BRIEF
ir.
é?
ELEMENTOS
DE
CHRONOLOGIA
POR
José Maria
Pereira
de
Lima
Professor de ensino livre
Itudiarei eui Direito pela Universidade de Coiínlda
GOIMnRA
IMPRENSA DA
UMVKHSIDADR
/
ELEMENTOS
CHRONOLOGIA
C£/^^.*V._pOR
José Maria Pereira de
Lima
^
)Professor de ensino livre
Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra
^00
S77^
COIMBRA
IMPUENSA DA
CMVEUSIDADE
AO
III.^^*^ e Ex.^ío Sr.
Ai7To:no
um
u
Limt
Bacliâielícrmado em Direito pela Universidade de Coimbra. Chefe da Terceira Repartição da Direcçã: Gera! de Instrucçãy Puhiica.
Director Geral Hcncrario do Ministeri: do Reino.
Do Conselho de Sua Majestade,
senindo de Dire:t:r Geral de hstruccão Publica
oíí:
mo
m\\
M
r>ft\Tlli.Í0 E litM'ElTOSA AMIZADEDigitized
by
the
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in
2010
withfunding
from
University of
Toronto
PRIMEIRA
PARTE
CAPITULO
Ilutroclucçâo
§
1-"A
chronologia perante a lucta e progressos das scienciasNo
seucaminhar
incessante a sciencia tenn dilatado asgrandes artérias do seu
organismo
intimo.De
qualquer loe[ar,onde
existam os lidadores da razãohumana,
se levantam os hellicos sonidos deuma
elabo-ração contínua,
que
produz para cada século a revoluçãoscientifica
com
que
se atavia antes de baixar decrépito aoimmenso
sarcophajjo da historia.Luz,
que
varia de posiçãosem
perder no brilho, deslo-ca-se de oriente para occidente,apparecendo
mais vividaquanto
maiscaminha;
rainhado
pensamento, sublime\en-redora de muitas trevas, semeia a hiz no cahos da
ifjno-rancia, illumina hoje
com
irradiaçi^o brilliante, e appareceamanhã
tibia e oíluscada pelos clarões deslumbrantes daaurora,
que
annuncia a luzdo
futuro, o solque
lhe sue-cederá.Tal é na sua evolução lógica e compassada, system<.tica
6
E
diga-se de passagem, a seiencia avançasempre
sem
retrogradar
uma
pollegada,quando
ao seumovimento
fo-goso
mas
vivificador preside o espirito sensato e retlexodo
sábio, que,examinando
a essência das causassem
sele-vantar, perdido de illusôes, nas azas
do
accidental, nâotenta luctar improficuamente nos âmbitos da sede primaria
dos principios absolutos. Retrogradaria se a dirigissem para
a longínqua derrota os utopistas dos absurdos,
que
seen-cobrem
com
as falsas roupagensdo
saber, os novos filhosdos mythologicos Titans,
que continuam
na baldadaem-preza de
accumularem
o Pelion sobre o Ossa das suaschi-mericas iheorias.
O
nosso século terp gerado muitos d'estes falsosapós-tolos,
que tem
irrompido,como
victimarios e algozes,prin-cipalmente contra as sciencias
moraes
e sociaes.Na
suafúria destruidora nào
pouparam
a historia,deturparam
achronologia, e lançaram raios de scepticismo sobre a
geo-graphia histórica.
Abortos da intelligencia
humana,
idiosyncransias dopen-»amento,
consumiram-se
pelacombustão
espontâneado
seu funccionalismo psyrhico, ámingua
de reguladorforte, que lhes contivesse a
máxima
força expansiva deseus fecundíssimos talentos, deixando por fim
somente
as escorias das lavascom
que
tentavamlamber
e diluir asverdades,
que
tinham por si a antiguidade dos séculos,que
se lhes implicaram, e ocunho
indelével dos sábios,que
as profundaram.
Ou
foram e sào taes; ou dotados deforças diminutas e apoucadas,
pouco
cônscios doque
eram
e valiam,
pygmeus pmfim
que
seimaginavam
gigantes,tentaram a ridicula
empreza
de voarsem
azas,quizeram
ensaiar
um
irrisório tentamen, semelhando-se áquellesque
procuram
sondar aimmensidade
dosmundos
celestescom
o olho
desarmado
deum
bom
telescópio.A
par d'estes legionáriosdo
materialismo e socialismolevanlaram-se ousados e valentes campeões, que na liça
da discussão
venceram
os contendores,marcando
com
cores fixas os seus trabalhos,que
nosproduzem
admiraçãoe assombro, pela força de intelligencia e prodígios de acu-rado estudo,
que
foi misterempregar.
E
não se julgue fora de propósito tocar nesta luctagi-gantesca, que, travada ha muitos séculos, se ateiou de novo oos fins do século xviii,
cobrando maior
força deembate
nas ultimas décadas
do
nosso século, não pareça istoex-tranho á introducçâo de
um
pequeno
trabalho chronologico,pois
que
a pelejatambém
sedeu
nocampo
da chronologiae aqui os adversários se de^zladiaram
com
fúria,como
sepôde ver nos diversos escriptores
que
seencontraram
nosvastos e enlabvriíilhados dominios da chronologia histórica.
E
foi providencial este prélio,porque
obrigou aotra-balho de gabinete alguns talentos,
que
aliásmorreriam
improfícuos, e
deu
um
impulso prodigioso a todas asscien-cias, fazendo
caminhar
a historia, a geographia e achro-nologia,
que
recentemente tinham sabidodo
seu invólucroembryonario.
È
assas difficil senão impossivel synthetisarem
poucaspalavras os progressos rafjidos, que todas as siiencias
frui-ram
após e>ta transformação de combate.l)esentulharam-se ruinas,
que
fallarameloquentemente
pelo passado
que
as vira noapogeu
das formasarchitecto-nicas; limparam-se os preciosos e
empoeirados
manuscri-ptos,
que
tiveram alfimuma
traducçào exacta, filhado
cadinho da reflexa critica
moderna;
esludaram-se nosmo-numentos
epergaminhos
antigos os costumes das geraçõespósteras;
apearam-se
as tradições estultas; lançaram-seem
terra os fabulistas da historia, os imaginários dageo-graphia, e os pro[/hetas hypocritas da chronologia;
deman-diju-se no estudo da lexiiologia, da philologia, da
linguis-tica, e das íirammaticas comparadas, a historia da
mani-festação verbal do pensamento, poderosa alavanca
que
ajudou prestimosamente a solevantar a pedra tumular das
nações pretéritas.
E
com
estes e outros muitos meios,que
exa-ctamente oconteúdo dosjazigoshistóricos dosnossos
ascen-dentes, assas ludibriados no seu viver social pelos
phan-tasiadores da historia antiga, ou pelos mercenários pre-goeiros de
minguados
vultos políticos,que
doiravamcom
o brilho deum
sol os feitos liliputianos de obscurantissimospersonagens.
Apontando
esta metamorphosescientifica, escusado ére-petir
que
nella se incluiu o potentíssimo auxiliar da historia,que
seguiu pari passu toda esta lucta, aproveitando-seegualmente
dos seus benéficos resultados,ganhando
cadavez mais os merecidos foros de sciencia.
§
2."Importância
da chronologia e suas relaçõescom
as sciencias históricasÉ
digno de reparo o papel importante da cbronologia.Por
meio
d'ellavamos
dar aos principaes factos de cada povo o seu devido logar, naordem
de successâoou
simul-taneidade,que
tiveramcom
outros damesma
ou dediííe-renle nacionalidade.
