam escripto para fim diverso d'aquelle

que

a final tiveram, servindo de pre-stantissimo cimento á reconstrucçâo da epocha

que

os

vira nascer.

É

assim prolixo corroborar o estado estacionário

em

que

se

achou

a sciencia chronologica nos primeiros

tempos

d'esta epocha de decadência.

Apontam-se

comtudo

alguns auctores de obras notáveis e de mérito, que

procuraram

accrescentar

com

algumas

pequenas pedras as paredes

do

edifício da chronologia.

Foram;

Procopio de Cesárea, o notável secretario de

Belisario; Gildas, o

monge

inglez,

que

descreveu a ruina

da sua Albion; Evagre,

cognominado

o Escholastico;

Cas-siodoro, o primeiro ministro de Theodorico, o sábio auctor

da Historia dos

Godos;

Pisido de Constantinopla, o

au-ctor da famosa Chronica de Alexandria;

Theophano

de

Cons-tantinopla ; S.

Nicephoro

; Witikind, o auctor da Historia

dos Saxões; Eutichio de Alexandria; Herman-le-Perclus,

monge,

que

escreveu

uma

historia universal (até

1054);

Adão

de

Breme;

o grego Theophylacte; o russo Nestor;

Heíjrique de

Huntington

;

El-Macim,

árabe;

Albumazar,

árabe; Edrisi, árabe; Jacques deVitry;

HoderigoXimenes;

Ville-Ilardouin.

Não

foram directamente tractadistas de chronologia,

nem

nos seus

tempos

ella formava sciencia independente da historia;

mas

entre os seus

contemporâneos

foram os

que

mais se

aproximaram

dos seus dictames, e nos legaram

pontos importantes para a investigação dos

tempos

em

que

viveram.

E

alguns,

como

Theophano,

S.

Nicephoro

e

Albumazar,

chegaram

a apresentar a sua opinião sobre

(23)

19

O

mérito desapparece quasi absolutamente na

maior

parte dos trabalhos intellectuaesda edade media.

A

forma é

grosseira e ás vezes ridicula e extravagante, a

linguagem

incorrecta, a ligação \iciosa

ou

nulla.

As

obras dos primeiros sete séculos da meia edade, as

producçòes d'estes tempos,

que

se resentiam da rudeza

do elemeríto bárbaro, são e serào sempre, força é dizel-o,

preciosos

monumentos

da actividade e fecundidade do

es-pirito

humano,

ainda

mesmo

quando

prostradoe alquebrado

pela virulenta febre da decadência.

E

nada mais.

Appare-ceram

muitos e volumosos trabalhos, muitos,

mas

poucos

podcram

ter as honras de sobreviver á

morte

do auctor.

Outros,

que

ainda lograram existência agonisante,

enve-lhecem

a cada passo

que

a critica

moderna

dá, collocando-os

em

foco comparativo

com

as obras primas da antiguidade.

Poucos, rarissimos

diremos melhor,

alcançaram

ter foros de mérito real,

obtendo

logar no

pantheon

da

sciencia.

Somente

nos principios

do

século xiii

pôde

despertar

com

verdadeira força e vigor a actividade dos espiritos.

Começavam

a multiplicar-se as escholas ou

universi-dades, cujo

movimento

restaurador havia sido iniciado

quatro séculos antes pelas

màos

poderosas de Carlos

Ma-gno

no seu império do occidente, e por

Alexandre

o

Grande

na Inglaterra.

Na

primeira década

do

século, no seu alvorecer inno-vador,

fundavam-se

com

estatutos e professores,

com

()ro-gramma

a desinvolver, e bandeira scientifica

em

que

alistar

os voluntários guerreiros, as Universidades de Paris.

Ox-ford, Palencia, e mais tarde seguiam-se-lhes as de

Tou-louse, Salamanca, Nápoles,

Cambridge,

etc. etc.

Tinha

finalisado o principal

movimento

bellico das

cru-zadas,

soavam

bem

alto as liberdades das

communas

le-vando

de vencida o feudalismo, e a realeza de

mãos

dadas

com

os burguezes aprestava-lhe na instrucçSo a

arma

de

combate

da nobreza do saber contra a nobreza dos feitos illustres, tentando aproveitar na lucta, preparando a

queda

(24)

20

desastrosa d'esta e o enfraquecimento d'aquella, que,

ven-cendo, cnhia

exangue

pelo renhido do prélio,

germinando

o

epilogo louco e absurdo

do

Uetat

cest moi, de Luiz xiv,

o sol do absolutismo.