O
chronologoembrenha-se
na caliginosa noite dostem-pos, investiga-os assignando as epochas,
marcando
asdatas,collocando-as na juxtaposiçSo,
que
formaram
como
pedrasangulares e parietaes de
um
edifícioenorme, que
sechama
o passado.
Aponta-nos
o rastro luminoso dapassagem
dacivilisa-çào, no seu incessante e variadíssimo itinerário através das differentes zonas da terra.
Firma
o&marcos
millíarios da ininterrupta continuidadedo
serhumano,
que
se reparteem
diversas epochas nosmultíplices braços,
que
secognominam
nações.E,
se a historia registra nos seus fastos altisonantes asproezas heróicas ou os legados benéficos de
algum grande
vulto, a chronologia
vem
em
auxilio da critica histórica,9
a collocal-o no sopé do
monumento, embora
no lo^arpouco
secundário dos imitadores sublimes.
Por
quanto,marcando
os annos do seu nascimento e occaso,
apontando
aprio-ridade da sua appariçào
em
eporhas,que
nfio admittiamgeração legitima para os feitos imperecedoun)s
que
rea-lisou, esmalta de fino oiro a vida laboriosa e Ímproba,
plena de gloria e martyrio d'aquelle
que
foiverdadeira-mente
um
heroe digno de apotheose; ou aquilata deim-merecida a inscripção
pomposa, que
no panlheon dahis-toria
gravaram
alguns cbroni^tas desvairados peia** ideiasdo
seu tempo,em
prol deum
homem,
que
foiunicamente
o copista material dos heroismos
que
outro realisara, pla-giário encoberto de acções illustres,que
muitas vezesfi-caram
napenumbra
do olvido, ámingua
detrombeta que
as lançasse aos ventos da fama.
E
a chronologiaum
dos critériosque
guiam
o sábio,nas suas investi^zaçôes de
uma
geologia social, ao maisin-timo e profundo das successivas
camadas
das sociedadesextinotas.
É
o fanal eléctrico,que
irradia jorros de luz naobscuridade do pretérito,
que
sem
esta diíTusào luminosaseria a imaj^em perfeita da confusão cahotica.
Sem
ella a historia embrulharia ameada
dosaconteci-mentos, e nílo lograria urdir a teia complicada
mas
per-feita,
que
vai desenrolando aos olhos íntimos doque
tentadeduzir da lição majestosa e severa
do
passado a noçàodo
futuro, ou induzir doconhecimento do
ponto de partida e dos oásis deparagem
d'este Ashaverus real, d'eslepe-regrino
sem
descanço, ahumanidade,
a senda da derrotaque tomará
no futuro, ou apontar o posterior roteiro dacaravana
humana.
Bem
claramente sevêem
assim as relações intimas dasciencia chronologica
com
est'outras, a historia e aphilo-sophia da historia. Facilmente se
deduz
o fim importantis-simo,que
rej)resenta este novo fio de Ariadne, guiando-nosatravés dos séculos
em
demanda
dostempos
primitivos,que
vão ter o alpha inicial deum
génesis bihhoo.10
líciencia chronologica
com uma
chave de oiro,que pedimos
<ieempréstimo
oo distincto escriptor, Rivarol.Nào
traduzimos o incisivo e brilhante periodo doesty-hsta franciz.
Se
tentássemos v-ertel-o, seria isso criminosointento.
«L'histoire sans Chronologie manquerait d'autorité, de
témoignage
et d*ordre, et la Chronologie reduite à sesdates serait une galerie sans statues et sans tableaux.»
.§ 3.»
Apontamentos
para
a historiada
chronologiaEntre
os povos da antiguidade poucos haque tenham
conhecido os dictames da chronologia,
que somente
pôde-constituir os dominios
autónomos
de sciencia depois do sé-culo XVII, era de Christo.Minguados
conhecimentospossuem
oshomens
dascienciasobre os antigos calendários, á excepção dos
que usaram
os judeus, gregos e romanos.
É
difficií aempreza;
comtudo
tentaremos apresentar alguns dados sobre as vicissitudes e progressos da cbrono*-iogia,ou
asiremosum
quadro
synoplico da sua historia.O
povojudaico apresenta nos synchronismos authenticosda
historia,que
noscommunica
pelos seus livros sagrados, preciosos dados, auxihadores dos chronologos, quequeiram
levar a sciencia á devassa de
um
passado, obscuroem
muitospontos á falta de dados exactos.
Apoiados
na narração biblicaformam-se
os cálculos tnais exactos,que
até hoje setêm
obtido sobre ostempos
que
decorrem
desde o primeiromomento
da appariçãodo
homem
sobre a terra, sahindo da dextra poderosado
€readur. Note-se
porém,
como
de todos é sabido,que
jmesmo
sobre este ponlotêm
sido apresentadas multiplices soinçôes.11
eminente
Desvi-rnolcs registrava mais de duzentos cálculossobre este assumpto.
O
moderno
chronologo Cailletac-crescenta
que
em
nossos diastem
dupiicado !Comiudo
nenhum
d'esses ralrulos, fundado mais oumenos
no
Génesis,chegou
á aberração de longevidade queapon-tam
os Índios, attribuindo á creaçâo3.982:290
annos, os japonezfs.2,362:59i,
os chinezes,2,276:i76
e oschalde«is,
720:000,
no dizer de Epi^enio.Os
rudimentos da cbronologia eram,porém,
quasi nullostio povo da Palestina.
Pouco
versadosem
astronomia nàotinham
base sua parao
calendário, antes daemigração
para o Egypto.De-pois do iíifluxo poderoso da civili^^açào egynciaca, após os progressos,
que
a familia de Jacob fez a olhos vistosso-bre os filhos
do
Fíívpto, motivo d'e>sa perseguição,que
gerou o
drama
imponente
da Iransmií^ração das praias doMar
Vermelho
á terra da promissão, os jjideusadoptaram
o calendário egypciaco, que fornecia
uma
base mais re-gular, não obstante os seus defeitos o lacunas.Mais tarde, voltando do capti\eiro de Babylonia,
apro-veitando as noções de astronomia que possuíam os ihal-deus,
reformaram
o velho calendário do Egv[)to.que
aindasoífreu trafísformações completas no
tempo
dosábio Esdras,e depois no governo dos Machabeu*^.
Reformado
evazadoem
moldesnovos, nãoattingiuporém
o grAu de aperfeiçoamento
que
era mister.E
nada mais no< af)resenta o povo deJehovah
sobre aesphera da cbronologia.
Os
povos da Índia são assas escassosem
dados,que
nosguiem
á certeza chronologica dos seus primitivos tempos,que
ainda se involvem nas trevas das tradições gangeticas,aonde
nãopoderam
penetrar totalmente os luminosos es-tudos dosmodernos
orientalistas.Assvrios,
Medas
e Lvnios, Babvlonios e Persast^m
osfactos vitaes dos seus potentados antiquíssimos de tal
ma-neira enlabyrinthados,
que somente
depois dapassagem
de12
de Philippe, poderá o chronologo aventar
com
roaiscrw
terio alííum juizo sobre aquellas remotas eras.
No
Egypto, apezar dos grandes progressosque
nospro-porcionaram os
immortaes
trabalhos da decifraçào doshie-roglyphos por Champollion, nào obstante o
Ímprobo
estudodos
monumentos
egypciacos feito porAug.