Aupmentavam

as condições da segurança individual,

progredia a riqueza dos que trabalhavam : tanto era mister

para

que

as ideias rasgassem os invólucros

que

as

reti-nham,

transpondo as raias da

communicaçào

livre,

con-forme

os tempos, tanto bastava para nào

serem

sepultadas

com

o talento,

que

as gerava, as descobertas importantes

do

immenso

laboratório

humano.

Apertada

entre as sempiternas disputas e controvérsias

dos Gregos, e as subtis argucias dos Árabes, a razão

hu-mana

desmandava-se, e a inteliigenria morria entre

frivo-lidades perigosns, á

mingua

de alimentos fortes.

Os

estudos das Universidades foram o rochedo a

que

se

agarrou a

humanidade

neste naufrágio da vida intellectual.

Reformaram-se

asvelharias efutilidades da educação

scien-lifica

do

passado, habilitaram-se os espirites para a liça

dos estudos sérios.

Tinham

rebentado alfim os primeiros indícios de

uma

renascença universal,

quando

longas esanguinolentas luctas

abafaram

em

sangue o

movimento,

que

crescia a olhos

vistos na França,

Hespanha,

Inglaterra e Itália.

Apenas

esta ultima viu no

meio

de suas dissensões e

luctas civis o miraculoso desenvolvimento das sciencias e bellas artes. Petrarcha e Boccacio são gigantes,

que

as-signalam a sua epocha e laureiam a pátria itálica.

Estava prestes

porém

o

segundo

e verdadeiro

movi-mento

derenascença,

que

devia vingar raizes nocrepúsculo matinal

do

periodo, que ia succeder á elaboração occulta

d'aquelles tempos. Arroteava-se o terreno, abriam-se os

sulcos para a

semente

do futuro.

João

Guttemberg,

o obscuro burguez de

Mayence,

apre-sentava aos esperançosos agricultores do porvir o poderoso

arado da cultura vindoura

a imprensa.

(25)

a copia exacta dos preciosos manuscriptos,

que

os

mos-teiros tinham guardado.

Entào,

como

obedecendo

a

uma

$»alvanisaç?io eléctrica,

resuscitaram de seus túmulos esses escripiores da

anti-guidade, que, após o olvido e obscuridade de mais de mil annos, vinham, não

em

sombras

mas

com

corpo e vida, instruir, renovar e deslumbrar os seus

remotos

descen-dentes.

Preparavam-se

novos e reforçados obreiros para

os trabalhos

do

pensamento, confiados na justiça dos

mul-tiplicados juizes,

que

lhes fornecia para as suas obras o

transmissor e di-^seniinadordalinguagem escripta

oprelo. A[>parecerHiYi na Itália,

Lourenço

Valia, yEneas Sylvius (Pio !i), Platnia, Pinlpho, Merula,

Hermola

Bárbaro, Pico

de xMiramiola.

Na

França, Nicolau de Clemangis, Gabriel

Biel, Gregório Tif)hernas.

Na

Inglaterra, os discipulos da

esíhola (lurefitina,

que

palmavam

os seus ouvintes de

Ox-ford.

Na

Hespanha,

os discipulos do grande mestre de

Sa-lamanca,

António

de Lebrixa.

Mas

em

chronologia nào se adiantou

um

passo.

Morria o império do oriente.

A

queda

providencial de Cfuistantinofda expatriava os

sabio> gre(o-orientaes,

que

se

abrigavam

nasUniversidades

e povoados da

Europa

occidental atoando

com

assuas luzes

o fogo sagrado da sciencia,

que

revi\ia

com

este auxilio

de novas Vestaes,

que

o alimentavam.

Finalisava

emfim

com

a

tomada

da antiga Bysancio,

capital d'esse filho

segundo

do colosso

romano, que

se

con-vertia na

Slamboul

das hostes de

Mahomet

ii, a

chimi-licaçào dos diversíssimos alimentos,

que

tinham sido dados

ao trabalho digestivo de dez séculos, para fornecerem os

elementos da assimilação

moderna.

Apparecia

com

bons auspicies a nova epocha.

E

pas-semos

finalmente aos

tempos

modernos.

Decorrido estava o

anno

de

1543;

entrava-se nos áditos

(26)

22

d'e8sas descobertas

monumenlaes

do

século xvi,

em

que

nós, os portuguezes,

tomávamos

a vanguarda nos

desco-brimentos marítimos,

no

commercio

riquíssimo d'alem

mar.

Esculpimos, diga-se

em

abono

da verdade,

com

cara-cteres áureos a

coragem

de

numerosos

capitães, a ousadia

dos nossos navegadores, as proezas illustres de tantos guerreiros e a táctica de dois ou três políticos,

que

viam

no

empório

do

Oriente

uma

conquista para o

commercio

da pátria, e

que

descobriam na sua acquisiçao mais

alguma

cousa do que os estimativos predicados de

uma

jóia preciosa

para engastar na coroa brilhante,

que

exornava a fronte,

de D. Manuel, o feliz.

E, fixando os

nomes

ímmortaes

nas primeiras

columna-tas

do

peristilo da nova epocha, deixando traços vivíssimos

para deslumbrar aquellesque

estudam

ahistoria, lançávamos

a base

do

terrível e vergonhoso contraste,

que

ha mais

de

três séculos

temos

apresentado

em

face d'esta gloria

passada. )

Fizemos

muito; abrimos asportas para âmbitos de novos

estudos;

aplanámos

o

caminho

para a verdade geographina,

e apresentando a realidade despida de falsas hypotheses,

dávamos

o diapasão do critério eterno,

que

deve presidir a

todo o

que

estuda e pensa, elabora e caminha, trabalha e

descobre. Foi poderoso o nosso influxo, e não exíiggeramos

affirmando

que concorremos

directa e indirectamente para

os progressos das sciencias históricas.

Se foi longa a digressãoviageira pelo nosso querido

Por-tugal, leve-se-nos na boa conta do entranhado

amor

que

todos possuímos pela nossa terra natal.

No

rastro irradiante da senda,

que

traçavam os heroes da península ibérica, portuguezes e hespanhoes,

invol-viam-se os diíferentes povos da Europa,

que prepararam

os gabinetes para o estudo, e

apromptaram

as velhas naus

para lavrar o pélago,

em

demanda

do vellocino das terras ignotas.

(27)

23

nossos dias e se prolongará indefinidamente pelos século» vindouros.

E

das suas consequências brotou a ultima

emanação

de

calórico,

que

fez irromper deslumbrante a lava vulcânica

da nova epocha.

Simultaneamente

com

os proj^ressos das

sciencias jjeographicas, repercutiam-se

em

todos os

ramos

do saber

humano

os rebates de

uma

nova batalha

insan-grenta e profícua.

Era

o enraizar da renascença, o alvorecer

da sciencia

moderna.

O

sol ia bater de luminosos raios

todas as espheras

onde

se podia dilatar a actividade

intel-lectual e artística, la

emfim

avizinhado o

momento

de

nascer

como

sciencia a Chronologia.

Caminhava

em

mais de

meio

doseudecurso o séculoxvi.

Liam-se

então as obras de J. Sannazar, napolitano;

de

Thomaz

iMorus, o celebre utopista inglcz; de

Melanchlhon,

o sábio

amigo

de

Luthero;

de Joào Second, de

Haye;

de

Didier

Erasme,

de

Rotterdam;

de G.

Budée,

de Paris; de

Júlio Ccsar delia Scala ou Scaligero, italiaiio; de

Hoberto

Estienne, de Paris ; de

Jeronvmo

Vida, de

Greraone

;

de

Joríze

Knckanan,

de Rillerny (Escossia); de Justus Lipsius

(Joest Lips), belga ; de Francisco Pithou, de

Troyes

;

de

Vesale, de Bruxeilas ; de Rotal, e Fallapio, discipulos ita-lianos

do

grande

Vesale; de

Ambio^io

Pare;

Malpighi

;

Senac;

etc. etc.