MarietteBey
^,não alcançamos affirmar o perímetro das indagações
cliro-nologicas para
além
da13/
dynastia.Registrem-se
embora
com
applauso os ingentestraba-lhos genealógicos
do
notável Mariette; nào seesqueçam
ainda os progressos relativos
que
alcançaram os antigos sábios do Niloformando
o seuanno
de360
dias, aque
mais tarde junctaram os
epagomenos
(5 dias).A
China foi, no dizer de Caillet,um
dos povos antigosque
mais seaproximou
dos principios que sào osmodernos
alicerces da verdade chronologica.
Sabemos
que, nostempos
históricos da China, ogrande
reformador
Chun,
que se diz inventor da esphera celeste,reformou
o antigo calendário, deque
nào restam dados de apreciação,formando
outro,que chegou
até hoje,com-posto de
36o
dias e6
horas.É
fácil assim ver aImmensa
dificuldadecom
que
têm
luctado para ajustar este deficiente
computo
com
osdif-ferentes pontos cquinocciaes e solsticiaes
do anno
solar.Pecca assim por defeito o calendário chinez.
Comtudo
é de notarque
este povo foi fanático pelaastronomia,
sem
mostrar grandeamor
por outros estudosmathematicos.
Sào
dignas de reparo etêm
toda aaucto-ridade
algumas
epochas chronologicasque
ellesmarcaram,
onde
podemos
vercompendiados
os factos principaesdo
império celeste.
É
muito curioso, tendo demais os forosde authentico, o
Tchéou-Li^
attribuido aTchéou-Kong,
1 Este dií-tincto egyptologo, director do
Museu
de antiguidades egypciacasem
Bulaq, tem publicado as suas interessantes investi-gíiçòesem
diííerentes obras, nas quaes avulta o seu ^Aperçu sur VHistoire d'Egypte.»13
irmão
deWou-Wang,
fundador da dynastiaTchéou
(113i
antes de J. Christo).
Este livro é
um
vasto refjislro imperial e administrativo,que
aponta onome
de todos os magistrados,empregados
públicos e
auctondades
do império cliinez, e descreve asfuncçôes de
que
estavam encarregados, noscomeços do
século XI antes da era christà.
E
como
na China oimperador
e o seu governoreali-zam
uma
perfeita centralisaçâo no viver social do povoce-leste, todas as suas instituições politicas, religiosas e civis
vêm
claramentemencionadas
noTchéou-Li
ou livro dosRitos de
Tchéou.
Serve-nos este primeiro archivo ou antesalmanach
burocrático parademonstrar
quào
pouco
dif-fere a China
moderna
da China de ha três mil annos.Os
phenicios nãodeixaram
uma
historia seguida. Poucosdocumentos
setêm
encontrado sobre a sua obscura vidaintima.
A
missão scientifica,que
noanno
passado partiude
França
para explorar o território dos antigosnave-g:antes, e fazer excavaçòes, alcançou descobrir bastantes bases para maiores estudos,
que
poderão no futuropaten-tear instituições
que
hoje desconhecemos.Da
chronologiados phenicios não se sabe cousa
alguma
com
visos depro-babilidade.
Os
carthaginezessomente apparecem
com
alguma
luzna tela dos tempos,
quando
semisturam
em
synchronismoscom
o povoromano,
nas suas sangrentas luctas erivali-dades.
Nada
sepode
assegurar sobre ocomputo
dos tempos,seguido por esta colónia de Tyro,
que
logrou poralgum
tempo
ser a rainha do Mediterrâneo.No
berço da civilisaçao hellenica, na antiga e venerandaGrécia,
lambem
nãopodemos
ir assas longecom
o facho chronologico.São
notabilissimos os escriptores atticos,quando
descre-vem
as peripécias deum
acontecimento celebre;porém,
quando
passam
a assignar-lheum
logar naordem
dos14
descobrindo uns aos outros os elementos falsos
em
que
fundamentaram
a a>serçào.Não
podemos,
stímmedo
de
errar a cada passo, avançar mais além do século x antes
de Christo.
E
dizemol-o afoitamente, porque a criticamo-derna nega a paternidade hellcnica aos decantados
már-mores
da Ilha de P^iros,comprados
por lord Arundel, edoados por seu successor ao
museu
da cidade de Oxford.Os
trabalhos analvticos de bastarites heilenistasceleber-rimos
demonstram
exuberantemente que
sào espúrios;e
provam
que
foram lavradosem
epocha muito posterior,não desprezando
mesmo
alguns dados exactos,que
foramcopiados de
documentos que
na occasiào da sua feitura seconsideravam
como
verídicos.Sabemos
que
foram importantes para o seutempo
os deficientes trabalh(»s doanno
attico lunar, attribuido aoatheniense Sólon, e
damos
o devido peso á importantíssimareforma de
Meton,
descobrindo o enneadecaéleride,ou
ocyclo de dezenove annos,
que
serviu para ajustar oanno
solar
com
o lunar,bem
como
á descobertado
octaéleridede Callístrato, de Tenédos, e outrosim as eras que
adopta-ram
Polvbio,Diodoro
e outros.Passando aos
romanos pouco
adiantamos até Júlio César.O
calendário deRómulo,
sobre o qualdivergem
Ovidio, Píutarcbo, Soiino, Censurino e Macrobío, reformado pelopacifico
Numa
(acreditando porum
pouco
nas fabulas dossete reis de
Roma,
que
a critica histórica dealém-Rheno
vai aluindo], podia
com
os seus additamenlos emulti-formes precauções chegar quasi a corresponder ao
anno
solar.
Os
abusos dos pontifices não o permittiamporém,
eao contrario
enredavam
cada vez mais a lirdia dos tempos.Se chegamos
porém
aoprimeiro imperadorromano, que
nãoconseguiu im[)erar, Júlio César,
damos
de facecom
ostra-balhos
que
elleincumbiu
namáxima
parte a Sosigenes, eque
tomaram
onome
de correcção juliana.Foram
impor-tantes e
preencheram
poralgum tempo
a lacuna, obviandon
Eram
respeitáveis as suas cans de dezeseis séculos dedu-ração.
E
sendo o calendárioromano
aquelleque
se nosapre-senta
com
mais lucidez entre os da antiguidade, hacom-tudo opiniões contrarias sobre a sua repartição e formação.
Indicamos as duas principaes,
que
sào a deDezobry
eSabhathier.
JM. C.
Dezobry
^ funda-se nos importaiitesmonumentos
que
seencontraram
nas excavações deRoma
no século xvi,cogríominados
Kalendarium
Ma/fceioruin,Kalendarium
Prcenestinumy
Kalendarium
Rusticuni,Kalendarium
Ami-ter
num.
Estes
mármores
antigos já tinham sido citado*^ porGrae-vius, no seu Thesaurus,
tomo
viii, e por Orelli na suaobra Inscript. lai.,
tomo
ii, pag.382
e seguiíites.M.
Sabbalíiier, ^ aproveitando os trabalhosmodernos
dos historiadores
do
colossoromano,
observandotambém
os preciososmonumentos
dosmuseus
de Itália, seguindo aopinião de muitos í^abios contemporâneos, que seria longo
enumerar,
apresenta danos diversos no calendárioque
elleformou, appellidando-o
—
Calendário de Júlio César.
Nào
encontramos
assim grande adiantamento na scienciados tempos,
nem
alcançamos provas da verdadechrono-logica dos factos \itaes
do
povoromano.
Temos
um
exemplo
bem
frizante parademonstrar
queesta asserção nào é gratuita.
Até
ha poucos aiinos dava-se grande peso e aucloridadeaos fastus consulares, que tinham sido formados
com
algu-mas
listas authenticas, sendo a principaluma
que seen-controu, nas excavações de
15i7,
graviídaem
pedra demármore,
alcançarulocom
poucas lacunas até ao anno765,
era da fundação de
Roma.
O
hahil Lenglet-Dufresnoy, copiou nas suas TablellesChronologiques tudo o
que
se reputava exactíssimo ainda' liome au sucie (VAvgnste.
2 rode ver se piiiicip:ilincnte o Didionnairclionr Vintclligencc des auleurs class^iques grecs et latins.
16
no
século xviii, e muitos o imitaram. Pois hojepodemos
dizer que erraram !
As
tentativas de Phigius, queindu-ziram o notável chronologo Borghesi a encetar á
Ímproba
tarefa de
emendar
as listas epreencher assuaslacunas,pro-duziram
o excellente resultado depodermos
hoje affirmarque
possuímos a historia chronologica da instituiçãocon-sular, e asseverar
que
osromanos
nàodeixaram
em
um
monumento
único os dados verdadeiros d'esta importantehistoria, cujoconhecimento moderníssimo se obteve á custa
deaccurada
paciência nacomparação
de medalhas, moedas,e
mármores
antigos, e graças aos progressos da scienciadas inscripçôes,
que
formaram
amagnitude
dos estudos archeologicos, deque
Borghesi se aproveitou.Comparou-se,
examinou-se
atteiitamente o peso dasdifíerentes e encontradas auctorídades, e guiados pela
cri-tica
moderna
chegaram
os sábios de nossos dias a essasconclusões,
que
formam
um
importante legado para ospósteros.
Antes
de passarmos a outro períodocumpre
nào lançarno
esquecimento osnomes
da Lactancio e S. Agostinho,Melitào e Theophilo de Antiochia,
Eusébio
de Cesáreae S. Epiphanio,
Theodoreto
e Sócrates o Escholastico;S.
Jeronymo
eClemente
de Alexandria;que
nos legaramde
misturacom
as suas valiosas obras alguns dadospre-ciosos para a historia chronologíca da antiguidade, e as
suas difíerentes opiniões sobre
algumas
eras importantes.E,
diga-se a verdade, o povo-rei, principalmente, foigrande
nomovimento
guerreiro, conquistador e legislativo.Nas
restantes espheras da sua magnificência histórica não nos apreseiila instituições indígenas,nem
revoluçãoscien-lifica
ou
arlistica, que nào fossem importadas do povogrego.
l)emonstram-no
as investigações deHeeren,
Mom-msen,
Niebhur
e tantos outros. Obvia é assim a aíTirmaçâode que nada accrescentou ao legado
que
os gregos lheen-tregavam
sobre as chronologias dos impérios fenecidos.E
mesmo
sobre a sua historia (vide os escriptos de17
que
adheriu á firmeza chronologica sào obra de meia diiziade
aurtores celebres daedade
áurea da í^ua blteratura.Deixemos
aqui a antiízuidaíie, e, passando de loD^re peloao^onizar do império
romano,
aNÍzinhemo-nos dos limiaresde novos cvclos.
Deparamos
com uma
epocha confiiSa eimmensa.
arri-piada de feitos sublimes e e horrendos vicios, ubérrima de
embrvôes
fecundos,que
sepreparavam
paraametamorpbose
deslumbrante dos
tempos modernos.
A
enademedia
—
per-dôem-nos
ogon^ori^mo
—
foiem
toda a sua accepçâo ameia
edade, isto é, omeio
da transição deum
passadolibando
uma
epocha renovada, omediador
plástico do velhomundo
que
morria para resuscitar na phenix hodierna, oelo sublime da cadeia
do
prop:resso,que
extinguia porum.
pouco
a lava dos seus vulcões para irromper apóscom
maisiorça e fracasso,
mas
com
menos
fúria e destruição, sobrea
campina
viridente da civilisaçào total, que, na phrase deCarnot, accendia
hont^m
com
mais clarão o faclioque
apa-gara na véspera,
cumprido
o fim da sua missãoem
certoespaço e tempo.
A
propagação do christianismo,que
lançava as raizesfortíssimas,
que
nos ciíeíjaramcom
mais de dezenove sé-culos de vida; omovimento
feudal; a implantação daso-berania
monarchica
; o grito de independênciaque
soltavam ascomm.unas;
as bellicas toadas dasmarchas
dos cruzados,que
providencialmenleiam
em
demanda
deum
fim religiosoe politico, e traziam ao occidente
algumas
liçõesaprovei-táveis das terras da roxa aurora, estreitando assim os braços
frouxos da família
humana;
a«! hirtas intestinas de milin-teresses, que se debatiam
em
sangrento batalhar: tudo istoera muito, e não deixava assas
tempo
para profundar assciencias históricas.
Os
monges,
os árabes e alguns seculares foram os únicos depositários deum
[»assado ingente.A
herança era pesada, e as condições do testamento diOireis de executar (»elo8testamenteiros.
Assim
poucos seaventuraram
a discutir o passado, e18
registrando o seu presente
nem
sempre
se collocavamno
ponto elevado
onde poderiam
observar osmovimentos
par-ciaes e totaes.
Os
principios chronologicos nàoeram
postosna sua devida importância,
epóde
dizer-seque
a historia daedade media
foi feita nos nossos dias, refundindo oschro-nistas d'aquelles
tempos
com
as illaçôes,que
sededuziram
dos
pergaminhos
variadissimosque
se haviam escripto para fim diverso d'aquelleque
a final tiveram, servindo de pre-stantissimo cimento á reconstrucçâo da epochaque
osvira nascer.
É
assim prolixo corroborar o estado estacionárioem
que
seachou
a sciencia chronologica nos primeirostempos
d'esta epocha de decadência.
Apontam-se
comtudo
alguns auctores de obras notáveis e de mérito, queprocuraram
accrescentar
com
algumas
pequenas pedras as paredesdo
edifício da chronologia.
Foram;
Procopio de Cesárea, o notável secretario deBelisario; Gildas, o
monge
inglez,que
descreveu a ruinada sua Albion; Evagre,
cognominado
o Escholastico;Cas-siodoro, o primeiro ministro de Theodorico, o sábio auctor
da Historia dos
Godos;
Pisido de Constantinopla, oau-ctor da famosa Chronica de Alexandria;
Theophano
deCons-tantinopla ; S.
Nicephoro
; Witikind, o auctor da Historiados Saxões; Eutichio de Alexandria; Herman-le-Perclus,
monge,
que
escreveuuma
historia universal (até1054);
Adão
de
Breme;
o grego Theophylacte; o russo Nestor;Heíjrique de
Huntington
;El-Macim,
árabe;Albumazar,
árabe; Edrisi, árabe; Jacques deVitry;
HoderigoXimenes;
Ville-Ilardouin.
Não
foram directamente tractadistas de chronologia,nem
nos seustempos
ella formava sciencia independente da historia;mas
entre os seuscontemporâneos
foram osque
mais seaproximaram
dos seus dictames, e nos legarampontos importantes para a investigação dos
tempos
em
que
viveram.E
alguns,como
Theophano,
S.Nicephoro
eAlbumazar,
chegaram
a apresentar a sua opinião sobre19
O
mérito desapparece quasi absolutamente namaior
parte dos trabalhos intellectuaesda edade media.