Alíiuns d'esles implicaram nos dominios da chronologia,

mas

nada adiantaram

Dos

fins doséculo

xvi

e

começos do

século xvii

nasceram

entre o tumultuar eílervescente

d'uma

revolução scientiíica

08verdadeiros progressos das sciencias geographicas e his-tóricas, e brotou a vida

autonómica

da chronologia.

A

geographia avança impellida

poderosamente

pelos

esforços titânicos de novos descobridores,

que

appellidam

08 pontos desconhecidos das regiões circumpulares,

ou

estndnm

e

descrevem

as terras jã descobertas,

mas

f»ouco coidiecidas dos geographos. Progride a olhos vistos cona

(28)

24

as arriscadas

emprezas

d'esses successores de

Gama

e

Co-lombo, de

Magalhães

e Cabral,

que

se

chamaram

: na

Hollanda,

Mayen

e

Tasman;

na Inglaterra,

Hudson

eBaffin;

na França, Thevenot, Chardin, Joliet; na Rússia, Baikov;

e na Allemanha,

Kempfer.

A

historia dirigia-se á sua verdadeira missão: alcançava

os foros de verdadeira sciencia pelos aquilatados trabalhos

dos se sS cultores. Mezeray,

contemporâneo

de Richelieu,

publicava a Historia completa da

monarchia

franceza,

que

no dizer de alguns crilicos é a primeira

que

verdadeira-mente

se pôde

chamar

historia.

Eram

importantes os

tra-balhos de Adrien de Valois, Audigier e outros.

A

philosophiada historia, criança que

morrera

ao nascer nos

pensamentos

sublimes de S. A':ostif»ho, de Tácito e

mais aiguns talentos privilegiados, resurgia

tartamudeando

uma

vida infantil na Franco-Gallia, de François

Hotman;

era depois impellidaa

caminhar

com

passosmais firmes,peios

trabalhos de conscienciosa imparcialidade do presidente de

Thou,

nos

38

volumes da sua Historia Universal; ganhava

força e vida na propulsão desdenhosa de Machiavei ; e guirída

emfim

aosverdcideirosparamos, pela

subhme

inspira-ção do notável Bossuet, assentava as bases da sua

dynamica

vital.

O

génio de Bossuet vasava nos moldes da sua altaneira

eloquência o immortal plano,

que

se lhe desenhavaaos olhos

da

alma

animando

os factos da vida social

com

um

poderoso

caminha, caminha, apontado

aos

homens

pelo

dedo

da

Provid*Micia.

Roubava

ao

pensamenso

christào o fogo sagrado da sua audaciosa interpretação. Ensinava o

pensamento

humano

a reunir todososgrandes acontecimentos sob

um

únicoponto

<ie vista geral,

que

os abraça e domina.

Pelo contrario Machiavei

empregava

o escalpeilo de

desdém

e malicia, rasgando as entranhas da sociedade

com

a experiência da sua vida aventureira,

com

o

conhecimento

practico dos seres

humanos.

(29)

25

reformas

do

crandeScalifjero. auo^mentava comtiidoo pecúlio

dos dados (hronolo(?icos publicando a Chrnuotogie

noven-naire

(1859

a

io98),

e mais tarde

(1598

a

lOOi)

a

Ckronologie seplennaire.

Não

nos desviemos por mais

tempo

do

fanal, que nos está

attrahiíido

com

a luz das suas obras. Depará-se-nos ovulto

nolabilissimo

do

fundador da sciencia,oprincipal progenitor

da chronologia dos nossos dias

J. J. Scalifiero.

A

França

ufaria-se, e

com

razão, de o ter por filho,

embora

de

fa-milia italiana.

Foi a

pequena

cidade de A;2;en,

no

departamento

de

Lot-et-Garonne, o berço

do

seu nascimento

em

1 o \0.

Deixemos

para outros a apreciação

de

seus trabalhos

como

litterato e pliilolo^jo, não

curemos

da sua minuciosa

bio<zraphia.

O

trabalho

que

nos interessa é a sua

immortal

obra chronolopica

De

ewendatione

temponim.

Pubh-cou-se a primeira edição

em

1583;

não

sabemos

nada da

secunda;

e a terceira sahiu do prelo

em

1609, anuo

era

que

elle

morreu.