A
forma égrosseira e ás vezes ridicula e extravagante, a
linguagem
incorrecta, a ligação \iciosa
ou
nulla.As
obras dos primeiros sete séculos da meia edade, asproducçòes d'estes tempos,
que
se resentiam da rudezado elemeríto bárbaro, são e serào sempre, força é dizel-o,
preciosos
monumentos
da actividade e fecundidade does-pirito
humano,
aindamesmo
quando
prostradoe alquebradopela virulenta febre da decadência.
E
nada mais.Appare-ceram
muitos e volumosos trabalhos, muitos,mas
poucospodcram
ter as honras de sobreviver ámorte
do auctor.Outros,
que
ainda lograram existência agonisante,enve-lhecem
a cada passoque
a criticamoderna
dá, collocando-osem
foco comparativocom
as obras primas da antiguidade.Poucos, rarissimos
—
diremos melhor,—
alcançaramter foros de mérito real,
obtendo
logar nopantheon
dasciencia.
Somente
nos principiosdo
século xiiipôde
despertarcom
verdadeira força e vigor a actividade dos espiritos.Começavam
a multiplicar-se as escholas ouuniversi-dades, cujo
movimento
restaurador havia sido iniciadoquatro séculos antes pelas
màos
poderosas de CarlosMa-gno
no seu império do occidente, e porAlexandre
oGrande
na Inglaterra.
Na
primeira décadado
século, no seu alvorecer inno-vador,fundavam-se
com
estatutos e professores,com
()ro-gramma
a desinvolver, e bandeira scientificaem
que
alistaros voluntários guerreiros, as Universidades de Paris.
Ox-ford, Palencia, e mais tarde seguiam-se-lhes as de
Tou-louse, Salamanca, Nápoles,
Cambridge,
etc. etc.Tinha
finalisado o principalmovimento
bellico dascru-zadas,
soavam
bem
alto as liberdades dascommunas
le-vando
de vencida o feudalismo, e a realeza demãos
dadascom
os burguezes aprestava-lhe na instrucçSo aarma
decombate
da nobreza do saber contra a nobreza dos feitos illustres, tentando aproveitar na lucta, preparando aqueda
20
desastrosa d'esta e o enfraquecimento d'aquella, que,
ven-cendo, cnhia
exangue
pelo renhido do prélio,germinando
oepilogo louco e absurdo
do
Uetat
cest moi, de Luiz xiv,o sol do absolutismo.
Aupmentavam
as condições da segurança individual,progredia a riqueza dos que trabalhavam : tanto era mister
para
que
as ideias rasgassem os invólucrosque
asreti-nham,
transpondo as raias dacommunicaçào
livre,con-forme
os tempos, tanto bastava para nàoserem
sepultadascom
o talento,que
as gerava, as descobertas importantesdo
immenso
laboratóriohumano.
Apertada
entre as sempiternas disputas e controvérsiasdos Gregos, e as subtis argucias dos Árabes, a razão
hu-mana
desmandava-se, e a inteliigenria morria entrefrivo-lidades perigosns, á
mingua
de alimentos fortes.Os
estudos das Universidades foram o rochedo aque
seagarrou a
humanidade
neste naufrágio da vida intellectual.Reformaram-se
asvelharias efutilidades da educaçãoscien-lifica
do
passado, habilitaram-se os espirites para a liçados estudos sérios.
Tinham
rebentado alfim os primeiros indícios deuma
renascença universal,
quando
longas esanguinolentas luctasabafaram
em
sangue omovimento,
que
crescia a olhosvistos na França,
Hespanha,
Inglaterra e Itália.Apenas
esta ultima viu nomeio
de suas dissensões eluctas civis o miraculoso desenvolvimento das sciencias e bellas artes. Petrarcha e Boccacio são gigantes,
que
as-signalam a sua epocha e laureiam a pátria itálica.
Estava prestes
porém
osegundo
e verdadeiromovi-mento
derenascença,que
devia vingar raizes nocrepúsculo matinaldo
periodo, que ia succeder á elaboração occultad'aquelles tempos. Arroteava-se o terreno, abriam-se os
sulcos para a
semente
do futuro.João
Guttemberg,
o obscuro burguez deMayence,
apre-sentava aos esperançosos agricultores do porvir o poderoso
arado da cultura vindoura
—
a imprensa.3»
a copia exacta dos preciosos manuscriptos,
que
osmos-teiros tinham guardado.
Entào,
como
obedecendo
auma
$»alvanisaç?io eléctrica,resuscitaram de seus túmulos esses escripiores da
anti-guidade, que, após o olvido e obscuridade de mais de mil annos, vinham, não
em
sombras
mas
com
corpo e vida, instruir, renovar e deslumbrar os seusremotos
descen-dentes.
Preparavam-se
novos e reforçados obreiros paraos trabalhos
do
pensamento, confiados na justiça dosmul-tiplicados juizes,
que
lhes fornecia para as suas obras otransmissor e di-^seniinadordalinguagem escripta
—
oprelo. A[>parecerHiYi na Itália,Lourenço
Valia, yEneas Sylvius (Pio !i), Platnia, Pinlpho, Merula,Hermola
Bárbaro, Picode xMiramiola.
Na
França, Nicolau de Clemangis, GabrielBiel, Gregório Tif)hernas.
Na
Inglaterra, os discipulos daesíhola (lurefitina,
que
palmavam
os seus ouvintes deOx-ford.
Na
Hespanha,
os discipulos do grande mestre deSa-lamanca,
António
de Lebrixa.Mas
em
chronologia nào se adiantouum
passo.Morria o império do oriente.
A
queda
providencial de Cfuistantinofda expatriava ossabio> gre(o-orientaes,
que
seabrigavam
nasUniversidadese povoados da
Europa
occidental atoandocom
assuas luzeso fogo sagrado da sciencia,
que
revi\iacom
este auxiliode novas Vestaes,
que
o alimentavam.Finalisava
emfim
com
atomada
da antiga Bysancio,capital d'esse filho
segundo
do colossoromano, que
secon-vertia na
Slamboul
das hostes deMahomet
ii, achimi-licaçào dos diversíssimos alimentos,
que
tinham sido dadosao trabalho digestivo de dez séculos, para fornecerem os
elementos da assimilação
moderna.
Apparecia
com
bons auspicies a nova epocha.E
pas-semos
finalmente aostempos
modernos.Decorrido estava o
anno
de1543;
entrava-se nos áditos22
d'e8sas descobertas
monumenlaes
do
século xvi,em
que
nós, os portuguezes,
tomávamos
a vanguarda nosdesco-brimentos marítimos,
no
commercio
riquíssimo d'alemmar.
Esculpimos, diga-se
em
abono
da verdade,com
cara-cteres áureos a
coragem
denumerosos
capitães, a ousadiados nossos navegadores, as proezas illustres de tantos guerreiros e a táctica de dois ou três políticos,
que
viamno
empório
do
Orienteuma
conquista para ocommercio
da pátria, e
que
descobriam na sua acquisiçao maisalguma
cousa do que os estimativos predicados de
uma
jóia preciosapara engastar na coroa brilhante,
que
exornava a fronte,de D. Manuel, o feliz.
E, fixando os
nomes
ímmortaes
nas primeirascolumna-tas
do
peristilo da nova epocha, deixando traços vivíssimospara deslumbrar aquellesque
estudam
ahistoria, lançávamosa base
do
terrível e vergonhoso contraste,que
ha maisde
três séculostemos
apresentadoem
face d'esta gloriapassada. )
Fizemos
muito; abrimos asportas para âmbitos de novosestudos;
aplanámos
ocaminho
para a verdade geographina,e apresentando a realidade despida de falsas hypotheses,
dávamos
o diapasão do critério eterno,que
deve presidir atodo o
que
estuda e pensa, elabora e caminha, trabalha edescobre. Foi poderoso o nosso influxo, e não exíiggeramos
affirmando
que concorremos
directa e indirectamente paraos progressos das sciencias históricas.
Se foi longa a digressãoviageira pelo nosso querido
Por-tugal, leve-se-nos na boa conta do entranhado
amor
quetodos possuímos pela nossa terra natal.
No
rastro irradiante da senda,que
traçavam os heroes da península ibérica, portuguezes e hespanhoes,invol-viam-se os diíferentes povos da Europa,
que prepararam
os gabinetes para o estudo, e
apromptaram
as velhas nauspara lavrar o pélago,
em
demanda
do vellocino das terras ignotas.23
nossos dias e se prolongará indefinidamente pelos século» vindouros.
E
das suas consequências brotou a ultimaemanação
de
calórico,
que
fez irromper deslumbrante a lava vulcânicada nova epocha.
Simultaneamente
com
os proj^ressos dassciencias jjeographicas, repercutiam-se
em
todos osramos
do saber
humano
os rebates deuma
nova batalhainsan-grenta e profícua.
Era
o enraizar da renascença, o alvorecerda sciencia
moderna.
O
sol ia bater de luminosos raiostodas as espheras
onde
se podia dilatar a actividadeintel-lectual e artística, la
emfim
avizinhado omomento
denascer
como
sciencia a Chronologia.Caminhava
em
mais demeio
doseudecurso o séculoxvi.Liam-se
então as obras de J. Sannazar, napolitano;de
Thomaz
iMorus, o celebre utopista inglcz; deMelanchlhon,
o sábio
amigo
deLuthero;
de Joào Second, deHaye;
deDidier
Erasme,
deRotterdam;
de G.Budée,
de Paris; deJúlio Ccsar delia Scala ou Scaligero, italiaiio; de
Hoberto
Estienne, de Paris ; de
Jeronvmo
Vida, deGreraone
;de
JorízeKnckanan,
de Rillerny (Escossia); de Justus Lipsius(Joest Lips), belga ; de Francisco Pithou, de
Troyes
;de
Vesale, de Bruxeilas ; de Rotal, e Fallapio, discipulos ita-lianosdo
grande
Vesale; deAmbio^io
Pare;
Malpighi;
Senac;
etc. etc.Alíiuns d'esles implicaram nos dominios da chronologia,
mas
nada adiantaramDos
fins doséculoxvi
ecomeços do
século xviinasceram
entre o tumultuar eílervescente
d'uma
revolução scientiíica08verdadeiros progressos das sciencias geographicas e his-tóricas, e brotou a vida
autonómica
da chronologia.A
geographia avança impellidapoderosamente
pelosesforços titânicos de novos descobridores,
que
appellidam08 pontos desconhecidos das regiões circumpulares,
ou
estndnm
edescrevem
as terras jã descobertas,mas
f»ouco coidiecidas dos geographos. Progride a olhos vistos cona24
as arriscadas
emprezas
d'esses successores deGama
eCo-lombo, de
Magalhães
e Cabral,que
sechamaram
: naHollanda,
Mayen
eTasman;
na Inglaterra,Hudson
eBaffin;na França, Thevenot, Chardin, Joliet; na Rússia, Baikov;
e na Allemanha,
Kempfer.
A
historia dirigia-se á sua verdadeira missão: alcançavaos foros de verdadeira sciencia pelos aquilatados trabalhos
dos se sS cultores. Mezeray,
contemporâneo
de Richelieu,publicava a Historia completa da
monarchia
franceza,que
no dizer de alguns crilicos é a primeira
que
verdadeira-mente
se pôdechamar
historia.Eram
importantes ostra-balhos de Adrien de Valois, Audigier e outros.
A
philosophiada historia, criança quemorrera
ao nascer nospensamentos
sublimes de S. A':ostif»ho, de Tácito emais aiguns talentos privilegiados, resurgia
tartamudeando
uma
vida infantil na Franco-Gallia, de FrançoisHotman;
era depois impellidaacaminhar
com
passosmais firmes,peiostrabalhos de conscienciosa imparcialidade do presidente de
Thou,
nos38
volumes da sua Historia Universal; ganhavaforça e vida na propulsão desdenhosa de Machiavei ; e guirída
emfim
aosverdcideirosparamos, pelasubhme
inspira-ção do notável Bossuet, assentava as bases da sua
dynamica
vital.
O
génio de Bossuet vasava nos moldes da sua altaneiraeloquência o immortal plano,
que
se lhe desenhavaaos olhosda
alma
animando
os factos da vida socialcom
um
poderoso—
caminha, caminha, apontado
aoshomens
pelodedo
daProvid*Micia.
Roubava
aopensamenso
christào o fogo sagrado da sua audaciosa interpretação. Ensinava opensamento
humano
a reunir todososgrandes acontecimentos sob
um
únicoponto<ie vista geral,
que
os abraça e domina.Pelo contrario Machiavei
empregava
o escalpeilo dedesdém
e malicia, rasgando as entranhas da sociedadecom
a experiência da sua vida aventureira,
com
oconhecimento
practico dos seres
humanos.
25
reformas
do
crandeScalifjero. auo^mentava comtiidoo pecúliodos dados (hronolo(?icos publicando a Chrnuotogie
noven-naire
(1859
aio98),
e mais tarde(1598
alOOi)
aCkronologie seplennaire.
Não
nos desviemos por maistempo
do
fanal, que nos estáattrahiíido
com
a luz das suas obras. Depará-se-nos ovultonolabilissimo
do
fundador da sciencia,oprincipal progenitorda chronologia dos nossos dias
—
J. J. Scalifiero.A
França
ufaria-se, e
com
razão, de o ter por filho,embora
defa-milia italiana.
Foi a
pequena
cidade de A;2;en,no
departamento
de
Lot-et-Garonne, o berço
do
seu nascimentoem
1 o \0.Deixemos
para outros a apreciaçãode
seus trabalhoscomo
litterato e pliilolo^jo, nãocuremos
da sua minuciosabio<zraphia.
O
trabalhoque
nos interessa é a suaimmortal
obra chronolopica
—
De
ewendatione
temponim.
—
Pubh-cou-se a primeira edição
em
1583;
nãosabemos
nada dasecunda;
e a terceira sahiu do preloem
1609, anuo
eraque
ellemorreu.
Esta ultima é a melhor.Os
maiores críticos do nossotempo
reputam
estapro-ducção
como
uma
das obras mais notaxeis e plenasde
erudição,
que
gerou o século do seu auclor.E
notável a vastidão de conhecimentos,que
Scali^ero apresenta no seu tractado, e mais notável a revolução,que
produziu.