Esta ultima é a melhor.

Os

maiores críticos do nosso

tempo

reputam

esta

pro-ducção

como

uma

das obras mais notaxeis e plenas

de

erudição,

que

gerou o século do seu auclor.

E

notável a vastidão de conhecimentos,

que

Scali^ero apresenta no seu tractado, e mais notável a revolução,

que

produziu.

Ueuniu

os dispersos

membros

da chronolojíia,

deu-lhes corpo evida, forma e actividade; vitalisou a

chro-no!();:ia dotando-a

com

a ãrea

immensa

desciencia, tirando-a da iirfíoraíiciade tácitos séculos, aella, a desconhecida, a des-prezada, a obscura serva dos lalsariosciíronistas.

Teve

razão

chainando-lhe 'naquelle diclo tão seu «matéria intacta et

a nobis

nunc

primum

tractala.»

A

liistoria do passado

amalgamára-se

no espaço e no

tempo

sem

a critica de

uma

ordenada distribuição; copiaram-se datas materialmente,

sem

trabalho de analv^^e ou rt^tlexão,

como

o lana qualquer

copista da

meia

edade, traduzindo era p^othico ou

lora-bardo,

em

itálico ou coro illuminuras, o

pensamento

alheio,

(30)

26

somente

ao peso das auctoridades qiie estavam mais á

mào^

foracrime de

lesa-commodidade

correr archivos e

desempoar

documentos

era

demanda

de

um

juiz, que se apresentasse

com

a deslumbrante auréola da evidencia,

Nào

se

inquie-tavam

com

a missào árdua e difficiiltosa, dura e espinhosa,

de confrontar e conciliar encontradas opiniões, e

muito

menos

se intromettiam no procelloso

maré

magnum

do

computo

dos tempos.

Dotado

de amplos estudos, tanto na historia

como

na

litteratura, orientalista notável para a sua epocha, philologo

de poderosa

memoria

retentiva, apaixonado

amador

dos

estudos mathematicos,

onde

não logrou

comtudo

ser mestre

e notabilisar-se, o grande chronologo profundou

com

affinco

aastronomia physica, eobteve assim o conjuncto depreciosos

dotes

que

revela na obra, e

que

eram

precisos para a

arrojada

empreza

de fundamentar, alicerçar

uma

sciencia.

E

conseguiu-o.

Scaligero dividiu a sua obra

em

sete livros.

No

primeiro tractado

annus

major

equatalis.

Assim

co-gnominou

o

anno

de

360

dias de que

usaram

alguns povos

do

Oriente, e

que

se fundava,

segundo

a sua opinião, na

duração

do anno

lunar natural, ainda

mesmo

quando

nào

havia o

conhecimento

exacto da duração de

uma

lunação.

No

segundo

tracta do

anno

lunar verdadeiro.

No

terceiro do

grande

anno

egual ou

do anno

de

365

dias.

No

quartoapresenta os cálculos exactos

do

periodosolar.

No

quinto e sexto tracta das epochas notáveis, e fixa

innumeras

datas de grande importância para a historia

sagrada e profana.

O

septimo é dedicado ao

exame

dos diífereiítes

computou

do

tempo

e das eras adoptadas pelos difíerentes povos.

Jos. Just. Scaligero aprendeu muito

com

as longas viagens

que

fez pela Escossia, Inglaterra, França e Allemanha.

Nos

últimos

tempos

da sua vida foi reger a cadeira,

que

8

morte

de Joest Lips deixara vagíi na Universidade

de

Leyde.

(31)

Todos

sabem

também

a importância da descoberta

da

seu períodojuliano. Nin^ruem duvida dos poderosos effeito^

que

esta invenção produziu no perimetro das indagações

chronologicas.

O

notável filho de

Agen, que

tinha a vangloria de

des-cender dos reis alanos, ainda publicou mais duas obras

de

menos

vulto :

Thesaurus

temporum

complectens Eusebii

Pamphilii

Cfironicon^ e

De

vetustate gentis Scaligerce,

Leyde,

1609.

Temos

a notar

também

no século xvii as obras sobre

antiguidades e chronologia de Paulo Petau, natural de

Orleans, e as de seu sobrinho, o jesuita Diniz Potau,

ambos

discípulos das escholas de

Bourges

e Paris.

As

obras-principaes d'este ullimo í^ão:

De

doclrina

temporum,

1627;

Lrauologia,

1630

e

1703, 3

vol. in-fol.;

Hationarium

temporun),

1633, 2

vol. in-12.

A-ultam

ainda as obras do sábio jesuita

Labbe,

natural

de Bourges, professor

de

rhetorica, philosophia e theologia»

e

que

nos últimos

tempos

da sua vida foi

um

investigador habilissimo de historia e chronologia.

Eíitre as suas

7o

obras encoíítrnmos sobre o nosso

assum-pto

Le

clironolcgisfe [rançais, abregée chronoloyique de

Vhisioire sacrée et profane,

1666,

5 vol. Este incançavel colleccionador dos historiadores bysantinos publicou

tam-bém

n

Concórdia

chronologica, technica et histórica^

1670,

5 vol. in-fol.

Podfm

indicar-so

também

as indagações chronologicas

de Jacques

Usher

(em

latim Usserius), prelado anglica[io

de

Dublin,

onde

se nota principalmente o calculo que elle

formou

relativamente A creação

do

mundo

(iOOi

antes de-J.

C),

exf)osto e desenvolvido i>a sua principal obra

--Annales

Veteris et

Novi

Testamenti

Londres,

1650-54.

Oulrosim

deve aponlar-se acjui a importância da ()i iineira

obra chronologica

que

a

Academia

das sciencias de

França

publicou

em

1673»

intitulada

ConnaissatiCP des temps

donde

mais tarde dtíri'*ou

L'

Annuaire

des

bureaux

(32)

2)1

NíSo

devem

olvidar-se as locubrações chronologicas d'esse

assombroso

talento da astronomia, o auctor das leis das

harmonias das espheras, o

wertembergez

Kepler.

O

seu

principal tríibalho neste espiíihoso assumf)to foi

De

Jesu

Chrisii servatoris rKxfrJ vero

anno

natalicio

impresso

em

Francfoit,

em

1606.

Principiava o século xviii.

As

sciencias históricas

pro-grediam

entre o riso zombeteiro e sarcástico,

que

pretendia

involver de falsa aureola o scepticismo,

que

nascia entre os dictos esniritusos dos salões

do

belio sexo e o

camar-tello destruidor dos reformadores, qiie pretendiam fazer

a cura do passado applicando-lhe

um

diagnostico de

infal-livel morte.

Sâo

numerosas

e de is^rande peso as obras

d'este século.

A

philosophia da historia nào fructlíicava nas

mãos

de Voltaire,

mas

apparecia depois

com

sazonados

fructos nos importantes trabalhos

do

italiano Viço, e nos

doallemào

ííerder,

que

explicavam o progressivo

caminhar

da

humanidade

e os seus

phenomenos

vitaes, pelo principio

da Providencia divina.

Em

face d'estes dois grandes vultos o espirito talentoso e erudito do francez

Condorcet

ficava

em

plano inferior.

Na

geoiíraphia progrediam os descobrimentos de Wnilis,

Cook,

La

Perouse, Bass, Flinders, Beering, Rerguien,

Thumberg,

JVJackenzia,

Humboldt.

Era

de esperar assim

que

a chronologia não ficasse

estacionaria, e que pelo contrario progredisse, participando

da febril actividade

que

lavrava pelos espiritos,

que

ante-viam pelos rubores crepusculares a

chamma

viva de

uma

revolução social e scientifica.

Viu-se então a contenda entre

Volney

e Larcher, a

pro-pósito da chronologia de Heródoto.

O

estylista francez, o auctor das famigeradas

Ruinas

arruinava-se

completamente

nesta lucta chronologica,

onde

mostrou

eloquência

mas

pouca erudição.

A

obra de

Larcher

tifiha, a par de muitos

(33)

sciencio, e fundava-se nos trabalhos importantes «ios

Arahes

homeristas.

Volnev

bateu de ariete

com

o seu estvio,

mas

bateu de retirada na

pugna

scientifica.