Ueuniu
os dispersosmembros
da chronolojíia,deu-lhes corpo evida, forma e actividade; vitalisou a
chro-no!();:ia dotando-a
com
a ãreaimmensa
desciencia, tirando-a da iirfíoraíiciade tácitos séculos, aella, a desconhecida, a des-prezada, a obscura serva dos lalsariosciíronistas.Teve
razãochainando-lhe 'naquelle diclo tão seu «matéria intacta et
a nobis
nunc
primum
tractala.»A
liistoria do passadoamalgamára-se
no espaço e notempo
sem
a critica deuma
ordenada distribuição; copiaram-se datas materialmente,
sem
trabalho de analv^^e ou rt^tlexão,como
o lana qualquercopista da
meia
edade, traduzindo era p^othico oulora-bardo,
em
itálico ou coro illuminuras, opensamento
alheio,26
somente
ao peso das auctoridades qiie estavam mais ámào^
foracrime de
lesa-commodidade
correr archivos edesempoar
documentos
erademanda
deum
juiz, que se apresentassecom
a deslumbrante auréola da evidencia,Nào
seinquie-tavam
com
a missào árdua e difficiiltosa, dura e espinhosa,de confrontar e conciliar encontradas opiniões, e
muito
menos
se intromettiam no procellosomaré
magnum
do
computo
dos tempos.Dotado
de amplos estudos, tanto na historiacomo
nalitteratura, orientalista notável para a sua epocha, philologo
de poderosa
memoria
retentiva, apaixonadoamador
dosestudos mathematicos,
onde
não logroucomtudo
ser mestree notabilisar-se, o grande chronologo profundou
com
affincoaastronomia physica, eobteve assim o conjuncto depreciosos
dotes
que
revela na obra, eque
eram
precisos para aarrojada
empreza
de fundamentar, alicerçaruma
sciencia.E
conseguiu-o.Scaligero dividiu a sua obra
em
sete livros.No
primeiro tractadoannus
major
equatalis.Assim
co-gnominou
oanno
de360
dias de queusaram
alguns povosdo
Oriente, eque
se fundava,segundo
a sua opinião, naduração
do anno
lunar natural, aindamesmo
quando
nàohavia o
conhecimento
exacto da duração deuma
lunação.No
segundo
tracta doanno
lunar verdadeiro.No
terceiro dogrande
anno
egual oudo anno
de365
dias.
No
quartoapresenta os cálculos exactosdo
periodosolar.No
quinto e sexto tracta das epochas notáveis, e fixainnumeras
datas de grande importância para a historiasagrada e profana.
O
septimo é dedicado aoexame
dos diífereiítescomputou
do
tempo
e das eras adoptadas pelos difíerentes povos.Jos. Just. Scaligero aprendeu muito
com
as longas viagensque
fez pela Escossia, Inglaterra, França e Allemanha.Nos
últimostempos
da sua vida foi reger a cadeira,que
8
morte
de Joest Lips deixara vagíi na Universidadede
Leyde.
Todos
sabem
também
a importância da descobertada
seu períodojuliano. Nin^ruem duvida dos poderosos effeito^
que
esta invenção produziu no perimetro das indagaçõeschronologicas.
O
notável filho deAgen, que
tinha a vangloria dedes-cender dos reis alanos, ainda publicou mais duas obras
de
menos
vulto :Thesaurus
temporum
complectens EusebiiPamphilii
Cfironicon^ eDe
vetustate gentis Scaligerce,Leyde,
1609.
Temos
a notartambém
no século xvii as obras sobreantiguidades e chronologia de Paulo Petau, natural de
Orleans, e as de seu sobrinho, o jesuita Diniz Potau,
ambos
discípulos das escholas deBourges
e Paris.As
obras-principaes d'este ullimo í^ão:
De
doclrinatemporum,
1627;
Lrauologia,
1630
e1703, 3
vol. in-fol.;Hationarium
temporun),
1633, 2
vol. in-12.A-ultam
ainda as obras do sábio jesuitaLabbe,
naturalde Bourges, professor
de
rhetorica, philosophia e theologia»e
que
nos últimostempos
da sua vida foium
investigador habilissimo de historia e chronologia.Eíitre as suas
7o
obras encoíítrnmos sobre o nossoassum-pto
—
Le
clironolcgisfe [rançais, abregée chronoloyique deVhisioire sacrée et profane,
1666,
5 vol. Este incançavel colleccionador dos historiadores bysantinos publicoutam-bém
nConcórdia
chronologica, technica et histórica^1670,
5 vol. in-fol.
Podfm
indicar-sotambém
as indagações chronologicasde Jacques
Usher
(em
latim Usserius), prelado anglica[iode
Dublin,
onde
se nota principalmente o calculo que elleformou
relativamente A creaçãodo
mundo
(iOOi
antes de-J.C),
exf)osto e desenvolvido i>a sua principal obra--Annales
Veteris etNovi
Testamenti—
Londres,1650-54.
Oulrosim
deve aponlar-se acjui a importância da ()i iineiraobra chronologica
que
aAcademia
das sciencias deFrança
publicou
em
1673»
intitulada—
ConnaissatiCP des temps—
donde
mais tarde dtíri'*ou—
L'Annuaire
desbureaux
2)1
NíSo
devem
olvidar-se as locubrações chronologicas d'esseassombroso
talento da astronomia, o auctor das leis dasharmonias das espheras, o
wertembergez
Kepler.O
seuprincipal tríibalho neste espiíihoso assumf)to foi
—
De
JesuChrisii servatoris rKxfrJ vero
anno
natalicio—
impressoem
Francfoit,em
1606.
Principiava o século xviii.
As
sciencias históricaspro-grediam
entre o riso zombeteiro e sarcástico,que
pretendiainvolver de falsa aureola o scepticismo,
que
nascia entre os dictos esniritusos dos salõesdo
belio sexo e ocamar-tello destruidor dos reformadores, qiie pretendiam fazer
a cura do passado applicando-lhe
um
diagnostico deinfal-livel morte.
Sâo
numerosas
e de is^rande peso as obrasd'este século.
A
philosophia da historia nào fructlíicava nasmãos
de Voltaire,mas
apparecia depoiscom
sazonadosfructos nos importantes trabalhos
do
italiano Viço, e nosdoallemào
ííerder,que
explicavam o progressivocaminhar
da
humanidade
e os seusphenomenos
vitaes, pelo principioda Providencia divina.
Em
face d'estes dois grandes vultos o espirito talentoso e erudito do francezCondorcet
ficavaem
plano inferior.Na
geoiíraphia progrediam os descobrimentos de Wnilis,Cook,
La
Perouse, Bass, Flinders, Beering, Rerguien,Thumberg,
JVJackenzia,Humboldt.
Era
de esperar assimque
a chronologia não ficasseestacionaria, e que pelo contrario progredisse, participando
da febril actividade
que
lavrava pelos espiritos,que
ante-viam pelos rubores crepusculares a
chamma
viva deuma
revolução social e scientifica.Viu-se então a contenda entre
Volney
e Larcher, apro-pósito da chronologia de Heródoto.
O
estylista francez, o auctor das famigeradasRuinas
arruinava-secompletamente
nesta lucta chronologica,
onde
mostrou
eloquênciamas
pouca erudição.
A
obra deLarcher
tifiha, a par de muitossciencio, e fundava-se nos trabalhos importantes «ios
Arahes
homeristas.
Volnev
bateu de arietecom
o seu estvio,mas
bateu de retirada na
pugna
scientifica.Cumpre-nos
indicarporém
alguns notáveis tractados e auctorisadas obras,que
alguns sábios escreveram nesteséculo.
t» celeberrimo
mathematico
inglez IsaacNewton
escre-veu
com
a alturado
seu extraordinário talentouma
obrade
chronologia,que
foi editada depois da sua morte,em
1738.
Intitulara-aThe
chronology of ancientkingdoms
amended.
Mereceu
as honras deuma
magnifica refutação feitapelo erudito critico Nicolau Fréret, secretario perpetuo da
Académie
des Inscripiions. Este ultimo,pouco
cioso deleíiar por mil trombetas o seu
nome
á posteridade, nuncaeditou
em
vida as suasmonumentaes
obras, coraque
desenredou a chronologia dos Assyrios, Cbaldeus, Índios,
Chinezps e Gregos.