Cumpre-nos

indicar

porém

alguns notáveis tractados e auctorisadas obras,

que

alguns sábios escreveram neste

século.

t» celeberrimo

mathematico

inglez Isaac

Newton

escre-veu

com

a altura

do

seu extraordinário talento

uma

obra

de

chronologia,

que

foi editada depois da sua morte,

em

1738.

Intitulara-a

The

chronology of ancient

kingdoms

amended.

Mereceu

as honras de

uma

magnifica refutação feita

pelo erudito critico Nicolau Fréret, secretario perpetuo da

Académie

des Inscripiions. Este ultimo,

pouco

cioso de

leíiar por mil trombetas o seu

nome

á posteridade, nunca

editou

em

vida as suas

monumentaes

obras, cora

que

desenredou a chronologia dos Assyrios, Cbaldeus, Índios,

Chinezps e Gregos.

Profundou

e aperfeiçoou a historia da

origem

dos Francezes, e as historias das mylhologias e

da philosophia antiíza.

Apenas

publicou os seus manuscriptos nas

Mémoires

de

VAcademie

des Inscriplious. Mais tarde

Cliampollion-Figeac editou estes preciosos trabalhos,

em

8 vol. iíi-8

{lS-2o-oO).

Sào

obras primas era chronoloízia histórica e

mathema-tica as seguintes : Defense de la chronologie contre le

syslème de

Newton,

Origine des Grecs et lie/lexions sur

l élxule des anciennes histoires et sur le dcgré de certitude

de leiírs preuves.

Aílonso des Vignoles, chronoiogo franrez fnatural de

Aubnis

no

Languedoc),

padre protestante, (jne soílreu a

revogação

do

edicto de Nantes, tendo de emigrar para a

Siiissa e Allenianhn, fez

em

Berlim

em

1738

a sua C/í

ro-nologie de Vhintoire sainie et de.^ Iiisloiíes étrnngères

depuis la sortie d'lígyple

jusquà

la cn/jtiviíe de

Bahij-lone,

2

vol. in quarto.

É

obra de aucloridade e de vastos

(34)

o

abbade

Lenglet-Dufresnoy, natural de Beauvais,

pu-blicista ousado, historiador, geof^rapho e cbronoloí^o,

publicou

com

acceitaçào dos entendidos as suas

Tablet-tcs chronologiques de 1'histoire sacrée et profane^ ecclé^

siasitque et civiU

3

vol.

1744.

John

Blair, escossez, professor do

duque

de

York,

ma-thematico notável, publicou era

1754

um

importante

trabalho

Taboas

chronologicas

,

que

lhe abriu as portas da Sociedade real de

Londres

e da

Academia

dos

Antiquários.

É

imporlantissima obra

UArl

de verifier les daltes, ura

dos maiores trabalhos chronologicos

do

seu tempo. 1 oi feita

pelos

monges

benedictinos do século xviii

17S3-1787,

3

vol., sábios investigadores,

que

augmentaram

poderosa-mente

o

movimento

histórico da épocha, soffrendo a finai a

espada

chammejante

da

Assembléa

Constituinte,

que

os

extinguiu,

sem

attender aos seus longos e prestantes

serviços.

No

século actual, as profundas irívesligações dos

monu-mentos

da antiguidade, a decifração das vetustas e defi-cientes inscripções, a interpretação dos hieroglyphos e

caracteres cunéiformes, as excavaçôes importantes

que

pa-tentearam as minas architectonicas das antigas cidades,

berços da civilisação, os progressos da numismática, as

acquisiçôes preciosas dos

museus

de Itália,

França

e In-glaterra, os estudos laboriosíssimos dos orientalistas,

ro-manistas e hellenistas,a

grande

área,

que

alcançou a critica

históricanosannaes da suaevolução,

formam

uma

admirável

synthese de circumstancias,

que

podiam

e

deviam

influir

na chronologia.

No

nosso século todos

sabem

quanto as sciencias

têm

avançado

com

uma

rapidez,

que

parece inspirada pelo

instantâneo propagador do pensamento,

a electricidade.

Le

monde

marche, dizia o notável Pelletan; la science vole,

é a divisa brazoneira

do

labutar incessante dos obreiros

do

(35)

31

O

século XIX recebeu opulentos lep;ados das gerações

passadas,

que

elle

augmentou

e centuplicou.

Quem

desco-nhecerá

em

historia os trabalhos de Guizot, Thiers e

Augustin Thierry,

em

França; do josen e talentoso

phi-losopho da historia,

Henry

Thomas

liuckle, na Inglaterra;

de

VV. Prescott, o ej^criptor

americano

dos fastos gloriosos

da peninsula ibérica; de K. Szajanocha, o patriótico pre-goeiro das glorias da desditosa Polónia ?!

Quem

poderá ignorar os

innumeros

tractadosdegeogra-phia,

que

fizeram

gemer

os prelos, de M/jJte-Brun alé nossos

dias?!

Qu^^m

náo avaliará da importância e progressos,

que

para as sciencias históricas, geographicas e chronologicas

tèra obtido as explorações de mais de duzentos sábios e

ousados viajantes, e as navegações de mais de sessenta

descobridores

maritimos?

No

século XIX alcançou novos tractos de fertilissimo

terreno a chronologia.

Sào

dignas de

menção

as publicações de Luiz Ideler,

chronologo allemâo, natural de Perleberg, professor

de

Astronomia

em

Berlim.

Notam-se

pela sua-iinport^incia,

trabalho e exactidão as Investigações sobre as observações

astronómicas dos antigos (1806);

Manual

de chronologia

malhemaiica

e technica (1825),

uma

das primeiras obras

clássicas sobre a matéria; Chronologia diversa (l837).

I)edicou-sc

também

a trabalhos chronologicos o sábio

pro-fessor de historia no Collegio de França, P. Cláudio

Dauvou.

Este hábil politico, antigo presidente do Conseil des cinq

centSy deixou obras utilissimas e importantes sobre historia

e por concomitância, sobre chronologia. Veja-se Histoire de

Pologne; Analysedes opiniotissur lorigine de liniprimerie;

ÍJisloire litiéraire de la France, etc. etc.

Nâo

devemos

passar

em

claro os estudos do

mnrquez

de

Fortia d'Urban, geographo, e historiador de auctoridade.

Este sábio Irancez, publicou:

Mémoires

pour

servir

Ihis-toire ancienne

du

globe (10 vol.), e

um

Tableau historique

et

géographique

du monde

jusquau

siècle

d Alexandre

(36)

32

Champolion-Figeac

(déparlement de Lot), o irmão mais

velho do grande

homem,

que

após lahoriosissimas vigílias

pôde

descobrir e explicar a linguagem escripta dos

hye-roglyphos, , collaborador do Diccionario de Champolion,

também

nos legou importantes edições de trabalhos

chro-nolpgicos anteriores, outrosim

um

trabalho seu

Resume

de chronoiogie

publicado

em

1830.

Em

1853

appareceu a

monumental

Chronolcgie uni"

verselledofrancez Dreyss.

Após

estes seguiram-se ha poucos

dias -os estíjdos chronologicos de Prideaux, Lydeat, Pighu, Borghesi, Bouillet, Catalan, Caiilett e muitos outros,

que

seria lonso indicar.

Na

França, Inglaterra, Itália, Aliemanha, Bélgica,

Hol-landa e

Hespanha

lèm

apparecido nos últimos

tempos

bastantes escriptores notáveis

em

Chronologia, e

numerosos

tractadistas secundários.

Poupamo-nos

também

por falta

de çspaço e

tempo

a deixar âmii apontados os poucos

auctores portuguezes,

que

escreveram sobre o assumpto.

No

que

deixamos

escripto resta-nos a consolação de

conhecermos

a fraqueza de nossas forças tão maninas,

quào

grande

e difficil é a empreza.

Não

linhamos á

mão,

nem

conhecemos

sequer,

um

auctor

que

tivesse feito a mais resumida synopsis da historia da

chronologia.

O

pouco,

que

ahi fica, tecido ou enredado,

foi colhido ,aqui e além,

com

a pressa das exigências

do

prelo e

com

a pouca erudição do auctor.

Sirva pelo

menos

de incentivo a

quem

o puder fazer

com

a proficiência e largueza

que

o

assumpto

demanda.

Colleccionámos apenas, attenda

bem

a critica,

apontamen-tos leves e resumidos para a historia da chronologia.

E,

se

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