Profundou
e aperfeiçoou a historia daorigem
dos Francezes, e as historias das mylhologias eda philosophia antiíza.
Apenas
publicou os seus manuscriptos nasMémoires
deVAcademie
des Inscriplious. Mais tardeCliampollion-Figeac editou estes preciosos trabalhos,
em
8 vol. iíi-8{lS-2o-oO).
Sào
obras primas era chronoloízia histórica emathema-tica as seguintes : Defense de la chronologie contre le
syslème de
Newton,
Origine des Grecs et lie/lexions surl élxule des anciennes histoires et sur le dcgré de certitude
de leiírs preuves.
Aílonso des Vignoles, chronoiogo franrez fnatural de
Aubnis
noLanguedoc),
padre protestante, (jne soílreu arevogação
do
edicto de Nantes, tendo de emigrar para aSiiissa e Allenianhn, fez
em
Berlimem
1738
a sua C/íro-nologie de Vhintoire sainie et de.^ Iiisloiíes étrnngères
depuis la sortie d'lígyple
jusquà
la cn/jtiviíe deBahij-lone,
2
vol. in quarto.É
obra de aucloridade e de vastoso
abbade
Lenglet-Dufresnoy, natural de Beauvais,pu-blicista ousado, historiador, geof^rapho e cbronoloí^o,
publicou
com
acceitaçào dos entendidos as suas—
Tablet-tcs chronologiques de 1'histoire sacrée et profane^ ecclé^
siasitque et civiU
3
vol.1744.
John
Blair, escossez, professor doduque
deYork,
ma-thematico notável, publicou era
1754
um
importantetrabalho
—
Taboas
chronologicas—
,que
lhe abriu as portas da Sociedade real deLondres
e daAcademia
dosAntiquários.
É
imporlantissima obraUArl
de verifier les daltes, urados maiores trabalhos chronologicos
do
seu tempo. 1 oi feitapelos
monges
benedictinos do século xviii—
17S3-1787,
3
vol., sábios investigadores,que
augmentaram
poderosa-mente
omovimento
histórico da épocha, soffrendo a finai aespada
chammejante
daAssembléa
Constituinte,que
osextinguiu,
sem
attender aos seus longos e prestantesserviços.
No
século actual, as profundas irívesligações dosmonu-mentos
da antiguidade, a decifração das vetustas e defi-cientes inscripções, a interpretação dos hieroglyphos ecaracteres cunéiformes, as excavaçôes importantes
que
pa-tentearam as minas architectonicas das antigas cidades,
berços da civilisação, os progressos da numismática, as
acquisiçôes preciosas dos
museus
de Itália,França
e In-glaterra, os estudos laboriosíssimos dos orientalistas,ro-manistas e hellenistas,a
grande
área,que
alcançou a criticahistóricanosannaes da suaevolução,
formam
uma
admirávelsynthese de circumstancias,
que
podiam
edeviam
influirna chronologia.
No
nosso século todossabem
quanto as scienciastêm
avançado
com
uma
rapidez,que
parece inspirada peloinstantâneo propagador do pensamento,
—
a electricidade.Le
monde
marche, dizia o notável Pelletan; la science vole,é a divisa brazoneira
do
labutar incessante dos obreirosdo
31
O
século XIX recebeu opulentos lep;ados das geraçõespassadas,
que
elleaugmentou
e centuplicou.Quem
desco-nhecerá
em
historia os trabalhos de Guizot, Thiers eAugustin Thierry,
em
França; do josen e talentosophi-losopho da historia,
Henry
Thomas
liuckle, na Inglaterra;de
VV. Prescott, o ej^criptoramericano
dos fastos gloriososda peninsula ibérica; de K. Szajanocha, o patriótico pre-goeiro das glorias da desditosa Polónia ?!
Quem
poderá ignorar osinnumeros
tractadosdegeogra-phia,
que
fizeramgemer
os prelos, de M/jJte-Brun alé nossosdias?!
Qu^^m
náo avaliará da importância e progressos,que
para as sciencias históricas, geographicas e chronologicas
tèra obtido as explorações de mais de duzentos sábios e
ousados viajantes, e as navegações de mais de sessenta
descobridores
maritimos?
No
século XIX alcançou novos tractos de fertilissimoterreno a chronologia.
Sào
dignas demenção
as publicações de Luiz Ideler,chronologo allemâo, natural de Perleberg, professor
de
Astronomia
em
Berlim.Notam-se
pela sua-iinport^incia,trabalho e exactidão as Investigações sobre as observações
astronómicas dos antigos (1806);
Manual
de chronologiamalhemaiica
e technica (1825),uma
das primeiras obrasclássicas sobre a matéria; Chronologia diversa (l837).
I)edicou-sc
também
a trabalhos chronologicos o sábiopro-fessor de historia no Collegio de França, P. Cláudio
Dauvou.
Este hábil politico, antigo presidente do Conseil des cinq
centSy deixou obras utilissimas e importantes sobre historia
e por concomitância, sobre chronologia. Veja-se Histoire de
Pologne; Analysedes opiniotissur lorigine de liniprimerie;
ÍJisloire litiéraire de la France, etc. etc.
Nâo
devemos
passarem
claro os estudos domnrquez
deFortia d'Urban, geographo, e historiador de auctoridade.
Este sábio Irancez, publicou:
Mémoires
pour
servirIhis-toire ancienne
du
globe (10 vol.), eum
Tableau historiqueet
géographique
du monde
jusquau
siècled Alexandre
32
Champolion-Figeac
(déparlement de Lot), o irmão maisvelho do grande
homem,
que
após lahoriosissimas vigíliaspôde
descobrir e explicar a linguagem escripta doshye-roglyphos, , collaborador do Diccionario de Champolion,
também
nos legou importantes edições de trabalhoschro-nolpgicos anteriores, outrosim
um
trabalho seu—
Resume
de chronoiogie—
publicadoem
1830.
Em
1853
appareceu amonumental
Chronolcgie uni"verselledofrancez Dreyss.
Após
estes seguiram-se ha poucosdias -os estíjdos chronologicos de Prideaux, Lydeat, Pighu, Borghesi, Bouillet, Catalan, Caiilett e muitos outros,
que
seria lonso indicar.
Na
França, Inglaterra, Itália, Aliemanha, Bélgica,Hol-landa e
Hespanha
lèm
apparecido nos últimostempos
bastantes escriptores notáveis
em
Chronologia, enumerosos
tractadistas secundários.
Poupamo-nos
também
por faltade çspaço e
tempo
a deixar âmii apontados os poucosauctores portuguezes,
que
escreveram sobre o assumpto.No
que
deixamos
escripto resta-nos a consolação deconhecermos
a fraqueza de nossas forças tão maninas,quào
grande
e difficil é a empreza.Não
linhamos ámão,
nem
conhecemos
sequer,um
auctorque
tivesse feito a mais resumida synopsis da historia dachronologia.
O
pouco,que
ahi fica, tecido ou enredado,foi colhido ,aqui e além,
com
a pressa das exigênciasdo
prelo e
com
a pouca erudição do auctor.Sirva pelo
menos
de incentivo aquem
o puder fazercom
a proficiência e larguezaque
oassumpto
demanda.
Colleccionámos apenas, attenda
bem
a critica,apontamen-tos leves e resumidos para a historia da chronologia.